Constituiçao Apostolica
Provida Mater Ecclesia
Pio XII
Introdução
1. A Igreja, Mãe solicita, tem empenhado todo o seu zelo e afeto maternal para com os filhos (1) de sua predileção, que consagraram a vida a Cristo Senhor e O seguem livremente pelo árduo caminho dos conselhos evangélicos. Ela quer torná-los sempre mais dignos deste propósito celeste e angélica vocação (2); para isso, organiza sabiamente sua maneira de viver. Disto dão testemunho os numerosos escritos e documentos dos Papas, Concílios e Santos Padres, e demonstra-o claramente toda Historia da Igreja e a orientação da disciplina canônica até nossos dias.
A Igreja para os fiéis
2. Com efeito, desde os inicios do Cristianismo, a Igreja ilustrou a doutrina e os exemplos de Cristo (3) e dos Apóstolos que convidavam (4) os discípulos do Senhor ã perfeição, e ensinou com segurança a maneira como se devia conduzir e reger a vida dedicada à perfeição.
Por seus cuidados e ministério, favoreceu e propagou de tal modo este convite ã consagração a Cristo que, desde os primeiros tempos, as Comunidades cristãs se tomaram espontaneamente, para os conselhos evangélicos, uma terra boa e bem preparada para receber a semente, dando firme esperança duma abundante colheita (5).
Pouco depois, como o provam facilmente os escritos dos Padres Apostólicos e dos mais antigos escritores eclesiásticos (6), o estado de vida perfeita floresceu de tal modo nas diferentes Igrejas, que aqueles que a abraçavam começaram a formar, no seio da comunidade eclesial, uma espécie de ordem e categoria social distinta, sendo claramente designados por nomes diversos, como ascetas, continentes, virgens, etc., sendo objeto de muita estima e veneração (7).
3. Fiel a Cristo seu esposo e sempre coerente consigo mesma, a Igreja, sob a ação do Espirito Santo, ao longo dos séculos elaborou com firmeza a disciplina do estado de perfeição até a promulgação do Código de Direito Canônico (1917).
Inclinada maternalmente sobre as pessoas que, de coração decidido, faziam, sob variadas formas, profissão externa e pública de vida perfeita, nunca deixou de encorajar sua santa resolução; o que ela fez em dupla direção.
Primeiramente, valorizou a profissão individual de perfeição, que, todavia, sempre era feita perante a Igreja e em público; exemplo disto era a antiga bênção e consagração das virgens, realizada durante uma cerimônia litúrgica (8).
Aliás, a Igreja não só recebeu e reconheceu a profissão individual de perfeição, mas a sancionou com normas sábias, defendeu com vigor e dotou de diversos efeitos canônicos.
Entretanto, seu interesse e cuidados maiores voltaram-se para a profissão mais plena e estritamente pública de perfeição; esta, desde depois da paz de Constantino, foi sempre emitida em associações e comunidades erigidas com permissão, aprovação ou por mandato da própria Igreja.
O estado canónico de perfeição
4. São conhecidos os laços essenciais que unem a historia da santidade da Igreja e do Apostolado católico à história da vida religiosa canônica e à sua grandeza.
Continuamente vivificada pela graça do Espirito Santo, a vida religiosa desenvolveu-se numa admirável diversidade e forfificou-se numa maravilhosa unidade sempre mais profunda e intensa.
Não surpreende, portanto, que a Igreja tenha acompanhado também no terreno da legislação esse caminho que a Providência divina indicava tão claramente; por isso, rodeou de vigilância e conscientemente organizou o estado canônico de perfeição, erguendo sobre ele, como sobre um alicerce, o edifício da legislação eclesiástica.
Dai deriva, em primeiro lugar, que o estado público de perfeição foi reconhecido como um dos principais estados eclesiásticos, ao ponto de a Igreja fazer dele, de forma especifica, a segunda ordem e grau das pessoas canônicas (Can. 107).
Neste ponto, deve-se considerar que nas outras duas ordens de pessoas canônicas (clérigos e leigos), à instituição divina se soma a instituição eclesiástica, dado que a Igreja é sociedade hierarquicamente constituída e organizada; ao passo que a classe dos religiosos, que constitui uma ordem intermediária entre clérigos e leigos (Can. 107), surge totalmente da estreita relação que ela tem com a finalidade própria da Igreja, que é a santidade, a ser eficazmente alcançada com meios adequados.
5. Não só isto. Para que a profissão pública e solene de santidade não fosse votada ao fracasso, a Igreja, com um rigor sempre maior, quis reconhecer este estado canônico de perfeição somente em favor de sociedades erigidas e reguladas por ela, juridicamente definidas com o nome de "Religiões" (Can. -138 P).
Essas sociedades, depois de adequado exame, foram aprovadas em sua forma e organização pelo Magistério eclesial, sendo seu instituto e estatutos repetidamente examinados, não só do ponto de vista doutrinal e abstrato, mas também do ponto de vista da experiência concreta.
Tudo isso foi definido de maneira tão rigorosa pelo Código de Direito Canônico que em nenhum caso, sem exceção, o estado canônico de perfeição pode ser reconhecido, se a profissão não for emitida numa 'Religião' aprovada pela Igreja.
Enfim, a disciplina canônica do estado de perfeição, enquanto estado público, por disposição da Igreja, foi de tal maneira organizada que nas 'Religiões' clericais, em tudo o que diz raspeito à vida clerical dos Religiosos, a 'Religião' ocupa o lugar da diocese e a admissão a uma determinada “Religião” equivale à incardinação numa diocese (Can. III, § I; 115 585).
6. O Código de Pio X e Bento XV, pela sua legislação a respeito dos Religiosos (Parte II, Livro II), recolhida com exatidão, colecionada e revista com cuidado, confirmou de múltiplas maneiras o estado canônico de perfeição, mesmo sob o seu aspecto público.
Dando acabamento à obra começada por Leão XIII na Constituição Conditae a Christo (9), o Código admitiu as Congregações de votos simples entre as 'Religiões' em sentido estrito.
Pareceria, então, que nada mais haveria a somar à disciplina do estado canônico de perfeição.
A Igreja, porém, por um gesto verdadeiramente maternal, decidiu acrescentar à legislação dos Religiosos um titulo breve que, muito oportunamente, a completaria (tít. XVII, liv. II).
Os 'Institutos Seculares'
7. Com isto, a Igreja decidiu equiparar de forma bastante plena ao estado canônico de perfeição as Sociedades que eram beneméritas dentro da própria Igreja, e mesmo, muitas vezes, as da sociedade civil.
Tais Sociedades, desprovidas de certas formas jurídicas, indispensáveis para constituir plenamente o estado canônico de perfeição, como, por exemplo, os votos públicos (Can. 488 I° e 7°; 487), todavia, nos demais elementos, considerados essenciais para a vida de perfeição, elas se aproximam por semelhança e relação muito estreita com as verdadeiras "Religiões”.
8. Toda esta sábia legislação correspondeu amplamente às necessidades da multidão de almas que, deixando o mundo, desejavam abraçar o novo estado canônico de perfeição estritamente dito, consagrado única e inteiramente a adquirir a perfeição.
Entretanto, o Senhor, infinitamente bom, que tantas vezes, sem fazer acepção de pessoas (10), convidou todos os fiéis a procurar e realizar em toda a parte a perfeição (11), admiravelmente providenciou que, mesmo no mundo corrompido por tantos vícios, prosperassem, sobretudo em nossa época, numerosos grupos de almas escolhidas.
Quis que elas, animadas não só pelo desejo da perfeição individual, mas também de uma vocação especial, mesmo permanecendo no mundo, pudessem encontrar excelentes formas novas de associações, adequadas às necessidades dos tempos, nas quais pudessem levar uma vida muito concorde com a aquisição da perfeição.
9. Embora recomendando de toda a alma à prudência e ao zelo dos diretores espirituais os generosos esforços para a perfeição praticada no foro interno por fiéis individualmente, neste momento nossa atenção se volta para aquelas Associações que se esforçam, perante a igreja e, como se diz, no foro externo, para levar seus membros a uma vida de sólida perfeição.
Todavia, não nos referimos aqui a todas as Associações que aspiram sinceramente à perfeição cristã no mundo. Referimo-nos somente àquelas que, seja pela sua constituição interna, seja pela sua ordenação hierárquica e pela total doação que exigem de seus membros propriamente ditos, pela profissão dos conselhos evangélicos e pelo modo de exercer o ministério e o apostolado, se aproximam mais de perto, quanto à substância, dos estados canônicos de perfeição e especialmente das Sociedades sem votos públicos (tít. XVII), embora não vivam a vida comum religiosa, mas segundo outras formas externas.
Fecundidade dos Institutos Seculares
10. Estas Associações, que de agora em diante receberão o nome de "Institutos Seculares”, por especial inspiração da Divina Providência, começaram a surgir na primeira metade do século passado, para praticar fielmente “no mundo os conselhos evangélicos e entregar-se com maior liberdade às obras de caridade, que a maldade dos tempos torna difíceis ou proíbe totalmente às famílias religiosas" (12).
Os mais antigos destes Institutos deram provas do seu valor; mostraram, por obras e fatos que, graças à escolha prudente e severa dos membros, a uma formação cuidadosa e demorada, a uma regra de vida adequada, firme e maleável, por um chamado especial de Deus e com sua graça, pode-se fazer mesmo no mundo uma consagração de si ao Senhor, estrita e eficaz, não só interior, mas também exterior e quase religiosa, tornando-se assim utilíssimo instrumento de presença e apostolado.
Por estas razões, “essas sociedades de fieis, mais de uma vez, foram louvadas pela Santa Sé quanto às verdadeiras Congregações religiosas (13)”.
11. O feliz aumento destes Institutos mostrou sempre mais claramente a ajuda múltipla e eficaz que podiam dar à igreja e às almas.
De fato, eis os campos aos quais se podem aplicar e dedicar estes Institutos: viver autenticamente em todo o tempo e lugar a vida de perfeição; abraçá-la em casos em que a vida religiosa canônica é impossível ou pouco adaptada; recristianizar as famílias, as profissões, a sociedade, graças ao contato imediato e constante de uma vida perfeita e totalmente entregue à santificação; exercer o apostolado sob variadas formas e desempenhar ministérios que o lugar, o tempo e as circunstâncias proíbem ou tornam impossíveis aos sacerdotes e aos religiosos.
Aprovação do estatuto geral dos Institutos Seculares
12. Por outro lado, a experiência mostrou as dificuldades e os perigos que por vezes esta vida de perfeição levada livremente comporta, sem a ajuda exterior do hábito religioso e da vida em comum, fora da vigilância dos Ordinários, pelos quais pode facilmente ser ignorada, e dos superiores, que muitas vezes vivem longe.
13. Começou-se também a discutir sobre a natureza jurídica destes Institutos e sobre o pensamento da Santa Sé em aprova-los. Julgamos oportuno fazer aqui menção do decreto "Ecclesia Catholica” publicado pela Sagrada Congregação dos Bispos e Regulares e confirmado em 11 de Agosto de 1889 por Leão XIII (14).
O Decreto especificava que, quando a citada Congregação emitia seu decreto de louvor ou de aprovação, não entendia referir-se aos novos Institutos enquanto "Religiões" de votos solenes ou verdadeiras Congregações de votos simples, mas somente enquanto pias Associações, nas quais, além da ausência de outras condições requeridas pela disciplina atual da Igreja, não se emite profissão religiosa propriamente dita; além disso, os votos que se fazem, são privados, não públicos, ou seja, não são recebidos por um legitimo Superior em nome da Igreja.
14. Ainda como explicitava a Sagrada Congregação, estas Associações são Iouvadas ou aprovadas com a condição essencial de se fazerem conhecer plena e perfeitamente por seus respectivos Ordinários e de estarem inteiramente sujeitas à sua jurisdição.
Estas prescrições e declarações da Congregação dos Bispos e Regulares contribuíram oportunamente para caracterizar a natureza destes Institutos e não impediram, pelo contrário, regularam sua evolução e progresso.
15. Em nossos dias, os Institutos Seculares multiplicaram-se em silêncio, sob numerosas e variadas formas: plena autonomia ou união maior ou menor com "Religiões" ou Sociedades Religiosas.
Deles nada diz a Constituição Apostólica Conditae a Christo, que só se ocupou das Congregações Religiosas.
Também o Código de Direito Canónico deliberadamente se absteve de falar deles, deixando para uma legislação futura o cuidado de lhes fixar uma organização, outrora ainda prematura.
16. Tendo considerado tudo isto, inspirados pela consciência do Nosso cargo e pelo amor paternal para com as almas que procuram generosamente a santidade no mundo; e também guiados pelo intento de que possa ser feito um sábio e severo discernimento entre estas Sociedades, projetamos e decidimos fazer para os Institutos Seculares o mesmo que Leão XIII, fez pela Constituição Apostólica Conditae a Christo para as Congregações de votos simples.
Estas providências mostram-se necessárias a fim de não reconhecer como Institutos verdadeiros senão aqueles que professam autenticamente a plena vida de perfeição; a fim de evitar os perigos de fundar sempre novos Institutos, que às vezes são fundados de forma imprudente e impensada; e de dar aos Institutos que merecem aprovação, estatuto jurídico próprio, que corresponda devidamente ã sua natureza, aos seus fins e circunstâncias.
Por isso, pelas presentes Letras, aprovamos o Estatuto Geral dos Institutos Seculares, que a Suprema Congregação do Santo Oficio examinou com atenção no que toca ã sua competência, e que a Sagrada Congregação dos Religiosos organizou e reviu com cuidado, por Nossa ordem e sob Nossa direção. Portanto, em virtude da Nossa Autoridade apostólica, proclamamos, decretamos e estabelecemos o que se segue.
17. Estabelecidas as orientações acima referidas, confiamos sua execução à Sagrada Congregação dos Religiosos, com todos os poderes necessários e oportunos.
Lei própria dos Institutos Seculares
Artigo I
As Associações de clérigos ou de leigos cujos membros, para adquirir a perfeição cristã e exercer plenamente o apostolado, fazem profissão de praticar no mundo os conselhos evangélicos, recebem o nome especial de 'Institutos' ou 'Institutos Seculares', a fim de se distinguirem convenientemente das outras Associações comum de fiéis (Código de Direito Canónico, 3' pane, Livro II) e regem-se pelas normas desta Constituição apostólica.
Artigo II
§ I. Dado que não admitem os três votos públicos de religião (Can. 1308, § 1 488, I°) e não impõem a seus membros, segundo a norma Canónica (Cânones 487 e segs., 673 e ss.), a vida comum ou a habitação sob o mesmo teto, os Institutos Seculares;
1° - De direito e com propriedade, normalmente, não são nem podem ser chamados "Religiões" (Can. 487 e 488, I°) ou Sociedades de vida comum (Can. (673, § I) .
2° - Não estão sujeitos ao direito próprio e particular das "Religiões" e das Sociedades de vida comum, nem podem usar dele, a não ser enquanto alguma norma desse direito, especialmente daquele das Sociedades sem votos públicos, por exceção, for legitimamente adaptada e aplicada para eles.
§ II. Os Institutos Seculares, respeitadas as normas comuns do Direito Canónico que lhes dizem respeito, são regidos como por um direito próprio, mais correspondente à sua natureza particular e à sua condição, de acordo com as prescrições seguintes:
I' - Pelas normas gerais desta Constituição Apostólica, que formam como que o Estatuto próprio de todos os Institutos Seculares;
2° - Pelas normas que a Sagrada Congregação dos Religiosos, segundo for necessário e a experiência aconselhar, julgar oportuno editar para todos ou para alguns destes Institutos, quer sob a forma de interpretação, quer sob a forma de complemento ou de aplicação da Constituição Apostólica;
3° - Pelas Constituições particulares aprovadas segundo as normas dos Artigos seguintes (Art. V-VIII), que adaptarão com prudência as normas gerais do Direito e as regras especiais acima fixadas (números 1° e 2°) aos fins, às necessidades, à situação, tão diferentes, de cada Instituto.
Artigo III
§ I. Segundo os Artigos que se seguem, para que uma pia Associação de fiéis possa ser elevada a Instituto Secular, é preciso, além das condições comum, que satisfaça aos seguintes requisitos:
§ II. No que diz respeito à consagração da vida e à profissão da perfeição cristã, os Associação que desejem pertencer ao Instituto como membros no sentido estrito, além dos exercícios de piedade e de renúncia a que se aplicam necessariamente todos os que aspiram à perfeição da vida cristã, devem também tender a esta mesma perfeição pelos meios particulares aqui enumerados:
1° - Pela profissão, feita diante de Deus, do celibato e da castidade perfeita, sancionada segundo as Constituições por um voto, um juramento ou uma consagração, obrigando em consciência.
2° - Pelo voto ou a promessa de obediência, a fim de que, ligados por um vinculo estável, se consagrem totalmente a Deus e às obras de caridade ou de apostolado, e em todas as coisas permaneçam sempre moralmente sob a autoridade e a orientação dos Superiores, segundo as Constituições.
3° - Pelo voto ou a promessa de pobreza, que lhes firã a livre disposição dos bem temporais, deixando-lhes só o uso definido e limitado segundo as prescrições das Constituições.
§ III. No que diz respeito à incorporação dos membros no próprio Instituto e ao vinculo dai resultante, o vinculo que liga necessariamente o Instituto Secular e os seus membros propriamente ditos deve ser:
1° - Estável, segundo as Constituições, perpétuo ou temporário; neste caso, deve ser renovado, decorrido o termo (Can. 488, 1° ).
2° - Mútuo e pleno, de tal forma que, de acordo com as Constituições, os membros se entregam totalmente ao Instituto, e este toma cuidado deles e responde por eles.
§ IV. No que diz respeito às residências e casas comuns dos Institutos Seculares, embora não imponham a seus membros (Art.° II, § 1), conforme ao Direito, a vida comum ou a habitação debaixo do mesmo teto, convém, todavia, possuir, por razões de necessidade ou de utilidade, uma ou várias casas comum nas quais:
1° - Os Superiores do Instituto, sobretudo os Superiores gerais ou regionais possam residir.
2° - Os membros do Instituto possam habitar ou vir a elas para receber ou completar sua formação, fazer os exercícios espirituais e coisas semelhantes.
3° - Possam ser recebidos os membros que, por causa da sua pouca saúde ou de outra circunstância, não são capazes de prover às próprias necessidades, ou para quem não é bom permanecer sozinho em sua casa ou em casa de outrem.
Artigo IV
§ I. Os Institutos Seculares (Art. I) dependem da Congregação dos Religiosos, respeitados os direitos da Sagrada Congregação da Propaganda, segundo o cânone 252, § 3, se se trata de Sociedades e Seminários destinados às missões.
§ II. As Associações que não correspondem à definição ou que não se propõem completamente o fim indicado no Art. I; também aquelas que carecem dum dos elementos enumerados nos Artigos I e III da presente Constituição Apostólica, são regidos pelo direito próprio das Associações de fiéis (de que se trata nos cânones 684 e ss.) e dependem da Congregação do Concílio, salvo o prescrito no Can. 252, § 3 a respeito dos territórios de Missão.
Artigo V
§ I. Os Bispos, não, porém, os Vigários Capitulares nem os Vigários Gerais, podem fundar Institutos Seculares e erigi-los em pessoa moral, segundo Cànone100,§§1e2.
§ II. Todavia, os Bispos não fundem nem permitam que se fundem Institutos sem ter consultado a Sagrada Congregação dos Religiosos, conforme as prescrições do Cânone 492, § 1 e do artigo seguinte.
Artigo VI
§ I. Para que a Sagrada Congregação dos Religiosos dê aos Bispos que a consultam previamente, segundo as disposições do Artigo V, § 2° acerca da criação de Institutos, a autorização de os fundar, deve ser informada sobre os pontos especificados nas Normas que ela fixou (Números 3 a 5) para a criação das Congregações ou das Sociedades de vida comum de direito diocesano, fazendo as adaptações que julgar convenientes; e também sobre os outros pontos que foram ou venham a ser introduzidos mais tarde no uso e na prática desta mesma Congregação.
§ II. Uma vez obtida a autorização da Congregação dos Religiosos, nada mais obsta a que os Bispos possam fazer, com toda a liberdade, uso do seu direito próprio e proceder à fundação. Que não omitam advertir oficialmente a Congregação da fundação assim feita.
Artigo VII
§ I. Os Institutos Seculares que tiverem obtido da Santa Sé a aprovação ou o decreto de louvor, tornam-se de direito pontifício (Cânones 488, 3° e 673, § 2).
§ II. Para que os Institutos Seculares de direito diocesano possam obter o decreto de louvor ou de aprovação, são requeridas, em geral, junto com as convenientes adaptações a juízo da Sagrada Congregação dos Religiosos, todas as formalidades definidas e prescritas, ou a prescrever no futuro, pelas normas (nuns. 6 e segs.), pelo uso e pela prática desta mesma Sagrada Congregação, em função das Congregações e Sociedades de vida comum.
§III. Para a primeira aprovação dum Instituto e das suas Constituições, para a segunda e para a aprovação definitiva, proceder-se-á assim:
1° - Tendo sido preparada a causa como de costume e esclarecida ao menos pelo voto e parecer dum consultor, discutir-se-á a primeira vez na Comissão de Consultores sob a direção do Secretário da Sagrada Congregação dos Religiosos ou do seu substituto.
2° - Em seguida, todo o assunto será submetido ao exame e ã decisão da assembleia plenária da Congregação presidida por Sua Eminência o Cardeal Prefeito, tendo sido convidados, se for necessário e útil, Consultores competentes ou outros peritos para estudar a fundo a questão.
3° - A decisão da Assembleia será levada ao Santo Padre, em audiência Pontifícia, pelo Eminentíssimo Cardeal Prefeito ou pelo Secretário da Sagrada Congregação, e submetida ao seu supremo juízo.
Artigo VIII
Os Institutos Seculares, além de estar sujeitos às leis próprias, presentes ou a publicar no futuro, estão sujeitos aos Ordinários dos Lugares, segundo as prescrições do Direito Canônico para as Congregações não isentas e as Sociedades de vida comum.
Artigo IX
O governo interno dos Institutos pode ser organizado hierarquicamente, segundo a natureza, os fins e as particularidades de cada um, à maneira do governo das "Religiões" e das Sociedades de vida comum, depois de feitas, a juízo da Sagrada Congregação dos Religiosos, as necessárias adaptações.
Artigo X
Nada é mudado pela presente Constituição Apostólica quanto aos direitos e às obrigações dos Institutos já fundados e aprovados pelos Bispos, depois de consultada a Santa Sé, ou pela mesma Santa Sé.
Publicamos, declaramos e ordenamos esta lei, decretando igualmente que esta Constituição Apostólica deve ser e continuar firme, eficaz e válida; que deve obter inteira e plenamente todos os seus efeitos, não obstante qualquer coisa em contrário, mesmo digna duma menção muito especial. Que a ninguém seja permitido infringir ou ir temerariamente contra esta Constituição por Nós promulgada.
Dada em Roma, junto de São Pedro, a 2 de fevereiro, festa da Purificação da Santíssima Virgem Maria, no ano de 1947, oitavo do Nosso Pontificado.
PIO XII, PAPA
NOTAS
(1) Pio XI, Mensagem radiofônica, 12/02/1931 (aos religiosos): cf. A.A.S., ××|||, 1931, p. 67.
(2) Cf. Tertuliano, Ad exorem, livro I, cap. IV (PL, I, 1281); Ambrósio, De Virginibus, I, III, 2 (PL, XVI, 202); Euchério de Lião, Exhortatio ad Monachos, I (PL, L, 865); Bernardo, Epistola CDXLIX (PL, CLXXXII, 641); idem, Apologia ad Guillelmum, cap. X (PL, CLXXXII, 912) .
(3) Mateus 16, 24; 19, 10-12,16-21; Marcos 10, 17-21, 23-30; Lucas 18, 18-22, 24-29; 20. 34-36.
(4) 1 Coríntios 7, 25-35, 37-38, 40; Mateus 19,27; Marcos 10, 28; Lucas 18, 28; Atos21, 8-9; Apocalipse 14, 4-5.
(5) Lucas 7, 15; Atos 4, 32, 34-35; 1 Coríntios 7, 25-35, 37-38 40; Eusébio, Historia eclesiástica, III, 39 (PG, XX, 297).
(6) Inácio de Antioquia, Ad Polycarpum, V (PG, V, 724); Policarpo, Ad Phillppenses V, 3 (PG, V, 1009); Justino Filósofo, Apologia I pro christianis (PG, VI, 349); Clemete Alexandrino, Stromata (PG, VIII, 224); Hipólito, In Proverbios (PG, X, 628); idem, De Virgine Corinthiaca (PG, X, 871-874); Orígenes, In Numeros, homilia II, 1 (PG, XII, 590); Metodio, Convivium decem virginum (PG, XVIII, 27-220); Tertuliano, Ad exorem, livro I, cap. VII-VIII (PL, I, 1286-1287); idem, De resurreccione carnis, cap. VIII (PL, II, 806); Cipriano, Epistola XXXVI (PL, N, 327); idem, Epistola LXII, II (PL, N, 366); idem, Testimonia adversus iudeos, livro III, cap. LXXIV, (PL, IV, 771); Ambrósio, De viduis, II, 9 e ss. (PL, XVI, 250-251); Cassiano, De tribus generibus monachorum, V (PL, XLIX, 1094); Atenágoras, Legatio pro christianis (PG, VI, 965).
(7) Atos 21, 8-10; cf. Inácio de Antioquia, Ad Smyrnenses, XIII (PG, V, 717); idem, Ad Polycarpum, (PG, V, 723); Tertuliano, De virginibus velandis (PL, II, 935 ss.); idem, De exhortatione castitatis, cap. VII (PL, II, 922); Cipriano, De habitu virginum, II (PL, IV, 443); Jerônimo, Epistola LVIII, 4-6 (PL, XXII, 582-583); Agostinho, Sermo CCXIV (PL, XXXVIII, 1070); idem, Contra Faustum Manichaeum, livro V, cap. IX (PL, XLII, 226).
(8) Cf. Optato, De schismate donatistarum, livro VI (PL, XI, 1071, ss.); Pontificale Roman um, De benedicione et consecratione Virgin um.
(9) Constitutio Conditae a Christo Ecclesia, 08/12/1900: cf. Leão XIII, Acta, vol. XX, pg. 317-327.
(10) 2 Paralepomenos 19,7; Romanos 2, 11; Efésios 6, 9; Colossenses III, 26.
(11) Mateus 5, 49; XIX, 12; Colossenses 4, 12 ;Tiago 1, 4.
(12) S. C. dos Bispos e Regulares, Ecclesia CathoIica, 11108/1889: ci. A. S. S., XXIII, 634.
(13) ibidem.
(14) Ci. A. S. S., XXIII, 634.
Motu Proprio
Primo Feliciter
Pio XII
Passou-se um ano felizmente desde a promulgação da Nossa Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia. Temos diante dos olhos a multidão de tantas almas escondidas "com Cristo em Deus” (1), que, no mundo, aspiram à santidade e que "com grande coração e de bom grado" (2), consagram alegremente toda a vida a Deus nos novos Institutos Seculares.
Por isso, não podemos deixar de dar graças à Divina Bondade por esta nova falange que veio reforçar no mundo o exército daqueles que praticam os conselhos evangélicos e também pelo valioso auxilio com que, nestes tempos conturbados e tristes, é providencialmente fortalecido o apostolado católico. O Espirito Santo, que restaura e renova incessantemente a face da terra (3), desolada por tantos males, chamou a Si, por graça insigne e especial, muitos filhos e filhas bem-amados, aos quais abençoamos com grande afeto no Senhor.
Chamou-os a fim de que, reunidos e organizados nos Institutos Seculares, sejam para este mundo insípido e tenebroso, ao qual não pertencem (4) e no qual, todavia, por divina disposição devem permanecer: sal incorruptível, que não se torna insípido (5); luz que no meio das trevas brilha e não se extingue (6); pequenino fermento que, misturado a todas as classes sociais, pela palavra, pelo exemplo e por todos os meios, se esforça para penetra-las até impregnar toda a massa, de tal forma que, levedada, seja por inteira transformada em Cristo (7).
A fim de que tantos Institutos, surgidos de todas as nações pela efusão do Espirito de Jesus Cristo (8), sejam regidos segundo as prescrições da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, e produzam em abundância excelentes frutos de santidade, como deles se espera; e também para que, sabiamente organizados como um exército (9) estejam prontos a combater os combates de Deus nas obras individuais e comuns de apostolado, Nós confirmamos com grande alegria a citada Constituição Apostólica; e depois de madura deliberação, por "Motu Proprio”, com todo o conhecimento de causa e na plenitude do poder Apostólico, declaramos, decretamos e estabelecemos o que segue:
I. As Associações de clérigos ou de leigos, que professam a perfeição cristã no mundo, e que possuem de maneira certa e completa os elementos e as condições prescritas pela Constituição Apostólica Provida Mater Ecelesia, não devem nem podem, sob qualquer pretexto, ser deixadas arbitrariamente entre as Associações comuns de fiéis (Cânones 684-725), mas é necessário reduzi-las e elevá-las à natureza e à forma próprias de Institutos Seculares, que correspondem com perfeição a seu caráter e às suas necessidades.
II. Nesta elevação de Sociedades de fiéis à forma superior de Institutos Seculares (cf. Num. I), e na organização quer geral quer particular de todos os Institutos, é preciso ter sempre diante dos olhos aquilo que é o caráter próprio e especial destes Institutos, isto é, o caráter secular, o qual precisamente constitui toda a sua razão de ser e deve aparecer em tudo.
Nada se deve excluir da profissão total da perfeição cristã, solidamente baseada sobre os conselhos evangélicos e verdadeiramente religiosos quanto à sua substância, mas esta perfeição deve ser exercida e professada no mundo; é preciso, pois, adapta-la à vida do mundo, em tudo o que é permitido e compatível com as obrigações e as obras desta mesma perfeição. Toda a vida dos membros dos Institutos Seculares, consagrados a Deus pela prática da perfeição, deve ser convertida em apostolado; apostolado que deve ser exercido, constante e santamente, com tal pureza de intenção, intimidade com Deus, generoso esquecimento e abnegação de si próprio e amor das almas, que seja capaz de revelar o espirito interior que o anima e na mesma proporção alimentá-lo e renova-lo sem cessar.
Este apostolado, que abarca toda a vida, é vivido tão profunda e sinceramente nestes Institutos, que, com o auxilio e sob a inspiração da Divina Providência, a sede ardente das almas parece não se ter limitado a oferecer uma ocasião favorável de consagrar a própria vida, mas também, em grande parle, impôs sua organização e sua fisionomia particular; e isto de forma tão maravilhosa que a assim dita finalidade especifica criou também a finalidade genérica.
Este apostolado dos Institutos Seculares deve exercer-se fielmente, não somente no mundo, mas de alguma forma a partir do mundo e, por consequência, pelas profissões, atividades, formas, lugares e circunstâncias correspondentes a essa condição secular.
III. Segundo a norma da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia (art. II, § I), não cabe aos Institutos Seculares o que se refere à disciplina canônica do estado religioso e, de modo geral, não se pode nem se deve aplicar a eles a legislação religiosa.
Pelo contrário, pode-se conservar o que, nos Institutos, se harmoniza normalmente com o caráter secular, contando que isso em nada prejudique a consagração perfeita da vida inteira e em nada se oponha ã Constituição Provida Mater Ecclesia.
IV. A organização hierárquica interdiocesana e universal, ã maneira dum corpo orgânico, pode ser aplicada aos Institutos Seculares (ibid. Art. IX), e esta aplicação deve, sem dúvida, trazer-lhes força interior, influência mais larga e mais eficácia e estabilidade.
Todavia, nessa organização, que é preciso adaptar a cada Instituto, deve-se levar sempre em conta a natureza do fim a alcançar, seu maior ou menor desígnio de expansão, sua evolução e grau de maturidade, as circunstâncias em que se encontra e outros elementos deste gênero.
E preciso não excluir nem desprezar as formas de Institutos que se estabeleceram em confederação e que querem conservar e favorecer moderadamente o caráter local em cada nação, região, diocese, contanto que tal caráter seja legítimo e impregnado do sentido da catolicidade da Igreja.
V. Os Institutos Seculares, dado que seus membros, embora vivendo no mundo, se consagram totalmente a Deus e às almas com a aprovação da Igreja, e dado que possuem, em graus diversos, uma organização interior hierárquica interdiocesana e universal, são com toda a justiça contada, nos termos da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, entre os estados de perfeição, organizados e reconhecidos juridicamente pela mesma Igreja.
Foi, pois, intencionalmente, que esses Institutos foram ligados e confiados à competência e aos cuidados daquela Sagrada Congregação que possui o encargo e a guarda dos estados públicos de Perfeição. Por consequência, embora sempre respeitando, segundo o teor dos Cânones e as prescrições da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia (Art. IV, § 1 e 2), os direitos da Congregação do Concílio quanto às pias Sociedades e às pias Uniões de fiéis (Cânone, 252, § 2), e os da Congregação da Propaganda quanto às Sociedades eclesiásticas e os Seminários para as Missões estrangeiras (Cânone 252, § 3), decretamos que todas as Sociedades de todos os países, mesmo dispondo de aprovação episcopal ou mesmo pontifícia, sejam obrigatória e imediatamente reduzidas a esta nova forma de Institutos Seculares, segundo as normas acima referidas (Núm. 1), contanto que se reconheça possuírem as características e as condições requeridas; e, para salvaguardar a unidade de direção, a partir de agora passam a ser ligadas e confiadas só à Sagrada Congregação dos Religiosos, em cujo seio foi criada uma secção especial para os Institutos Seculares.
VI. Aos Dirigentes e Assistentes da Ação Católica e de outras Associações de fiéis em cujas fileiras são formados para uma vida cristã integral e, ao mesmo tempo, iniciados na prática do Apostolado, numerosos e escolhidos jovens, que, correspondendo a uma vocação celeste, aspiram a mais alta perfeição, quer nas "Religiões" e nas Sociedades de vida comum, quer também em Institutos Seculares, recomendamos paternalmente que promovam generosamente este gênero de vocações; e prestem auxilio, não só às "Religiões" e Sociedades, mas também a estes Institutos verdadeiramente providenciais e, respeitando a sua disciplina interna, utilizem de boamente a sua colaboração.
Em virtude da Nossa autoridade, confiamos a fiel execução de todas estas regras, que estabelecemos por “Motu Proprio”, à Sagrada Congregação dos Religiosos e às outras Sagradas Congregações mencionadas acima, aos Ordinários dos Lugares e aos Dirigentes das Sociedades a quem interessam, na medida em que dizem respeito a cada um deles.
Quanto ao que estatuímos na presente Carta, dada por "Motu Proprio", ordenamos que isso seja sempre válido e firme, não obstante todas as coisas contrárias.
Dado em Roma, junto de São Pedro, a 12 de março do ano de 1948, ao começar do décimo ano do Nosso Pontificado.
PIO XII, PAPA.
NOTAS
(1) Colossenses 3, 3.
(2) 2 Macabeus 1-3.
(3) Salmo 103, 30.
(4) João 15, 19.
(5) Mateus 5, 13; Marcos 9, 49; Lucas 14, 34.
(6) João 9, 5; I, 5; 8, 12; Efésios 5,8.
(7) Mateus, 33; 1 Coríntios 5, 6; Gálatas 5, 9.
(8) Romanos 8, 9.
(9) Cânticos 6, 10.
Instrução da Sagrada Congregação dos Religiosos
Cum Sanctissimus
1. Quando o Papa Pio XII promulgou a Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, delegou ã Sagrada Congregação dos Religiosos, sob cuja competência estão os Institutos Seculares (Lei própria, Art. N, §§ 1 e 2), a execução de quanto foi estabelecido na referida Constituição. Para tanto, concedeu todas as faculdades necessárias e oportunas.
2. Entre os deveres e encargos que por delegação pontifícia, segundo a expressão da Constituição, são atribuídos ã Sagrada Congregação, ressalte-se a faculdade de emanar normas consideradas necessárias e úteis para os Institutos Seculares em geral, ou para algum em particular, quando a necessidade exigir ou a experiência aconselhar, seja interpretando a Constituição Apostólica, seja aperfeiçoando-a e aplicando-a (Art. II, 2 § 2).
3. Será conveniente adiar para tempo mais oportuno as normas completas e detentivas que dizem respeito aos Institutos Seculares, a fim de não pôr em risco o desenvolvimento atual dos mesmos Institutos. Mas é necessário definir quanto antes com mais evidência, normafizar e colocar a salvo algumas coisas que não estão compreendidas clara e corretamente interpretadas na Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, observando integralmente as prescrições estabelecidas com Motu Proprio do Santo Padre, no escrito Primo Feliciter de 12 do corrente.
Por isso, a Sagrada Congregação decidiu reunir, ordenar e publicar as normas mais importantes, que, com razão, se podem considerar basilares para construir e ordenar solidamente, nos inicios, os Institutos Seculares.
4. I. Para que uma Associação totalmente dedicada ã perfeição cristã e ao exercício do apostolado no mundo possa assumir com pleno direito o nome de Instituto Secular, é necessário que possua não somente todos e cada um dos elementos que, segundo a norma da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, são considerados e definidos como necessários e integrantes para os Institutos Seculares (art. I e III), mas que seja também aprovada e erigida por um Bispo, depois de consultar esta Sagrada Congregação (Art. V, § 2; Art. VI).
5. II. Todas as Associações de fiéis, em qualquer parte em que estiverem, tanto em território de direito comum como naquele de Missões, e que possuem as formas e as características descritas na mesma Constituição Apostólica (Art. IV, §§ 1 e 2), dependem desta Sagrada Congregação dos Religiosos, e estão sujeitas ã Lei Própria da mesma; não é, pois, Lícito a elas, por nenhuma razão ou título, segundo o Motu Proprio Primo Feliciter (n° V), permanecer entre as comuns Associações de fieis (C.I.C., L. II P. III), salvo o número 5 desta Instrução.
6. III. O Bispo do lugar, e não outro, deve dirigir-se a esta Sagrada Congregação para obter a permissão a fim de erigir um novo Instituto Secular.
Entre outras coisas, deve informar detalhadamente tudo quanto é definido nas Normas dadas pela mesma Sagrada Congregação dos Religiosos para erigir e aprovar as Congregações (6 de março de 1921, n° 3-8), fazendo as devidas aplicações ao caso (Art. VIII).
Tem também a obrigação de apresentar ao menos seis exemplares do esquema das Constituições, em língua latina ou outra aceita na Cúria, incluindo também o Diretório e outros documentos que servirem para demonstrar a forma e o espirito da Associação.
As Constituições devem conter o que se refere à natureza do Instituto, à categoria dos membros, ao regime, à forma de consagração (Art. III, § 2), ao vinculo que une os membros ao Instituto (Art. III, 3), às casas comuns (Art. III, § 4), à formação dos membros e aos exercícios de piedade.
7. IV. As Associações legitimamente erigidas e aprovadas pelos Bispos, segundo a norma do direito anterior e antes da Constituição Apostólica Provida Mater. Ecclesia, se não tiverem obtido uma aprovação pontifícia como Associações laicais, se quiserem ser reconhecidas por esta Sagrada Congregação como Institutos Seculares, de direito pontifício ou diocesano, devem enviar ã mesma:
a) os documentos que provam terem sido erigidas e aprovadas,
b) um breve relato de sua história,
c) a disciplina de vida e o seu apostolado,
d) e, sobretudo, as cartas testemunhais dos Bispos em cujas dioceses possuem domicilio.
Depois de haver examinado atentamente todas estas coisas, de acordo com as normas dos Art. VI e VII da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, poderá ser concedida, segundo os casos, a permissão para que sejam erigidas e obtenham o decreto de louvor.
8. V. As Associações de fundação recente, ou não suficientemente desenvolvidas, e aquelas que vão surgindo, também são de se esperar que, se as coisas acontecerem favoravelmente, possam tornar-se prósperos e genuínos Institutos Seculares.
E oportuno que não encaminhem propostas imediatas à Sagrada Congregação para solicitar que sejam imediatamente erigidas. Pela norma geral, da qual não se deve fazer exceções a não ser por causas graves e rigorosamente avaliadas, estas novas Associações, enquanto não tiverem dado suficientes provas de si, se conservem e se exercitem sob a paterna direção da autoridade diocesana, como simples associações que existem de fato, mais do que de direito. Depois, pouco a pouco e, gradativamente, se desenvolverão sob qualquer forma de Associações de fiéis, Pias Uniões, Sociedades de vida comum ou Confrarias, de acordo com as circunstâncias dos casos.
9. VI. Enquanto perduram estes estados prévios (n° 5), nos quais deve aparecer claramente tratar-se de Associações que se propõem a total consagração ã vida de perfeição e ao apostolado, e reunir todas as características exigidas para um verdadeiro Instituto Secular, deve-se vigiar atentamente para que nestas Associações não se permita, interna ou externamente, nada que exceda de seu presente condição, e não corresponda à especifica forma e natureza dos Institutos Seculares.
Deve-se evitar, sobretudo, aquilo que, se não for concedido uma Associação ser erigida como Instituto Secular, não se possa proibir ou eliminar com facilidade, ou aquilo que pareça obrigar os superiores a conceder a aprovação às presas ou com muita facilidade.
10. VII. Para emitir uma apreciação segura e prática acerca da verdadeira natureza de Instituto Secular de qualquer associação, isto é, se esta, no estado secular, conduz eficazmente os próprios membros àquela plena consagração e dedicação que demonstre tratar-se de um completo estado de perfeição verdadeiramente religioso na substância, também em foro externo, devem-se considerar atentamente os seguintes pontos:
11. a) Se os membros inscritos na Associação, como membros em sentido estrito, “além daqueles exercícios de piedade e abnegação”, sem os quais a vida de perfeição deve considerar-se vã ilusão, de fato professam na prática e com empenho os três conselhos evangélicos sob uma das diversas formas previstas na Constituição Apostólica (Art. III, 2).
Apesar disso, podem ser admitidos na Associação como membros em sentido amplo, inscritos nela com maior ou menor força de intenção, aqueles sócios que aspiram à perfeição evangélica e que se esforçam por exercita-la na própria condição, não obstante não abracem ou não posam abraçar em grau mais elevado todos os conselhos evangélicos.
12. b) Se o vinculo com que os membros do Instituto são unidos à Associação é estável, mútuo e pleno; de tal forma que os membros se entreguem totalmente ao Instituto e que este esteja em condições, ou se prevê que estará, de querer e poder cuidar dos sócios e de responder por eles, segundo o direito (Art. III, § 3, 2°).
13. c) Se tem no presente ou procura ter, e de que forma e sob qual titulo, as casas comuns prescritas pela Constituição Apostólica (Art. III, 3), a fim de atingir o fim para o qual foram criadas.
14. d) Se são evitadas aquelas coisas que não pertencem à natureza e à forma dos Institutos Seculares, por exemplo: o hábito que não seja apropriado à condição de seculares; a vida comum externamente ordenada (Art. II, § 1; Art. III, § 4) à maneira da vida comum religiosa ou semelhante a essa (T it. XVII, L. II, C.I.C.).
15. VIII. Os Institutos Seculares, à norma do Art. II, § 1, 2° da Constituição Apostólica Provida Mater Ecclesia, salvo os artigos IX e II § 1, 1° da mesma, não são obrigados ao direito próprio e peculiar das Religiões ou Sociedades de vida comum, nem podem usar este direito.
16. Porém, a Sagrada Congregação poderá, excepcionalmente, acomodar e aplicar aos Institutos Seculares, segundo a Constituição (Art. II, § 1, 2°), qualquer prescrição particular do Direito religioso; desta forma, poderá extrair daquele direito também alguns critérios mais ou menos gerais, comprovados pela experiência e correspondentes à sua Intima natureza.
17. IX. Em particular:
a) Embora as prescrições do cânone 500, § 3 não digam respeito estritamente ao Institutos Seculares, nem há necessidade de aplicá-las como estão escritas, todavia, delas se pode deduzir um sólido critério e uma clara direção para aprovação e ordenamento dos Institutos Seculares.
18. b) Nada impede que, à norma do direito (Can. 492, §1), os Institutos Seculares, por especial concessão, possam ser agregados às Ordens ou a outras Religiões, ou de diversas maneiras possam ser por esses ajudados ou moralmente dirigidos.
Mas dificilmente serão concedidas outras formas de dependência mais estreita, que pareçam diminuir a autonomia dos Institutos Seculares, ou seja, submetê-los a uma tutela mais ou menos rígida, mesmo se esta dependência seja solicitada pelos próprios Institutos Seculares, especialmente femininos; em todo o caso, isto só seria viável com oportunas cautelas, depois de haver atentamente considerado o bem dos Institutos, e também o espirito, a natureza e a forma de aposto lado ao qual devem dedicar-se.
19. X. Os Institutos Seculares:
a) Pelo estado de plena perfeição que professam e total consagração ao apostolado que se propõem, neste mesmo gênero de perfeição de apostolado, parecem chamados a coisas maiores do que os simples fiéis, mesmo os melhores, os quais trabalham em Associações verdadeiramente laicais, na Ação Católica ou em outras obras piedosas.
20. b) De tal maneira devem exercer os ministérios e as obras de apostolado, objetivo essencial desses Institutos, que os seus membros, evitando qualquer confusão, ofereçam aos fiéis que os observam, salva sempre a sua disciplina interna, um claro exemplo de abnegada, humilde e constante colaboração com a Hierarquia (cf. 'Motu Proprio' Primo Feliciter, n. VI).
21. XI. a) O Ordinário, obtida a permissão da Santa Sé, quando erige um Instituto Secular antes existente como Associação, Pia União ou Sociedade de vida comum, poderá decidir se é conveniente levar em conta as fases de engajamento feitas antes, como por exemplo, o período de prova, o noviciado, a consagração etc., para determinar a condição das pessoas e os requisitos que devem constar nas Constituições do Instituto.
22. b) Nos primeiros dez anos de fundação de um Instituto Secular, contados desde a data em que foi erigido, o Bispo do lugar pode dispensar dos requisitos de idade, tempo de prova, dos anos de consagração e de outras coisas semelhantes prescritas para os Institutos em geral ou para algum em particular, em ordem às funções, aos cargos, aos postos e outros efeitos jurídicos.
23. c) As casas ou centros fundados antes da ereção canónica do Instituto, se foram fundados com a licença de ambos os Bispos, à norma do cân. 495, § 1, passam a ser "ipso facto” do Instituto.
Dada em Roma, junto do Palácio da Sagrada Congregação dos Religiosos, a 19 de março, festa de São José, Esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, de 1948.
Luigi Card. Lavitrano,Prefeito
Fr. Luca Ermenegildo Pasetto,Secretário
TÍTULO III
DOS INSTITUTOS SECULARES
Cân. 710 — Instituto secular é o instituto de vida consagrada, em
que os fiéis, vivendo no século, se esforçam por atingir a perfeição da
caridade e por contribuir, para a santificação do mundo, sobretudo
a partir de dentro.
Cân. 711 — O membro do instituto secular pela sua consagração
não altera a condição canónica própria, quer laical quer clerical, no
povo de Deus, sem prejuízo das prescrições do direito relativas aos
institutos de vida consagrada.
Cân. 712 — Salvaguardadas as prescrições dos cans. 598-601,
as constituições estabeleçam os vínculos sagrados pelos quais são
assumidos os conselhos evangélicos no instituto e determinem as
obrigações que os mesmos vínculos acarretam, mantendo sempre
na forma de vida a secularidade própria do instituto.
Cân. 713
§ 1. Os membros destes institutos exprimem e
exercem a própria consagração na actividade apostólica e esforçamse também, à maneira de fermento, por impregnar todas as coisas
do espírito do Evangelho para robustecimento e incremento do
corpo de Cristo.
§ 2. Os membros leigos partilham, no século e do século, o
múnus evangelizador da Igreja pelo testemunho de vida cristã e
de fidelidade à sua consagração, e bemassim pela ajuda que
prestam para ordenar segundo Deus as realidades temporais e
informar o mundo com a força do Evangelho. Oferecem ainda a sua
cooperação, de acordo com a forma própria secular de vida, para o
serviço da comunidade eclesial.
§ 3. Os membros clérigos, pelo testemunho de vida consagrada
sobretudo no presbitério, auxiliam os seus irmãos com a peculiar
caridade apostólica, e com o seu sagrado ministério realizam a
santificação do mundo entre o povo de Deus.
Cân. 714 — Os membros do instituto vivam a vida nas condições
ordinárias do mundo quer a sós, quer cada um na sua família, quer
em grupo de vida fraterna nos termos das constituições.
Cân. 715
§ 1. Os membros clérigos incardinados na diocese
dependem do Bispo diocesano, sem prejuízo do concernente à vida
consagrada no próprio instituto.
§ 2. Os que são incardinados no instituto nos termos do cân.
266, § 3, se forem destinados às obras próprias do instituto ou ao
seu governo, dependem do Bispo como se fossem religiosos.
Cân. 716
§ 1. Todos os membros participem activamente na
vida do instituto, segundo o direito próprio.
§ 2. Os membros do mesmo instituto observem a comunhão
entre si, procurando com solicitude a unidade de espírito e a genuína
fraternidade.
Cân. 717
§ 1. As constituições prescrevam o modo próprio de
governo, o tempo durante o qual os Moderadores desempenhem o
ofício, e determinem o modo como devem ser designados.
§ 2. Ninguém seja designado Moderador supremo, se não estiver
definitivamente incorporado.
§ 3. Os que estão à frente do governo do instituto, procurem que
se observe a unidade de espírito e se promova a participação activa
dos membros.
Cân. 718 — A administração dos bens do instituto, que deve
expressar e fomentar a pobreza evangélica, rege-se pelas normas
do Livro V, Dos bens temporais de Igreja, e ainda pelo direito
próprio do instituto. Do mesmo modo o direito próprio determine
as obrigações, especialmente económicas, do instituto para com os
membros que ao mesmo consagram o seu trabalho.
Cân. 719
§ 1. Para que os membros correspondam fielmente
à sua vocação e para que a sua acção apostólica proceda da própria
união com Cristo, dediquem--se com diligência à oração, apliquemse de modo apropriado à leitura das Escrituras sagradas, observem os
tempos de retiro anual e pratiquem os demais exercícios espirituais,
de acordo com o direito próprio.
§ 2. A celebração da Eucaristia, na medida do possível quotidiana,
seja a fonte e a força de toda a sua vida consagrada.
§ 3. Aproximem-se com liberdade do sacramento da penitência,
e recebam-no frequentemente.
§ 4. Procurem com liberdade a necessária direcção da consciência,
e, se assim o desejarem, peçam ainda aos seus Moderadores
conselhos do mesmo género.
Cân. 720 — O direito de admitir ao instituto tanto para a provação
como para assumir os vínculos sagrados, quer temporários quer
perpétuos ou definitivos, compete aos Moderadores maiores com o
seu conselho, nos termos das constituições.
Cân. 721
§ 1. É invalidamente admitido à provação inicial:
- quem ainda não tiver atingido a maioridade;
- quem actualmente se encontrar ligado por vínculo sagrado
nalgum
instituto de vida consagrada ou estiver incorporado numa
sociedade de vida apostólica; - o cônjuge durante o matrimónio.
§ 2. As constituições podem estabelecer outros impedimentos
para a admissão, mesmo para a validade, ou impor condições.
§ 3. Além disso, para que alguém seja recebido, deve possuir a
maturidade que é necessária para viver a vida própria do instituto.
Cân. 722
§ l. A provação inicial seja orientada de forma que
os candidatos conheçam com mais exactidão a sua vocação divina
e a própria do instituto e se exercitem no espírito e modo de viver
do mesmo.
§ 2. Oscandidatos sejam convenientemente formados para
viver a vida de acordo com os conselhos evangélicos e aprendam a
dirigi-la integralmente para o apostolado, utilizando aquelas formas
de evangelização que mais correspondam ao fim, espírito e índole
do instituto.
§ 3. Determinem-se nas constituições o modo e a duração,
não inferior a dois anos, desta provação, antes de os candidatos
assumirem inicialmente os sagrados vínculos no instituto.
Cân. 723
§ 1. Decorrido o tempo de provação inicial, o
candidato que for considerado idóneo, assuma os três conselhos
evangélicos, confirmados por vínculo sagrado, ou abandone o
instituto.
§ 2. Esta primeira incorporação, que se prolongará ao menos por
cinco anos, nos termos das constituições seja temporária.
§ 3. Decorrido o tempo desta incorporação, o membro que for
considerado idóneo seja admitido à incorporação perpétua ou à
definitiva, isto é, com vínculos temporários que se renovem sempre.
§ 4. A incorporação definitiva equipara-se à perpétua no
concernente a certos efeitos jurídicos a estabelecer nas constituições.
Cân. 724
§ 1. A formação posterior aos vínculos sagrados
assumidos inicialmente deve ser devidamente prolongada de acordo
com as constituições.
§2. Os membros do instituto sejam progressivamente
formados nas coisas divinas e humanas; os Moderadores do
instituto porém preocupem-se seriamente com a sua formação
espiritual contínua.
Cân. 725 — Pode o instituto associar a si, por um vinculo
determinado nas constituições, outros fiéis, que se esforcem por
atingir a perfeição cristã segundo o espírito do instituto e participem
na missão do mesmo.
Cân. 726
§ 1. Decorrido o tempo da incorporação temporária,
pode um membro abandonar livremente o instituto ou, havendo
causa justa, ser excluído da renovação dos vínculos sagrados pelo
Moderador maior, ouvido o seu conselho.
§ 2. Se um membro de incorporação temporária o pedir
espontaneamente, por causa grave pode obter do Moderador maior,
com o consentimento do seu conselho, o indulto de saída.
Cân. 727
§ 1. Um membro incorporado perpetuamente que
queira abandonar
o instituto, ponderada seriamente a realidade perante o Senhor,
peça através do Moderador supremo licença à Sé Apostólica para
sair, se o instituto for de direito pontifício; de contrário, ao Bispo
diocesano, tal como se determine nas constituições.
§ 2. Se se tratar de um clérigo incardinado no instituto, observese o prescrito no cân. 693.
Cân. 728— Concedido legitimamente o indulto de saída,
cessam todos os vínculos e bem assim os direitos e as obrigações
provenientes da incorporação.
Cân. 729— Um membro do instituto é demitido segundo as
normas dos câns.
694 e 695; as constituições determinem além disso as outras
causas de demissão, contanto que sejam proporcionalmente
graves, externas, imputáveis e juridicamente comprovadas, e
observe-se o modo de proceder estabelecido nos câns. 697--700.
Ao demitido aplica-se o prescrito no cân. 701.
Cân. 730 — Para um membro de um instituto secular transitar
para outro instituto secular, observem-se as prescrições dos câns.
684, §§ 1, 2, 4 e 685; mas para que o trânsito se faça para um
instituto religioso ou para uma sociedade de vida apostólica ou
deles para um instituto secular, requer-se licença da Sé Apostólica a
CONCILIO VATICANO II
Perfectae Caritatis, 11
11. Os Institutos seculares, embora não sejam Institutos religiosos,
implicam uma verdadeira e completa profissão dos conselhos
evangélicos no mundo, reconhecida pela Igreja. Esta profissão
confere uma consagração, tanto a homens como mulheres, a leigos
ou clérigos que vivem no mundo. Por isso, procurem sobretudo
fazer uma total doação de si mesmos a Deus na caridade perfeita; e
os próprios Institutos mantenham o seu carácter próprio e peculiar,
isto é, a secularidade, para poderem exercer eficazmente e por toda
a parte o apostolado no mundo e como que a partir do mundo; para
isso foram instituídos.
Tenham, todavia, muito presente que não poderão exercer tão alta
missão, se os membros não forem cuidadosamente formados nas
coisas divinas e humanas, de tal maneira que sejam verdadeiramente
fermento no mundo para vigor e incremento do Corpo de Cristo. Os
responsáveis cuidem sèriamente da formação, sobretudo espiritual,
dos membros e do seu ulterior aperfeiçoamento.
Ad gentes, 40
Uma vez que, sob a inspiração do Espírito Santo, crescem de
dia para dia na Igreja os Institutos seculares, a sua ajuda, sob a
autoridade do Bispo, pode ser a muitos títulos proveitosa para as
missões, como sinal duma entrega plena à evangelização do mundo.
Discurso de apertura en el
Encuentro Internacional de Institutos Seculares
Cardenal Ildebrando Antoniutti
20 de septiembre de 1970
Deseo ante todo agradecer profundamente a los beneméritos organizadores de este Congreso, los cuales, acogiendo las indicaciones del Sagrado Dicasterio que tiene la alta dirección de los Institutos Seculares, lo han preparado con tenaz paciencia y lo ven hoy realizado con legítima satisfacción. Al Ilmo. Prof. Giuseppe Lazzati que ocupa la presidencia, que nos ha acogido tan amablemente y con confiada esperanza, nuestra sincera gratitud. Asimismo, nuestro vivo reconocimiento al querido doctor Oberti, el cual, en calidad de secretario del Comité Organizador, ha dedicado tiempo, energías y habilidad para la celebración de esta reunión que corona hoy su larga y generosa fatiga.
Queridos congresistas, me siento dichoso y honrado de acogeros en Roma junto a las distintas personalidades que os acompañan, y de dirigiros un saludo particularmente cordial. Este saludo se dirige no sólo a vosotros, aquí presentes, sino a todos los miembros de los Institutos Seculares, a los asociados a vuestras obras y a todos los amigos que os apoyan y os admiran. Vosotros, en efecto, representáis un gran número de hombres y de mujeres de diversas naciones, que, hermanados por el ideal de santificar el mundo, en el ejercicio ejemplar de su apostolado, son hoy un factor importante en la misión de hacer más cristiana, más humana y más justa la sociedad.
Saludo, también, a los sacerdotes miembros de los Institutos Seculares que llevan en sus respectivas diócesis una preciosa contribución al trabajo pastoral que se completa por la elevación del pueblo de Dios, gracias a su consagración personal y a su generosa entrega, en pleno acuerdo con los propios Obispos, de los que son fieles y devotos colaboradores.
Antes de tratar el argumento de los Institutos Seculares, creo oportuno exponer algunas consideraciones de carácter general.
Los Institutos Seculares son reconocidos en la Iglesia actual como una hermosa primavera rica de promesas y de esperanzas.
Sin querer aludir a una serie de edificantes Asociaciones que siempre han caracterizado el desarrollo y la expansión de la Iglesia, recordamos esta última floración de los Institutos Seculares como son concebidos, formados y estructurados, por la legislación contemporánea de la Constitución Apostólica "Provida Mater Ecclesia", por el Motu proprio "Primo Feliciter" y por la Instrucción "Cum Sanctissimus". Debemos reconocer inmediatamente que se trata de tres documentos que se integran recíprocamente y ofrecen una orientación segura para la santificación de los individuos y para el ejercicio del apostolado.
En cuanto a los documentos del Concilio Vaticano II, se ha dicho que son más bien parcos en relación a los Institutos Seculares. Debemos, sin embargo, reconocer que, cuanto se ha afirmado sobre ellos en los textos conciliares, sintetiza o compendia las precedentes disposiciones pontificias y constituye un claro, positivo y solemne reconocimiento, no sólo de su existencia y personalidad jurídica, sino también de los fines apostólicos que les animan y orientan.
Un pionero de los Institutos Seculares, el llorado padre Agostino Gemelli, después de haber expuesto en una estupenda síntesis la obra de los estados de perfección a través de los siglos, subraya que los tiempos actuales tienen una exigencia propia, intelectual y moral, y que es preciso llevar la buena nueva a todas las clases sociales.
La "Provida Mater Ecclesia" que es obra, sobre todo, del alma apostólica y de inteligente previsión del P. Larraona, hoy Cardenal, expone claramente cómo de la historia resulta que la Iglesia ha dado origen a organismos que testimonian «(...) que también en el siglo, con el favor de la llamada de Dios y de la gracia divina, se puede obtener una consagración bastante estrecha y eficaz, no sólo interna, sino también externa (...) teniendo así un instrumento muy oportuno de penetración y apostolado» ("Provida Mater Ecclesia").
Se puede, por tanto, afirmar que la historia de los Institutos Seculares es tan antigua como la Iglesia. Si hoy son canónicamente reconocidos y tienen una forma jurídica, esto no ha hecho más que consagrar su existencia.
Alguno, en efecto, se complace en encontrar en los Institutos Seculares los auténticos herederos de las fervientes comunidades de fieles que surgieron desde el período apostólico y florecieron en todos los tiempos y en formas diversas, bajo el impulso de la misma gracia invisible y operante, formando una inagotable fraternidad en la Familia cristiana.
No se puede tampoco olvidar que la historia de la Iglesia nos habla de cristianos que viviendo en el mundo, ya desde los primeros siglos, se consagraban a Dios, reconociendo en la consagración el medio para vivir más intensamente el bautismo. La vida de muchos santos es la prueba evidente de este neto reconocimiento de que también en el mundo se puede y se debe dar testimonio del Evangelio. Las Órdenes Terciarias de la Edad Media, prueban la santidad vivida y practicada fuera de la vida religiosa. Desdichadamente, con el tiempo se ha introducido alguna confusión en este campo. Y por esto santa Ángela Merici quiso proveer a la necesidad de asegurar en el mundo la presencia activa de almas consagradas dedicadas al apostolado.
Todos conocemos la clásica definición que de los Institutos Seculares ha dado la "Provida Mater Ecclesia": «Las Asociaciones de clérigos y de laicos, cuyos miembros, para adquirir la perfección cristiana y ejercer plenamente el apostolado, profesan en el mundo los consejos evangélicos, son designadas bajo el nombre de Institutos Seculares ...». La Iglesia, por tanto, reconoce como miembros de los Institutos Seculares aquellos que viven su consagración en el mundo, para irradiar a Cristo y sus enseñanzas en la sociedad.
El Espíritu Santo, como ha proclamado Pío XII en el Motu proprio "Primo Feliciter", por grande y particular gracia, ha llamado a Sí a muchos dilectísimos hijos e hijas a fin de que, reunidos y ordenados en los Institutos Seculares, fueran sal, luz y eficaz fermento en el mundo en el cual, por divina disposición, deben permanecer. Las palabras de Pío XII encuentran confirmación también en los documentos conciliares, los cuales han reafirmado la naturaleza, han precisado las exigencias y han ratificado el carácter propio y específico de los Institutos Seculares; es decir, la secularidad. Ésta, en efecto, es la nota distintiva y la razón de ser de los Institutos Seculares.
Mientras los clérigos y los laicos que se hacer religiosos cambian su naturaleza jurídica, sus relaciones públicas y sociales en la Iglesia, y se someten a las leyes propias del estado religioso con los correspondientes derechos y deberes, los clérigos y los laicos que se incorporan a un Instituto Secular, permanecen como antes; el laico permanece laico en el mundo, y el clérigo, que antes estaba sometido a su Ordinario diocesano, permanece doblemente sujeto a él, ligado por un nuevo vínculo de sujeción, y en ningún caso podrán ser llamados o considerados religiosos.
La vida espiritual de los miembros de un Instituto Secular se desarrolla en el mundo y con el mundo y, por tanto, con una cierta agilidad o independencia de formas y esquemas propios de los religiosos. Su vida exterior no se diferencia de la de los demás seglares célibes, porque sus obligaciones y sus obras están en el mundo donde ellos pueden ocupar empleos y cargos que los religiosos no pueden ejercer. Por propia voluntad y según los Estatutos pueden vivir en familia (y la mayor parte, efectivamente, viven en familia) o también en común ("Provida Mater Ecclesia", art. III, 4) y ejercer cualquier actividad profesional lícita. Deben santificar lo profano y lo temporal, santificarse y llevar a Cristo al mundo. Son colaboradores de Dios en el mundo de la ciencia, del arte, del pensamiento, del progreso, de las estructuras sociales y técnicas, económicas y culturales, en los empeños civiles de todo orden: en la casa, en la escuela, en las fábricas, en los campos, en los hospitales, en los cuarteles, en los cargos públicos, en las obras asistenciales, en todo el inmenso y comprometedor panorama del mundo. Están, finalmente, llamados a ver y a reconocer en sí mismos y en todo cuanto les circunda, un algo de misterioso y de divino que les eleve a Dios a través de los elementos de la naturaleza, como dice la "Gaudium et Spes" (nº 38). Son muchos los aspectos del mundo que reciben luz de este principio.
Los miembros de los Institutos Seculares sienten que Cristo virgen, pobre y obediente, ha anunciado su mensaje de castidad, de pobreza y de obediencia a hombres como ellos que viven en el mundo. Este mensaje, todavía lleno de actualidad, se repite a los hombres del mundo presente con la simplicidad y con el candor de la Palabra divina como brotó del corazón del Redentor. Y si viene recogido solamente por una pequeña parte, ésta constituye la levadura providencial que conserva y multiplica el don de Dios.
La aparición de los Institutos Seculares es, en efecto, un fenómeno que denota la fuerza y la vitalidad de la Iglesia, la cual se renueva en su perpetua juventud y se robustece con nuevas energías. La Iglesia ha acogido favorablemente esta nueva manifestación de almas deseosas de santificarse en el mundo profesando en un modo estable los consejos evangélicos y la ha confirmado, con fuerza de ley, dando valor jurídico al ansia de asegurarse la perfección cristiana y de ejercer el apostolado. Así, a los dos estados de perfección ya reconocidos -Religiones y Sociedades de vida común- se une la tercera forma de los Institutos Seculares.
El propósito de que el nuevo estado de perfección fuese bien definido y precisado, se manifiesta en toda la legislación de la Santa Sede.
En la Lex peculiaris ("Provida Mater Ecclesia") viene claramente determinada la diferencia con los Religiosos y las Sociedades de vida común, mientras se exponen una serie de elementos, como la consagración, el carácter del vínculo, etc., que especifican e ilustran el tipo de nueva sociedad creada por la "Provida Mater Ecclesia". Estas normas, fundamentales para constituir y ordenar sólidamente los Institutos Seculares ya desde sus comienzos, son claramente compiladas en la Instrucción "Cum Sanctissimus".
La intervención normativa y ejecutiva con que el Magisterio de la Iglesia aprueba una determinada sociedad como Instituto de perfección, comporta también un juicio sobre la concordancia de la misma sociedad con el derecho que debe regular la vida y las funciones. La Iglesia, en efecto, al organizar una nueva forma de estado de perfección, quiere que todas las Asociaciones en posesión de los caracteres esenciales del nuevo estado sean estructuradas en conformidad con las normas dadas. Y cuando tales Asociaciones resulten dotadas de los requisitos pedidos, solamente entonces son reconocidas como Institutos Seculares.
La competente Sagrada Congregación ha querido siempre evitar una posible adulteración de estos Institutos insistiendo sobre la esencial importancia del carácter específico de los mismos: estado de plena consagración a Dios "en el siglo" mientras exige que todos los elementos requeridos en los Institutos Seculares sean observados escrupulosamente, comenzando precisamente por la secularidad que especifica este estado de perfección. Secularidad, quiero insistir, que se identifica con el contenido positivo y sustancial de quien vive "hombre entre los hombres", "cristiano entre los cristianos del mundo" que tiene "la conciencia de ser uno entre los otros" y a la vez "tiene la certeza de una llamada y una consagración total y estable a Dios y a las almas" confirmada por la Iglesia.
Mientras el Instituto Secular consagra sus miembros como seguidores de Cristo, les pone también en la condición de que sus actividades personales ejercidas en el mundo estén orientadas hacia Dios y sean ellas mismas en cierto modo consagradas participando de la completa oblación a Dios. De este modo se cumple para los miembros de los Institutos Seculares aquella característica forma de apostolado "ex saeculo", del cual habla el "Primo Feliciter".
El Decreto "Perfectae Caritatis" resume admirablemente esta doctrina cuando afirma que «(...) la profesión de los Institutos Seculares lleva consigo una verdadera y completa profesión de los consejos evangélicos en el mundo», añadiendo seguidamente: «Los Institutos mismos conserven su índole propia y peculiar, es decir, secular». Esta consagración enriquece la vida de los fieles, la personalidad eclesial y la consistencia misma de los Institutos con la sustancia teológica propia de los consejos evangélicos.
Reconociendo en los Institutos Seculares los elementos esenciales de los Institutos de vida consagrada, el Concilio Vaticano II recuerda, en consonancia con el "Primo Feliciter", las específicas características de estos Institutos, que se distinguen por tres elementos constitutivos:
a) La profesión de los consejos evangélicos de pobreza, castidad y obediencia.
b) La conversión de los mencionados consejos en obligaciones, mediante un vínculo estable (voto-promesa-juramento) reconocido y regulado por el derecho de la Iglesia.
c) La secularidad, que se manifiesta en toda la vida del asociado y caracteriza sus actividades apostólicas.
Estos tres elementos son complementarios e igualmente necesarios e imprescindibles. Si faltaran uno u otro en cualquier Instituto, éste no podría ser secular. En efecto, el carisma fundacional sería diverso y por esto debería encontrar en la ordenación canónica una configuración adecuada. Los tres citados elementos pueden, por tanto, resumirse en la fórmula: «firme empeño (o vínculo) de la profesión de los consejos evangélicos, en el ámbito de la secularidad, reconocido por la Iglesia».
Los tres elementos esenciales, de naturaleza teológico-jurídica, mientras delimitan y precisan la fisonomía propia de estos Institutos, sirven también para distinguirles, bien sea de los Institutos Religiosos, o de las numerosas y diversas formas asociativas que existen en la Iglesia, en la cual es bien notorio y providencial el creciente y progresivo desarrollo de las mismas.
Ha sido consecuente, por tanto, la Constitución Apostólica "Regimini Ecclesiae Universae" (15-8-1967) que dio al Sagrado Dicasterio propuesto a los Institutos de perfección la denominación de "Sagrada Congregación para los Religiosos y los Institutos Seculares", para marcar de modo inequívoco la intrínseca diferencia existente entre las Religiones (y símiles Sociedades) y las nuevas formas de vida consagrada en el siglo.
Los Institutos Seculares están todavía en sus comienzos y no parecerían obligados a aquel "aggiornamento" o renovación decretada por el Concilio, a la cual han sido llamadas todas las comunidades para volver a los orígenes y hacer revivir el espíritu de sus fundadores.
Por cuanto concierne a los Institutos Seculares, debemos reafirmar que solamente aquellos que responden a los requisitos fijados en los documentos pontificios, pueden ser reconocidos como tales. Si, por lo tanto, alguno de los Institutos Seculares, bajo el influjo, quizás, del ambiente a veces impregnado de la tradicional estructura de la vida religiosa, se hubiera alejado de las claras indicaciones de la "Provida Mater Ecclesia", del "Primo Feliciter" o de la "Cum Sanctissimus", debería examinar su posición y volver a los orígenes de la legislación de los tres documentos pontificios. Naturalmente, la eventual revisión deberá ser hecha de acuerdo con la autoridad competente que por sí sola puede ser juez en materia tan importante.
De cualquier modo, es evidente que los Institutos Seculares, no pudiendo ser religiosos (cf. Decreto "Perfectae Caritatis" nº 11), su legislación debe ser formulada en tal forma que excluya cualquier confusión con aquella de los religiosos y debe ser precisada en una terminología que no dé lugar a erróneas interpretaciones.
La diferencia entre los Institutos Religiosos y los Institutos Seculares es tan clara y precisa y, como se ha dicho más arriba, intrínseca, que difícilmente se puede comprender cómo la renovación de los Institutos Religiosos pueda consistir en el paso, llamémoslo así, de un Instituto Religioso a un Instituto Secular. En realidad, los Institutos Religiosos, según el Decreto "Perfectae Caritatis", se renuevan en el retorno al espíritu de los fundadores, en el equilibrio meditado de una vida que debe ser modificada, es decir, mejorada, pero no cambiada. Cuando un Instituto Religioso demuestra no saber vivir según el carisma de su fundación, difícilmente puede creerse capaz de asimilar el espíritu de un Instituto Secular, porque no se trata de simples estructuras canónicas, sino más bien de una vocación que ha sido dada por Dios y confirmada por la Iglesia.
Una falsa renovación de los Institutos Religiosos que llevase a alguno a querer asumir la modalidad de la vida consagrada "in saeculo" oscurecería la figura eclesial propia de los Institutos Seculares, pero sería, sobre todo, muy dañoso para los mismos Institutos Religiosos. En efecto, tal modo de proceder originaría aquella uniformidad y empobrecimiento de la vida religiosa de que hablaba el Santo Padre Pablo VI en su discurso a las Superioras Generales, en noviembre de 1969, y, en un último análisis, provocaría la secularización global del estado religioso, quitándole aquello que lo caracteriza y lo especifica en el seno de los Institutos de perfección de la Iglesia.
Un Instituto Religioso que se seculariza pierde el propio se, la propia fisonomía, para dar vida a un organismo de dudosa consistencia. Y me sea permitido añadir que en algún Instituto existe un estado de dificultad y de incomodidad que debe ser superado con una mejor comprensión de los aspectos esenciales de la vida religiosa.
A su vez, los Institutos Seculares sepan que su futuro está asegurado por su misma fidelidad a la vocación que les constituye fermento de actividad apostólica en el mundo con un carisma propio y específico o diverso.
Llegados a este punto, conviene añadir que los Institutos Seculares no han sido siempre debidamente comprendidos y valorados. Toda novedad en la Iglesia, si por un lado crea esperanza y entusiasmo, por el otro suscita alguna reserva y desconfianza. Esto ha sucedido con los mismos Institutos Religiosos, muchos de los cuales han pasado a través del crisol de la crítica y de la oposición para ser después reconocidos y admitidos como artífices de auténtica espiritualidad y de vigoroso apostolado.
No hay, por tanto, que sorprenderse si los Institutos Seculares, que llevan un soplo de vida nueva en la Iglesia, encuentran a veces incomprensión, dificultades y quizá también oposición. Son incomprendidos los Institutos Seculares por aquellos que querrían encuadrarlos en la antigua disciplina y revestirlos de las formas consagradas por la vida religiosa. Ni comprenden tampoco los Institutos Seculares aquellos que vacilan ante movimientos que abren el camino a una más larga comprensión de las exigencias de los tiempos y a una práctica más ágil del Evangelio.
Hombres y mujeres que quieran consagrarse a Cristo sin salir del mundo, pueden hoy escoger los Institutos Seculares como medio seguro de santificación y como instrumento eficaz de apostolado fecundo y activo. Ellos no sólo tienen derecho, sino que sienten la necesidad de ser comprendidos y de ser apoyados.
Ahora bien, alguno podría tal vez pensar que habiéndome extendido demasiado sobre el carácter peculiar de la secularidad de los Institutos Seculares, hubiera dejado en segundo término la consagración, es decir, la profesión de los consejos evangélicos. Si después de haber recalcado, repetidas veces, la fuerza intrínseca de la consagración, he insistido sobre la secularidad, lo he hecho porque, especialmente en ciertos sectores, debe ser precisado el valor de esta característica de los Institutos Seculares para evitar la confusión y las polémicas estériles que podrían derivarse.
Para algunos -no pertenecientes ciertamente a Institutos Seculares- la secularidad sería en realidad una apariencia, un aspecto puramente fenoménico que escondería una bien diversa realidad: lo cual no es verdadero en absoluto. La secularidad se debe entender en su aspecto o contenido lógico, que es el más simple, el más normal, el más completo y el más comúnmente entendido. Como el Bautismo, la Confirmación y el Orden dejan intacta la específica secularidad de los fieles, así la consagración de los Institutos Seculares deja intacta la secularidad de sus miembros.
Pero es también verdad, y por esto es importante saberlo, que la necesaria distinción entre los Institutos Seculares y los Institutos Religiosos, motivada por la secularidad de los primeros, no debe en ningún modo devaluar la consagración, patrimonio de los unos y de los otros, porque ésta es el alma de la nueva realidad asociativa de los Institutos Seculares promovida por la Iglesia.
Y con la consagración no debe olvidarse el aspecto formativo de los miembros de los diversos Institutos Seculares, ni tampoco los distintos matices o los diferentes tipos de Institutos Seculares, los cuales me permito aludir solamente, pero estoy seguro de que como no se dejarán de tratar en este Congreso, se presentarán ciertamente ocasiones de hablar de ellos con la debida amplitud y la necesaria profundidad.
Antes de terminar no puedo, sin embargo, dejar de manifestar algunas consideraciones sobre los Institutos Seculares sacerdotales y, más propiamente, sobre los sacerdotes que para mejor responder a la vocación de consagración a Dios y de servicio a las almas, entran en los Institutos Seculares para enriquecerse de una espiritualidad que les une cada vez más a Cristo y les vincula más íntimamente a su Obispo para ser sus fieles y eficaces cooperadores.
En el "Presbyterorum Ordinis" nº 8 el Concilio afirma que van «diligentemente promovidas las Asociaciones que, con Estatutos reconocidos por la competente autoridad eclesiástica, fomentan, gracias a un modo de vida convenientemente ordenado y aprobado, y a la ayuda fraterna, la santidad de los sacerdotes en el ejercicio de su ministerio y pretenden de tal manera servir a todo el Orden de los presbíteros».
Se observa que el Concilio ha fundado este principio en favor de las Asociaciones de sacerdotes, también sobre el derecho natural de asociación, que compete, "servatis servandis", a todos los fieles y a todos los hombres. Cuando en el Concilio se discutió del derecho de asociación de los sacerdotes, la competente Comisión Conciliar dio la siguiente respuesta, aprobada por la Congregación General el 2 de diciembre de 1965: «No se puede negar a los presbíteros aquello que el Concilio, teniendo en cuenta la dignidad de la naturaleza humana, declaró propio de los laicos, ya que responde al derecho natural».
También los sacerdotes, por tanto, gozan del derecho de formar Asociaciones que respondan a las necesidades del clero, para vivir más intensamente su vida espiritual, para trabajar más eficazmente en el campo apostólico, para conservar una íntima comunión con sus hermanos, para servir a su Obispo con una entrega cada vez más fiel y generosa.
Uno de los puntos sobre el que gira la vida de los sacerdotes inscritos en Institutos Seculares es el derecho a servirse de los medios espirituales más favorables para vivir los compromisos de sacerdotes diocesanos, y así satisfacer en la mejor manera las exigencias de la diocesanidad. La Jerarquía debe vigilar, asistir y orientar al sacerdote, pero no puede negarle ni hacerle difícil el desarrollo de su elevación espiritual cuando ésta naturalmente se realiza en el ámbito de doctrinas aprobadas por la Iglesia.
No se pueden confundir los sacerdotes diocesanos inscritos en los Institutos Seculares con aquellos que forman parte de otras Asociaciones, porque los primeros están empeñados en vivir en forma estable los consejos evangélicos en una sociedad reconocida por la Iglesia para este fin, mientras que esto no se verifica para los segundos. Por lo cual, los Institutos Seculares han sido puestos bajo la vigilancia de la Sagrada Congregación de Religiosos, que tutela la santidad de los vínculos de perfección y favorece su incremento.
Los sacerdotes diocesanos de los Institutos Seculares, que están difundidos en casi todos los países del mundo, deben distinguirse por la integridad y la pobreza de la vida, por la obediencia a su Obispo y la entrega al trabajo, llevando a la Iglesia la contribución de un auténtico apostolado evangélico para la difusión del Reino de Dios. La presencia de estos sacerdotes por su fidelidad a la Iglesia es un baluarte en medio del clero diocesano contra los crecientes peligros que impiden su ministerio.
Conviene, además, notar que las Constituciones de los Institutos Seculares sacerdotales son explícitas y elocuentes a este respecto. Los sacerdotes que forman parte, no sólo quedan vinculados a su Obispo en virtud de la promesa hecha en la ordenación, sino que le están sometidos además, exactamente porque son miembros de los Institutos. Los Estatutos, de hecho, ponen la explícita cláusula que, por cuanto respecta a la actividad pastoral, dichos sacerdotes diocesanos dependen exclusiva y totalmente del Obispo, el cual puede enviarles donde mejor crea y confiarles cualquier trabajo, obligándose ellos a estar dispuestos para los cargos más ingratos y para el apostolado más difícil.
Una de las exigencias más fuertes pedida en los Institutos Seculares sacerdotales es el espíritu de pobreza y de desprendimiento de los bienes de la tierra. Cuando tanto se habla de la Iglesia de los pobres, debemos reconocer que ningún apostolado es verdaderamente eficaz sobre las almas si el sacerdote no es pobre, generoso y amigo de los más desheredados. Ahora bien, los Institutos Seculares de sacerdotes les facilitan la práctica de la pobreza, para cuya observancia se obligan con voto, con juramento o con una promesa especial. Las Constituciones de los Institutos Seculares sacerdotales, inspiradas en las normas de la "Provida Mater Ecclesia", establecen aquello que convierte a un sacerdote pobre en el sentido más hermoso, más práctico, y expresivo.
Está probado que los Institutos Seculares aseguran a los sacerdotes una vida espiritual intensa en medio de los peligros que asaltan en modo particular al sacerdocio. El Obispo francés de Nantes así escribía a la Sagrada Congregación de Religiosos: «Si queremos mantener en nuestro clero una profunda vida interior, el medio más seguro es el de hacerlo pertenecer a una sociedad que dirija a sus miembros a la perfección con la práctica de los votos».
Los Institutos Seculares, en fin, proveen a la formación de sus sacerdotes con especiales prácticas de piedad, con reuniones, con círculos de estudio donde se enseña una ascética segura, se explican las encíclicas papales, se ilustran los decretos conciliares, se preparan las instrucciones para los fieles, etc.
De cuanto se ha dicho se puede deducir que es providencial para un Obispo tener sacerdotes sobre cuya piedad y ciencia teológica, fidelidad y valiosa cooperación, puede contar siempre sin reservas. Sería de desear, entonces, que los sacerdotes diocesanos fueran también miembros de cualquier Instituto Secular de perfección, o al menos de cualquier Asociación, para que puedan vivir intensamente el sacerdocio de Cristo e imitar sus virtudes.
Me agrada recordar a este propósito las palabras que Su Santidad Pablo VI dirigía, todavía en 1965, a los sacerdotes de la F.A.C.I. (AAS 1965, p. 648): «Es cosa reconocida, desgraciadamente, que uno de los peligros más graves a que está expuesto el clero en general, y especialmente el que tiene cura de almas, puede ser el aislamiento, la soledad, la pérdida de contacto con sus hermanos y tal vez con la misma población. Frente a esta dolorosa eventualidad, la F.A.C.I. alimenta en el clero el programa, la necesidad, diremos la conciencia de la unión, no ciertamente de carácter sindical y organizativo, sino fraterna y operante de todos los sacerdotes entre sí...».
Estas palabras reflejan el espíritu fraterno de los sacerdotes inscritos en los Institutos Seculares, que no quieren sino la más estrecha colaboración con el Obispo que veneran y aman, la recíproca comprensión entre los miembros del presbiterio diocesano y el bien del pueblo a ellos confiado.
Abriendo el Congreso he deseado exponer algunos postulados que considero fundamentales a los fines de vuestro encuentro y a los cuales se enlaza, en definitiva, todo cuanto os expondrán los eximios oradores que hablarán sobre los diversos temas propuestos.
En el desarrollo del programa de esta semana y en las discusiones que seguirán, los representantes de los Institutos aquí presentes aportarán la propia experiencia y podrán manifestar su propio pensamiento, exponiendo su propia opinión con perfecta libertad. Es necesario que cada uno diga aquello que siente ser, aquello que estima útil hacer, aquello que desea se haga en el cuadro de la doctrina y de los citados documentos emanados del Sumo Pontífice y, últimamente, del Concilio.
Siento, en fin, el grato deber de dirigir una palabra de alabanza a los Institutos Seculares que en esta hora atormentada y confusa se han entregado al apostolado con un admirable espíritu de disciplina ajenos a ciertas extravagantes contestaciones que han llegado a veces hasta los umbrales del Santuario. Y esto, me parece, es un hecho positivo que reviste un alto y elocuente significado.
Los Institutos Seculares, no obstante estén sujetos a las necesarias evoluciones y a las oportunas adaptaciones sugeridas por las circunstancias, tienen una forma propia, sólida y consistente, que no ha provocado manifestaciones externas disidentes o contrastantes con aquello que constituye su patrimonio. Se trata de un patrimonio que tiene por base el Evangelio y se desenvuelve sobre un binario rectilíneo: la vida de perfección y el ejercicio del apostolado en el mundo, en aquella sana libertad espiritual que es propia de los hijos de Dios.
Con esta razonada constatación os ofrezco mi augurio y el de mis colaboradores en la Sagrada Congregación para que con la ayuda de Dios, "a Quo bona cuncta procedunt", podáis realizar una labor provechosa, podáis compenetraros cada vez más profundamente y colaborar fraternalmente por vuestra personal santificación y por el bien de la sociedad en la cual estáis destinados a vivir y en la que la Iglesia os ha llamado a difundir la luz y el calor del Evangelio de Cristo.
Roma, 20 de septiembre de 1970
Discurso a los participantes del Encuentro Internacional de los Institutos Seculares
S. S. Pablo VI, 26 de septiembre de 1970
1. Acogemos vuestra visita con especial interés pensando en el título, que os distingue en la Iglesia de Dios, sin que el mundo perciba los signos externos, título de representantes de los Institutos Seculares reunidos en el Congreso. Percibo las intenciones inspiradoras de esta visita: os presentáis a nosotros con doble motivo: uno, de confianza que se patentiza manifestando vuestro ser de personas consagradas a Cristo en la secularidad de vuestra vida; y otro, de ofrecimiento que se declara fiel y generoso a la Iglesia, interpretando sus finalidades primarias: la de celebrar la unión misteriosa y sobrenatural de los hombres con Dios, Padre celestial, instaurada por Cristo, Maestro y Salvador, mediante la efusión del Espíritu Santo; y la otra finalidad de instaurar la unión entre los hombres sirviéndose de todas las maneras, en orden al bienestar natural y a un fin superior, la salvación eterna.
2. ¡Cuánto nos interesa y nos conmueve este encuentro! Nos hace pensar en los prodigios de la gracia, en las riquezas escondidas del Reino de Dios, en los recursos incalculables de virtud y de santidad, de que dispone todavía hoy la Iglesia, inmersa, como sabemos, en una humanidad profana -a veces profanadora-, orgullosa de sus conquistas temporales y no menos esquiva cuanto necesitada de encontrarse con Cristo; la Iglesia, decimos, regada por tantas corrientes, no todas positivas para su incremento en esa unidad y verdad de las que Cristo desea que sus hijos estén siempre ávidos y celosos; la Iglesia, ese secular olivo de tronco histórico, torturado y retorcido que podría parecer más una imagen de vejez y sufrimiento que de vitalidad primaveral; la Iglesia de este tiempo, capaz de reverdecer vigorosa y fresca con nuevas frondas y promesas de frutos insospechados, y abundantes, como lo demostráis en vuestras vidas. Vosotros representáis un fenómeno característico y consolador en la Iglesia contemporánea; y por ello os saludamos y os alentamos.
3. Nos sería fácil y agradable hacer la descripción de vosotros mismos, tal como os ve la Iglesia en estos últimos años, vuestra realidad teológica, según la línea del Concilio Vaticano II (Lumen Gentium, 44 y Perfectae Caritatis); es decir, la enumeración canónica de las formas institucionales que vienen asumiendo esos organismos de cristianos consagrados al Señor y, al mismo tiempo, seculares, la identificación del puesto y de la función que van tomando en la urdimbre del Pueblo de Dios, los caracteres distintivos que los cualifican, las dimensiones y las formas con que se afirman. Todo esto vosotros lo conocéis muy bien. Estamos informado de los cuidados con que os atiende el Dicasterio de la Curia romana, encargado de guiaros y asistiros; y conocemos sobradamente la relación de los temas tratados con mucha profundidad durante vuestro Congreso; no vamos a repetir lo que se ha expuesto ya con tanta competencia. Más que delinear otra vez ese cuadro canónico -si hemos de deciros una palabra en esta circunstancia-, preferimos fijarnos discreta y sobriamente en el aspecto psicológico y espiritual de vuestra peculiar entrega al seguimiento de Cristo.
4. Por un instante, pongamos la mirada en el origen de este fenómeno, en el origen interior, en el origen personal y espiritual, en vuestra vocación, que si presenta muchos caracteres comunes a otras vocaciones que florecen en la Iglesia de Dios, hay algunos propios que la distinguen y merecen una consideración específica.
5. Queremos señalar, ante todo, la importancia de los actos reflejos en la vida del hombre; actos reflejos muy estimados en la vida cristiana y muy interesantes, especialmente en ciertos periodos de la edad juvenil, porque son determinantes. A estos actos reflejos llamamos conciencia; y sabe bien cada uno qué significa y qué es la conciencia. De la conciencia se habla mucho hoy, comenzando por el continuo recabar a su lejano alborear socrático; y luego, a su despertar debido principalmente al cristianismo, bajo cuyo influjo -como diría un historiador- "el fondo del alma ha sido cambiado". Llamamos aquí la atención sobre aquel momento especial conocido de todos vosotros, en que la conciencia psicológica, es decir, la percepción interior que el hombre tiene de sí mismo, se convierte en conciencia moral (cfr. S. Tomás, I, 73; 13), en el acto en que la conciencia psicológica advierte la exigencia de obrar según una ley, pronunciada dentro del hombre, escrita en su corazón, pero que obliga, fuera, en la vida real, con responsabilidad trascendente y, en la cumbre, queda relacionada con Dios; por lo cual se hace conciencia religiosa. De ella habla el Concilio: "En lo más profundo de su conciencia descubre el hombre la existencia de una ley que él no se dicta a sí mismo, pero a la cual debe obedecer y, cuya voz resuena, cuando es necesario, en los oídos de su corazón, advirtiéndole que debe amar y practicar el bien y que debe evitar el mal; haz esto, evita aquello. Porque el hombre tiene una ley escrita en el corazón por Dios, en cuya obediencia consiste la dignidad humana y por la cual será juzgado personalmente. La conciencia es el núcleo más secreto y el sagrario del hombre, en el que éste se siente a solas con Dios" (Gaudium et Spes, 16). (Aquí el Concilio hace referencia a un maravilloso discurso del Papa Pío XII, del 23 de marzo de 1952).
6. En esta primera fase del acto reflejo que llamamos conciencia, surge en el hombre el sentido de responsabilidad y de personalidad, al darse cuenta de los principios existenciales y de su desarrollo lógico. Este desarrollo lógico en el cristiano, que evoca el mismo carácter bautismal, engendra los conceptos fundamentales de la teología sobre el hombre, que sabe y se siente hijo de Dios, miembro de Cristo, incorporado a la Iglesia, revestido de aquel sacerdocio común de los fieles, cuya fecunda doctrina ha recordado el Concilio (cfr. Lumen Gentium, 10-11), del cual nace el compromiso de todo cristiano a la santidad (cfr. ib., 39-40), a la plenitud de la vida cristiana, a la perfección de la caridad.
7. Esta conciencia, este compromiso, en un momento dado, no sin un rayo fulgurante de la gracia, se ilumina interiormente y se hace vocación. Vocación a una respuesta total. Vocación a una verdadera y completa profesión de los consejos evangélicos para unos, vocación sacerdotal para otros. Vocación a la perfección para todo aquel que percibe el hechizo interior. Vocación a una consagración, mediante la cual el alma se da a Dios, en un acto supremo de voluntad y a la vez de abandono, de entrega de sí mismo. La conciencia se erige en altar de inmolación: "Sea tu altar mi conciencia", reza san Agustín (En in Ps. 49; PL 36, 578); es como el "fiat" de la Virgen en la anunciación del ángel.
8. Estamos aún en la zona de los actos reflejos, esta zona que llamamos vida interior, que desde este momento desemboca en diálogo; el Señor está presente: "sedes est (Dei) conscientia priorum", dice también san Agustín (En in Ps. 45; PL 35, 520). La conversación se dirige al Señor, pero en busca de determinaciones prácticas; cómo san Pablo en el camino de Damasco: "Señor, ¿qué quieres que haga?" (Hch. 9, 5). Ahora la consagración bautismal de la gracia se hace consciente y se expresa en consagración moral, querida y ampliada a los consejos evangélicos, dirigida a la perfección cristiana; y ésta es la decisión en primera, la capital, la que cualificará toda la vida.
9. ¿Y la segunda? Aquí está la novedad, aquí está vuestra originalidad. ¿Cuál será la práctica la segunda decisión? ¿Cuál la elección del modo de vivir esa consagración? ¿Abandonaremos o podremos conservar nuestra forma secular de vida? Esta es vuestra pregunta; la Iglesia ya ha respondido; sois libres para elegir; podéis continuar siendo seculares. Guiados por motivos múltiples que habéis ponderado seriamente, habéis escogido y habéis decidido: continuamos como seculares, es decir, en la forma común a todos, en la vida temporal; y, con una sucesiva elección en el ámbito del pluralismo consentido a los Institutos Seculares, cada uno se ha determinado según sus preferencias. Vuestros Institutos se llaman por ello seculares, para distinguirse de los religiosos.
10. Y no se ha dicho que vuestra elección, en relación con el fin de la perfección cristiana que también buscáis, sea fácil, porque no os aleja del mundo, de la profanidad de la vida, maravillosa paradoja de la caridad: dar, dar a los otros, dar al prójimo, para poseer en Cristo. Otra cosa que no hay que olvidar; estáis en el mundo, pero no sois del mundo, sino para el mundo. El Señor nos ha enseñado a descubrir debajo de esta fórmula que parece un juego de palabras, la misión suya y nuestra de salvación. Recordad que vosotros, precisamente por pertenecer a Institutos Seculares, tenéis que cumplir una misión de salvación entre los hombres de nuestro tiempo; hoy el mundo tiene necesidad de vosotros que vivís en el mundo, para abrir al mundo los senderos de la salvación cristiana. Y ahora os hablaremos de un tercer tema: de la Iglesia. También ella viene a formar parte de aquella reflexión a que hemos aludido: se convierte en el tema de una meditación continua, que podemos llamar el "sensus Ecclesiae", presente en vosotros como una atmósfera interior. Ciertamente vosotros habéis gustado la embriaguez de este aliento, su inagotable inspiración, en la que los motivos de la teología y de la espiritualidad, especialmente después del Concilio, infunden un soplo tonificante. Que tengáis siempre presente algunos de estos motivos: pertenecéis a la Iglesia con un título especial, vuestro título de consagrados seculares; pues bien, sabed que la Iglesia tiene confianza en vosotros. La Iglesia os sigue, os sostiene, os considera suyos, como hijos de elección, como miembros activos y conscientes, firmemente adheridos y también muy entrenados para el apostolado, dispuestos al testimonio silencioso, en que los valores que más cuentan son los temporales, y en que tan a menudo las normas morales están expuestas a continuas y formidables tentaciones. Por lo tanto, vuestra disciplina moral habrá de estar siempre en estado de alerta y de iniciativa personal y habrá de conseguir en cada momento la rectitud de vuestro obrar en el sentido de vuestra consagración: el "abstine et sustine" de los moralistas jugará un constante papel en vuestra espiritualidad. He aquí un nuevo y habitual reflejo, un estado de interioridad personal, que acompaña el desarrollo de la vida interior.
11. Y tendréis así un campo propio e inmenso en que dar cumplimiento a vuestra tarea doble: vuestra santificación personal, vuestra alma, y aquella "consecratio mundi", cuyo delicado compromiso, delicado y atrayente, conocéis; es decir, el campo del mundo; del mundo humano, tal como es, con su inquieta y seductora actualidad, con sus virtudes y sus pasiones, con sus posibilidades para el bien y con su gravitación hacia el mal, con sus magníficas realizaciones modernas y con sus secretas deficiencias e inevitables sufrimientos: el mundo. Camináis por el borde de un plano inclinado que intenta el paso a la facilidad del descenso que estimula la fatiga de la subida.
12. Es un camino difícil, de alpinista del espíritu.
13. Mas en este vuestro atrevido programa, recordad tres cosas: vuestra consagración no será sólo un compromiso, será una ayuda, un sostén, un amor, una dicha, a donde podéis recurrir siempre; una plenitud que compensará toda renuncia y que os dispondrá para aquélla al servicio y al mismo sacrificio si fuere necesario. Sois laicos que convertís la propia profesión cristiana en una energía constructiva dispuesta a sostener la misión y las estructuras de la Iglesia, las diócesis, las parroquias, de modo especial las instituciones católicas y alentar la espiritualidad y la caridad. Sois laicos que por experiencia directa podéis conocer mejor las necesidades de la Iglesia terrena y quizá estáis también en condiciones de descubrir sus defectos; vosotros no os dedicáis a críticas corrosivas y ruines de esos defectos; ni los presentáis como pretexto para alejaros o estar apartados con posturas de egoísmo y desdén; esos defectos os sirven de estímulo para una ayuda más humilde y filial para un amor más acendrado.
14. Vosotros, Institutos Seculares de la Iglesia de hoy, llevad nuestro saludo alentador a vuestros hermanos y hermanas; recibid nuestra bendición apostólica.
S. S. PABLO VI, 26 DE SEPTIEMBRE DE 1970
Discurso a los Responsables Generalesy miembros de los Institutos SecularesEn El XXV Aniversario de laProvida Mater Ecclesia
Pablo VI, 2 de febrero de 1972
Queridísimos miembros de los Institutos Seculares:
En este día dedicado a la conmemoración litúrgica de la Presentación de Jesús en el templo,
nos encontramos a gusto con vosotros para recordar juntos el XXV aniversario de la promulgación
de la Constitución Apostólica Provida Mater Ecclesia, que tuvo lugar precisamente el 2 de febrero de 1947 (cfr. AAS XXXIX, pp. 114-124).
Este documento constituyó un acontecimiento importantísimo para la vida de la Iglesia de hoy,
porque nuestro predecesor Pío XII, de venerada memoria, acogía con él, sancionaba y aprobaba los
Institutos Seculares, precisando su fisonomía espiritual y jurídica. Fecha grata para vosotros,
fecha significativa en la cual, a imitación de Cristo que viniendo al mundo se ofreció al Padre
para hacer su voluntad (cfr. Sal. 39, 9; Heb. 10, 9), también vosotros fuisteis presentados a Dios
para brillar delante de toda la Iglesia y para consagrar vuestras vidas a la gloria del Padre y a la elevación del mundo.
También nosotros estamos muy contentos por este encuentro, pues recordamos perfectamente las
circunstancias en que maduró el histórico documento, verdadera carta magna de los Institutos Seculares,
los cuales, preparados ya poco a poco con antelación por el Espíritu que suscita los secretos
impulsos de las almas, vieron en él su acogida oficial por parte de la suprema autoridad
-por obra especialmente del venerado cardenal Larraona-, su partida de nacimiento, y el
principio de un nuevo y decidido camino hacia el futuro.
Veinticinco años son un período de tiempo relativamente breve: pero han sido, en cambio,
años de particular intensidad, comparables a los de la juventud. Se ha verificado una
floración magnífica, como lo confirma vuestra presencia aquí, hoy, y la reunión de los
responsables generales de todos los Institutos Seculares programada para el próximo
septiembre en Roma. Deseamos, por tanto, dirigiros nuestra palabra de aliento, de confianza,
de exhortación a fin de que el aniversario que celebramos hoy sea de veras fecundo en resultados
para vosotros y para el entero pueblo de Dios.
Los Institutos Seculares han de ser encuadrados en la perspectiva en que el Concilio
Vaticano II ha presentado la Iglesia, como una realidad viva, visible y espiritual al mismo
tiempo (cfr. Lumen gentium 8), que vive y se desarrolla en la historia (cfr. ibid. 3, 5, 6, 8),
compuesta de muchos miembros y de órganos diferentes, pero íntimamente unidos y comunicándose
entre sí (cfr. ibid. 7), partícipes de la misma fe, de la misma vida, de la misma misión, de la
misma responsabilidad de la Iglesia y, sin embargo, diferenciados por un don, por un carisma
particular del Espíritu vivificante (cfr. ibid. 7, 12), concedido no sólo en beneficio personal,
sino también de toda la comunidad. El aniversario de la Provida Mater Ecclesia que quiso expresar
y aprobar vuestro particular carisma os invita, pues, según la indicación del Concilio,
al «retorno a las fuentes de toda vida cristiana y a la primitiva inspiración de los Institutos»
(Perfectae caritatis, 2), a comprobar vuestra fidelidad al carisma originario y propio de cada uno.
Si nos preguntamos cuál ha sido el alma de cada Instituto Secular que ha inspirado su nacimiento
y su desarrollo, debemos responder: el anhelo profundo de una síntesis; el deseo ardiente de la
afirmación simultánea de dos características: 1) la total consagración de la vida según los
consejos evangélicos, y 2) la plena responsabilidad de una presencia y de una acción
transformadora desde dentro del mundo para plasmarlo, perfeccionarlo y santificarlo.
Por un lado, la profesión de los consejos evangélicos -forma especial de vida que sirve
para alimentar y testimoniar aquella santidad a que todos los fieles están llamados-
es signo de la perfecta identificación con la Iglesia, mejor, con su Señor y Maestro y
con la finalidad que Él le ha confiado. Por otro lado, permanecer en el mundo es señal
de la responsabilidad cristiana del hombre salvado por Cristo y, por tanto, empeñado en
«iluminar y ordenar todas las realidades temporales..., a fin de que se realicen y prosperen
según el espíritu de Cristo, y sean para alabanza del Creador y Redentor» (Lumen gentium, 31).
En este marco, no puede menos de verse la profunda y providencial coincidencia entre
el carisma de los Institutos Seculares y una de las líneas más importantes y más claras
del Concilio: la presencia de la Iglesia en el mundo. Efectivamente, la Iglesia ha acentuado
vigorosamente los diferentes aspectos de sus relaciones con el mundo: ha recalcado que forma
parte del mundo, que está destinada a servirlo, que debe ser su alma y su fermento, porque está
llamada a santificarlo, a consagrarlo y a reflejar en él los valores supremos de la justicia, del amor y de la paz.
La Iglesia tiene conciencia del hecho de que ella existe en el mundo, «que camina junto con toda
la humanidad y experimenta junto con el mundo la misma suerte terrena, y viene a ser como el
fermento y casi el alma de la sociedad humana» (Gaudium et spes, 40); Ella, por tanto,
posee una auténtica dimensión secular inherente a su naturaleza íntima y a su misión,
cuya raíz se hinca en el misterio del Verbo encarnado, y que se ha realizado de modo
distinto en sus miembros- sacerdotes y laicos- según el carisma propio de cada uno.
El magisterio pontificio no se ha cansado de hacer un llamamiento a los cristianos,
especialmente en los últimos años, a que asuman eficaz y lealmente las propias responsabilidades ante el mundo.
Esto es tanto más necesario hoy, cuando la humanidad se encuentra en una encrucijada
de su historia. Está surgiendo un mundo nuevo; los hombres andan a la búsqueda de nuevas
formas de pensamiento y de acción que determinarán su vida en los siglos venideros.
El mundo cree que se basta a sí mismo, que no necesita ni la gracia divina, ni la Iglesia
para construirse y para expandirse; se ha formado un trágico divorcio entre la fe y la vida,
entre progreso técnico-científico y crecimiento de la fe en Dios vivo. No sin razón se afirma
que el problema más grave del desarrollo presente es el de la relación entre orden natural y
orden sobrenatural. La Iglesia del Vaticano II ha escuchado esta "vox temporis" y ha
respondido con la clara conciencia de su misión ante el mundo y la sociedad; sabe que es
"sacramento universal de salvación", sabe que no puede haber plenitud humana sin la gracia,
es decir, sin el Verbo de Dios que «es el fin de la historia humana, punto de convergencia
hacia el cual tienden los deseos de la historia y de la civilización, centro de la humanidad,
gozo del corazón humano y plenitud total de sus aspiraciones» (Gaudium et spes 45).
En un momento como éste, los Institutos Seculares, en virtud del propio carisma de secularidad
consagrada (cfr. Perfectae caritatis, 11), aparecen como instrumentos providenciales para encarnar
este espíritu y transmitirlo a la Iglesia entera. Si los Institutos Seculares, ya antes del Concilio,
anticiparon existencialmente, en cierto sentido, este aspecto, con mayor razón deben hoy ser testigos
especiales, típicos, de la postura y de la misión de la Iglesia en el mundo.
Para la renovación de la Iglesia no bastan hoy directrices claras o abundancia de documentos:
hacen falta personalidades y comunidades, responsablemente capaces de encarnar y transmitir el
espíritu que el Concilio quería. A vosotros se os confía esa estupenda misión: ser modelo de
arrojo incansable en las nuevas relaciones que la Iglesia trata de encarnar con el mundo
y al servicio del mismo.
¿De qué modo? Con la doble realidad de vuestra configuración. Antes que nada, vuestra
vida consagrada, según el espíritu de los consejos evangélicos, es expresión de vuestra
indivisa pertenencia a Cristo y a la Iglesia, de la tensión permanente y radical hacia la santidad,
y de la conciencia de que, en último análisis, es sólo Cristo quien con su gracia realiza la obra
de redención y de transformación del mundo. Es en lo íntimo de vuestros corazones donde el mundo
es consagrado a Dios (cfr. Lumen gentium, 34). Vuestra vida garantiza, así, que la intensa y
directa relación con el mundo no se convierta en mundanidad o naturalismo, sino que sea expresión
del amor y de la misión de Cristo. Vuestra consagración es la raíz de la esperanza que os debe
sostener siempre; sin que los frutos exteriores escaseen o falten del todo. Vuestra vida es
fecunda para el mundo, más que por las obras externas, sobre todo por el amor a Cristo que os
ha impulsado al don total de vosotros mismos: don del que da testimonio en las circunstancias ordinarias de la vida.
Con esta luz, los consejos evangélicos -aun siendo comunes a otras formas de vida consagrada-
adquieren un significado nuevo, de especial actualidad en el tiempo presente: la castidad
se convierte en ejercicio y ejemplo vivo de dominio de sí mismo y de vida en el espíritu,
orientada a las realidades celestiales, en un mundo que se repliega sobre sí mismo y deja
a rienda suelta sus propios instintos; la pobreza se hace modelo de la relación que se debe
tener con los bienes creados y con su recto uso, mediante una actitud que es válida tanto en
los países desarrollados donde el ansia de poseer amenaza seriamente los valores evangélicos,
como en los países menos dotados en que vuestra pobreza es signo de solidaridad y de presencia
con los hermanos que sufren; la obediencia se convierte en testimonio de la humilde aceptación
de la meditación de la Iglesia y, más en general, de la sabiduría de Dios que gobierna el mundo
a través de las causas segundas: y en este momento de crisis de autoridad, vuestra obediencia
se transforma en testimonio de lo que es el orden cristiano del universo.
En segundo lugar, vuestra secularidad os impulsa a acentuar de modo especial -a diferencia
de los religiosos- la relación con el mundo. No sólo representa una condición sociológica,
un hecho externo, sino también una actitud: estar en el mundo, saberse responsables para
servirlo, para configurarlo según el designio divino en un orden más justo y más humano
con el fin de santificarlo desde dentro. La primera actitud que ha de adoptarse frente al
mundo es la de respeto a su legítima autonomía, a sus valores y a sus leyes (cfr. Gaudium et spes, 36).
Tal autonomía, como sabemos, no significa independencia absoluta de Dios, creador y fin último del universo.
Tomar en serio el orden natural, trabajando por su perfeccionamiento y por su santificación,
a fin de que sus exigencias se integren en la espiritualidad, en la pedagogía, en la ascética,
en la estructura, en las formas externas y en las actividades de vuestros Institutos, es una
de las dimensiones importantes de esta especial característica de vuestra secularidad.
De este modo, será posible, como lo requiere el Primo feliciter, que «vuestro carácter
propio y peculiar, el secular, se refleje en todas las cosas» (II).
Siendo variadísimas las necesidades del mundo y las posibilidades de acción en el mundo y
con los instrumentos del mundo, es natural que surjan diversas formas de actuación de este
ideal, individuales y asociadas, ocultas y públicas, de acuerdo con las indicaciones del Concilio
(cfr. Apostolicam Actuositatem, 15-22). Todas estas formas son igualmente posibles para los
Institutos Seculares y para sus miembros. La pluralidad de vuestras formas de vida
(cfr. Voto sobre el pluralismo, Congreso Mundial de los Institutos Seculares, Roma. 1970)
os permite constituir diversos tipos de comunidad, y de dar vida a vuestro ideal en diferentes
ambientes con distintos medios, incluso allí donde se puede dar testimonio de la Iglesia únicamente de forma individual, ocultamente y en silencio.
Una palabra ahora para los sacerdotes que se asocian en Institutos Seculares.
El hecho está expresamente previsto por la doctrina de la Iglesia a partir del Motu propio
Primo feliciter y del Decreto conciliar Perfectae caritatis. De por sí, el sacerdote
en cuanto tal, tiene él también, lo mismo que el laico cristiano, una relación esencial con el mundo,
que debe realizar ejemplarmente en la propia vida para responder a la propia vocación,
en virtud de la cual es enviado al mundo como Cristo lo fue por el Padre (cfr. Jn 20, 21).
Pero, en cuanto sacerdote asume una responsabilidad específicamente sacerdotal en orden
a la justa conformación del orden temporal. A diferencia del laico -salvo en casos excepcionales
como ha previsto un voto del reciente Sínodo Episcopal- el sacerdote no ejerce esta
responsabilidad con una acción directa e inmediata en el orden temporal, sino con su
acción ministerial y mediante su "rol" de educador en la fe (cfr. Presbyterorum ordinis):
y es el medio más elevado para contribuir de continuo a la perfección del mundo conforme al orden y al significado de la creación.
El sacerdote que se asocia a un Instituto Secular, precisamente en cuanto secular,
permanece ligado en íntima unión de obediencia y de colaboración con el Obispo; y,
junto con los miembros del presbiterio, ayuda a los hermanos en la gran misión de
ser "cooperadores de la verdad", cuidando los «particulares vínculos de caridad apostólica, de ministerio y de fraternidad» (Presbyterorum ordinis, 8) que deben distinguir a tal organismo diocesano.
Por razón de su pertenencia a un Instituto Secular, el sacerdote halla, además,
una ayuda para cultivar los consejos evangélicos. Sabemos muy bien que esta pertenencia
de sacerdotes a Institutos Seculares es un problema sentido, hondo, que debe resolverse
con pleno respeto al "sensus Ecclesiae". Sabemos que, por lo que hace a este problema,
vosotros estáis a la búsqueda de soluciones adecuadas; y estimulamos tal esfuerzo que ha de considerarse válido en un sector sumamente delicado.
Efectivamente, existe un problema que se plantea en términos de tres exigencias,
todas ellas importantísimas: está la exigencia representada por la "secularidad" del
sacerdote miembro de un Instituto Secular; la exigencia, por otro lado, de que tal
sacerdote mantenga un íntimo contacto con el propio Instituto del cual espera un alimento espiritual,
un recobro de las fuerzas y un sostén para la propia vida interior; por último,
la exigencia de mantenerse en estrecha dependencia del Obispo diocesano.
Sabemos, como ya hemos dicho, que estáis realizando estudios a este respecto con
el fin de conciliar esas exigencias aparentemente en contraste. Investigad libremente
en esa línea poniendo al servicio de tal profundización los talentos de vuestra preparación,
de vuestra sensibilidad, de vuestra experiencia. Nos permitimos, tan sólo, llamar vuestra atención
sobre los siguientes puntos que nos parecen dignos de especial consideración:
a) Cualquier solución que se adopte, no debe mellar en lo más mínimo la autoridad del Obispo,
quien por derecho divino es el único y directo responsable de la grey, de la porción de la Iglesia de Dios (cfr. Hech. 20, 28).
b) En vuestro estudio del tema, tened presente, además, una realidad: que el hombre es
una unidad personal, psicológica, activa. Sólo conceptualmente se distinguen en él la dimensión
espiritual y la pastoral.
Con esto no queremos -y nos permitimos subrayarlo- condicionar, ni mucho menos poner fin al
estudio que estáis efectuando, indicándoos una solución. Hemos querido sólo invitaros a que
tengáis especialmente presente dos puntos que se nos antojan de capital importancia en vuestro estudio.
Bien. Hemos llegado al término de nuestras consideraciones: ¡aunque todavía quedaba mucho
que decir!. Permanecen abiertos muchos interrogantes. Mas, con profundo gozo, os expresamos
nuestro deseo y nuestra esperanza; que vuestros Institutos sean cada vez más modelo y ejemplo
del espíritu que el Concilio ha pretendido infundir en la Iglesia; a fin de que sea superada
la amenaza devastadora del secularismo que exalta únicamente los valores humanos desgajándolos
de Aquél que es su origen y de quien reciben su significado y finalidad definitiva, y a fin de
que la Iglesia sea de veras el fermento y al alma del mundo.
La Iglesia necesita vuestro testimonio, la humanidad aguarda que la Iglesia encarne cada
vez más esta nueva actitud de cara al mundo que en vosotros, gracias a vuestra secularidad
consagrada, debe brillar de modo singularísimo.
A ello os alienta nuestra bendición apostólica que de corazón impartimos a vosotros,
aquí presentes, y a todos los miembros de los queridos y beneméritos Institutos Seculares.
S. S. PABLO VI, 2 DE FEBRERO DE 1972
Discurso a los Responsables Generalesde los Institutos Seculares Pablo VI, 20 de septiembre de 1972
Queridos hijos e hijas en el Señor:
Una vez más se nos ofrece ocasión de encontrarnos con vosotros,
dirigentes de los Institutos Seculares, que sois y representáis una
porción floreciente y frondosa de la Iglesia en este momento de la historia.
La circunstancia que os ha traído de nuevo a nuestra presencia es, esta vez,
el Congreso Internacional que habéis organizado y vais a terminar ya aquí,
en Nemi, cerca de nuestra residencia veraniega de Castelgandolfo; durante
el mismo habéis examinado los estatutos de la futura "Conferencia Mundial de los Institutos Seculares" (C.M.I.S.).
No queremos ocuparnos ahora de vuestros trabajos, realizados, ciertamente,
con profundidad y ahínco bajo el vigilante desvelo y con la participación
del sagrado dicasterio competente; os diremos sólo que deseamos a dichos
trabajos copiosos frutos de cara al incremento de vuestras Instituciones.
Queremos, sin embargo, detenernos en algunas reflexiones sobre lo que podría
ser la función de los Institutos Seculares en el misterio de Cristo y en el misterio de la Iglesia.
Cuando os miramos, y pensamos en los miles y miles de hombres y mujeres,
que componen los Institutos Seculares, no podemos por menos de sentirnos
consolado, al mismo tiempo que nos invade hasta lo más íntimo un vivo
sentimiento de gozo y de agradecimiento al Señor. ¡Qué pujante y floreciente
aparece en vosotros la Iglesia de Cristo! ¡Esta nuestra venerable Madre,
a la que hoy algunos, también entre sus hijos, hacen blanco de críticas
ásperas y despiadadas hasta el punto de que alguno se goza describiendo
extravagantes síntomas de decrepitud y prediciendo su ruina! ¡Hela aquí,
en cambio, convertirse en un brote ininterrumpido de gemas nuevas,
en un florecimiento insospechado de iniciativas de santidad!
Nosotros sabemos que debe ser así, y no podría ser de otro modo distinto,
porque Cristo es la divina fuente inagotable de la vitalidad de la Iglesia;
vuestra presencia nos ofrece un ulterior testimonio de ello y resulta para
todos nosotros ocasión para tomar nuevamente conciencia de las cosas.
Pero queremos mirar más de cerca vuestro rostro, en el ámbito de la familia
del pueblo de Dios. También vosotros reflejáis un "modo propio" con que
se puede revivir el misterio de Cristo en el mundo, y un "mundo propio"
en que puede manifestarse el misterio de la Iglesia.
Cristo redentor es una plenitud tal que no podremos comprender jamás,
ni expresar por completo. Él lo es todo para su Iglesia, y en ella,
lo que somos, lo somos precisamente por Él, con Él y en Él. También
para los Institutos Seculares es, pues, Él el modelo último, el inspirador, la fuente donde beber.
Basándoos en Cristo salvador y a ejemplo suyo, desempeñáis de un
modo que os es propio y característico una misión importante de la
Iglesia. Pero también la Iglesia, a su manera, es, como Cristo,
una plenitud tal, es una riqueza tal, que nadie por sí solo, ninguna
institución por sí misma, podrán nunca comprender ni expresar adecuadamente.
Ni nos sería posible descubrir sus dimensiones, porque su vida es Cristo,
que es Dios. Por tanto, también la realidad de la Iglesia y su misión pueden
expresarse únicamente por completo en la pluralidad de los miembros.
Es la docrina del Cuerpo místico de Cristo, la doctrina de los dones
y de los carismas del Espíritu Santo.
El tema nos lleva en este momento, os habéis dado cuenta de ello,
a preguntarnos sobre vuestro modo propio de realizar la misión de
la Iglesia. ¿Cuál es vuestro don específico, vuestra tarea característica,
el "quid novum" aportado por vosotros a la Iglesia de hoy? O también:
¿de qué forma sois vosotros Iglesia de hoy? Ya lo sabéis; por lo demás
os lo habéis aclarado a vosotros mismos y a la comunidad cristiana.
Nosotros lo damos por supuesto.
Os halláis en una misteriosa confluencia entre dos poderosas corrientes
de la vida cristiana, recogiendo riquezas de una y de otra. Sois laicos,
consagrados como tales por los sacramentos del Bautismo y de la Confirmación,
pero habéis escogido el acentuar vuestra consagración a Dios con la
profesión de los consejos evangélicos aceptados como obligaciones con
un vínculo estable y reconocido. Permanecéis laicos, empeñados en el
área de los valores seculares propios y peculiares del laicado (Lumen gentium 31),
pero la vuestra es una "secularidad consagrada" (Pablo VI. Discurso a
los dirigentes y miembros de los Institutos Seculares en el 25º aniversario
de la Provida Mater Ecclesia - L'Osservatore Romano. Edición semanal en
lengua española, 13 de febrero de 1972), vosotros sois "consagrados seculares"
(Pablo VI. Discurso a los participantes en el Congreso Internacional de los
Institutos Seculares, 26 de septiembre de 1970, Pablo VI, Enseñanzas al Pueblo de Dios, 1970, p. 372).
A pesar de ser "secular", vuestra posición difiere en cierto modo de la
posición de los simples laicos en cuanto estáis empeñados en la zona de
los valores del mundo, pero como consagrados: es decir, no tanto para
afirmar la intrínseca validez de las cosas humanas en sí mismas, cuanto
para orientarlas explícitamente en conformidad con las bienaventuranzas
evangélicas; por otra parte, no sois religiosos, porque la consagración
que habéis hecho os sitúa en el mundo como testimonio de la supremacía de
los valores espirituales y escatológicos o, lo que es igual, del carácter
absoluto de vuestra caridad cristiana, la cual, cuanto mayor es, más hace
aparecer relativos los valores del mundo, mientras que al mismo tiempo
ayuda a su recta actuación por parte vuestra y de los otros hermanos.
Ninguno de los dos aspectos de vuestra fisonomía espiritual puede ser
supervalorado a costa del otro. Ambos son "coesenciales".
"Secularidad" indica vuestra inserción en el mundo. Significa no sólo una
posición, una función que coincide con el vivir en el mundo ejerciendo
un oficio, una profesión "secular". Debe significar, ante todo, toma de
conciencia de estar en el mundo como "lugar propio vuestro de responsabilidad
cristiana". Estar en el mundo, es decir, comprometidos con los valores seculares,
es vuestro modo de ser Iglesia y de hacerla presente, de salvaros y de anunciar
la salvación. Vuestra condición existencial y sociológica deviene vuestra
realidad teológica y vuestro camino para realizar y atestiguar la salvación.
De esta manera sois un ala avanzada de la Iglesia "en el mundo"; expresáis la
voluntad de la Iglesia de estar en el mundo para plasmarlo y santificarlo
«como desde el interior, a guisa de fermento» (Lumen gentium 31), quehacer,
éste, confiado principalmente al laicado. Sois una manifestación muy concreta
y eficaz de aquéllo que la Iglesia quiere hacer para construir el mundo descrito y presagiado por la Gaudium et spes.
"Consagración" indica, en cambio, la íntima y secreta estructura portadora
de vuestro ser y vuestro obrar. Aquí está vuestra riqueza profunda y escondida
que los hombres, en medio de los cuales vivís, no saben explicarse y, a menudo,
no pueden ni siquiera sospechar.
La consagración bautismal ha sido ulteriormente radicalizada como consecuencia
de una crecida exigencia de amor suscitada en vosotros por el Espíriru Santo;
no es la misma forma de consagración propia de los religiosos, pero, ciertamente,
es de tal índole que os empuja a una opción fundamental por una vida según las
bienaventuranzas evangélicas. De modo que estáis realmente consagrados y realmente
en el mundo. «Estáis en el mundo y no sois del mundo, pero sí sois para el mundo»,
como os hemos explicado en otra ocasión (Pablo VI. Discurso a los participantes
en el Congreso de Institutos Seculares, 26 de Septiembre de 1970, Pablo VI, Enseñanza al Pueblo de Dios, p. 371).
Vivir una verdadera y propia consagración según los consejos evangélicos,
pero sin la plenitud de "visibilidad" propia de la consagración religiosa.
Esta visibilidad, la constituyen, además de los votos públicos, una vida
comunitaria más estrecha y el "signo" del hábito religioso. La vuestra es
una forma de consagración nueva y original, sugerida por el Espíritu Santo
para ser vivida en medio de las realidades temporales y para inocular la
fuerza de los consejos evangélicos -los valores divinos y eternos- en medio
de los valores humanos y temporales.
Vuestras opciones de pobreza, castidad y obediencia son modos de participar
en la cruz de Cristo, porque a Él os asocian en la privación de bienes,
por otro lado verdaderamente lícitos y legítimos; pero son también modos
de participación en la victoria de Cristo resucitado, en cuanto os liberan
de la fácil ventaja que dichos valores podrían tener sobre la plena disponibilidad de vuestro espíritu.
Vuestra pobreza dice al mundo que se puede vivir en medio de los bienes
temporales y se pueden usar los medios de la civilización y del progreso
sin convertirse en esclavo de ninguno de ellos; vuestra castidad dice al
mundo que se puede amar con el desinterés y la hondura ilimitada propios
del Corazón de Dios y que se puede uno dedicar gozosamente a todos sin ligarse
a nadie, cuidando sobre todo a los más abandonados; vuestra obediencia dice
al mundo que se puede ser feliz sin pararse en una cómoda opción personal,
pero quedando disponible del todo a la voluntad de Dios, tal como se
manifiesta en la vida cotidiana, a través de los signos de los tiempos
y de las exigencias del mundo actual.
Así, también vuestra actividad en el mundo -sea personal, sea colectiva,
en los sectores profesionales en que estáis individual o colectivamente
comprometidos- recibe de la vida consagrada una orientación más relevante
hacia Dios, quedando también la misma actividad como arrollada y
transportada dentro de vuestra misma consagración. Y con esta singular
y providencial configuración enriquecéis la Iglesia de hoy con una
ejemplaridad particular en el sector de su vida "secular", viviéndola
como consagrados, y de una ejemplaridad particular en el sector de su
"vida consagrada", viviéndola como seculares.
En este momento quisiéramos detenernos en un aspecto especial de fecundidad
de vuestras instituciones. Queremos aludir al nutrido grupo de aquéllos que,
consagrados a Cristo en el sacerdocio ministerial y deseando unirse a Él
con ulterior vínculo de donación, abrazan la profesión de los consejos
evangélicos, confluyendo, a su vez, en los Institutos Seculares.
Pensamos en estos hermanos nuestros en el sacerdocio de Cristo,
y queremos animarlos, al mismo tiempo que admiramos en ellos, una vez más,
la acción del Espíritu, incansable en suscitar el anhelo de siempre mayor
perfección. Cuanto se ha dicho hasta aquí, vale ciertamente para ellos,
pero sería necesario profundizar y precisar más las cosas.
Los sacerdotes de los Institutos Seculares, en efecto, llegan a la consagración
mediante los consejos evangélicos y al compromiso con los valores "seculares",
no ya como laicos, sino como clérigos, es decir, como portadores de una mediación
sagrada en el pueblo de Dios. Además del Bautismo y de la Confirmación, que
constituyen la consagración base del laicado en la Iglesia, han recibido,
después, otra especificación sacramental en el Orden Sagrado que los ha
constituido titulares de determinadas funciones ministeriales en relación
con la Eucaristía y el Cuerpo místico de Cristo. Esto ha dejado intacta la
índole "secular" de la vocación cristiana, y pueden, por tanto, enriquecerla
viviéndola como "consagrados" en los Institutos Seculares: sin embargo, son muy
diversas las exigencias de su espiritualidad, no menos que ciertas implicaciones
exteriores en su práctica de los consejos evangélicos y en su compromiso secular.
Queremos terminar ya, dirigiendo a todos una apremiante y paternal invitación:
la de cultivar e incrementar, la de estimar, siempre y sobre todo, la comunidad
eclesial. Sois articulaciones vitales de esta comunión, porque también vosotros
sois Iglesia; por favor, no atentéis nunca contra su eficiencia. No se podría
concebir ni comprender un fenómeno eclesial al margen de la Iglesia. No os dejéis
sorprender nunca, ni siquiera rozar por la tentación, hoy demasiado fácil, de que
es posible una auténtica comunión con Cristo sin una real armonía con la comunidad
eclesial regida por los legítimos pastores. Sería un engaño, una ilusión.
¿Qué podría contar un individuo o un grupo, pese a sus intenciones subjetivamente
más altas y perfectas, sin esta comunión? Cristo nos la ha pedido como garantía
para admitirnos a la comunión con Él, del mismo modo que nos ha pedido amar al
prójimo, como prueba de nuestro amor a Él.
Vosotros sois, pues, de Cristo; y por Cristo estáis en su Iglesia; Iglesia es
vuestra comunidad local, vuestro instituto, vuestra parroquia, pero siempre en
la comunión de fe, de Eucaristía, de disciplina, y de fiel y leal colaboración
con vuestro Obispo y con la jerarquía. Vuestras estructuras y vuestras actividades
no deberán conducirnos nunca -tanto si sois sacerdotes, como si sois laicos-
a una "bipolaridad" de posiciones, ni a un "alibi" de postura interior y exterior,
ni mucho menos a posiciones antitéticas con vuestros pastores.
A esto os invitamos: esto os deseamos a fin de que podáis ser en medio del mundo
agentes auténticos de la única misión salvífica de la Iglesia, de la manera que
os es propia, a la cual fuisteis llamados e invitados.
Que así os ayude el Señor a prosperar y dar más fruto, con nuestra bendición apostólica.
S. S. PABLO VI, 20 DE SEPTIEMBRE DE 1972
A la Asamblea de Responsables Generales palabras del Cardenal Eduardo Pironio - 1976
1. Queridísimos hermanos y amigos: Quisiera saludaros con las mismas palabras del apóstol Pablo a los Romanos: "Que el Dios de la esperanza os llene en plenitud, en vuestro acto de fe, de alegría y de paz, a fin de que la esperanza abunde en vosotros por la virtud del Espíritu Santo" (Rm 15,13).
2. Es un sincero augurio, al comenzar vuestro encuentro en el Señor (Mc 6,30), las tres actitudes que el mundo contemporáneo - en el cual estáis plenamente insertados por especial vocación - espera de vosotros: una paz honda y serena, una alegría contagiosa, una esperanza inquebrantable y creadora.
3. Que la oración, que es el tema de vuestra Asamblea, os haga artífices de la paz, comunicadores de alegría y profetas de esperanza. Nos hacen falta a nosotros. Hacen falta a los hombres, nuestros hermanos, a quienes somos enviados por Cristo, en esta hora de la historia, para anunciarles la Buena Noticia de la salvación (Rm 1,16).
4. Al comenzar los trabajos de esta Asamblea quiero ofreceros unas reflexiones muy simples y sencillas. No es éste un discurso de apertura, sino una sincera comunicación de hermano y amigo. Quiero deciros, con toda sencillez, lo que me parece que tiene que ser vuestra Asamblea.
5. Ante todo, un acontecimiento eclesial. Es toda la Iglesia la que espera vuestra respuesta. Es toda la Iglesia la que os envía al mundo para transformarlo desde adentro "a modo de fermento" (LG 31). Representáis un modo nuevo de ser la Iglesia en el mundo "Sacramento universal de salvación": sois laicos consagrados, plenamente incorporados a la historia de los hombres por vuestra profesión y vuestro común estilo de vida, radicalmente entregados a Cristo por los consejos evangélicos como testigos del Reino.
6. Vuestra existencia y vuestra misión, como laicos consagrados, no tienen sentido sino desde el interior de una Iglesia que se nos presenta como presencia cotidianamente renovada del Cristo de la Pascua, como signo e instrumento de comunión (LG 1), como sacramento universal de salvación. La Iglesia, en definitiva, es esto: "Cristo en medio de vosotros esperanza de la gloria" (Col 1,27). Ser signo y comunicación de Cristo para la salvación integral de todos los hombres: he ahí el sentido de vuestra misión en la Iglesia.
7. Vivir esta Asamblea como acontecimiento eclesial significa, por eso, dos cosas: gozar profundamente el misterio de la presencia de Cristo en ella y sentir serenamente la responsabilidad de responder a las expectativas de los hombres de hoy. Por lo mismo hace falta estar abiertos a la Palabra de Dios y, al mismo tiempo, atentos a las exigencias de la historia. Nos hace falta vivir con fidelidad y gozo el momento concreto de la Iglesia: en su actualidad de hoy y en su fisonomía específica de Iglesia particular, indisolublemente unida a la Iglesia universal.
8. Pero esta Asamblea es, al mismo tiempo y por ser acontecimiento de Iglesia, un acontecimiento familiar: es decir, es el encuentro de la familia de los Institutos Seculares, con su diversidad de carismas, pero siempre en la misma identidad de una secularidad consagrada. Se trata de un encuentro profundo y fraterno en Cristo de todos aquellos que han sido particularmente elegidos por el Señor para realizar su total consagración a Dios, mediante los consejos evangélicos, en el mundo, desde el mundo, para la transformación del mundo, ordenando según Dios todos los asuntos temporales.
9. Porque es un encuentro de familia -agrupados por el Espíritu Santo desde las diferentes partes del mundo- tiene que hacerse en un clima de extraordinaria sencillez, de profunda oración y de sincera fraternidad evangélica.
10. Clima de sencillez y pobreza: abiertos todos a la Palabra de Dios, como fuertemente necesitados de ella, y abiertos también a la fecunda y variada riqueza de los hermanos, dispuestos todos a compartir con humildad y generosidad los diferentes dones y carismas con que nos enriqueció el Espíritu para la edificación común (1 Co 12,4-7). Quien se siente seguro de sí mismo y en exclusiva posesión de la verdad completa, no es capaz de abrirse con docilidad a la Palabra de Dios, y por consiguiente es incapaz de un diálogo constructivo de Iglesia. La Palabra de Dios, como en María Santísima, exige mucha pobreza, mucho silencio, mucha disponibilidad.
11. Luego es necesario un clima de oración. Más todavía: esto es esencial en vuestro encuentro No os habéis reunido para reflexionar técnicamente sobre la oración, sino para pensar juntos, a la luz de la Palabra de Dios y partiendo de vuestra existencia cotidiana, cómo debe ser la oración de un laico consagrado hoy. No se trata, para vosotros, de discutir las diferentes formas de oración, sino de ver cómo en la práctica, viviendo a fondo vuestra profesión y vuestro compromiso temporal, podéis entrar en inmediata y constante comunión con Dios.
12. Por eso esta Asamblea - que trata de la oración como expresión de la consagración, como fuente de la misión y como clave de la formación - tiene que ser esencialmente una Asamblea de oración. Es decir, que nos hemos reunido particularmente para orar. Y Jesús está en medio de nosotros asegurándonos la eficacia infalible de nuestra oración porque nos hemos reunido en su Nombre (Mt 18,20).
13. Finalmente, es necesario un clima de fraternidad evangélica: se trata de un encuentro muy hondo de hermanos, congregados en Jesús por el Espíritu, conservando cada cual su identidad específica, siendo par¬ticularmente fieles al carisma de su propio Instituto, pero viviendo a fondo la misma experiencia de Iglesia, sintiéndose todos conciudadanos de un mismo Pueblo de Dios (Ef 2,19), miembros de un mismo Cuerpo de Cristo (1 Co 12,27) y piedras vivas de un mismo Templo del Espíritu (1 P 2,5; Ef 2,20-22). La Iglesia es eso: la convocación de todos en Cristo por el Espíritu para la gloria del Padre y la salvación de los hombres.
14. Esta fraternidad evangélica se expresa maravillosamente en la sencillez y alegría cotidiana. Fueron las características de la comunidad cristiana primitiva: "Partían el pan en sus casas y comían juntos con alegría y sencillez de corazón" (Hch 2,46). Cuando se complican demasiado las cosas y los rostros se vuelven dolorosamente tristes, es porque falta una auténtica y constructiva fraternidad evangélica.
15. Son las tres condiciones o exigencias para esta Asamblea de laicos consagrados: sencillez de pobres, profundidad de oración, sincera fraternidad en Cristo.
16. Quisiera ahora señalarles - simplemente señalarles, porque no quiero alargar demasiado esta introducción- tres puntos que me parecen esenciales para esta Asamblea que hoy comienza: la Iglesia, la Secularidad consagrada y la Oración.
17. Permitidme que lo haga - ya que la Asamblea trata sobre la oración a la luz de la Oración Sacerdotal o apostólica de Jesús: Escuchemos juntos algunos versículos de la hermosísima plegaria del Señor: "Padre, ha llegado la hora, glorifica a tu hijo para que tu hijo te glorifique a ti... Padre, que sean uno, para que el mundo crea que Tú me has enviado... Yo los envío al mundo, así como Tú me enviaste al mundo... No te pido que los saques del mundo, sino que los preserves del maligno. Ellos no son del mundo, como Yo no soy del mundo. Conságralos en la verdad: tu palabra es verdad... Por ellos me consagro para que también ellos sean consagrados en la verdad" (Jn 17).
18. A partir de esta oración de Jesús, que ilumina siempre vuestra actitud fundamental de hombres que viven en el mundo y que oran, quisiera subrayar los tres puntos arriba indicados: sentido eclesial, exigencias de la secularidad consagrada, modo de oración.
19. 1° Sentido eclesial. Nuestra oración se realiza desde el interior de la Iglesia concebida como comunión fraterna de los hombres con el Padre, el Hijo y el Espíritu Santo. "Yo en ellos y Tú en mí, para que sean perfectamente uno": eso es la Iglesia. Por eso nuestra oración - aunque recemos solos o en pequeños grupos - tiene siempre una dimensión eclesial. Es toda la Iglesia la que ora en nosotros. En definitiva, es el mismo Cristo - misteriosamente presente en la Iglesia el que en nosotros y con nosotros ora al Padre. Por intermedio de su Espíritu, que habita en nosotros (Rm 8,9 y 11), grita "con gemidos inefables" (Rm 8,26): "Abba" es decir: "Padre" (Rm 8,15).
20. Este sentido eclesial hace que nuestra oración tenga una dimensión profundamente humana y cósmica, es decir, vuelta hacia los hombres y la historia. Es una oración que ilumina y asume el dolor y la alegría de los hombres para ofrecerlos, desde el interior de la historia, al Padre. Es una oración que tiende a transformar al mundo "salvado en esperanza" (Rm 8,24) y a acelerar la llegada definitiva del Reino (1 Co 15,24-28). Lo pedimos cotidianamente en el Padre nuestro: "Venga a nosotros tu Reino".
21. ¡Sentido eclesial! Es esencial para nuestro ser cristiano. Es esencial para nuestro ser de consagrados. Es esencial para nuestra oración. Cuando uno se siente plenamente Iglesia - es decir, presencia salvadora del Cristo de la Pascua en el mundo - experimenta también la urgencia de orar, tal como lo hizo Jesús y a partir del corazón filial y redentor de Cristo, adorador del Padre y servidor de los hombres.
22. Esta Asamblea tendrá que reflejar constantemente este sentido eclesial. De un modo palpable tendrá que sentirse aquí la Iglesia: como presencia del Cristo Pascual, como sacramento de unidad, como signo e ins¬trumento universal de salvación. Vivid la Iglesia, expresad la Iglesia, comunicad la Iglesia, para orar con Cristo desde el interior de la Iglesia.
23. Pero es necesario, para ello, el don del espíritu Santo, que es en la Iglesia "el principio de unidad en la comunión" (LG 13). El Espíritu Santo está en el comienzo de nuestra oración: grita en nosotros con "gemidos inefables" Cm 8, 26) y "nadie puede decir Jesús es el Señor, si no es impulsado por el Espíritu Santo" (1 Co 12,3). Pero es, también, el fruto de nuestra oración, el contenido central de cuanto en la oración pedimos: "¡Cuánto más vuestro Padre que está en los cielos dará el Espíritu Santo a los que se lo piden!" (Lc 11,13).
24. Es el Espíritu el que hace la unidad en la Iglesia. Por eso la unidad eclesial, la verdadera comunión de todos en Cristo, es fruto de nuestra oración hecha con autenticidad en el Espíritu. Y esta unidad es urgente hoy en nuestra Iglesia tan dolorosamente sacudida y tensa, como es urgente también en el corazón de la historia de la humanidad que avanza hacia el encuentro definitivo, a través de una serie de contrastes, desencuentros profundos, insensibilidad y odio.
25. Pero esta Iglesia comunión - "pueblo reunido en virtud de la unidad del Padre y del Hijo y del Espíritu Santo" (San Cipriano; LG 49) es enviada al mundo para ser "sacramento universal de salvación" (AG 1). Es una Iglesia esencialmente misionera y evangelizadora, insertada en el mundo como luz, sal y fermento de Dios, para la salvación de todos los hombres. "La Iglesia -dice el concilio- avanza juntamente con toda la humanidad, experimenta la suerte terrena del mundo, y su razón de ser es actuar como fermento y como alma de la sociedad, que debe renovarse en Cristo y transformarse en familia de Dios" (GS 40).
26. Esta exigencia de la Iglesia - esencialmente Iglesia del testimonio y la profecía, de la encarnación y la presencia, de la misión y el servicio - presupone en todos los miembros de la Iglesia una irremplazable pro¬fundidad contemplativa. Ante las urgencias de la Iglesia de hoy y ante las expectativas de los hombres de hoy, no cabe más que esta postura simple y esencial: "Señor, enséñanos a orar" (Lc 11,1).
Para eso, precisamente, nos hemos reunido estos días.
27. 2° Secularidad consagrada. En esta fundamental relación Iglesia-mundo, en esta inserción misionera de la Iglesia en la historia de la humanidad, se sitúa precisamente, mis queridos amigos, vuestra vocación específica. Porque toda la Iglesia es misionera, pero no de la misma manera; toda la Iglesia es profética, pero no en el mismo nivel; toda la Iglesia se encarna en el mundo, pero no del mismo modo. El vuestro es un modo irremplazable, original y único, vivido con generosidad y gozo como don especial del Espíritu.
28. Se trata, en efecto, de vuestra secularidad consagrada. Sois plenamente consagrados, radicalmente entregados al "seguimiento de Cristo" por los consejos evangélicos, pero seguís siendo plenamente laicos, viviendo en Cristo vuestra profesión, vuestro compromiso temporal, vuestras obligaciones del mundo en las circunstancias ordinarias de la vida" (AA 4).
29. La consagración a Dios no os quita del mundo: os incorpora a él de un modo nuevo. Se ha dado interiormente plenitud a vuestra consagración bautismal, pero seguís viviendo en el mundo, en todas y cada una de las actividades y profesiones, así como en las condiciones ordinarias de la vida familiar y social. Os pertenece plenamente por propia vocación buscar el reino de Dios tratando y ordenando, según Dios, los asuntos temporales (LG 31). En vosotros adquiere un sentido especial la oración de Jesús: "No te pido que los saques del mundo, sino que los preserves del maligno... Yo me consagro (= me inmolo y sacrifico) por ellos, a fin de que ellos sean consagrados en la verdad" (Jn 17).
30. Es un modo nuevo de presencia de la Iglesia en el mundo. Nadie en la Iglesia (ni siquiera el contemplativo) deja de estar presente en el mundo y es ajeno a la historia. Nadie, tampoco, si ha sido "ungido por el consagrado" en el bautismo (1 Jn 2,20), deja de estar radicalmente entregado al Evangelio como testigo en el mundo de la Pascua de Jesús. Pero vuestra especial consagración a Dios por los consejos evangélicos os compromete a ser en el mundo testigos del Reino y os incorpora al misterio pascual de Jesús - su muerte y su resurrección - de un modo más hondo y radical, sin sacaros por eso de las responsabilidades normales de vuestra actividad familiar, social y política, que constituyen el ámbito propio de vuestra vocación y vuestra misión.
31. Son estos, queridos amigos, los dos aspectos de vuestra riquísima, maravillosa y providencial vocación en la Iglesia: la secularidad y la consagración. Hace falta vivirlos con igual intensidad y plenitud, inseparablemente unidos, como dos elementos esenciales de una única realidad: la secularidad consagrada. El único modo, para vosotros, de vivir vuestra consagración es entregándoos a la radicalidad del Evangelio desde el interior del mundo, a partir del mundo, siendo indisolublemente fieles a vuestras tareas temporales y a las exigencias interiores del Espíritu como testigos privilegiados del Reino (cfr. GS 43). Y el único modo de realizar en plenitud ahora vuestra vocación secular - porque el Señor ha entrado misteriosamente en vuestra vida y os ha llamado de un modo especial a su seguimiento radical - es vivir con alegría cotidianamente renovada vuestra fidelidad a Dios en la fecundidad de la contemplación, en la serenidad de la cruz, en la práctica generosa de los consejos evangélicos.
32. Hace falta transformar el mundo, santificarlo desde adentro, viviendo a fondo el espíritu de las bienaventuranzas evangélicas y preparando así "los cielos nuevos y la tierra nueva donde habitará la justicia" (2 P 3,13).
33. La secularidad consagrada expresa y realiza, de un modo privilegiado, la armoniosa conjunción de la edificación del Reino de Dios y de la construcción de la ciudad temporal, el anuncio explícito de Jesús en la evangelización y las exigencias cristianas de la promoción humana integral.
34. Vivid la alegría de esta consagración secular, que en el mundo de hoy es más actual que nunca. Hacen falta los valientes testigos del Reino. Sed fieles a las exigencias del Evangelio y preparad desde adentro un mundo nuevo. Vivid con responsabilidad y fortaleza el riesgo de vuestra secularidad comprometida en una especial consagración a Cristo por el Espíritu. Sed fieles a vuestra hora, a vuestra profesión, a vuestro compromiso temporal, a las expectativas de los hombres de Dios, al hambre de Jesús y de su Reino.
35. Vivid vuestra consagración desde la secularidad plenamente realizada - con el corazón abierto al Reino, al Evangelio, a Jesús - y comprometeos a transformar el mundo desde el gozo de vuestra consagración y con el espíritu de las bienaventuranzas generosamente asumidas y expresadas. Sed fuertemente contemplativos para percibir el paso del Señor en las actuales circunstancias de la historia, a fin de colaborar en el plan de salvación de Dios que quiso "recapitular todas las cosas en Cristo, las del cielo y las de la tierra" (Ef 1,10).
36. 3° Modo de oración. Esto nos introduce en el último punto de nuestra sencilla reflexión: la oración. Esta Asamblea vuestra está dedicada no solamente a pensar sobre la oración, sino y sobre todo a celebrarla. En el corazón inquieto de cada uno de nosotros existe un deseo ardiente y simple: "Señor, enséñanos a orar" (Lc 11,1). Es el grito esperanzado de los pobres que buscan en Jesús al maestro de la oración. Es en É1 donde también nosotros aprenderemos a orar, como hombres concretos de un tiempo nuevo. "Señor, en este momento atormentado de la historia, en este período difícil de la Iglesia, yo que vivo en el mundo, como consagrado radicalmente al Evangelio, para transformar el mundo según tu designio, Señor, yo que sufro y espero con la angustia y la esperanza de los hombres de hoy ¿cómo tengo que orar? ¿Cómo tengo que orar para no perder profundidad contemplativa, ni la permanente capacidad de servir a mis hermanos? ¿Cómo tengo que orar sin evadirme del problema de los hombres ni abandonar las exigencias de mi vida cotidiana, pero sin perder tampoco de vista que Tú eres el único Dios, que una sola cosa es necesaria (Lc 10,42) y que es urgente buscar primero el Reino de Dios y su justicia (Mt 6,33)? ¿Cómo tengo que orar en el mundo y desde el mundo? ¿Cómo puedo encontrar un momento de silencio y un espacio de desierto - para escucharte exclusivamente a Ti y entregarme gozosamente a tu Palabra - en medio de una ciudad tan aturdida por las palabras de los hombres y tan llena de actividades y problemas que me urgen? Señor, enséñanos a orar".
37. Este es, mis queridos amigos, vuestro deseo. Esta es vuestra dolorosa preocupación y vuestra serena esperanza. En esta Asamblea -celebración comunitaria de la oración- el Señor os enseñará a orar. Sobre todo os dirá que no es difícil; mucho menos, imposible. Porque Él nos manda orar siempre y sin desanimarnos (Lc 18,1). Y Dios no manda cosas imposibles (San Agustín, De Natura et gratia 43,50).
38. No quiero entrar detalladamente en el tema de vuestra Asamblea. Solamente permitidme, como hermano y amigo, que os indique tres pistas para vuestros trabajos.
39. Ante todo, la persona misma de Cristo. Hace falta buscar en el Evangelio la figura del Cristo orante: en el desierto, en el monte, en el cenáculo, en la agonía del huerto, en la cruz. ¿Cuándo, cómo y por qué oró Cristo? Solamente quisiera recordaros que la oración de Jesús -tan hondamente filial y redentora iba siempre mezclada de una fuerte experiencia del Padre en la soledad, de una conciencia muy clara de que todos lo buscaban y de una incansable actividad misionera como profeta de la buena nueva del Reino a los humildes y como médico espiritual para la curación integral de los enfermos. San Lucas lo resume así en un texto que merecería ser detenidamente analizado: "Su fama se extendía cada vez más y acudían grandes multitudes para escucharlo y hacerse curar sus enfermedades. Pero Él se retiraba a lugares solitarios para orar" (Lc 5,15-16).
40. En segundo lugar, quisiera recordaros que el principio de vuestra oración es siempre el Espíritu Santo, pero que el modo específico - el único para vosotros - es orar desde vuestra secularidad consagrada Lo cual os obliga a buscar, muy particularmente, la unidad entre contemplación y acción, y a evitar "el divorcio entre la fe y la vida diaria", que "debe ser considerado como uno de los más graves errores de nuestra época" (GS 43).
41. No sólo vuestra oración debe preceder y hacer fecunda vuestra tarea, sino que debe penetrarla integralmente y darle particular sentido de ofrenda y redención. No sólo vuestra profesión no puede impedir o suspender vuestra oración, sino que debe servir de fuente de inspiración, de vida y de realismo contemplativo. Esto, ciertamente, no es fácil; vosotros buscaréis los caminos; yo os indico simplemente dos: sed verdaderamente pobres y pedidlo intensamente al Espíritu Santo y a Nuestra Señora del silencio y la contemplación.
42. Finalmente, quisiera marcar tres condiciones evangélicas necesarias para todo tipo de oración: la pobreza, la autenticidad del silencio y la verdadera caridad.
43. La pobreza: tener conciencia de nuestros límites, de nuestra incapacidad de orar como conviene (Rm 8,26), de la necesidad del diálogo con los otros, sobre todo de nuestra hambre profunda de Dios. Sólo a los pobres se les revelan los secretos del Reino de Dios (Lc 10,21). Los pobres tienen un modo de orar muy simple y sereno, infaliblemente eficaz: "Señor, si quieres, puedes curarme... Lo quiero. Quedas curado" (Mt 8,2-3).
44. El silencio: no es fácil hacerlo en el mundo, pero no es más fácil hacerlo en el convento. Todo depende de un interior pacificado y centrado en Dios. Lo que se opone al verdadero silencio no es el ruido exterior, la actividad o la palabra; lo que se opone es el propio yo constituido como centro. Por eso, la primera condición para orar bien es olvidarse. Aveces ora mejor un laico comprometido que un monje exclusivamente centrado en su problema. Por eso hablamos de la "autenticidad del silencio". Es, al menos en parte, el sentido de las palabras de Jesús: "Cuando ores, retírate a tu habitación, cierra la puerta y ora a tu Padre que está en lo secreto; y tu Padre que ve en lo secreto, te recompensará" (Mt6, 6). Lo esencial no es entrar en la habitación; lo verdaderamente importante es que el Padre está allí y nos espera.
45. La verdadera caridad: me parece que es éste el secreto de una oración fecunda. Hay que entrar en la oración con corazón de "hermano universal". Nadie puede abrir el corazón a Dios sin una elemental apertu¬ra a los hermanos. El término o fruto de una oración verdadera será luego una apertura más honda y gozosa a los demás. No se puede experimentar la presencia de Jesús en los hombres si no hay una fuerte y honda experiencia de Dios en la soledad fecunda del desierto. Pero este encuentro con el Señor, en la intimidad privilegiada de la contemplación, tiene que llevarnos al descubrimiento continuo de su presencia en los necesitados (cfr. Mt 25).
46. Lo que quiero decir es lo siguiente: que para orar bien hace falta vivir elementalmente en la caridad, pero que si se ora bien - entrando con sinceridad en comunión con el Padre por el Hijo en el Espíritu Santo - se sale de la oración con incansable capacidad de donación y de servicio a los hermanos. La caridad auténtica como inmolación a Dios y entrega a los hermanos está así en el comienzo. en el medio y en el término de una oración verdadera.
47. La oración de un laico consagrado - para que sea verdaderamente expresión de su gozosa entrega a Jesucristo, fuente fecunda de su misión y clave esencial de su formación - tiene que ser hecha "en el Nombre de Jesús" Jn 16,23-27), es decir, bajo la acción infaliblemente eficaz del Espíritu Santo. Es el Espíritu de laVerdad el que nos introduce en la verdad completa (Jn 16,13) y nos ayuda a dar simultáneamente testimonio de Cristo (Jn 15,26-27) en la realidad concreta y cotidiana de nuestra vida. Por una parte nos ayuda a entrar en Cristo más hondamente y a gustar su Palabra; por otra nos descubre su paso en la historia y nos hace escuchar con responsabilidad las interpelaciones y expectativas de los hombres.
48. En otras palabras: el Espíritu de Verdad habita en nosotros (Jn 14,17) y nos hace comprender adentro, en la unidad profunda de la vida consagrada en el mundo, que "Dios amó tanto al mundo que le dio a su hijo único... Porque Dios no envió a su hijo para condenar al mundo, sino para que el mundo se salve por él" (Jn 3,16-17).
49. La consagración secular es un testimonio de este amor íntimo y universal del Padre. La vida de un laico consagrado se convierte así, por la acción ininterrumpidamente recreadora de la oración, en una sencilla manifestación y comunicación de la incansable bondad del Padre. Porque el Espíritu Santo lo hace una nueva presencia de Cristo: "Vosostros sois una carta de Cristo, escrita no con tinta, si no con el Espíritu de Dios vivo, no en tablas de piedra, si no en las tablas de carne del corazón" (2 Co 3,3).
50. Que María Santísima, modelo y maestra de oración, os acompañe e ilumine en estos días; que os introduzca en su corazón contemplativo (Lc 2,19) y os enseñe a ser pobres. Que os prepare a la acción profunda del Espíritu y os haga fieles a la Palabra. Que os repita adentro estas dos sencillas frases del Evangelio, una de Ella y otra de su hijo: "Haced todo lo que El os diga" (Jn 2,5); "Felices, más bien, los que reciben la Palabra de Dios y la realizan" (Lc 11,27).
Roma, 23 de agosto de 1976
Al I Congreso Mundial de Institutos Seculares S. S. Pablo VI, 25 de agosto de 1976
Queridos hijos e hijas en el Señor:
Con mucho gusto hemos acogido la petición del consejo ejecutivo de la
Conferencia Mundial de Institutos Seculares que, en su día, nos manifestó
el deseo de tener este encuentro. En efecto, él nos ofrece la ocasión
de manifestaros, con nuestra estima, las esperanzas de la Iglesia en el
testimonio particular que los Institutos Seculares están llamados a dar
en medio de los hombres de hoy.
No es necesario que nos detengamos a iluminar las características
particulares que definen vuestra vocación, ya que, en sus líneas
fundamentales, que son "una vida consagrada totalmente siguiendo los
consejos evangélicos, y una presencia y una acción destinadas, con toda
responsabilidad, a transformar el mundo desde dentro, estas características
pueden ya ser consideradas como una adquisición cierta de vuestra conciencia
institucional". Todo esto os hemos recordado con ocasión del 25 aniversario
de la Constitución Apostólica Provida Mater Ecclesia (cfr. discurso del 2 de febrero de 1972).
Ahora, nuestro deseo es subrayar sobre todo el deber fundamental
que deriva de la fisonomía que acabamos de evocar, es decir, el
deber de ser fiel. Esta fidelidad, que no es inmovilismo, significa
ante todo la atención al Espíritu Santo que hace nuevo todo el universo
(cfr. Ap 21, 5). Efectivamente, los Institutos Seculares están vivos en
la medida en que participan de la historia del hombre y testimonian ante
los hombres de hoy el amor paternal de Dios revelado por Jesucristo en
el Espíritu Santo (cfr. Evangelii nuntiandi 26).
Si permanecen fieles a su propia vocación, los Institutos Seculares serán
como el “laboratorio experimental” en el que la Iglesia verifique las
modalidades concretas de sus relaciones con el mundo. Por esta causa,
los Institutos Seculares deben escuchar, como dirigida sobre todo a ellos,
la llamada de la Exhortación Apostólica Evangelii nuntiandi:
«Su tarea primera... es el poner en práctica todas las posibilidades
cristianas y evangélicas escondidas, pero a su vez ya presentes y
activas en las cosas del mundo. El campo propio de su actividad
evangelizadora es el mundo vasto y complejo de la política,
de lo social, de la economía, y también de la cultura, de las ciencias
y de las artes, de la vida internacional, de los medios de comunicación de masas».
Esto no significa, evidentemente, que los Institutos Seculares,
en cuanto tales, deban encargarse de estas tareas. Normalmente esto
corresponde a cada uno de sus miembros. El deber, por tanto, de los
Institutos mismos es formar la conciencia de sus miembros en una madurez
y en una apertura que les impulse a prepararse con un gran celo en la
profesión elegida, con el fin de afrontar después con competencia y con
espíritu de desprendimiento evangélico el peso y las alegrías de las
responsabilidades sociales hacia las que la Providencia les oriente.
Esta fidelidad de los Institutos Seculares a su vocación específica
debe expresarse sobre todo en la fidelidad a la oración, que es el
fundamento de la solidez y de la fecundidad. Constituye por eso una
gran alegría el que hayáis elegido como tema central de vuestra asamblea la
oración, en cuanto que es "expresión de una consagración secular" y "fuente
de apostolado y clave de la formación". Es decir, que vosotros estáis buscando
una oración que sea expresión de vuestra situación concreta de personas "consagradas en el mundo".
Os exhortamos a proseguir esa búsqueda esforzándoos en obrar de tal manera,
que vuestra experiencia pueda servir de ejemplo a todo el laicado. En efecto,
para el que se ha consagrado en un Instituto Secular, la vida espiritual
consiste en saber asumir la profesión, las relaciones sociales, el medio de
vida, etc. como formas particulares de colaboración al advenimiento del Reino
de los Cielos, y en saber imponerse tiempos de descanso para entrar en contacto
más directo con Dios, para darle gracias y para pedirle perdón, luz, energías
y caridad inagotable para con los demás.
Cada uno de vosotros se beneficia ciertamente de la ayuda de un Instituto,
por las orientaciones espirituales que él le da, pero sobre todo por la
comunión entre los que comparten el mismo ideal bajo la dirección de los
responsables. Y, sabiendo que Dios nos ha dado su palabra, el que está consagrado
se pondrá más regularmente a la escucha de la Sagrada Escritura, estudiada con amor
y acogida con espíritu purificado y disponible, para buscar en ella, como también en la enseñanza del Magisterio de la Iglesia, una interpretación exacta de su experiencia cotidiana que vive en el mundo. De modo especial, apoyándose en el hecho mismo de su consagración a Dios, él se sentirá comprometido a secundar los esfuerzos del Concilio a favor de una participación cada día más íntima en la sagrada liturgia, consciente de que la vida litúrgica bien ordenada, bien integrada en las conciencias y en las costumbres de los fieles, contribuirá a mantener vigilante y permanente el sentido religioso en nuestra época, y a procurar a la Iglesia una nueva primavera de la vida espiritual.
La oración se convertirá entonces en la expresión de una realidad misteriosa y
sublime, es decir, en la expresión de nuestra realidad de hijos de Dios. Ella será
una expresión que el Espíritu Santo purifica y asume como oración suya propia,
impulsándonos a gritar con Él: Abba, es decir, Padre (Rom 8, 14; Gál 4, 4).
Una tal oración, si llega a ser consciente en el contexto mismo de las actividades
seculares, se convierte entonces en una expresión auténtica de la consagración secular.
Tales son los pensamientos, queridos hijos e hijas, que hemos querido confiar a
vuestra reflexión, a fin de ayudaros en vuestra búsqueda de una respuesta cada
día más fiel a la voluntad de Dios, que os llama a vivir en el mundo, no para
asumir su espíritu, sino para llevar a sus ambientes un testimonio susceptible
de ayudar a vuestros hermanos a acoger la novedad del Espíritu de Cristo.
Con nuestra bendición apostólica.
S. S. PABLO VI, 25 DE AGOSTO DE 1976
Sagrada congregación para los religiosos y los institutos seculares
Las personas casadas y los institutos seculares
La vocación propia de los Institutos Seculares, vocación de presencia en los valores de las realidades temporales, ha llevado a algunos de ellos a prestar su atención a la familia y al "carácter sagrado del matrimonio" (GS 4-9).
Esta atención puede traducirse en realizaciones diversas. Se puede tratar, por ejemplo, de trabajar directamente por la causa de la familia cristiana; nacen entonces algunos institutos con esta finalidad específica. Si se quiere permitir a personas casadas que participen en la espiritualidad y en la vida de un Instituto, pues he aquí que de hecho se les ofrece esta posibilidad: algunos Institutos Seculares dan a tales personas directrices y apoyo para vivir un compromiso cristiano en el matrimonio y las consideran como sus miembros en sentido lato.
Los documentos fundamentales relativos a los Institutos Seculares - en particular la Instrucción Cum Sanctissimus (art. VII, a)- prevén en efecto la admisión de estos miembros; pero el principio general comporta aplicaciones diferentes, y surgen los problemas.
Para tener una visión completa de la realidad tal como se presenta, la Sección para los Institutos Seculares efectuó una encuesta en 1973, dirigida a los Institutos cuyas Constituciones determinan la existencia de miembros en sentido lato. El resultado de la encuesta ha puesto de relieve una gran variedad para ciertos aspectos relativos a estos miembros: compromisos, participación en la vida del Instituto según modos y grados diversos, etc. Algún Instituto ha querido incluso prever la posibilidad de acoger a las personas casadas de manera completa.
La sección para los Institutos Seculares no ha juzgado necesario volver oficialmente sobre una disposición ya clara, definitiva y conocida como la de la castidad en el celibato para los miembros en sentido estricto de Institutos Seculares. No obstante - sobre todo para apreciar si conviene dar directrices respecto a los miembros en sentido lato -, ha decidido interesar en este problema a sus nueve consultores. Con un breve cuestionario, les ha presentado a su reflexión: por una parte, la presencia de personas casadas como miembros en sentido lato; por otra, la eventualidad de una integración completa de estas personas en los Institutos Seculares.
El conjunto de respuestas ha mostrado la necesidad de someter la cuestión al Congreso en vista de eventuales decisiones. Como se sabe, el Congreso es el órgano colegial de la Congregación, componiéndose del Cardenal Prefecto, del Secretario, del Subsecretario y de los Oficiales de la Sección. Además se beneficia de la contribución de expertos, especialmente previstos para el tema estudiado. Posee las funciones de estudio, de examen y de decisión (cfr. Informationes, Anno I, n. 1, p. 52).
Para el citado Congreso, la Sección pidió a dos expertos (teólogos y canonistas) que examinaran la cuestión que nos ocupa y que expresaran su parecer motivado, teniendo en cuenta las respuestas de los consultores.
Presentamos, pues, en una primera parte, una síntesis de las respuestas de los consultores y en una segunda parte, las conclusiones y decisiones del Congreso.
I. La consulta
La síntesis de las respuestas a esta consulta pone de relieve las tres afirmaciones siguientes:
- la castidad en el celibato debe ser absolutamente afirmada para los miembros de los Institutos Seculares.
- las personas casadas pueden ser miembros en sentido lato de tales Institutos mediante ciertas medidas de prudencia.
- el nacimiento de Asociaciones de personas casadas sería deseable...
A) LA CASTIDAD EN EL CELIBATO PARA LOS MIEMBROS DE INSTITUTOS SECULARES
La afirmación se apoya en:
a) Motivos doctrinales y canónicos
La Carta de los Institutos Seculares es suficientemente clara en la materia: "Los socios que desean ser adscritos a los Institutos como miembros en sentido estricto, además de aquellos ejercicios de piedad y abnegación a que todos los que aspiran a la perfección de la vida cristiana es necesario que se dediquen, deben tender eficazmente a ésta por los peculiares modos que aquí se enuncian:
1° Por la profesión hecha ante Dios del celibato y castidad perfecta, afirmada con voto, juramento o consagración que obligue en conciencia..." (PM, art. III).
Ahora bien, los desarrollos ulteriores de la doctrina no han hecho sino confirmar esta condición esencial, es decir, la profesión hecha ante Dios del celibato y de la castidad perfecta. Para convencerse basta con referirse a los textos conciliares y posconciliares, especialmente: LG 42-44; PC 11, Discursos de Pablo VI. Es lo que expresa uno de los consultores en estos términos:
"Aun si desde 1947 hasta nuestros días, importantes desarrollos se han verificado en la doctrina católica del laicado, refiriéndose particularmente al matrimonio, la distinción evangélica entre la vida de una persona casada y la de un 'célibe por el Reino' no ha sufrido (ni lo podía) ninguna variación sensible. Más todavía, la gran crisis que se ha manifestado a propósito del celibato sacerdotal ha permitido ver con más claridad y profundidad en este valor, 'de primer orden' entre los consejos, que 'siempre ha sido considerado por la Iglesia en grandísima estima'" (LG 42).
b) Una elección precisa para responder a una llamada del Señor
Con una libre respuesta a la elección del Señor, "el llamado" opta por renunciar a ciertos bienes, incluso legítimos, en vista del Reino. La renuncia al bien legítimo, que es el matrimonio, se impone a los miembros de Institutos Seculares que eligen una vida de consagración total a Dios.
Es lo que se desprende también de las respuestas dadas por los consultores:
"... Decidirse a vivir según los consejos evangélicos significa orientarse hacia valores determinados y limitarse, simultáneamente, renunciando a otros valores..."
"... El sentido peculiar de la elección hecha por los miembros de Institutos Seculares (no es) por respeto a normas canónicas o por motivos extrínsecos sino exclusivamente como respuesta gratuita y espontánea a una llamada particular del Señor".
Por su parte, Pablo VI declaraba en 1972 a los Responsables generales de los Institutos Seculares: "Vuestras opciones de pobreza, castidad y obediencia son modos de participar en la cruz de Cristo, porque a Él os asocian en la privación de bienes, por otra parte verdaderamente lícitos y legítimos" (Pablo VI, 20.9.1972).
Esta renuncia a bienes legítimos, el Señor no la pide a todos; no la pide normalmente a los que viven en el estado matrimonial, los cuales deben - recibiendo y dando- participar en las alegrías humanas de un hogar cristiano. Esta renuncia total es lo propio de los que Dios llama especialmente a testimoniarle una preferencia absoluta, y que responden consagrándose a Él totalmente.
c) La necesidad de evitar confusiones
Estas opciones diferentes hacen que las personas casadas y las consagradas especialmente a Dios, deben llegar a la perfección de la vida cristiana -a la santidad a la cual todos estamos llamados -, con modos adaptados a sus situaciones particulares: unos se vinculan al sacramento del matrimonio, en el sentido que debe permitir a los esposos alcanzar la más alta santidad en el estado matrimonial; los otros se atan a la substancia de una "consagración especial" al Señor. El sacramento del matrimonio ofrece a los esposos cristianos los medios para santificarse y dar gloria a Dios en su propia condición de esposos, en su sublime misión de padre y de madre (cfr. GS 48); y nada impide a los que lo quieren, recurrir a compromisos evangélicos según su estado, si ello les ayuda a cumplir perfectamente sus obligaciones y su misión. En cuanto a los fieles que eligen seguir a Cristo de una manera más íntima, encuentran igualmente en su consagración por la profesión de los consejos evangélicos, ayuda y gracia para realizar su don total al Señor. Esta distinción aparece claramente en los textos conciliares, y está subrayada igualmente en las respuestas de los consultores:
"Se trata de realidades absolutamente distintas, aunque en la línea de una única santidad, y sería peligroso confundirlas. Sería peligroso para los Institutos Seculares, que terminarían por perder el verdadero sentido de su carisma; pero sería también peligroso para las personas casadas, arrastradas a un terreno que terminaría por someterlas a reglas no conformes a su estado de vida".
Pablo VI, en su mensaje del 20.4.1975 para la Jornada Mundial de las Vocaciones, pone muy de relieve el testimonio específico dado por las almas consagradas a Dios. Subraya en primer lugar, en este período marcado por la falta de vocaciones, el papel irremplazable jugado por los laicos de fe y testimonio admirables, mientras que asumen responsabilidades, ejercen ministerios... Él mismo se alegra por ello y estimula esta promoción del laicado. Pero añade enseguida:
"Pero todo esto - no es necesario decirlo- no suple el ministerio indispensable del sacerdote, ni el testimonio específico de las almas consagradas. Él las llama. Sin ellos, la vitalidad cristiana corre el riesgo de cortarse de sus fuentes, la comunidad de desmoronarse, la Iglesia de secularizarse".
Sin minimizar el testimonio dado por los laicos auténticamente cristianos, el Santo Padre reconoce que la Iglesia espera de las almas consagradas un testimonio específico, esencial para la vida misma de toda la comunidad eclesial. Conviene por tanto evitar toda confusión entre el estado de personas casadas que se comprometen en la práctica de la castidad conyugal, y el de personas que han elegido la castidad en el celibato para responder a una llamada especial del Señor. Si es verdad que unas y otras han de tender a la perfección de la caridad cristiana y dar testimonio del Amor de Cristo, permanece sin embargo que lo hacen necesariamente según dos caminos diferentes, según dos estados de vida talmente diferentes que no se puede abrazar a la vez uno y otro.
De esto se deriva que las personas casadas no pueden formar completamente parte de Institutos Seculares cuyos miembros están esencialmente entregados a la castidad en el celibato.
B) LAS PERSONAS CASADAS, MIEMBROS EN SENTIDO LATO DE LOS INSTITUTOS SECULARES
Los miembros en sentido lato de un Instituto Secular tienen la posibilidad de seguir en su condición propia - eventualmente la de personas casadas -, ejerciéndose no obstante en la perfección evangélica y participando en los beneficios espirituales de un Instituto, en su apostolado propio, así como en un cierto número de sus exigencias. Es en este sentido preciso en el que se puede hablar de admisión de personas casadas en un Instituto Secular. Esto supone el respeto de ciertas medidas de prudencia, en vista de salvaguardar el valor del matrimonio. Estas medidas, según las respuestas de los consultores, se refieren a los puntos siguientes:
a) Los motivos de la petición de admisión y las condiciones de aceptación
Uno de los consultores hace alusión a los motivos que, en el pasado, han llevado a admitir a las personas casadas como miembros en sentido lato: por una parte, una cierta primacía concedida a los "célibes en vista del Reino", y por tanto, la necesidad para los cónyuges de seguir sus pasos; por otra parte, la necesidad confusa en los Institutos Seculares de crearse una primera zona de irradiación, no sin referencia al despertar de vocaciones para los mismos Institutos.
Una sola respuesta evoca de manera precisa y actual los motivos de la petición de admisión y las condiciones de aceptación:
"Se debería examinar con particular cuidado los motivos de los esposos que quieren entrar en un Instituto Secular. Si resultara una fuga del matrimonio o de una concepción del matrimonio que lo desvaloriza, se debería rechazar la solicitud. Si el Instituto no diera la posibilidad de vivir el matrimonio cristianamente, véase perfectamente, el fin de tal pertenencia sería equivocado".
b) El consentimiento del otro cónyuge a la admisión de uno de ellos
Según la casi totalidad de las respuestas sobre este punto, la admisión de una persona casada como miembro en sentido lato de un Instituto Secular necesita el consentimiento de su cónyuge. Así como lo observa una de ellas, "la hipótesis contraria se opone a la naturaleza misma del matrimonio entendido ante todo como comunidad espiritual". Uno solo de los consultores es del parecer que no se debe imponer tal consentimiento, pero supone un entendimiento previo entre los dos cónyuges:
"Lo mismo que deseo que los dos cónyuges se informen recíprocamente, busquen juntos y se pongan de acuerdo, lo mismo no impondría a uno de ellos tener que obtener el consentimiento del otro".
Esto equivale a decir que, normalmente, la admisión de una persona casada en un Instituto Secular no se debe hacer sin que lo sepa el otro cónyuge.
c) La participación de un miembro casado en el gobierno del Instituto
A este respecto, las respuestas de los consultores son un poco más complejas. Se deduce, sin embargo, que la participación activa de los miembros casados en el gobierno del Instituto no parece oportuna. Uno solo de los consultores prevé francamente tal participación, pero deja entrever serios riesgos:
"Si existen de hecho Institutos Seculares que admiten personas casadas como miembros en sentido lato: yo sostendría que sus representantes participen al gobierno, pero de manera proporcional... Es justo, en efecto, que si un Instituto admite personas casadas, que asuma todas las consecuencias. Hay riesgos: las inevitables implicaciones recíprocas del Instituto en la vida familiar y de la familia en la vida del Instituto. Además - en un momento histórico en que se hace particularmente difícil vivir la virginidad -, en el caso de que las personas casadas fueran la mayoría, los célibes tendrían pocos representantes en el gobierno, de donde se deriva el peligro de que la virginidad no sea suficientemente valorada".
Según el conjunto de las respuestas, la participación de los miembros casados en el gobierno del Instituto se considera así:
- en tres respuestas, es una eventualidad a desechar;
- para otros consultores, una representación de los miembros casados en el gobierno del Instituto puede ser admitida, pero para deliberar de las solas cuestiones que les afectan;
-según uno de ellos, es de desear un gobierno propio para tales
miembros.
Esta última respuesta, que habla de un grupo aparte con un gobierno propio, se relaciona con el tercer aspecto de nuestra encuesta.
C) SERIA DESEABLE EL NACIMIENTO DE ASOCIACIONES DE PERSONAS CASADAS...
Este deseo se traduce más o menos explícitamente en todas las respuestas de los consultores. He aquí los resúmenes de dos proposiciones:
1) "Me gustaría plantear el problema de forma diferente. No: ¿Hay personas casadas interesadas por los Institutos Seculares; qué lugar se les puede dar en ellos? Sino: ¿Hay personas casadas atraídas por la perfección evangélica; cómo ayudarlas?
La segunda (perspectiva) permitiría una búsqueda más libre y conduciría sin duda a la verdadera solución. Es la cuestión de la posibilidad de un cierto radicalismo de la vida evangélica en el matrimonio".
2) "Es de desear que nazcan Asociaciones para los esposos que quieran comprometerse comunitariamente en seguir a Cristo, en el espíritu de las Bienaventuranzas y de los consejos evangélicos... Se respondería así al deseo de tantas personas casadas de ver plenamente reconocidos por la Iglesia el valor santificante del matrimonio y la igualdad sustancial de todos los miembros del Pueblo de Dios frente al precepto de tender a la perfección de la caridad. La definición del contenido concreto de los compromisos de obediencia y de pobreza que asumirían los esposos sólo puede ser el fruto de sus propias experimentación y reflexión. Para que esto se haga de forma adecuada, resulta absolutamente indispensable que la experimentación y la reflexión se desarrolle entre esposos, sin confusión con otras formas de vida..."
Del conjunto de las respuestas, se han podido destacar dos ideas:
- Conviene promover Asociaciones de personas casadas. Los motivos alegados se resumen así: responder a la necesidad sentida por esas personas de unirse para vivir mejor su fe; responder a su deseo de ver plenamente reconocidos por la Iglesia el valor santificador del matrimonio, y substancialmente la posibilidad para todos los miembros del Pueblo de Dios de tender a la perfección de la caridad; ofrecer a estas mismas personas la posibilidad efectiva de un cierto radicalismo de vida evangélica en el matrimonio.
- Estas Asociaciones de personas casadas serían distintas de los Institutos Seculares.
Al margen de esta segunda afirmación, un solo consultor sugiere que el período de experimentación podría ser confiado a la solicitud de la Sección para los Institutos Seculares.
II. Las conclusiones y decisiones del Congreso
Tal como lo hemos señalado más arriba, dos expertos han sido llamados a dar su opinión motivada, durante un Congreso que ha tenido lugar en la sede de esta Congregación. Sus argumentos se encuentran con los de los consultores y deben agruparse alrededor de los mismos puntos, sobre los cuales se ha pronunciado el órgano colegial del Dicasterio.
1. La "consagración especial" de los miembros de los Institutos Seculares no puede ser cuestionada
Los expertos fundan sus afirmaciones especialmente en los principios doctrinales, mencionando sin embargo los aspectos metafísicos y espirituales de la cuestión. Recuerdan que los Institutos Seculares constituyen esencialmente un estado de perfección o de consagración reconocida por la Iglesia, y para ello se apoyan en la enseñanza del Magisterio y en la praxis seguida estos últimos decenios.
Para los Institutos Seculares, como para los Institutos religiosos, "su naturaleza misma exige el compromiso de la castidad perfecta en el celibato - lo que excluye necesariamente a las personas casadas (formaliter ut sic)¬de la pobreza y de la obediencia".
"La enseñanza y la praxis de la Santa Iglesia hasta el Concilio, y los más recientes discursos del Santo Padre, han determinado clarísimamente la necesidad de la profesión efectiva de los tres consejos evangélicos... profesión que las personas casadas no pueden emitir".
Y para alejar todo equívoco sobre estos consejos se añade una precisión:
"No se trata de cualquier consejo del Evangelio, sino de los consejos evangélicos 'típicos', es decir, de la castidad en el celibato, de la pobreza y de la obediencia, asumidos como forma estable de vida por medio del voto u otro vínculo sagrado reconocido por la Iglesia en un Instituto. Es lo que caracteriza el miembro de Instituto Secular en el mundo, distinguiéndolo de un simple bautizado. Los textos constitucionales de los Institutos Seculares, a saber, Provida Mater (1, §§ 1-3), Primo Feliciter (II), Cum Sanctissimus (VII a.b), así como los discursos pontificios no dejan ninguna duda sobre esta 'consagración' que califica al laico en el mundo".
Es importante, pues, reafirmar este principio fundamental que la profesión de los tres consejos evangélicos confiere una "consagración especial" enraizada en la del bautismo y complementándola. Ahora bien, "el elemento esencial y constitutivo de la realidad que consagra a Dios en la vocación de un Instituto de perfección, es la castidad perfecta... Mientras que la pobreza y la obediencia - especialmente en los Institutos Seculares- pueden ser matizadas..., la castidad perfecta se impone como elemento indispensable de pertenencia al Señor".
Y el experto continúa: "Aquí estamos en el centro de la vocación específica... que caracteriza esencialmente un Instituto Secular y sus miembros propiamente dichos. Si, incluso inconscientemente, se llegara a excluir la realidad que está en el centro de la 'novedad' de la primavera de gracia en el mundo que son los Institutos Seculares, la 'vocación especial' que está en la base ya no tendría su razón de ser en la Iglesia".
Así, pues, los consultores, los expertos y el Congreso están de acuerdo en confirmar la misma conclusión: el don de Dios que es la "consagración especial" impone a los miembros propiamente dichos de los Institutos Seculares la profesión de los consejos evangélicos, y por tanto la castidad perfecta en el celibato.
2. Las personas casadas en los Institutos Seculares son miembros en sentido lato
La posibilidad para las personas casadas de pertenecer a un Instituto Secular no se puede poner en duda. Como lo observaba un experto al Congreso: ya la Provida Mater lo admitía indirectamente, al hablar de los "socios que desean pertenecer a los Institutos como miembros, en el más estricto sentido" (PM, III § 3). Esto venía a decir que otros podrían pertenecer a los Institutos como miembros en sentido lato. De hecho, tal eventualidad fue afirmada explícitamente por la Instrucción Cum Sanctissimus ( VII, a). Resulta, sin embargo, de estos documentos que hay una diversidad de pertenencia, una diversidad justa y esencialmente especificada, en el hecho de abrazar a un grado más o menos elevado cada uno de los consejos evangélicos. Sin ninguna duda, esto se refiere especialmente al consejo de castidad: si la castidad en el celibato "por el Reino" es absolutamente indispensable para los miembros en sentido estricto, esta exigencia no es requerida para los miembros en sentido lato, los cuales pueden ser, en consecuencia, personas casadas. Si el modo de pertenencia a un Instituto Secular se basa sobre todo en la profesión efectiva del consejo de castidad, resulta que no se podrá suprimir nunca toda distinción, ni asimilar totalmente los miembros casados a los miembros solteros. Dicho de otra forma, las personas casadas son necesariamente miembros en sentido lato en los Institutos Seculares Es ésta una conclusión normal, admitida de entrada por los consultores y por el órgano colegial de esta Congregación.
¿Hay que deducir por ello que tal distinción en la pertenencia de los miembros a un Instituto Secular supone medidas tan rígidas, que no se pueda prever una estrecha participación de los unos en la vida de los otros? A este respecto las experiencias son diversas y las opiniones bastantes matizadas. Las conclusiones de los consultores reflejan diferentes tendencias en lo que se refiere por ejemplo a las condiciones de admisión, o bien a la participación en el gobierno del Instituto. Teniendo en cuenta esta variedad, los expertos y el Congreso invitan a proseguir con prudencia esta experiencia de vida.
Pero, dada la imposibilidad de introducir miembros casados en un Instituto "con paridad de derechos y de deberes" con los miembros en sentido estricto, nos hemos preguntado si no convendría prever una fórmula nueva para los esposos. Se ha examinado entonces la eventualidad de Asociaciones de personas casadas.
3. ¿Hacia Asociaciones con personas casadas?
Tal como lo han mostrado las respuestas de los consultores, las Asociaciones de personas casadas o con personas casadas corresponden a un movimiento de actualidad, en el contexto de la llamada universal a la santidad de la que habla el Concilio (Lumen Gentium,5). Por una parte, los expertos han señalado la oportunidad de "afrontar concretamente esta realidad, porque también aquí la acción del Espíritu empuja o llama a la perfección de la caridad, eligiendo los medios que Él mismo juzga adaptados a nuestro tiempo".
El Congreso ha considerado, pues, el problema con la mayor atención, con el fin de tener en cuenta las aspiraciones profundas y legítimas que quisieran dar nacimiento a tales agrupaciones. Ha reconocido la necesidad de ayudar, sostener y guiar eventualmente este nuevo tipo de Asociaciones. Pero, en este campo, como en muchos otros, es la experiencia de la vida que sugiere, precisa y perfecciona...
Es, pues, prematuro entrever las modalidades prácticas que permitirían la aparición de estos nuevos "brotes" en la Iglesia. La conclusión del Congreso, que afirma la oportunidad de tomar eventualmente en consideración las Asociaciones con personas casadas, conserva siempre su valor y suscita esperanzas para el porvenir, a la vez que recuerda claramente la excelencia de la consagración en el celibato (cfr. Lumen gentium,42).
10 de mayo de 1976
En el XXX aniversario de la
Provida Mater Ecclesia
Pablo VI, 2 de febrero de 1977
1. Hace treinta años, hoy, precisamente hoy, se registró en la Iglesia católica un acontecimiento que comunicó a muchos de sus hijos el carisma de esta festividad de la Presentación de Jesús en el Templo, es decir, de la obla¬ción de Cristo a la voluntad del Padre.
2. En efecto, queremos recordar un aniversario que se celebra hoy: hace treinta años, el 2 de febrero de 1947, la Iglesia reconocía una forma nueva de vida consagrada cuando nuestro Predecesor Pío XII promulgó la Constitución Apostólica Provida Mater.
3. Una forma nueva, distinta de la vida religiosa, no sólo por la diversa manera de realizar el "seguimiento de Cristo", sino también por el modo di¬verso de asumir la relación Iglesia mundo que también es esencial a toda vocación cristiana (cfr. Gaudium etspes, 1) .
4. Treinta años no son muchos, pero la presencia de los Institutos Seculares es ya significativa en la Iglesia. Os pedimos que os unáis a noso¬tros para dar gracias al Padre de los cielos por este don suyo.
5. Y queremos enviar a todos y a cada uno, hombres y mujeres, nuestro saludo de bendicion.
Roma, 2 de febrero de 1977
III Conferencia de Episcopado Latinoamericano. Puebla, 1979
774 - "En lo que toca especifícamente a los lnstitutos Seculares, es importante recordar que su carisma propio busca responder de modo directo al gran desafío que los actuales cambios culturales están planteando a la Iglesia: dar un paso hacia las formas de vida secularizadas que el mundo urbano-industrial exige, pero evitando que la secularidad se convierta en secularismo".
775 - "El Espíritu ha suscitado en nuestro tiempo este nuevo modo de vida consagrada, que representan los Institutos Seculares, para ayudar de alguna manera, a través de ellos, a resolver la tensión entre apertura real a los valores del mundo moderno (auténtica secularidad cristiana) y la plena y profunda entrega de corazón a Dios (espíritu de la consagración). A1 situarse en pleno foco del conflicto, dichos Institutos pueden significar un valioso aporte pastoral para el futuro y ayudar a abrir caminos nuevos de general validez para el Pueblo de Dios".
776 - "Por otro lado, la misma problemática que intentan abordar y su falta de arraigo en una tradición ya probada, los expone más que las otras formas de vida consagrada a las crisis de nuestro tiempo y al contagio del secularismo. Esta esperanza y los riesgos que su modo de vida conlleva, deberán mover al Episcopado latinoamericano a promover y apoyar con especial solicitud su desarrollo".
Mensaje al II Congreso Latinoamericano
de Institutos Seculares
Cardenal Eduardo F. Pironio,
12 de julio de 1979
Mis queridos hermanos y amigos: ¡Bienvenidos a este encuentro de gracia! El Señor está presente porque han sido convocados como Iglesia en su Nombre (Mt. 18, 20). El Espíritu de Dios -que hace nuevas todas las cosas- actuará en profundidad en el corazón de cada uno de ustedes, en el interior de cada uno de los Institutos Seculares allí representados. Saldrán nuevos y recreados: «confirmados en la fe, animados en la esperanza y fortalecidos por el amor, para cumplir su misión evangelizadora en nuestro continente latinoamericano». Permítanme que los salude con el augurio de Pablo a los romanos: «Que el Dios de la esperanza los llene de alegría y de paz en la fe, para que la esperanza sobreabunde en ustedes por obra del Espíritu Santo» (Rom. 15, 13).
¡El Dios vivo de la esperanza! Es ése el que necesita hoy América Latina. Es ése el que ustedes anunciarán con la fuerza de un testimonio que nace de la contemplación y la cruz, se realiza «en las condiciones ordinarias de la vida familiar y social» (LG 31) y se concreta en la manifestación y comunicación del Cristo de la Pascua. No son ustedes testigos de un Dios lejano, sino de un Dios que resucitó y vive y va haciendo el camino de los hombres. Tampoco son testigos desencarnados que muestran a los otros el camino de salvación desde la orilla, sino testigos comprometidos con las dificultades y riesgos de la historia, radicalmente sumergidos en Cristo muerto y resucitado, evangélicamente insertados en el mundo para transformarlo, santificarlo, ofrecerlo a Dios, construyendo así la nueva civilización del amor. Como todo laico -pero mucho más por la fuerza de la consagración que los anima- «deben ser ante el mundo testigos de la resurrección y de la vida de Nuestro Señor Jesucristo y signos del Dios verdadero» (LG 38).
Se reúnen ustedes para reflexionar -bajo la luz del Magisterio y ante las exigencias de un continente en plena ebullición, marcado por la pobreza y la cruz pero preñado de esperanzas- sobre la identidad de los Institutos Seculares en esta hora providencial de América Latina en orden a una evangelización plena, a una promoción humana integral, a una transformación de la cultura hacia la civilización del amor.
Yo quisiera recordarles sencillamente tres cosas: su identidad, su actualidad como "modo propio" de ser Iglesia, sus exigencias profundas y radicales.
1. Su identidad
Se expresa con una frase muy simple: "secularidad consagrada". Son dos aspectos de una misma realidad, de una misma vocación divina. Ambos aspectos son esenciales. Lo dice claramente Pablo VI: «Ninguno de los dos aspectos de vuestra fisonomía espiritual puede ser supervalorado a costa del otro. Ambos son "coesenciales"» (20-9-1972).
El Señor llama -en esta hora privilegiada de la historia y de la Iglesia- a vivir la consagración en el mundo, desde el mundo y para el mundo. Ni el mundo puede manchar o empobrecer la riqueza y fecundidad de la consagración ni la consagración puede arrancarles del compromiso y responsabilidad de la tarea cotidiana. Radicalmente comprometidos con Cristo, abiertos a lo eterno, testigos de lo Absoluto, pero en el ámbito de la vida temporal. Es preciso subrayar bien y unir indisolublemente ambos términos: "consagrados seculares".
"Consagrados". Es decir, santificados por el único Santo de manera más profunda en Cristo, por obra del Espíritu, en vista de una pertenencia total y exclusiva al Amor. «Ustedes recibieron la unción del que es Santo, y todos tienen el verdadero conocimiento» (1 Jn. 2, 20). Esta consagración -que ahonda y lleva a su plenitud la consagración del bautismo y la confirmación- penetra toda la vida y las actividades cotidianas, creando una disponibilidad total al plan del Padre que los quiere en el mundo y para el mundo. Los caracteriza como hombres y mujeres de lo Absoluto y de la esperanza, exclusivamente abiertos al único Amor, pobres y desprendidos, capaces de comprender a los que sufren y de entregarse evangélicamente a redimirlos y transformar el mundo desde adentro. Hermosamente dice Pablo VI: «Vuestra vida consagrada, según el espíritu de los consejos evangélicos, es expresión de vuestra indivisa pertenencia a Cristo y a la Iglesia, de la tensión permanente y radical hacia la santidad, y de la conciencia de que, en último análisis, es sólo Cristo quien con su gracia realiza la obra de redención y de transformación del mundo. Es en lo íntimo de vuestros corazones donde el mundo es consagrado a Dios» (Pablo VI, 2-2-1972).
"Seculares". Pero esta consagración especial -esta particular pertenencia a Jesucristo en la virginidad, en la pobreza, en la obediencia- no arranca a los miembros de un Instituto Secular del mundo ni paraliza su actividad temporal, sino que la vivifica y dinamiza, le confiere mayor realismo, profundidad y eficacia, al liberarla de satisfacciones, intereses y búsquedas, que de algún modo se relacionan con el egoísmo. La "consagración secular", al abrir al hombre o a la mujer al radicalismo absoluto del Amor de Dios, los dispone para una encarnación más honda en el mundo, para una secularidad pura y libre, purificadora y liberadora.
No son del mundo, pero están en el mundo y para el mundo. Lo específico de este "modo nuevo" de ser Iglesia es vivir precisamente el radicalismo de las Bienaventuranzas desde el interior del mundo, como luz, sal y levadura de Dios. Esta secularidad -que está muy lejos de ser superficial naturalismo o secularismo- indica el "lugar propio de su responsabilidad cristiana", el modo único de santificación y apostolado, el ámbito privilegiado de una vocación específica para la gloria de Dios y el servicio a los hermanos. Exige vivir en el mundo, en contacto con los hermanos del mundo, insertos como ellos en las vicisitudes humanas, responsables como ellos de las posibilidades y riesgos de la ciudad terrestre, igual que ellos con el peso de una vida cotidiana comprometida en la construcción de la sociedad, con ellos implicados en las más variadas profesiones al servicio del hombre, de la familia y de la organización de los pueblos. Comprometidos, sobre todo, a construir un mundo nuevo según el plan de Dios, en la justicia, el amor y la paz, como expresión de una auténtica "civilización del amor". No es tarea fácil. Exige discernimiento, generosidad, coraje. Pablo VI los llama los "alpinistas del espíritu" (26-9-1970).
2. Su actualidad
Pablo VI, de inolvidable memoria y de intuición profética, hablaba de los Institutos Seculares como de «un fenómeno característico y consolador en la Iglesia contemporánea» (26-9-1970). Expresan y realizan, de un modo original y propio, la presencia de la Iglesia en el mundo. Son un signo valiente de las nuevas relaciones de la Iglesia con el mundo: de confianza y amor, de encarnación y presencia, de diálogo y transformación. El Concilio nos abrió un camino evangélico para ello que fue iluminando el posterior magisterio de los Papas, desde Pablo VI hasta Juan Pablo II. La Iglesia fue repetidamente definida como "sacramento universal de salvación".
Para América Latina el Espíritu de Dios inspiró dos acontecimientos eclesiales que marcaron fuertemente la presencia salvadora de la Iglesia en el continente: Medellín y Puebla. A través de ellos comprendemos mejor la responsabilidad de los cristianos en la evangelización y transformación del mundo. Es una exigencia de los tiempos y una innovación apremiante del Espíritu. Es un reto de la historia al compromiso de la Iglesia, más específicamente aún de los laicos, a insertarse en el mundo para transformarlo desde adentro. «En un momento como éste -decía Pablo VI- los Institutos Seculares, en virtud del propio carisma de secularidad consagrada, aparecen como instrumentos providenciales para encarnar este espíritu y transmitirlo a la Iglesia entera. Si los Institutos Seculares ya antes del Concilio anticiparon existencialmente, en cierto sentido, este aspecto, con mayor razón deben hoy ser testigos especiales, típicos de la postura y de la misión de la Iglesia en el mundo» (2-2-1972). Inmediatamente añade como una exhortación y un desafío: «Para el "aggiornamento" de la Iglesia no bastan hoy directrices claras o abundancia de documentos: hacen falta personalidades y comunidades, responsablemente conscientes de encarnar y transmitir el espíritu que el Concilio quería. A vosotros se os confía esta estupenda misión: ser modelo de arrojo incansable en las nuevas relaciones que la Iglesia trata de encarnar con el mundo y al servicio del mismo».
Los Institutos Seculares -si son verdaderamente fieles a su carisma de secularidad consagrada- tienen una palabra muy importante que decir hoy en la Iglesia. Su misión es hoy más que nunca providencial. Serán un modo privilegiado de evangelización, de anuncio explícito del Amor del Padre manifestado en Cristo, de una auténtica y profunda promoción humana y de una verdadera liberación evangélica operada según el espíritu de las Bienaventuranzas. Serán un modo concreto de superar el trágico dualismo entre la fe y la vida, la Iglesia y el mundo, Dios y el hombre.
3. Sus exigencias
Hay que ser fieles al Señor que hoy nos llama de nuevo y nos lo pide todo. No dudo que éste es un momento de gracia para los Institutos Seculares de América Latina. Por consiguiente, es un momento de recreación y de esperanza. Hace falta "recrear" en el Espiritu nuestros Institutos Seculares, escuchando la Palabra de Dios y leyendo constantemente los signos de los tiempos.
Sólo quiero marcar tres exigencias que me parecen fundamentales: sentido de Iglesia, existencia teologal, dimensión contemplativa.
- Sentido de Iglesia. Vivir la alegría de ser Iglesia hoy, en este momento privilegiado de la historia, en este continente de posibilidades y esperanza, con un modo original y específico de responder al llamado divino. Ser plenamente Iglesia de modo nuevo (como "consagrados seculares"), en profunda comunión con los Pastores y participando fraternalmente en la misión evangelizadora de todo el Pueblo de Dios. Radicalmente centrados en Dios y evangélicamente insertados en el mundo. Ser Iglesia en una línea de auténtica comunión y participación.
- Existencia teologal. Es preciso vivir en el mundo una clara e inconmovible existencia teologal. Vivir normalmente lo sobrenatural: respirar en la fe, caminar construyendo en la esperanza, cambiar el mundo viviendo en la locura del amor. Lo rezan ustedes en la hermosísima Oración del Congreso: «Confirmados en la Fe, animados en la Esperanza y fortalecidos por el Amor».
La visión de fe les ayudará a descubrir a cada instante el plan del Padre, el paso de Cristo por la historia, la invitación fuerte del Espíritu del Amor. La esperanza impedirá que los paralice el desaliento o la tristeza, los apoyará en el Cristo de la Pascua, los comprometerá activamente en la construcción del mundo. La caridad los llevará a vivir con alegría las exigencias radicales de la consagración, a centrar su vida en Jesucristo y abrazar su cruz, a insertarse serenamente en el mundo -sin superficialidad y sin miedo- y a servir generosamente a los hermanos.
- Dimensión contemplativa. Para leer en Dios las cosas que pasan en el mundo, para descubrir las inquietudes de los hombres y las exigencias de Dios, hay que ser contemplativo. Es decir, hombres y mujeres de oración que se detienen, en el ritmo de sus tareas, para escuchar a Dios, que se arriesgan de vez en cuando a ir al desierto para encontrarse a solas con Él, que saben, sobre todo, instalar adentro una zona profunda e inalterable de silencio activo. Personas que experimentan a Dios en el trabajo y el descanso, en la cruz y la alegría, en la oración y la actividad temporal. No es fácil "la oración secular", pero es imprescindible. Es el único modo de vivir para un miembro de un Instituto Secular: respirar ininterrumpidamente en Dios mientras se sigue el ritmo de la profesión y el dolor esperanzado de la humanidad. Es difícil, pero hay que tener el coraje de cortar a veces con todo (para volver en seguida al mundo) y buscar un momento y un espacio de oración. Sobre todo, hay que pedirlo al Señor con sencillez de pobres.
Este Mensaje resulta demasiado largo. Se explica, en parte, por el amor eclesial que siento por los Institutos Seculares: su existencia providencial, su eficacia actual como signo de una Iglesia en esperanza, su responsabilidad especial en esta hora de evangelización de nuestro continente latinoamericano. En parte, también, porque pretende suplir mi presencia física y lo que yo hubiese querido decirles personalmente si hubiese podido participar en vuestro Congreso. Dios lo dispuso de otro modo, ¡bendito sea!.
Pero allí van -más que mis palabras escritas- dos queridos amigos y dos testigos de los Institutos Seculares: Don Mario Albertini y Mons. Juan José Dorronsoro. Ellos son "mi carta" personal, como diría san Pablo. Hablen con ellos, consúltenlos con confianza, escúchenlos. Les dirían, quizás, lo mismo que les digo yo pero mejor, más brevemente y con mayor autoridad. La mía es la autoridad del servicio en Cristo y del cariño.
No podría terminar sin dirigir una mirada «a María, modelo de secularidad consagrada, que evangelizó con su presencia y su palabra», como hermosamente dice la Oración del II Congreso.
Totalmente consagrada al Señor -por su pobreza, virginidad y obediencia al Padre- María vivió en el mundo: plenamente insertada en la historia de su pueblo, compartiendo su espera y su esperanza, viviendo su pobreza y anhelando su liberación. Ella creyó en la Palabra que le fue dicha de parte del Señor y fue feliz. Fue una mujer contemplativa: vivió siempre "a la escucha" de la Palabra del Señor. Fue la Virgen que engendró a Cristo y lo entregó en el silencio de la contemplación y la cruz. Fue la figura y el principio de la Iglesia: hecha presencia de Cristo, signo de comunión y salvación.
A Ella, "la Estrella de la Evangelización", encomendamos ahora los trabajos de este II Congreso Latinoamericano de Institutos Seculares. En Ella confiamos y de Ella esperamos. Todo dejamos en el corazón silencioso y fiel de «María, de la que nació Jesús, llamado Cristo» (Mt. 1, 16).
Con todo cariño y esperanza los bendigo en Cristo y María Santísima.
Card. Eduardo F. Pironio,
Prefecto de la Sagrada Congregación para Religiosos e Institutos Seculares,
12 de julio de 1979
Alocución al II Congreso Mundial de Institutos Seculares
Cardenal Eduardo F. Pironio
agosto de 1980
Queridos amigos:
Sea esta una sencilla palabra de esperanza dicha por quien pretende conocerlos y los ama; dicha también, por quien, en nombre del Papa Juan Pablo II, tiene el privilegio y la responsabilidad de servirles. Permítanme que los salude con las palabras de san Pablo a los filipenses: «Llegue a vosotros la gracia y la paz que proceden de Dios, nuestro Padre, y del Señor Jesucristo. Yo doy gracias a Dios cada vez que os recuerdo, siempre y en todas mis oraciones pido con alegría por todos, pensando en la colaboración que prestasteis a la difusión del Evangelio, desde el comienzo hasta ahora» (Flp. 1,2-5).
Vuestro Congreso se abre -bajo la inspiración del Espíritu Santo y la protección de María, modelo de consagración secular- en un momento privilegiado para la misión de la Iglesia: un mundo que tiene hambre de la Palabra de Dios, que siente necesidad de la presencia transformadora de la Iglesia, que pide razón de su esperanza, que interroga a la Iglesia sobre la verdad y el amor, la justicia y la paz, la libertad y la comunión. El mundo desafía a la Iglesia en aquello que le es propio y esencial: la transmisión explícita de la Buena Noticia de Jesús para la conversión de los corazones y la construcción de una nueva sociedad.
Es aquí precisamente donde se inserta, en el misterio de una Iglesia comunión, el providencial ministerio laical de los Institutos Seculares: en la relación esencial de una Iglesia hecha para salvar al hombre (a todo el hombre y a todos los hombres) y transformar el mundo desde dentro para la gloria del Padre. «No impulsa a la Iglesia ambición terrena alguna. Sólo desea una cosa: continuar, bajo la guía del Espíritu, la obra misma de Cristo, quien vino al mundo para dar testimonio de la verdad, para salvar y no para juzgar, para servir y no para ser servido» (GS 3).
Permitidme, al comenzar este congreso que yo juzgo de trascendental importancia para el futuro de los Institutos Seculares (su vitalidad interior, la eficacia de su misión y el imprescindible despertar de nuevas vocaciones), que yo les recuerde tres cosas: la fidelidad a su propia identidad como laicos consagrados, el sentido eclesial de su vida y de su misión evangelizadora, la urgencia de una profunda vida en Cristo, el Enviado del Padre y Salvador de los hombres.
I. Fidelidad a su propia identidad Sean plenamente ustedes mismos. No teman perder su irrenunciable identidad como laicos si viven radicalmente en el mundo la libertad interior y la plenitud del amor que dan los consejos evangélicos.
La consagración no los quita del mundo: sólo los inserta más profundamente, de un modo nuevo, en el Cristo de la Pascua, llevando a mayor madurez y plenitud la consagración esencial del Bautismo. Vivir a fondo el Bautismo para un laico consagrado, es comprometerse de un modo nuevo a ser en el mundo una legible "carta de Cristo", escrita no con tinta sino con el Espíritu de Dios viviente, no en tablas de piedra, sino de carne; es decir, en los corazones (2 Cor. 3,3).
Sean fieles a su "secularidad consagrada", es decir: vivan la irrompible unidad de esta vocación única y original en la Iglesia. No se sientan laicos disminuidos, laicos de segunda categoría, laicos clericalizados, extraña mezcla de laico y religioso: siéntanse plenamente laicos comprometidos directamente en la construcción del mundo desde un seguimiento radical de Cristo. Para el mismo trabajo de evangelización -tan estrechamente unida a la promoción humana integral y a la liberación plena en Jesucristo- es imprescindible que ustedes vivan, con toda generosidad y normalidad cotidiana, los dos términos de una indivisible vocación: la "consagración secular". Para ello han sido amados y elegidos, consagrados y enviados.
II. Sentido eclesial de su vida y misión evangelizadora Es toda la Iglesia la que ha acogido en estos últimos años el don de los Institutos Seculares. Desde Pío XII hasta Juan Pablo II. Recordemos particularmente los mensajes de Pablo VI, tan llenos de luz, de calor humano, de sentido eclesial.
La "consagración secular" es un modo privilegiado de ser Iglesia. Particularmente Iglesia "Sacramento universal de Salvación". Pertenecen, por consiguiente, a la santidad de la Iglesia. No a su estructura jerárquica, pero sí a su vida.
Es necesario que los miembros de los Institutos Seculares vivan con intensidad el misterio de la Iglesia; tanto a nivel universal como a nivel particular. Descubrir, amar y asumir todos los problemas y las esperanzas, las urgencias misioneras de las diversas Iglesias locales. La vitalidad evangelizadora de un Instituto Secular depende de su profundo y concreto sentido de Iglesia.
De aquí la necesidad de caminar -en la directa transmisión de la Buena Nueva a los pobres- con los Pastores, en efectiva comunión con sus orientaciones y con las exigencias y expectativas de todo el Pueblo de Dios.
Los Institutos Seculares constituyen un modo providencial de ser Iglesia; lo cual supone dos cosas: que se reconozca y respete su identidad específica, y que su misión se realice desde el interior de una Iglesia -esencialmente comunión y participación- enviada por Jesucristo al mundo a anunciar la Buena Noticia a los pobres.
III. Profunda vida en Cristo, enviado del Padre «Yo estoy crucificado con Cristo y ya no vivo yo, sino que Cristo vive en mí» (Gal. 2, 19-20).
La vida y el crecimiento de un Instituto Secular dependen esencialmente de los cosas: de su realismo histórico (compromiso real con la vida de la ciudad: familia y trabajo, cultura, sociedad y política) y de su profunda inserción en Cristo. Lo cual -para un miembro de un Instituto Secular- supone lo siguiente: el seguimiento radical de Cristo por los consejos evangélicos (sin quitarlo por eso, del contexto histórico del mundo) y una progresiva configuración con Cristo por la oración, la cruz, la realización cotidiana de la voluntad del Padre.
La oración se realiza siempre en un contexto "secular", no religioso ni monacal. Lo cual no significa que no sea auténtica. Es siempre una concreta y perfecta comunión con la voluntad del Padre. Es hecha desde el interior del mundo, en las normales condiciones de vida. Pero notará momentos -difíciles y austeros- de separación y desierto. No se puede vivir en permanente clima de contemplación, sino a partir de tiempos fuertes y exclusivos de oración.
Vivir en Cristo para la transformación del mundo. Vivir de Cristo para la clara y fuerte profecía del hombre: nació Jesús, nuestra "feliz esperanza".
Queridos amigos: van a comenzar sus trabajos. Miren al mundo en que están sumergidos -como luz, como sal, como fermento- y que los interpela; miren al mundo con realismo y esperanza. Escuchen y reciban a Cristo que los elige, los consagra y los envía. Escuchen a Cristo con pobreza y disponibilidad. Amen a la Iglesia y expresen en el mundo su presencia.
«Sean sinceros en el amor, alegres en la esperanza, fuertes en la tribulación, perseverantes en la oración» (Rom. 12, 9-12). «Que el Dios de la Paz los consagre plenamente» (1 Tes. 5, 23) y que los acompañe siempre María, la Virgen de la esperanza y del camino, de la fidelidad y del servicio, de la radical entrega al Padre por Cristo en el corazón de la historia.
Card. Eduardo F. Pironio,
Prefecto de la Sagrada Congregación para Religiosos e Institutos Seculares,
Agosto de 1980
Al II Congreso Mundial de Institutos SecularesS. S. Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980
Queridos hermanos y hermanas en el Señor:
«A vosotros la gracia y la paz de parte de Dios nuestro Padre, y
del Señor Jesucristo». Estas palabras tan frecuentes en el apóstol
san Pablo (cfr. Rom. 1,7; 1 Cor. 1,3; 2 Cor. 1,2, etc.) me vienen
espontáneamente a los labios para daros la bienvenida y expresaros mi
agradecimiento por la visita que me hacéis con ocasión de vuestro congreso,
que ha reunido a representantes de Institutos Seculares del mundo entero.
Este encuentro me proporciona un gozo profundo. Pues vuestro estado
de vida consagrada constituye un don particular que el Espíritu Santo
ha hecho a nuestro tiempo para ayudarle, como dijeron mis hermanos
latinoamericanos reunidos en Puebla, «a resolver la tensión entre
apertura real a los valores del mundo moderno (auténtica secularidad cristiana)
y plena y profunda entrega de corazón a Dios (espíritu de la consagración)»
(cfr. Documento final de la Asamblea de Puebla, n. 775). En efecto, os encontráis en el centro, por así decir, del conflicto que desasosiega y desgarra el alma moderna, y por ello podéis dar «un precioso aporte pastoral para el futuro y ayudar a abrir caminos nuevos de general validez para el Pueblo de Dios» (ib.).
Tengo gran interés, por tanto, en vuestro congreso, y pido al Señor
os dé su luz y su gracia para que los trabajos de vuestra asamblea os lleven
a analizar con lucidez las posibilidades y riesgos que comporta vuestra manera
de vivir, y a tomar después decisiones que garanticen futuros desarrollos
de vuestra opción de vida, de la que espera mucho la Iglesia de hoy.
Al elegir el tema del congreso: "La evangelización y los Institutos seculares
a la luz de la exhortación apostólica Evangelii Nuntiandi", habéis seguido una
sugerencia contenida en una alocución de mi venerado predecesor, el Papa Pablo VI,
a quien profesáis gratitud por la atención que os dedicó siempre y por la eficacia
con que llegó a conseguir que se acogiera en la Iglesia la consagración el la vida
secular. Dirigiéndose el 25 de agosto de 1976 a los responsables generales de vuestros
Institutos, hizo notar: «Si permanecen fieles a su propia vocación, los Institutos
Seculares serán como "el laboratorio experimental" en el que la Iglesia verifique las
modalidades concretas de sus relaciones con el mundo. Precisamente por esto deben escuchar,
como dirigida sobre todo a ellos , la llamada de la Exhortación Apostólica Evangelii nuntiandi:
"Su tarea primera... es la de poner en práctica todas las posibilidades cristianas y
evangélicas escondidas, pero a su vez ya presentes y activas, en las cosas del mundo.
El campo propio de su actividad evangelizadora es el mundo vasto y complejo de
la política, de lo social, de la economía, y también de la cultura, las ciencias
y las artes, la vida internacional, los medios de comunicación de masas."»
(n. 70; cfr. L´Osservatore Romano, 5 de setiembre de 1976, p. 1).
En estas palabras, el acento puesto en la realidad eclesial de los Institutos
Seculares en su ser y en su actuación, no habrá pasado desapercibido a nadie,
ciertamente. También está desarrollado en otros discursos. Hay aquí un elemento
que deseo subrayar. Pues, ¿cómo no darse cuenta de la importancia de vuestra
experiencia de vida, caracterizada y unificada por la consagración, el apostolado
y la vida secular, se desenvuelven en auténtica comunión con los Pastores de la
Iglesia y participando en la misión evangelizadora de todo el Pueblo de Dios a
través, claro está, de un sano pluralismo?
Por otra parte, esto no daña a lo que caracteriza esencialmente el modo de
consagración a Cristo propio de vosotros. Mi predecesor lo puntualiza en la
alocución citada, y en aquella ocasión recordaba una distinción de gran
importancia metodológica: «Esto no significa, evidentemente, que los Institutos Seculares, en cuanto tales, deban encargarse de estas tareas. El deber, por tanto, de los Institutos mismos es formar la conciencia de sus miembros con celo para la profesión elegida, con el fin de afrontar después con competencia y espíritu de desprendimiento evangélico, el peso y las alegrías de las responsabilidades sociales hacia las que les oriente la Providencia» (cfr. ib. p. 4).
De acuerdo con estas indicaciones del Papa Pablo VI, vuestros Institutos
han profundizado de distintos modos en el tema de la evangelización estos
últimos años, a nivel nacional y continental. Vuestro congreso actual quiere
concretar los resultados y evaluarlos, a fin de orientar cada vez mejor los
esfuerzos de cada uno en concordancia con la vida de la Iglesia, que procura
por todos los medios «tratar de llevar al hombre moderno el mensaje cristiano,
el único en el que puede hallar la respuesta a sus interrogantes y la fuerza
para su empeño de solidaridad humana» (Evangelii nuntiandi, 3).
Me complazco en constatar el buen trabajo realizado, y exhorto a todos
los miembros, sacerdotes y laicos, a perseverar en el esfuerzo por comprender
cada vez mejor las realidades y valores temporales en relación con la evangelización
en sí; el sacerdote, para estar cada vez más atento a la situación de los laicos
y poder aportar al presbiterio diocesano no sólo una experiencia de vida según
los consejos evangélicos y con ayuda comunitaria, sino también una sensibilidad
justa de la relación de la Iglesia con el mundo; el laico, para asumir el papel
particular que corresponde a quien está consagrado al servicio de la evangelización en la vida seglar.
Que a los laicos toca una obligación específica en este campo, he tenido ocasión
de subrayarlo en distintos momentos, en correspondencia exacta con las indicaciones
dadas por el Concilio. «Como pueblo santo de Dios -dije por ejemplo en Limerick
en mi peregrinación a Irlanda-, estáis llamados a desempeñar vuestro papel en la
evangelización del mundo. Sí, los laicos son llamados a ser también "sal de la
tierra" y "luz del mundo". Su específica vocación y misión consisten en manifestar
el Evangelio en su vida y, por tanto, en introducir el Evangelio como una levadura
en la realidad del mundo en que viven y trabajan. Las grandes fuerzas que configuran
el mundo (política, mass-media, ciencia, tecnología, cultura, educación, industria,
trabajo) constituyen precisamente las áreas en las que los seglares son especialmente
competentes para ejercer su misión. Si estas fuerzas están conducidas por personas
que son verdaderos discípulos de Cristo y, al mismo tiempo, plenamente competentes
en el conocimiento y la ciencia seculares, entonces el mundo será ciertamente
transformado desde dentro mediante el poder redentor de Cristo» (Homilía pronunciada en Limerick el 1 de octubre
de 1979; L´Osservatore Romano, 14 de octubre de 1979, p. 6).
Recordando ahora este discurso y ahondando en él, siento urgencia de atraeros
la atención hacia tres condiciones de importancia fundamental para la eficiencia
de vuestra misión:
a) Ante todo debéis ser verdaderos discípulos de Cristo. Como miembros de un
Instituto Secular, queréis ser tales por el radicalismo de vuestro compromiso
a seguir los consejos evangélicos de tal modo que no sólo no cambie vuestra
condición, ¡sois y os mantenéis laicos!, sino que la refuerce en el sentido
de que vuestro estado secular esté consagrado y sea más exigente, y que el
compromiso en el mundo y por el mundo, implicado en este estado secular, sea
permanente y fiel.
Daos bien cuenta de lo que ello significa. La consagración especial que lleva
a plenitud la consagración del Bautismo y la Confirmación, debe impregnar toda
vuestra vida y actividades diarias, creando en vosotros una disponibilidad total
a la Voluntad del Padre que os ha colocado en el mundo y para el mundo. De esta
manera la consagración vendrá a ser como el elemento de discernimiento del estado secular, y no correréis peligro de aceptar este estado como tal simplemente, con fácil optimismo, sino que lo asumiréis teniendo conciencia de la ambigüedad permanente que lo acompaña, y lógicamente os sentiréis comprometidos a discernir los elementos positivos y los que son negativos, a fin de privilegiar unos por el ejercicio precisamente del discernimiento, y eliminar los otros gradualmente.
b) La segunda condición consiste en que a nivel de deber y experiencia seáis
verdaderamente competentes en vuestro campo específico, para ejercer con vuestra
presencia el apostolado del testimonio y compromiso con los otros que vuestra
consagración y vida en la Iglesia os imponen. En efecto, sólo gracias a esta
competencia podréis poner en práctica la recomendación del Concilio a los
miembros de los Institutos Seculares: «Tiendan los miembros principalmente
a la total dedicación de sí mismos a Dios por la caridad perfecta, y mantengan
los Institutos su carácter propio y peculiar, es decir, secular, a fin de cumplir
eficazmente y dondequiera el apostolado en el mundo y como desde el mundo,
para el que nacieron» (Perfectae Caritatis, 11).
c) La tercera condición sobre la que quiero invitaros a reflexionar, la forma
la resolución que os es propia, o sea, cambiar el mundo desde dentro.
Pues estáis insertados del todo en el mundo y no sólo por vuestra condición sociológica; esta inserción se espera de vosotros como actitud interior sobre todo. Por tanto, debéis consideraros "parte" del mundo, comprometidos a santificarlo con la aceptación plena de sus exigencias, derivadas de la autonomía legítima de las realidades del mundo, de sus valores y leyes.
Esto quiere decir que debéis tomar en serio el orden natural y su
"densidad ontológica", tratando de leer en él el designio querido por Dios,
y ofreciendo vuestra colaboración para que se actualice gradualmente en la
historia. La fe os da luces sobre el destino superior a que está abierta esta
historia gracias a la iniciativa salvadora de Cristo; pero no encontráis en la
revelación divina respuestas ya preparadas para los numerosos interrogantes
que os plantea el compromiso concreto. Es deber vuestro descubrir a la luz de
la fe, las soluciones adecuadas a los problemas prácticos que surgen poco a
poco y que con frecuencia no podréis obtener si no es arriesgándoos a soluciones sólo probables.
Hay un compromiso, por tanto, a promover las realidades de orden natural,
y hay un compromiso a hacer intervenir los valores de la fe, los cuales
deben unirse e integrarse armónicamente en vuestra vida, a la vez que
constituyen su orientación de fondo y su aspiración constante. De este
modo llegaréis a contribuir a cambiar el mundo "desde dentro", siendo
fermento vivificante y obedeciendo a la consigna que se os dio en el Motu
proprio Primo Feliciter: ser «fermento modesto y, a la vez, eficaz que
actuando en todos los sitios siempre y mezclado a toda calase de ciudadanos,
desde los más humildes a los más elevados, trate de llegar a ellas e
impregnarlas a todas y cada una con su ejemplo y con toda clase de medios,
hasta penetrar en toda la masa de modo que ésta sea elevada y transformada en Cristo» (Introducción).
El poner en evidencia la aportación específica de vuestro estilo de vida no
debe inducir a infravalorar las otras formas de consagración a la causa del
Reino, a las que también podéis estar llamadas. Quiero referirme aquí lo que
se dice en el n. 73 de la exhortación Evangelii nuntiandi cuando recuerda que
«los seglares también pueden sentirse llamados o ser llamados a colaborar
con sus Pastores en el servicio de la comunidad eclesial, para el crecimiento
y la vida de ésta, ejerciendo ministerios muy diversos según la gracia y
los carismas que el Señor quiera concederles».
No es nuevo, por cierto, este aspecto sino que corresponde por el contrario
en la Iglesia a antiguas tradiciones; y concierne a un cierto número de miembros
de Institutos Seculares y, principalmente mas no exclusivamente, a los que viven
en comunidades de América Latina y otros países del Tercer Mundo.
Queridos hijos e hijas: Como veis, vuestro campo de acción es muy vasto.
La Iglesia espera mucho de vosotros. Necesita vuestro testimonio para
comunicar al mundo, hambriento de la Palabra de Dios aun en los casos en
que no tiene conciencia de ello, el "anuncio gozoso" de que toda aspiración
auténticamente humana puede encontrar cumplimiento en Cristo. Sabed estar
a la altura de las grandes posibilidades que os ofrece la Providencia divina
en este final del segundo milenio del Cristianismo.
Por mi parte renuevo mi oración al Señor por la intercesión maternal de
la Virgen María, para que os conceda en abundancia sus dones de luz,
sabiduría y resolución en la búsqueda de los caminos mejores para ser
entre los hermanos y hermanas que están en el mundo, testimonio viviente
de Cristo e interpelación discreta y a la vez convincente para que
acojan su novedad en la vida personal y en las estructuras sociales.
Que la caridad del Señor guíe vuestras reflexiones y deliberaciones
durante este congreso. Así podréis caminar con confianza. Os animo dándoos
mi bendición apostólica a vosotros y a cuantos y cuantas representáis hoy.
S. S. JUAN PABLO II, 28 DE AGOSTO DE 1980
Sagrada Congregación para los Religiosos y los Institutos Seculares
La formación en los Institutos Seculares
Presentación
Al presentar estas páginas sobre la formación, es necesario advertir que con ellas se quiere ofrecer solamente una ayuda a los Institutos Seculares. Por tanto, no pretenden ser un directorio normativo.
En diciembre de 1978, la Sagrada Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares envió a todos los Institutos Seculares el resultado de "un estudio sobre la formación" realizado sobre unos cuantos textos constitucionales, junto con un cuestionario. Las respuestas recibidas fueron a su vez estudiadas. La mayoría aceptó como válido el estudio sometido. Por eso, la ayuda que ahora se ofrece conserva sustancialmente la estructura de aquél y ha sido corregido, ampliado y precisado asumiendo muchas aportaciones. De las respuestas que se alejan de este planteamiento se ha tomado todo lo que podía ser integrado, si bien no aquello que hubiera requerido una refundición total, ya porque reconocen la validez del estudio precedente, ya porque, de otro modo, se habría tenido que publicar un material demasiado extenso.
Asimismo, no se han integrado determinadas matizaciones hechas por tal o cual Instituto de acuerdo con su carisma o su experiencia y consideradas, tal vez, como esenciales, pero que, en realidad, varían según los Institutos.
Esto supuesto, se intuyen fácilmente los límites de estas páginas. En particular, se puede advertir que el estudio se mantiene todavía en el terreno de los principios. Con todo, esta ayuda los propone de nuevo con la convicción de que se trata de principios obtenidos a partir de experiencias y de exigencias concretas, y que merecen el esfuerzo de expresarlos de modo concreto. Estas páginas abrigan, pues, la esperanza de que los Institutos se sientan estimulados a cuidar debidamente la formación y a recibir y comunicar sus experiencias positivas con el fin de que lleguen a ser lección práctica y patrimonio común.
I. Vida cristiana y vocaciones específicas
La vida cristiana, que es vida teologal, exige de todos los bautizados un compromiso en orden a la caridad perfecta, realizado según la vocación personal, en la comunidad de la Iglesia.
Fundamento y meta de este crecimiento es Jesucristo: "...hasta que Cristo tome forma en vosotros" (Ga 4, 19) para que ese "gran amor (que) nos ha dado el Padre" alcance "en nosotros su perfección" (1 Jn 3,1 y 4,17); agente principal y guía es el Espíritu Santo: "...Él os conducirá a la posesión de toda la verdad" (Jn 16,13); el ambiente es la Iglesia, Cuerpo de Cristo; alimento y punto de apoyo esenciales son los sacramentos y la Palabra de Dios.
Dentro de esta visión, universalmente válida y eminentemente comprometida, hay que hablar de un crecimiento de las distintas vocaciones, caracterizadas por fines específicos.
La vocación a la vida consagrada en la secularidad exige que se tenga en cuenta su contenido teológico, la situación en el Pueblo de Dios y en la sociedad civil de las personas llamadas por este camino, y la organización de los Institutos.
II. Problemas principales
En la experiencia de los Institutos Seculares, la actividad formativa se enfrenta con una serie de problemas que son, en síntesis, los siguientes:
A) PROBLEMAS DE CARÁCTER GENERAL
Éstos derivan:
1°.- del ritmo acelerado de los cambios en la sociedad en todos los niveles, del ritmo de vida que se sigue de él y del clima de superficialidad dominante: con la dificultad de captar los signos de los tiempos y de discernir la prioridad en la escala de valores
2°.- de la crisis de identidad que ha sacudido al mundo católico en estos últimos años: los fenómenos de la secularización y del horizontalismo; la aparición de una pluralidad de culturas y de modelos de vida; una cierta confusión en el campo teológico; el debilitamiento del "sensus Ecclesiae" y el influjo de corrientes contrapuestas en el seno mismo de la Iglesia; la ausencia de una formación cristiana y doctrinal suficientemente sólida en los jóvenes, derivada de la crisis de las formas educativas tradicionales.
B) PROBLEMAS MÁS ESPECIFICOS DE LOS INSTITUTOS SECULARES
Estos se refieren:
1°.- a la naturaleza misma de la vocación de dichos Institutos, que exige un esfuerzo constante de síntesis entre fe, consagración y vida secular: síntesis que permita realizar una misión típicamente secular, asumiendo en su totalidad las exigencias evangélicas de la consagración a Dios;
2°.- a la situación de las personas que están normalmente comprometidas en tareas y afanes seculares: con problemas de tiempo, de equilibrio entre las múltiples actividades, de cambios de lugar... Dificultades que se acrecientan enormemente, habida cuenta de que atañen a los mismos "formadores", quienes están comprometidos también, frecuentemente, en el ejercicio de una profesión;
3°.- al ambiente eclesial en que viven los Institutos Seculares: por lo general, esta vocación no es comprendida por la comunidad ni aun por los mismos sacerdotes (tanto es así, que, con frecuencia, se adolece incluso de una dirección espiritual satisfactoria); y en el plano operativo, tan importante también para la formación, el carisma específico de estos Institutos no es valorado a menudo en la complementariedad y corresponsabilidad con los demás dones de la Iglesia.
Este conjunto de problemas podría detallarse más todavía, pues, a decir verdad, en algunos Institutos presentan caracteres mucho más acentuados por motivos propios. Por ejemplo, en los Institutos con difusión internacional, los problemas se presentan con las dificultades que comporta el deber de respetar y asumir los valores propios de las culturas en las que ha de encarnarse el carisma del Instituto.
Sin embargo, la síntesis hecha es suficiente para recordar, si hubiera necesidad de ello, la gran atención que merece la labor formativa en los Institutos Seculares.
III. Principios básicos
A) OBJETIVO ÚLTIMO
Para ayudar verdaderamente a la persona a responder a la propia vocación y misión en el mundo, según el designio de Dios, la formación en un Instituto Secular debe propiciar el desarrollo integral y unitario de la persona misma, según su capacidad y sus condiciones.
Esta formación no es fácil, debido a la tendencia a separar las realidades naturales de las sobrenaturales, cuando, por el contrario, deben ser consideradas como intrínsecamente conexas. Requiere, por tanto, un conocimiento bastante profundo de la persona en formación -por parte del sujeto mismo y por parte del formador- no sólo en lo que se refiere a sus dones espirituales y a su trayectoria de fe, sino también en lo que atañe a los aspectos humanos de inteligencia, apertura, sensibilidad, equilibrio, madurez afectiva y moral, capacidad de autonomía y de compromiso, etc.
Sin embargo, huelga decir que los valores sobrenaturales, que son precisamente los que deben afianzar la unidad deseada, escapan en gran parte a nuestra acción. Consecuentemente, la formación exige, ante todo, una educación fundamental en la fe y en la oración, esto es, en esa relación personalísima con Dios, que sabe traducirse en una fiel adhesión a Él en todos los momentos del día y que, al mismo tiempo, es rica en presencia de los hermanos y de toda la creación. Esta relación viva y constante presupone la formación en la fidelidad a los "tiempos fuertes" de oración y en la atención a vivir la comunión con Dios en el esfuerzo mismo de unión con los hombres. Sólo entonces ayuda la plegaria a la aceptación sacrificada de uno mismo y de las propias condiciones de vida; ayuda, por tanto, a encontrar el equilibrio y a crecer en solidez.
De este modo la formación llega a ser realmente lo que debe ser: una contribución humana a la acción invisible de la gracia, con el fin de llevar a la persona a la necesaria colaboración con el Agente principal que es el Espíritu Santo.
También la Virgen María es, a este respecto, ejemplar, y se presenta como "modelo inspirador" (Pablo V): ella que asintió constantemente a la palabra y a la voluntad divina y "se consagró totalmente a sí misma a la persona y a la obra de su Hijo" (LG 56), ella que "fue caminando en la peregrinación de la fe y mantuvo fielmente la unión con su Hijo hasta la cruz" (LG 58).
B) CARACTERISTICA FUNDAMENTAL
La vocación común de todos los que entran a formar parte de un mismo Instituto exige elementos de contenido y de método en la formación, iguales para todos. Pero Dios llama a cada uno por su nombre: la vocación, aun en la comunión, es personal. Por tanto, también la formación es necesariamente Personal en los siguientes aspectos:
1.- debe ser querida y asumida activamente por la persona en formación, que ha de sentirse responsable de ella buscando continuamente realizarse a sí misma bajo la luz de Dios. Una formación en la que uno se limitara a recibir sería estéril.
2.- debe tener en cuenta la personalidad del individuo, es decir, el conjunto de sus capacidades y de sus límites, así como también el nivel de desarrollo al que, por la formación ya recibida o no recibida anteriormente, haya podido llegar.
3.- finalmente, debe tener en cuenta el "lugar" de formación, esto es, la situación concreta de la persona que hay que formar: es importante, sobre todo, que ésta sea ayudada a realizar la vocación personal, expresión de la vocación específica del Instituto, en su contexto vital y, por tanto, en sus relaciones con los otros.
Así pues, la formación deberá ser personal en una integración comunitaria: el crecimiento de la persona depende también de la capacidad de permanecer, en los distintos sectores de la vida, en una relación profunda con los demás, y del desarrollo del sentido de fraternidad y de real comunión dentro del Instituto, entendido como comunidad reunida por Cristo.
C) AMBITO
La formación debe abarcar todos los sectores de la vida, aun cuando el Instituto no deba prestar la misma atención a cada uno de estos sectores. En efecto, algunos de éstos escapan, técnicamente hablando, a su competencia directa (ámbito profesional, político, sindical, etc.); por otra parte, hay que considerar que los seglares tienen fuera del Instituto distintas posibilidades de formación, incluso sobre aspectos menos técnicos.
Se nos puede plantear la pregunta de si el ámbito de competencia del Instituto se reduce, en lo que a la formación se refiere, a la transmisión del conocimiento de la propia vocación y a todo lo que se desprende del carisma específico. También si su función consiste, sobre todo, en asegurar una sólida formación básica en orden a suplir las deficiencias deploradas con harta frecuencia en los candidatos.
Ahora bien, aun destacando sobremanera estos dos aspectos, hay que ayudar a cada uno de los candidatos, directa o indirectamente, a que adquieran toda la formación personal que necesitan para responder a la lla¬mada en el Instituto y para realizar su propia misión. Uno de los cometidos del formador será discernir en qué campos es necesaria una formación, qué lagunas hay que colmar y dónde es vital y urgente ponerse al día. Mientras tanto, hay que partir de la realidad concreta de cada uno: su formación personal básica, sus deberes profesionales y sociales, las posibilidades que le ofrece su ambiente vital; en un segundo momento, hay que ayudarle, ofreciendo especialmente lo que es específico del Instituto, indicando los medios de formación fuera de él e incluso supliendo a nivel de Instituto, siempre en la medida de lo posible, lo que no puede encontrar fuera de él, y preocupándose por la coordinación de los distintos elementos con el fin de propiciar entre los miembros la unidad deseada.
D) ASPECTOS PARTICULARES
Los aspectos y ámbitos de formación pueden ser examinados con una distinción que no significa separación, pues se hallan entrecruzados y a veces superpuestos. Tratar de cada uno por separado significa solamente poner de manifiesto sus contenidos esenciales.
1. Formación espiritual
Este aspecto comprende las exigencias fundamentales de la vida de gracia o de la vida de fe para las personas consagradas a Dios en el mundo. Exigencias que cada uno debe hacer suyas para renovarse desde dentro, para vivir concretamente según los consejos del Evangelio y para darse totalmente a Dios y a los hombres, en la fidelidad a la vocación de consagración secular dentro del propio Instituto.
Debido a la falta de formación espiritual, tan frecuente en los jóvenes que piden entrar en el Instituto, su formación habrá de ser muy concreta: hay que enseñarles a vivir los consejos evangélicos por medio de gestos y de actitudes de donación a Dios en el servicio de los hombres, ayudarles a que capten la presencia de Dios en la historia de nuestro tiempo y en la historia de cada uno, y educarles para que vivan en la aceptación de la cruz.
De este modo se logra que la formación espiritual general se concrete y se especifique en la formación espiritual según el carisma del Instituto y de su propia espiritualidad. Los elementos que aquí concurren son los siguientes, si bien la acentuación de uno o de otro puede variar:
- formación en la oración y en una vida rica en presencia de Dios;
- profundización de la vida bautismal en la consagración específica, ejercicio de las virtudes teologales y de una fe adulta con el fin de que todo el ser pertenezca al Señor;
- audición individual o comunitaria de la palabra de Dios en obediente meditación;
- profundización del "sensus Ecclesiae" con la toma de conciencia de que, para la consagración, se entrega toda la vida personal a la Iglesia y participa de su misión;
- formación que capacite a la persona para encarnar los valores espirituales en cualquier situación humana.
2. Formación doctrinal: bíblica y teológica
La formación espiritual necesita un apoyo doctrinal, que se concreta en el estudio de la Biblia y de la enseñanza de la Iglesia.
La Sagrada Escritura, obviamente, no es un libro sólo para personas cultas, sin embargo, no es posible leerla como Palabra de Dios, si no se la toma tan en serio que se llega a estudiarla para comprenderla, cada uno según su capacidad. La obra del Espíritu en nosotros, lejos de ser impedida, es valorada por un esfuerzo diligente de estudio, realizado en orden a abrir al máximo posible la inteligencia y el corazón a la recepción de aquélla. Esta formación doctrinal bíblica debiera abarcar toda la Sagrada Escritura, pero debe extenderse, por lo menos, al Nuevo Testamento y, de modo especial, al Evangelio.
Lo mismo hay que decir de la enseñanza de la Iglesia: se impone conocer y comprender el Concilio, el magisterio del Papa, del episcopado... con el fin de vivir más conscientemente la fe e insertarse más en la comunidad eclesial.
Hoy es más fácil que en el pasado encontrar ocasiones de estudio bíblico y teológico en las diversas diócesis. E1 Instituto debe velar porque se aprovechen al máximo estas ocasiones, aun cuando sigue en pie el deber de completar eventualmente la formación con el estudio de la parte del magisterio de la Iglesia que se refiere directamente a los Institutos Seculares.
3. Formación psicológica, moral y ascética
Este aspecto de la formación no está en función directa de un conocimiento teórico de la psicología y de la moral, que tiende, más bien, a remediar la necesidad que tiene la persona en formación de comprenderse a sí misma, de comprender el ambiente en que vive y de prevenir las repercusiones que le pueden venir de él. La búsqueda de factores de equilibrio, de dominio de sí y de apertura a los demás es necesaria para la formación de una personalidad madura, responsable y rica en cualidades humanas. Y todo esto en función de corresponder mejor al don de la gracia mediante un esfuerzo incesante de conversión personal y una revisión permanente del propio testimonio de vida.
A1 aspecto de conocimiento debe, pues, corresponder un trabajo de autoformación, en el que se inculquen las virtudes de abnegación y de mortificación para seguir a Cristo por medio de la propia cruz.
4. Formación en el apostolado secular
E1 trabajo y la actividad profesional, así como todo tipo de presencia en la sociedad, deben llegar a ser medios de santificación personal y medios para santificar al mundo desde dentro, sabiendo encarnar en él los valores cristianos, especialmente la caridad.
Por eso se subraya la importancia de hacer que los miembros del Instituto vayan al unísono con el mundo y con la Iglesia, de abrirles a horizontes más amplios y de llevarles a que asuman valientemente las propias responsabilidades. Se subraya, asimismo, la importancia de formarles para que reciban "el cambio de mentalidad y de estructuras" que se está operando y para que "penetren en el modo de pensar y de sentir" de los hombres de hoy, con el fin de poder "juzgar e interpretar todas las cosas con un sentido plenamente cristiano" (GS 7 y 62).
Es, pues, misión del Instituto favorecer una formación en la secularidad (de índole secular), entendida no sólo como condición social, sino también como un valor que entra en el estilo de vida, en el seguimiento de los consejos evangélicos y en la realización del compromiso apostólico.
Se trata de una formación para la misión, entendida como participación en la misión evangelizadora y santificadora de la Iglesia en el mundo. Es decir, para un apostolado de presencia y de testimonio en el propio ambiente y en la vida profesional; para un testimonio que se debe ejercer incluso cuando, por razones diversas (enfermedad, edad, etc.), no se tiene más que la propia vida ordinaria para participar en la construcción del Reino y también para un apostolado visible y directo, como se exige a un cristiano consciente y comprometido, que siente por vocación especial la urgencia de anunciar a Cristo y el amor del Padre, y sabe ponerse al servicio de la comunidad eclesial para alcanzar este fin.
Dicho brevemente, se trata de una formación en la secularidad como modo de vivir la vocación específica en el mundo y para el mundo; pero también de una formación para la valentía, para la audacia apostólica, para la voluntad de una preparación mejor, para no ceder nunca al respeto humano.
5. Formación profesional
Como ya se ha recordado, el Instituto en cuanto tal no tiene capacidad de intervención directa en el ámbito profesional. Con todo, debe preocuparse por asegurar la formación en este campo, dado que el valor del testimonio depende también de aquélla.
Por consiguiente, es de suma importancia sensibilizar a los miembros del Instituto en el deber que les incumbe de lograr la mayor competencia posible en el ejercicio de su profesión, de mantener relaciones correctas en el ambiente de trabajo, de prepararse a asumir opciones válidas en los sectores cultural, social, político, sindical. Estas condiciones son indispensables para producir un influjo en un mundo en que predominan la cultura y la técnica y en el que muy a menudo brilla por su ausencia la conciencia pro¬fesional.
La exigencia de la formación profesional debe ser asumida como un auténtico servicio al mundo, en anuencia con la vocación específica de los Institutos Seculares.
E) LINEA UNIFICADORA
Los distintos aspectos de la formación, especialmente el espiritual y el que atañe al apostolado, encuentran su sentido unitario en las Constituciones de cada Instituto, habida cuenta de que éstas proponen el proyecto concreto de la vocación, al tiempo que contienen las líneas radicales de la fisonomía espiritual de quien ha sido llamado a seguir tal vocación.
Las Constituciones renovadas a tenor del Concilio Vaticano II son ricas en inspiración teológica, tanto bíblica como doctrinal, y en exhortaciones y estímulos ascéticos. Si un miembro de un Instituto Secular se forma sobre esta base, su formación se podrá considerar completa en lo esencial, además de estar garantizada - en lo que se refiere a su validez- por la aprobación de la Iglesia.
Es fundamental que se logre una relación adulta y libre -entendiendo por libertad la de los hijos de Dios- entre la persona y las Constituciones. Para ello resulta indispensable conocer y comprender el contenido de las mismas; asimismo, hay que adoptar una actitud idónea para leer en ellas la verdad que interpela al compromiso generoso.
Evidentemente, esta relación no es exclusiva de la primera etapa de la formación, momento en que es preciso conocer bien lo que exige y ofrece el Instituto. Leídas a la luz del Evangelio y de los documentos de la Iglesia, las Constituciones ofrecen un material de estudio, de reflexión y de revisión, siempre válido para proseguir el camino hacia la madurez cristiana.
F) TIEMPOS DE FORMACIÓN
La formación deberá tener un carácter sistemático durante el primer período de vida en el Instituto, pero no puede limitarse a él. Más aún, ésta adquiere su configuración definitiva conforme se van precisando las opciones. Dura, por tanto, toda la vida
El conjunto de los elementos que acabamos de describir vale tanto para la primera formación como para la permanente, aun cuando las acentuaciones hayan de ser diversas. También deberá continuar la formación en la espiritualidad y en el carisma propio del Instituto, tan importante en el primer período, pues, en el modo concreto de vivirlos, el carisma y la espiritualidad están sujetos a una evolución que depende del tiempo, de los lugares, de las directrices de la Iglesia y de las necesidades del mundo. Es, por así decir, una evolución inteligente y, en consecuencia, necesitada de formación continua.
Las funciones de la formación permanente son múltiples: intenta colmar las inevitables lagunas de las primeras fases; constituye una ayuda indispensable para una "actualización" continua, en el discernirniento de los verdaderos valores y en una lectura acertada de los signos de los tiempos; permite superar los momentos de cansancio, debidos a una vida intensa, al aislamiento, a la edad o a otra circunstancia; mantiene el esfuerzo constante de renovación espiritual, dirigido a impedir que se debilite la fidelidad total y creciente incluso cuando lle- garan a faltar el ímpetu y el entusiasmo de los comienzos. Hace que estemos atentos a las nuevas exigencias que puede tener la presencia apostólica.
Entre el período de la primera formación y el siguiente se puede presentar el peligro de una fractura, susceptible de provocar una crisis. De hecho, en el período inicial, la persona es guiada normalmente con asiduidad por un responsable que dedica tiempo a las relaciones interpersonales y a los encuentros de formación. En cambio, después, o falta totalmente esto o queda reducido a la mínima expresión, no siendo sustituido por ninguna comunidad física. Es conveniente, por tanto, preparar el ánimo a esta soledad por medio de una experiencia de autonomía y de responsabilidad personal.
G) LOS FORMADORES
Así pues, tiene una importancia decisiva cuidar la elección del formador, quien debe reunir las cualidades necesarias. Debe prestarse atención a sus dotes espirituales, a su solidez como miembro del Instituto, a su equilibrio, a su discernimiento, a su capacidad de escucha, de respeto y de comprensión de las personas.
Se presenta también la necesidad de la formación de los formadores, una formación particular que, por una parte, es la misma que la impartida a todos los miembros del Instituto y que, por la otra, se distingue de aquélla. Por ejemplo, el formador no debe conocer sólo el Evangelio, sino que debe conocer también la clave pedagógica que le permita ser su transmisor. Debe conocer y vivir las Constitución es del Instituto con el fin de poder comunicar toda su riqueza. Asimismo, debe conocer y saber crear los distintos modos posibles de vivirlas y de hacerlas vivir. Más todavía, aparte de los elementos psicológicos indispensables para saber reaccionar ante las realidades de la vida, el responsable de la formación ha de adquirir la capacidad de juzgar las situaciones y de dar las contraindicaciones que la consagración secular y la vocación en el Instituto exigen a una persona concreta en una situación concreta.
IV. Medios de formación
A) PLAN DE FORMACIÓN
Se hace necesario un programa de formación que sea bastante clásico como para poder adaptarse a las exigencias reales de las personas y a las circunstancias de tiempo y espacio. Debe ser un programa basado en la Palabra de Dios, en el magisterio de la Iglesia y en las Constituciones del Instituto; sus propuestas deben estar avaladas por la aportación de muchas personas; finalmente, debe ser fruto de la reflexión y de la experiencia.
Graduado según los tiempos de formación, este plan debe ser claro en sus finalidades y muy abierto en lo que se refiere a los modos de aplicación, con el fin de que esté en función de las personas. En los Institutos ampliamente extendidos es deseable que haya diferentes programas de formación que tengan en cuenta las distintas culturas, con tal de que las grandes líneas de la formación sean capaces de asegurar la unidad de espíritu y de vocación específica en todo el Instituto. Una vez más resulta evidente en programa de formación la importancia que tienen el conocimiento y la profundización de las Constituciones.
B) MEDIOS DE FORMACIÓN ESPIRITUAL
Dada la importancia primaria de la formación espiritual, los medios ordenados a ella deben ser estudiados y presentados de un modo explícito.
Un elenco de estos medios comprendería, entre otros, los ejercicios espirituales, los retiros periódicos, la liturgia y los sacramentos, la audición personal y comunitaria de la Palabra de Dios, la meditación diaria, el intercambio de experiencias de fe, la reflexión individual y de grupo sobre las Constituciones.
En cuanto a los distintos medios de formación espiritual, tanto los empleados directamente por el Instituto como los que ofrece el ambiente en que se vive, debe subrayarse de nuevo que cada uno ha de sentirse personal y activamente responsable del modo de hacerlos suyos.
C) CONTACTOS CON EL INSTITUTO
Los contactos con el Instituto orientados a la formación integral y comunitaria pueden ser numerosos. Su gama se extiende desde el intercambio interpersonal al intercambio entre persona y grupo, pasando por la comunicación "a distancia".
1. Entre los contactos interpersonales, ocupan un lugar eminente las relaciones regulares que debe mantener el formando con el formador. Por medio de estas relaciones, se ayuda a las personas a asumir los diferentes elementos de la vocación de un modo responsable y según el propio don, y a hacer de ellos una síntesis armoniosa en su vida.
Podrán ser coloquios periódicos, relaciones escritas, correspondencia regular. Ahora bien, es muy conveniente que el formador no se limite a estas relaciones, sino que busque encontrar a la persona en formación en los momentos ordinarios de su vida; que conozca el ambiente de procedencia para captar mejor determinados aspectos de su personalidad y su modo de relacionarse con la realidad y con los demás. Son ocasiones que ayudan a individuar mejor las líneas pedagógicas idóneas para ayudar a la persona a que descubra, desarrolle y afiance el sentido del compromiso y de la responsabilidad personal.
Además de los contactos con el responsable de formación, tiene una importancia notable el contacto fraterno con todos los demás miembros del Instituto.
2. Pero no basta el contacto individual; hay que completarlo con momentos de vida comunitaria, esto es, con encuentros fraternos, indispensables para la formación específica en el Instituto, para la revisión y el mutuo apoyo.
Estos tiempos de vida fraterna pueden variar notablemente de un Instituto a otro, pero su eficacia en la formación resulta indiscutible. En tales encuentros no debe haber solamente una dimensión de amistad hu¬mana, sino que deben ser, sobre todo, momentos de confrontación con la Palabra de Dios, a fin de encarnarla en las situaciones concretas, diversas para cada uno, pero de las que todos participan en la comunión. En realidad, el valor del diálogo, tanto a nivel bilateral como a nivel de grupo, estriba en la búsqueda común de la voluntad de Dios, por medio de la comunicación recíproca.
En el marco de estos encuentros hay que situar igualmente la transmisión de la historia del Instituto (carisma, fundación, primeros pasos, evolución...), cuyo conocimiento es fundamental para comprender la propia vocación y la inserción en la misión de la Iglesia.
3. La posibilidad de encuentros fraternos choca a menudo con grandes dificultades. De ahí la necesidad de tomar en consideración los medios escritos. si bien la formación oral es más eficaz.
Entre estos instrumentos de formación, hay que recordar todos los escritos elaborados por el Instituto: cartas, circulares, boletines, cuestionarios, revistas, etc., que son utilizados según las tradiciones de cada Instituto y a los que todos los miembros, cada uno según su capacidad, debería prestar su aportación. Estos medios deben ser recibidos, sobre todo, en orden a mantener y fomentar el vínculo fraterno.
D) COMPLEMENTARIEDAD DE LOS MEDIOS DE FORMACIÓN
¿Se puede establecer una jerarquía de eficacia en los medios de formación utilizables no los Institutos?
En la práctica, los Institutos deben emplear uno u otro medio de forma complementaria, según las personas que hay que formar y según las posibilidades reales. En este sentido, se puede afirmar que todos los medios son necesarios y se complementan entre sí conforme a la exigencia esencial y permanente que consiste siempre en asegurar el desarrollo de la persona.
Algunas sugerencias que pueden tenerse en cuenta para superar dificultades particulares:
- un remedio para el aislamiento es la formación de grupos: la ayuda mutua es la garantía que será siempre un estímulo para avanzar incluso en la autoformación;
- puede resultar muy útil la búsqueda de ocasiones de formación entre Institutos, sobre todo en lo referente a los elementos y exigencias comunes;
- se puede también pensar en una ayuda fraterna por parte de Institutos mejor dotados, bien por su número, bien por la cualificación de sus miembros, a otros Institutos.
Conclusión
Las reflexiones expuestas y las sugerencias dadas en las páginas precedentes quieren ser -como ya se ha dicho- una ayuda para los Institutos Seculares.
Puede darse el caso de que estas reflexiones infundan en algunos responsables de Institutos y de formación un cierto temor: el cometido es demasiado grande.
Ciertamente, la tarea es enorme, pero debe alentar a todos la certeza de que, aun reconociendo la condición de "pobres siervos" (Lc 17,10), si se hace todo lo posible, el Señor interviene y llega incluso allí a donde los formadores no saben o no pueden llegar: "...pedimos continuamente a nuestro Dios que os ponga a la altura de vuestra vocación y con su poder de plena realidad a todo buen propósito..." (2 Ts 1,11).
Pascua de Resurrección de 1980
Sagrada Congregación para los Religiosos y los Institutos Seculares
Institutos Seculares y Consejos Evangélicos
(Reflexión sobre los datos del Magisterio eclesial)
La actividad que con mayor empeño realiza la Sección "Institutos seculares" consiste en el examen de Constituciones o Estatutos, con la colaboración de Consultores y Comisarios, bajo la responsabilidad última del Cardenal Prefecto y del Prelado Secretario.
No es un trabajo meramente técnico en el que, aplicando un esquema preparado de antemano, se aprueben o corrijan las distintas normas.
La Sección no es un grupo anónimo: los miembros que la integran, así como los Consultores y los Comisarios, han sido llamados personalmente a desempeñar un servicio eclesial que quieren realizar en al amor a Cristo, a la Iglesia y a las personas. Esto les exige un esfuerzo de comprensión y un empeño de fidelidad continuamente renovados.
De la documentación que recibe, y en la medida de lo posible a través de un diálogo directo, la Sección trata de captar, al menos en la esencia si no en los matices, la espiritualidad, la historia y los elementos que caracterizan a cada Instituto. Al mismo tiempo, en su función de órgano ejecutivo, se rige por la doctrina eclesial sobre los Institutos seculares, interpretándola, completándola y aplicándola sin traicionarla (cfr. Provida Mater, Art. II § 2, 2°).
Con este espíritu, al acentuarse algunas dificultades tocantes a la asunción de los consejos evangélicos, la Sección ha llevado a cabo una reflexión en orden a una mayor claridad en el plano operativo, es decir, en el examen aquí mencionado. Tras un contacto inicial con sus Consultores, ha puesto por escrito esta reflexión, con el convencimiento de que será útil, no por la novedad de su contenido, sino porque puede servir de comprobación en la redacción o renovación de las Constituciones, y ofrecer al mismo tiempo la base de un lenguaje común para continuar el diálogo entre los Institutos y la Secció.
1. La novedad y la peculiaridad que los Institutos seculares constituyen en la Iglesia fue y sigue siendo el reconocimiento eclesial de verdadera consagración en la secularidad.
El magisterio eclesial, con su autoridad, reconoce como Institutos de verdadera vida consagrada no sólo a los Institutos religiosos, sino también a aquellas asociaciones que, llamadas a un apostolado "in saeculo et ex saeculo", proponen a sus socios como vía hacia la plenitud de la caridad (o -con expresiones equivalentes- hacia la perfección de la vida cristiana, hacia una plena y auténtica vida evangélica) el compromiso explícito, con vínculo sagrado, de observar los consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia en el mundo, en la vida secular. Estas asociaciones reciben el nombre de "Institutos seculares".
Véanse la Constitución apostólica Provida Mater, 1947, la carta "Motu proprio" Primo feliciter, 1948, y la ratificación contenida en el n. 11 del decreto conciliar Perfectae caritatis, 1965. Estos textos han de ser leídos hoy a la luz de la doctrina contenida en los discursos que Pablo VI y Juan Pablo II han dirigido a los Institutos seculares.
El reconocimiento de verdadera consagración en la secularidad ha sido recogido, sustancialmente con los mismos términos, en el esquema del futuro código de derecho canónico.
2. Tres elementos concurren en la realidad de esta peculiar consagración: la acción de Dios que llama a un compromiso y a una misión específicos, la respuesta de la persona con su total donación y el reconocimiento de la Iglesia.
Esta peculiar consagración no se identifica con la bautismal, pero toma de ella su origen y valor, desarrollándola y ahondándola según la vocación específica: "in baptismatis consecratione intime radicatur eamque plenius exprimit" (PC 5; cfr. LG 44 "intimius consecratur").
3. En virtud del reconocimiento por parte del magisterio, la comunidad del instituto pasa a pertenecer a la Iglesia con un título especial.
A las personas en particular, el reconocimiento eclesial garantiza que el camino propuesto por el instituto es evangélico y, seguido con fidelidad y generosidad, conduce a la plenitud de la caridad. El hecho de que, en virtud de este riconocimiento, la donación total y definitiva de las personas a Cristo sea aceptada por el Responsable del instituto en nombre de la Iglesia, garantiza también el nuevo don de gracia que es la peculiar consagración.
Se trata de un reconocimiento positivo. Ella no excluye, evidentemente, que haya otras vías hacia la plenitud de la caridad en la vida secular: "Todos los fieles, de cualquier estado o condición, están llamados a la plenitud de la vida cristiana y a la perfección de la caridad" (LG 40). El sacramento del matrimonio, por ejemplo, tiene esta finalidad. Pero el magisterio reconoce como Institutos seculares aquellos que proponen, siempre en la secularidad, el camino de compromiso explícito de observar los tres consejos evangélicos.
4. El camino propuesto por los Institutos seculares es proprio y característico.
Es un camino laical (para los Institutos laicales), caracterizado por una consagración especial. En efecto, la índole secular "propia y peculiar de los laicos" (LG 31) es también "el carácter proprio y específico de los Institutos, en el cual consiste toda su razón de ser" (PF II).
La consagración que caracteriza este camino laical exige el compromiso explícito de practicar los consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia, con contenidos y estilo propios. Todos los cristianos son los destinatarios de los múltiples consejos evangélicos; el camino propuesto por los Institutos seculares postula que dichos consejos sean asumidos mediante el compromiso explícito de observar estos tres con arreglo a disposiciones especiales.
Efectivamente, todo camino hacia la plenitud de la caridd exige que se abrace el Evangelio en su integridad, expresada en las Bienaventuranzas. Los tres típicos consejos evangélicos son, en la doctrina de la Iglesia, la consecuencia última y la síntesis programática de todos los consejos evangélicos y de las Bienaventuranzas, y manifiestan la radicalidad con que se ha de vivir el Evangelio para "seguir a Cristo con mayor libertad e imitarle más de cerca (=pressius)" (PC 1). Por el valor de tal radicalidad es por lo que el magisterio exige a los Institutos seculares el compromiso explícito de los consejos evangélicos, "don divino que la Iglesia recibió de su Señor y conserva siempre con su gracia" (LG 43).
También para los Institutos seculares sacerdotales se debe hablar de una peculiar consagración que caracteriza a su vez la vida sacerdotal de sus miembros y supone idéntico compromiso explícito de observar los consejos evangélicos.
5. El voto de castidad perfecta en el celibato por el Reino es expresión eminente de la donación total a Dios: "don precioso de la gracia divina, concedido por el Padre a algunos" (LG 42).
A veces la Iglesia se limita a exigir este voto para dar su reconocimiento a la consagración: así sucede para la consecratio virginum. Pero en ls formas institucionales de la vida consagrada, y concretamente en los Institutos seculares, exige que la donación se manifieste también en el compromiso explícito de pobreza y obediencia con formas determinadas.
6. El magisterio eclesial, al que corresponde "regir sabiamente con sus leyes la práctica de los consejos evangélicos, con los que se fomenta de un modo singular la perfección de la caridad a Dios y al prójimo" (LG 45), remite a las Constituciones de cada Instituto para las oportunas puntualizaciones.
El magisterio eclesial pide:
a) que junto al llamamiento y la exhortación a vivir íntegramente el espíritu de los consejos evangélicos, se den normas concretas y precisas de actuación de acuerdo con el estilo de la secularidad y con las características del Instituto; estas norms en cierto modo son medio y garantía para vivir las virtudes evangélicas correspondientes;
b) que estas prescripciones sean aceptadas con un vínculo sagrado, es decir que manifieste el compromiso asumido ante Dios y ante la Iglesia (cfr. PM, Art. III § 2);
c) que las Constituciones con estos contenidos sean sometidas al examen y aprobación de la Autoridad eclesiástica.
Al hacer esta reflexión, la Sección ha tenido en cuenta la que el magisterio eclesial dice a los Institutos seculares sobre el tema examinado. No ha pretendido definir en su totalidad la naturaleza de los Institutos seculares, ni hacer una reflexión sobre la vida de consagración en general, ni contemplar la posibilidad en el futuro de otras formas de consagración en el mundo fuera de los Institutos seculares.
La Sección es consciente de que en el tema tratado queda abierto un punto importante: ejemplificar las determinaciones concretas acerca de los consejos evangélicos en modalidades que respondan a las exigencias de la secularidad. También sobre esto tiene intención de hacer una reflexión, pero corresponde a los Institutos seculares ofrecer con su experiencia una aportación decisiva a dicha reflexión: la Sección agradece de antemano a los Institutos la colaboración que nos envíen.
La Sección Institutos Seculares
Roma, 15 de mayo de 1981
Asamblea Plenaria de la Sagrada Congregación para los Religiosos
y los Institutos Seculares - 1983
Mensaje a los Institutos Seculares
Queridísimos hermanos y hermanas:
Con las palabras del Apóstol Pablo, deseamos "gracia a vosotros y paz de parte de Dios, nuestro Padre y del Señor Jesucristo" (Ga 1,3).
En calidad de miembros de la Sagrada Congregación que tiene competencia sobre los Institutos de vida consagrada, reunidos en Roma en Asamblea plenaria los días 3-6 de mayo, os escribimos a vosotros, consa¬grados de los Institutos Seculares.
La plenaria, como ciertamente sabéis, es la asamblea más importante del Dicasterio para colaborar de modo inmediato en el ministerio espiritual y pastoral del Santo Padre, en servicio privilegiado a la vida consagrada en la Iglesia universal.
El tema central de esta reunión ha sido Los Institutos Seculares: su identidad y su misión, tema escogido por nosotros mismos y aprobado por el Santo Padre. Nuestro propósito ha sido conocer más a fondo la con¬soladora realidad que vosotros constituís en la Iglesia, propiciando de este modo un mayor conocimiento de la misma en todo el Pueblo de Dios.
El terminar nuestra reunión deseamos dirigirnos a vosotros con sencillez y responsabilidad, para "consolar vuestros corazones" (Ef 6,22) y dar gracias a Dios "al tener noticia de vuestra fe en Cristo Jesús, y de la caridad con todos los santos, a causa de la esperanza que os está reservada en los cielos" (Col 1,45).
Reflexionando entre nosotros y escuchando también el testimonio de algunos representantes de vuestros Institutos, invitados al efecto, nos hemos afianzado en la convicción de que los Institutos Seculares son un grato don del Espíritu Santo a la Iglesia y al mundo de nuestro tiempo.
Dentro del Pueblo de Dios, los Institutos sintonizan fuertemente con aquella preocupación pastoral que en el concilio Vaticano II ha encontrado expresión sobre todo en la Constitución Gaudium et Spes, donde se afirma que la Iglesia "camina junto con toda la humanidad y corre en unión con el mundo la misma suerte terrena y es como fermento y alma de la sociedad humana, destinada a renovarse en Cristo y transformarse en familia de Dios" (GS 40).
Vuestro carisma está en "profunda y providencial coincidencia" -como se expresaba Pablo VI (2-febrero-1972)- con esta exigencia de presencia de la Iglesia en el mundo, de suerte que constituís un modo específico de ser Iglesia: estáis llamados a asumir y promover cristianamente en el mundo los compromisos y los dinamismos de la historia del hombre.
Convencidos de todo esto, creemos un deber añadir también una exhortación. Sed celosamente fieles a vuestra vocación, creced en la santidad a la que todos los fieles son llamados (cfr. LG cap. V) y de la cual debéis ser testigos privilegiados.
La enseñanza que habéis recibido desde los primeros documentos emanados para vosotros por Pío XII, y después en particular por Pablo VI y Juan Pablo II, sea el punto de referencia permanente para responder a lo que el Señor os pide: en esa enseñanza encontráis una riqueza grande de espiritualidad. La nueva legislación canónica también os ayudará e iluminará, no sólo porque acoge vuestra realidad, sino también porque la fundamenta en la doctrina del concilio Vaticano II y en la enseñanza de los Sumos Pontífices. Poned empeño en aplicarla con fidelidad en lo que se refiere a vuestras características irrenunciables, a los compromisos de consagración en vuestra vida secular, a vuestro propio apostolado y también a los aspectos estructurales.
Proseguid vuestro camino con gran alegría y gran confianza: la Iglesia espera mucho de vosotros. Y mucho espera el mundo que debe ser salvado en Cristo. En efecto, Jesucristo es el que os ha llamado y el que os envía al hombre de hoy, para que todos sepan abrir sus puertas a Él, el Redentor (cfr. Bula de proclamación del Año Santo de la Redención).
Encontraréis la forma de daros a conocer, sin menoscabo de la discreción y la reserva, según las características de cada Instituto. La posibilidad de difusión y crecimiento de vuestros Institutos, para que otros muchos sientan la vocación de la consagración especial en la secularidad y respondan a ella, depende también mucho de vosotros. Procurad tener una relación asidua y filial con los Obispos de vuestras iglesias particulares, tanto para colaborar en la vida pastoral según vuestra índole específica, como para recibir ayuda. En efecto, una de las conclusiones de la reunión plenaria ha sido recomendar a las Conferencias Episcopales que promuevan en los fieles, y especialmente en los sacerdotes, un conocimiento más profun¬do y un solícito apoyo al crecimiento de los Institutos Seculares.
Queremos añadir una última palabra: cuidad mucho vuestra formación. En colaboración y respuesta a la gracia de Dios, que puede "llevar a término con su poder todo vuestro deseo de hacer el bien" (2 Ts 1,11), el esfuerzo por formarse "en las cosas divinas y humanas" (PC 11) ha de ser en verdad vuestra primera preocupación: las exigencias de vuestra vocación imponen tal prioridad.
La Virgen María, que "se consagró totalmente a la persona y a la obra de su Hijo" (LG 56) sea vuestro "modelo inspirador" (Pablo VI) y Madre siempre cercana.
Con afecto fraterno, en unión con el Santo Padre Juan Pablo II, invocamos sobre todos vosotros la bendición divina.
Dado en Roma, 6 de mayo de 1983
Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares (CRIS)
Identidad y misión de los Institutos Seculares
INTRODUCCIÓN
Desde el año 1947 ocupan un lugar destacado en la Iglesia aquellos Institutos de vida consagrada que, por sus características propias, han sido llamados "seculares". Los ha reconocido y aprobado la Iglesia, en cuya misión de sacramento universal de salvación participan activamente, según su propia vocación.
Pablo VI teniendo presente la doctrina conciliar, dijo que la Iglesia
posee una auténtica dimensión secular, inherente a su naturaleza íntima y a su misión, que tiene su raíz en el misterio del Verbo encarnado (2 de febrero de 1972).
Pues bien, dentro de esta Iglesia, sumergida y extendida entre los pueblos, presente en el mundo y ante el mundo, los Institutos Seculares
aparecen como instrumentos providenciales para encarnar este espíritu y transmitirlo a la Iglesia entera (ibid.).
En la radicalidad del seguimiento de Cristo, viviendo y profesando los consejos evangélicos, "la secularidad consagrada, expresa y realiza de un modo privilegiado, la armoniosa conjunción de la edificación del Reino de Dios y de la construcción de la ciudad temporal, el anuncio explícito de Jesús en la evangelización y las exigencias cristianas de la promoción humana integral" (E. Pironio, 23 de agosto de 1976).
A través de la fisonomía propia de cada Instituto, es esta característica común -unión de consagración y de secularidad- la que define a los Institutos Seculares en la Iglesia.
Con el fin de ofrecer una información suficiente sobre estos Institutos, expondremos en las páginas que siguen algunos datos históricos, una reflexión teológica y los elementos jurídicos esenciales.
PRIMERA PARTE
PRESENTACIÓN HISTÓRICA
Los Institutos Seculares responden a una visión eclesial puesta en evidencia por el concilio Vaticano II. Lo dijo autorizadamente el Papa Pablo VI:
Los Institutos Seculares han de ser encuadrados en la perspectiva en que el concilio Vaticano II ha presentado la Iglesia, como una realidad viva, visible y espiritual al mismo tiempo (cfr. Lumen gentium, 8), que vive y se desarrolla en la historia (ibid.).
No puede menos de verse la coincidencia profunda y providencial entre el carisma de los Institutos Seculares y uno de los objetivos más importantes y más claros propuestos por el Concilio: la presencia de la Iglesia en el mundo. Efectivamente, la Iglesia ha acentuado vigorosamente los diferentes aspectos de sus relaciones con el mundo: ha recalcado que forma parte del mundo, que está destinada a servirlo, que debe ser su alma y su fermento, puesto que está llamada a santificarlo, a consagrarlo y a reflejar en él sus valores supremos de la justicia, del amor y de la paz (2 de febrero de 1972).
Estas palabras no sólo constituyen un autorizado reconocimiento programático de los Institutos Seculares, sino que ofrecen también una clave para la lectura de su historia, que a continuación presentamos de forma sintética.
1. Antes de la "Provida Mater" (1947)
Los Institutos Seculares tienen una prehistoria, puesto que ya en el pasado hubo intentos de constituir asociaciones semejantes a los actuales Institutos Seculares; dio una cierta aprobación a estas asociaciones el decreto "Ecclesia Catholica" (11 de agosto de 1889), que sin embargo sólo admitía para ellas una consagración privada.
Fue sobre todo en el período que media entre el 1920 y el 1940 cuando, en varias partes del mundo, la acción del Espíritu suscitó diversos grupos de personas que sentían el ideal de entregarse incondicionalmente a Dios, permaneciendo en el mundo, con el fin de trabajar, dentro del mundo, por el advenimiento del Reino de Cristo. El Magisterio de la Iglesia se mostró sensible a la difusión de este ideal, que en torno al 1940 halló modo de perfilarse también en encuentros de algunos de dichos grupos.
El Papa Pío XII prestó seria atención al problema y, como conclusión de un amplio estudio, promulgó la constitución apostólica Provida Mater.
2. De la "Provida Mater" al concilio Vaticano II
Los documentos que otorgaron reconocimiento a las asociaciones que en el 1947 fueron denominadas "Institutos Seculares" son:
- Provida Mater: constitución apostólica que contiene una "lex peculiaris", 2 febrero 1947;
- Primo Feliciter: carta Motu proprio, 12 marzo 1948;
- Cum Sanctissimus: instrucción de la Sagrada Congregación de Religiosos, 19 marzo 1948.
Estos documentos, complementarios entre sí, contienen tanto reflexiones doctrinales como normas jurídicas con elementos claros y suficientes para una definición de los nuevos Institutos
Éstos, por lo demás, presentaban no pocas diferencias entre sí, en particular por razón de su diversa finalidad apostólica:
Para algunos, ésta consistía en una presencia en el ambiente social en orden a un testimonio personal, un compromiso personal de orientar hacia Dios las realidades terrenas (institutos de "penetración").
Para otros en cambio, se trataba de un apostolado más explícito que no excluía el aspecto comunitario y con directo compromiso operativo eclesial o asistencial (institutos de "colaboración").
Pero la distinción no era del todo neta, de suerte que un mismo Instituto podía tener ambas finalidades.
3. La enseñanza del concilio Vaticano II
a) En los documentos conciliares pocas veces se hace mención explícita de los Institutos Seculares, y el único texto que se les dedica ex profeso es el n. 11 de Perfecta Caritativas.
En este texto se recogen, en síntesis, las características esenciales, confirmadas así con la autoridad del Concilio. En efecto, allí se dice que:
- Los Institutos Seculares no son Institutos religiosos: esta definición de signo negativo, impone la distinción entre unos y otros: los Institutos Seculares no son una forma moderna de vida religiosa, sino una vocación y una forma de vida originales;
- requieren "veram et completam consiliorum evangelicorum professionem": de modo que no pueden reducirse a asociaciones o movimientos que, en respuesta a la gracia bautismal, aun viviendo el espíritu de los consejos evangélicos, no los profesan de forma eclesialmente reconocida;
- con esta profesión, la Iglesia marca a los miembros de los Institutos Seculares con la consagración que viene de Dios, a quien quieren dedicarse totalmente en la perfecta caridad;
- dicha profesión tiene lugar "in saeculo", en el mundo, en la vida secular: este elemento califica esencialmente el contenido de los consejos evangélicos y determina sus modalidades de actuación;
- por esto, la "índole propia y peculiar" de estos institutos es la secular.
- finalmente, y en consecuencia, sólo la fidelidad a esta fisonomía podrá permitirles ejercer aquel apostolado "ad quem exercendum orta sunt"; es decir, el apostolado que los califica por su finalidad y que debe ser "in saeculo ac veluti ex saeculo": en el mundo, en la vida secular, y desde dentro del mundo (cfr. Primo Feliciter II: sirviéndose de las profesiones, actividades, formas, lugares y circunstancias que corresponden a la condición secular).
Merece particular atención, en el número 11 de Perfectae Caritatis, la recomendación de una esmerada formación "in rebus divinis et humanis", porque esta vocación es una realidad muy exigente.
b) En la doctrina del concilio Vaticano II, los Institutos Seculares han encontrado múltiples confirmaciones de su intuición fundamental y numerosas directrices programáticas específicas.
Entre las confirmaciones: la afirmación de la vocación universal a la santidad, de la dignidad y responsabilidad de los laicos en la Iglesia, y sobre todo que "laicis indoles saecularis propria et peculiaris est" (LG 31: el segundo párrafo de este número parece tomar no sólo la doctrina, sino también algunas expresiones del motu proprio Primo Feliciter).
Entre las directrices programáticas específicas: la enseñanza de la Gaudium et spes sobre las relaciones de la Iglesia con el mundo contemporáneo, y el cometido de estar presentes en las realidades terrenas con res¬peto y sinceridad, actuando para encauzarlas hacia Dios.
c) En síntesis: del concilio Vaticano II han recibido los Institutos Seculares indicaciones, ya para profundizar en su realidad teológica (consagración en y desde la secularidad) ya para clarificar su línea de acción (la santificación de sus miembros y la presencia transformadora en el mundo).
Con la constitución apostólica Regimini Ecclesiae Universae (15 agosto 1967), en aplicación del Concilio, la Sagrada Congregación adopta la denominación: "pro Religiosis et Institutis Saecularibus". Es un reconocimiento más de la dignidad de los Institutos Seculares y su distinción de los religiosos. Esto ha supuesto en la Sagrada Congregación la constitución de dos secciones (antes para los Institutos Seculares funcionaba una "oficina"), con dos Subsecretarios, con competencias distintas y autónomas, bajo la guía de un solo Prefecto y un solo Secretario.
4. Después del Concilio Vaticano II
La reflexión sobre los Institutos Seculares se ha enriquecido merced a las aportaciones procedentes de dos fuentes, en cierto sentido complementarias: la primera, de tipo existencial, representada por los encuentros periódicos entre los Institutos mismos; la segunda, de tipo doctrinal, consistente sobre todo en los discursos que los Papas les han dirigido. La Sagrada Congregación, por su parte, ha intervenido con aclaraciones y reflexiones.
A) ENCUENTROS ENTRE LOS INSTITUTOS
Aunque ya con anterioridad se habían promovido reuniones de estudio, el año 1970 se convocó el primer Congreso internacional, con la participación de casi todos los Institutos Seculares erigidos legítimamente.
Este congreso nombró también una comisión para estudiar y proponer el estatuto de una Conferencia Mundial de los Institutos Seculares (CMIS), estatuto que fue aprobado por la Sagrada Congregación, la cual reconoció oficialmente la Conferencia con un decreto al efecto (23 de mayo de 1974).
Desde 1970, los Responsables de los Institutos Seculares han vuelto a reunirse en asamblea el año 1972 y posteriormente, con periodicidad cuatrienal, el 1976 y el 1980. Ya está programada la asamblea de 1984.
Estos encuentros han tenido el mérito de tratar asuntos de directo interés para los Institutos, como: los consejos evangélicos, la oración secular, la evangelización como contribución para "cambiar el mundo desde dentro".
Pero han tenido también, y sobre todo, el mérito de reunir unos con otros a los Institutos, ya para poner en común experiencias, ya en orden a una confrontación abierta y sincera.
La confrontación era muy conveniente porque:
- Al lado de Institutos de finalidad apostólica totalmente secular (actuando "in saeculo et ex saeculo"), había otros con actividades institucionales también intraeclesiales (p. ej., catequesis).
- Mientras algunos Institutos preveían el compromiso apostólico mediante el testimonio personal, otros asumían obras o cometidos cuya realización implicaba un compromiso comunitario.
- Junto a una mayoría de Institutos laicales, que definían la secularidad como característica propia de los laicos, había institutos clericales o mixtos que ponían de relieve la secularidad de la Iglesia en su conjunto.
- Mientras algunos Institutos clericales consideraban necesaria para su "secularidad" la presencia en el presbiterio y, por consiguiente, la incardinación en la diócesis, otros habían obtenido la facultad de la incardinación en el Instituto.
Mediante los sucesivos encuentros, que se han repetido también a escala nacional, en América Latina y en Asia, a escala continental el conocimiento recíproco ha llevado a los Institutos a aceptar las diversidades (el denominado "pluralismo"), pero con la exigencia de aclarar los límites de dicha diversidad.
Así, pues, los encuentros han servido de ayuda a los Institutos para conocerse mejor (como categoría y entre sí), para corregir algunas incertidumbres y para propiciar la búsqueda común.
B) DISCURSOS DE LOS PAPAS
Ya Pío XII había dirigido la palabra a algunos Institutos Seculares y se había ocupado de ellos en discursos sobre la vida de perfección. Pero cuando los Institutos comenzaron a celebrar congresos o asambleas mundiales, en todos los encuentros escucharon la palabra del Papa: Pablo VI en el 1970, 1972 y 1976; Juan Pablo II en el 1980. A estas alocuciones hay que añadir las pronunciadas por Pablo VI con ocasión del XXV y del XXX aniversario de la Provida Mater (2 febrero 1972 y 1977).
Discursos densos de doctrina, que ayudan a definir mejor la identidad de los Institutos Seculares. Entre las muchas enseñanzas, baste recordar aquí algunas afirmaciones:
a) La coincidencia entre el carisma de los Institutos Seculares y la línea conciliar de la presencia de la Iglesia en el mundo: "estos deben ser testigos especiales, típicos de la postura y de la misión de la Iglesia en el mundo" (Pablo VI, 2 de febrero de 1972).
Esto exige una fuerte tensión hacia la santidad y una presencia en el mundo que tome en serio el orden natural para poder trabajar por su perfeccionamiento y su santificación.
b) La vida de consagración a Dios, y concretamente la vida según los consejos evangélicos, debe ser en sí un testimonio del más allá, pero convirtiéndose en propuesta y ejemplo para todos: "Los consejos evangélicos adquieren un significado nuevo, de especial actualidad en el tiempo presente" (Pablo VI, 2 de febrero de 1972), y su fuerza penetra "en medio de los valores humanos y temporales" (idem, 20 de septiembre de 1972).
c) De ahí se sigue que la secularidad que indica la inserción de estos Institutos en el mundo, "no sólo representa la condición sociológica, un hecho externo, sino también una actitud" (Pablo VI, 2 de febrero de 1972), una toma de conciencia: "Vuestra condición existencial y sociológica viene a ser vuestra realidad teológica y vuestro camino para realizar y dar testimonio de la salvación" (idem, 20 de septiembre de 1972).
d) A1 mismo tiempo, la consagración en los Institutos Seculares ha de ser tan auténtica que sea verdad que "es en lo íntimo de vuestros corazones donde el mundo es consagrado a Dios" (Pablo VI, 2 de febrero de 1972); que sea posible "orientar las cosas humanas explícitamente en conformidad con las bienaventuranzas evangélicas" (idem, 20 de septiembre de 1972). Dicha consagración "debe impregnar toda vuestra vida y actividades diarias" (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
No es, por tanto, un camino fácil: "Es un camino difícil, de alpinistas del espíritu" (Pablo VI,26 de septiembre de 1970).
e) Los Institutos Seculares pertenecen a la Iglesia "con un título especial... de consagrados seculares" (Pablo VI, 26 septiembre 1970) y "la Iglesia necesita su testimonio" (idem, 2 de febrero de 1972), y "espera mucho" de ellos Juan Pablo II,28 de agosto de 1980). Los Institutos Seculares han de "cultivar e incrementar, estimar, siempre y sobre todo, la comunión eclesial" (Pablo VI, 20 de septiembre de 1972).
f) La misión a la que los Institutos Seculares han sido llamados es la de "transformar el mundo desde dentro" (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980), siendo su fermento vivificante.
C) INTERVENCIONES DE LA SAGRADA CONGREGACION
Durante este período hay que registrar también algunas intervenciones de la Sagrada Congregación.
Los Eminentísimos Prefectos cardenal Antoniutti y cardenal Pironio, en diversas ocasiones, dirigieron discursos y mensajes a los Institutos Seculares; el Dicasterio, por su parte, les ha ofrecido aportaciones de reflexión, y en particular las cuatro siguientes:
a) Reflexiones sobre los Institutos Seculares (1976). Se trata de un estudio elaborado por una Comisión especial, nombrada por Pablo VI en 1970. Puede definirse como un "documento de trabajo", pues ofrece múltiples elementos aclaratorios, sin intención de decir la última palabra.
El documento consta de dos partes. La primera, más sintética, contiene algunas afirmaciones teológicas de principio, útiles para entender el valor de la secularidad consagrada La segunda parte, más extensa, describe los Institutos Seculares desde su propia experiencia y toca también algunos aspectos jurídicos.
b) Las personas casadas y los Institutos Seculares (1976). Se informa a los Institutos Seculares acerca de una reflexión hecha dentro de la Sagrada Congregación. Se confirma que el consejo evangélico de la castidad en el celibato es un elemento esencial de la vida consagrada en un Instituto Secular; se señala la posibilidad que tienen las personas casadas de ser miembros en sentido amplio, y se desea que surjan asociaciones al efecto.
c) La formación en los Institutos Seculares (1980). Este documento se preparó con el fin de ofrecer una ayuda en orden al importante cometido de la formación de los miembros de los Institutos Seculares. Contiene orientaciones de principio, sugiriendo también líneas concretas de aplicación, sacadas de la experiencia.
d) Los Institutos Seculares y los consejos evangélicos (1981). En esta carta circular se recuerda el magisterio de la Iglesia sobre la esencialidad de los tres consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia, y sobre la necesidad de determinar el vínculo sagrado con el que son asumidos, su contenido y las modalidades de actuación para que se ajusten a la condición de secularidad.
5. El nuevo Código de Derecho Canónico (1983)
Comienza una nueva etapa con la promulgación del nuevo Código de Derecho Canónico, que también sobre los Institutos Seculares contiene una legislación sistemática y actualizada.Trata de ellos en el libro II, en la parte dedicada a los Institutos de vida consagrada.
Más adelante, exponemos los elementos principales de la normativa jurídica contenida en el Código, después de una breve presentación de los fundamentos teológicos que se han ido trazando o precisando a lo largo de la breve historia de los Institutos Seculares.
SEGUNDA PARTE
FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS
La teología de los Institutos Seculares se encuentra ya enunciada en los documentos pontificios Provida Mater y Primo Feliciter, y posteriormente fue ampliada y ahondada por la doctrina conciliar y las enseñanzas de los Sumos Pontífices.
También por parte de especialistas se han producido diversas aportaciones doctrinales; sin embargo hemos de decir que la investigación teológica no está agotada.
Por consiguiente hacemos una sencilla alusión a los aspectos fundamentales de esta teología, transcribiendo sustancialmente el estudio preparado por una comisión especial y publicado, con el consentimiento de Pablo VI, en 1976.
1. El mundo como "siglo"
Dios creó el mundo por amor, un mundo cuyo centro y cumbre es el hombre, y pronunció su juicio sobre las realidades creadas: "valde bona" (Gn 1,31). Al hombre, hecho en el Verbo a imagen y semejanza de Dios y llamado a vivir, en Cristo, en la vida íntima de Dios, se le encomendó la tarea de llevar, por medio de la sabiduría y de la acción, todas las realidades a la consecución de su fin último. Así pues, la suerte del mundo está vinculada a la del hombre y por lo tanto la palabra "mundo" designa a "la familia humana con la totalidad de las cosas dentro de las que vive" (GS 2), y en las que trabaja.
Por consiguiente el mundo está implicado en la caída inicial del hombre y "sometido a la caducidad" (Rm 8,20), pero también lo está en la Redención llevada a cabo por Cristo, Salvador del hombre que mediante la gracia, es hecho por El hijo de Dios y capaz nuevamente -en cuanto partícipe de su Pasión y Resurrección- de vivir y actuar en el mundo según el designio de Dios, para alabanza de su gloria (cfr. Ef 1,6; 1,12-14).
A la luz de la Revelación el mundo aparece como "saeculum". El "siglo" es el mundo presente que resulta de la caída inicial del hombre, "este mundo" (1 Co 7,31), sometido al dominio del pecado y de la muerte, que tiene que llegar a su fin, y está en contraposición con la "nueva era" (aion), con la vida eterna inaugurada por la Muerte y Resurrección de Cristo. Este mundo mantiene la bondad, verdad y orden esencial, que vienen de su condición de criatura (cfr. GS 36); sin embargo, está parcialmente deteriorado por el pecado, no puede salvarse solo, pero está llamado a la salvación que nos trajo Cristo (cfr. GS 2,13, 37,39), que se realiza en la participación en el Misterio Pascual de los hombres regenerados en la fe y en el bautismo e incorporados a la Iglesia.
Esa salvación se va actuando en la historia humana y la penetra con su luz y fuerza; extiende su dinamismo a todos los valores de la creación para discernirlos y sustraerlos a la ambigüedad que les es propia después del pecado (cfr. GS 4), con el fin de recapitularlos en la nueva libertad de los hijos de Dios (cfr. Rm 8,21).
2. Nueva relación del bautizado con el mundo
La Iglesia, sociedad de los hombres renacidos en Cristo para la vida eterna, es el sacramento de la renovación del mundo que la potencia del Señor llevará a cabo definitivamente en la consumación del "siglo" con la destrucción de toda potencia del demonio, del pecado y de la muerte y la sujeción de todas las cosas a Él y al Padre (cfr. 1 Co 15,20-28). Por Cristo, en la Iglesia, los hombres marcados y animados por el Espíritu Santo, son constituidos en un "sacerdocio real" (1 P 2,9) en el que se ofrecen ellos mismos, y su actividad y su mundo a la gloria del Padre (cfr. LG 34).
El bautismo origina en todo cristiano una relación nueva con el mundo. Junto con todos los hombres de buena voluntad, también él está comprometido en la tarea de edificar el mundo y contribuir al bien de la humanidad, actuando según la legítima autonomía de las realidades terrenas (cfr. GS 34 y 36). En efecto, la relación nueva con el mundo, nada quita al orden natural, y si lleva consigo una ruptura con el mundo, en cuanto realidad opuesta a la vida de la gracia y a la espera del Reino eterno, al mismo tiempo, lleva consigo la voluntad de actuar en la caridad de Cristo para la salvación del mundo, es decir, para que los hombres puedan llegar a la vida de la fe y para reordenar, en cuanto sea posible, las realidades temporales según el designio de Dios, a fin de que faciliten al hombre el crecimiento en la gracia para la vida eterna (cfr. M 7).
Viviendo esta nueva relación con el mundo, los bautizados cooperan en Cristo a su propia redención. Por consiguiente la "secularidad" de un bautizado, como existencia en este mundo y participación en sus distintas actividades, puede entenderse sólo dentro de esta relación esencial, cualquiera que sea su forma concreta.
3. Distintas formas de vivir concretamente la relación con el mundo
Todos viven esta relación esencial con el mundo y deben tender a la santidad que es participación de la vida divina en la caridad (cfr. LG 40). Pero Dios distribuye sus dones a cada cual "según la medida de la donación de Cristo" (Ef 4,7).
En efecto, Dios es soberanamente libre en la distribución de sus dones. El Espíritu de Dios, en su libre iniciativa, los distribuye "a cada cual como quiere" (1 Co 12,11), mirando al bien de cada persona, pero, al mismo tiempo, al de toda la Iglesia y de la humanidad entera.
Precisamente por esa riqueza de dones, la unidad fundamental del Cuerpo Místico, que es la Iglesia (cfr. Col 1,24) se manifiesta en la diversidad complementaria de sus miembros, que viven y actúan bajo la acción del Espíritu de Cristo, para la edificación de su Cuerpo.
La vocación universal a la santidad en la Iglesia, es cultivada en las distintas formas de vida y en las distintas funciones (cfr. LG 41), según las múltiples vocaciones específicas. El Señor acompaña estas distintas vocaciones con los dones que dan la capacidad de vivirlas, y ellas, encontrando la libre respuesta de las personas, suscitan distintos modos de realización, siendo también distinto el modo como los cristianos realizan su relación bautismal con el mundo.
4. El seguimiento de Cristo en la práctica de los "Consejos evangélicos"
El seguimiento de Cristo supone en todo cristiano una preferencia absoluta por Él, hasta el martirio si fuera necesario (cfr. LG 42). Pero Cristo invita a algunos fieles suyos a seguirlo incondicionalmente para dedicarse por completo a Él y al advenimiento del Reino de los cielos. Es el llamamiento a un acto irrevocable, que comporta la donación total de uno mismo a la persona de Cristo para compartir su vida, su misión, su suerte, y, como condición, la renuncia de sí, a la vida conyugal, y a los bienes materiales.
Los llamados viven esa renuncia como condición para corresponder sin obstáculos al Amor absoluto que les sale al encuentro en Cristo, permitiéndoles entrar más íntimamente en el movimiento de ese Amor hacia la creación: "Dios amó tanto al mundo que entregó su Hijo unigénito" (Jn 3,16), para que por medio de El se salve el mundo. Una decisión de este tipo, a causa de su totalidad y definitividad que responden a las exigencias del amor, reviste el carácter de voto de fidelidad absoluta a Cristo. Supone, evidentemente, la premisa bautismal de vivir como fiel cristiano, pero se distingue de ella y la perfecciona.
Por su contenido, esta decisión radicaliza la relación del bautizado con el mundo, pues la renuncia al modo común de "usar de este mundo" da testimonio de su valor relativo y provisional y preanuncia la llegada del Reino escatológico (cfr. 1 Co 8,31).
En la Iglesia, el contenido de esa donación se ha explicitado en la práctica de los consejos evangélicos (castidad consagrada, pobreza y obediencia), vivida de formas concretas muy variadas, espontáneas o institucionalizadas. La diversidad de tales formas se debe a la distinta manera de cooperar con Cristo para la salvación del mundo, que puede ir desde la separación efectiva, propia de algunas formas de vida religiosa, hasta la presencia típica de los miembros de los Institutos Seculares.
La presencia de estos últimos en el mundo significa una vocación especial a una presencia salvífica, que se ejerce dando testimonio de Cristo y trabajando por reordenar las realidades temporales según el designio de Dios. En orden a esta actividad, la profesión de los consejos evangélicos reviste un significado especial de liberación de los obstáculos (orgullo, codicia) que impiden ver y poner en práctica el orden que Dios quiere.
5. Eclesialidad de la profesión de los consejos evangélicos - Consagración
Todo llamamiento a seguir a Cristo es una invitación a la comunión de vida en Él y en la Iglesia.
Por lo tanto, la práctica y profesión de los consejos evangélicos en la Iglesia se han realizado no sólo de manera individual, sino también dentro de comunidades suscitadas por el Espíritu Santo mediante el carisma de los fundadores.
Estas comunidades están íntimamente vinculadas con la vida de la Iglesia animada por el Espíritu Santo y, por consiguiente. están encomendadas al discernimiento y al juicio de la Jerarquía que comprueba su carisma, las admite, las aprueba y las envía, reconociendo su misión de cooperar a la edificación del Reino de Dios.
E1 don total y definitivo hecho a Cristo por los miembros de estos Institutos es pues recibido en nombre de la Iglesia que representa a Cristo, y en el modo que ella aprueba, por las autoridades que constituyen los mismos Institutos, para crear un vínculo sagrado (cfr. LG 44) . En efecto, aceptando el don de una persona, la Iglesia la marca en nombre de Dios con una consagración especial como pertenencia exclusiva de Cristo y de su obra de salvación.
En el bautismo tiene lugar la consagración sacramental y fundamental del hombre, pero ésta puede vivirse después de manera más o menos "profunda e íntima". La decisión firme de responder al llamamiento especial de Cristo, entregándole totalmente la propia existencia libre y renunciando a todo lo que en el mundo puede impedir la donación exclusiva, ofrece materia para la nueva consagración antes mencionada que "radicada en la consagración bautismal, la expresa más plenamente" (PC 5). Ella es obra de Dios que llama a la persona, se la reserva mediante el ministerio de la Iglesia y la asiste con gracias particulares que la ayudan a ser fiel.
La consagración de los miembros de los Institutos Seculares no tiene carácter de separación visible exteriormente, pero posee sin embargo el carácter esencial de compromiso total por Cristo en una determinada comunidad eclesial, con la que se contrae una vinculación mutua y estable y en cuyo carisma se participa. Deriva de ello una consecuencia peculiar sobre el modo de concebir la obediencia en los Institutos Seculares: ésta supone no sólo la búsqueda, personal o en grupo, de la voluntad de Dios al asumir los compromisos propios de una vida secular, sino también la libre aceptación de la mediación de la Iglesia y de la comunidad a través de sus Responsables dentro del ámbito de las normas constitutivas de cada Instituto.
6. La "secularidad" de los Institutos Seculares
La sequela Christi en la práctica de los consejos evangélicos hizo que se constituyera en la Iglesia un estado de vida caracterizado por un cierto "abandono del siglo": la vida religiosa. Este estado se fue distinguiendo del de los fieles que permanecían en las condiciones y actividades del mundo y que por eso se llaman seglares.
Habiendo reconocido después nuevos Institutos en los cuales los consejos evangélicos se profesan plenamente por fieles que permanecen en el mundo dedicándose a sus actividades para actuar desde dentro ("in saeculo ac veluti ex saeculo") para su salvación, la Iglesia los denominó Institutos Seculares.
El calificativo secular atribuido a estos Institutos tiene una connotación que podríamos llamar "negativa": no son religiosos (cfr. PC 11), ni se les debe aplicar la legislación o los procedimientos propios de los religiosos.
Pero el significado que realmente interesa y que los define en su vocación específica, es el "positivo": la secularidad expresa tanto una condición sociológica -el permanecer en el mundo-, como una actitud de compromiso apostólico con atención a los valores de las realidades terrenas que, partiendo de ellos, han de ser imbuidas de espíritu evangélico
Este compromiso se vive de forma distinta por los laicos y por los sacerdotes
En efecto, los primeros hacen de la búsqueda del reino de Dios, tratando los asuntos temporales y reordenándolos según Dios, la nota peculiar caracterizadora de su misma evangelización y testimonio de la fe en palabras y obras.
Los sacerdotes, en cambio - salvo en casos excepcionales (cfr. LG 31; PO 8)- no ejercen esa responsabilidad para con el mundo con una acción directa e inmediata en el orden temporal, sino con su acción ministerial y con su función de educadores de la fe (cfr. PO 6): éste es el medio más alto para contribuir a que el mundo se vaya perfeccionando constantemente, según el orden y el significado de la creación (cfr. Pablo VI, 2 de febrero de 1972) y para dar a los seglares "las ayudas morales y espirituales a fin de instaurar el orden temporal en Cristo" (AA 7). Significado de la creación (cfr. Pablo VI, 2 de febrero de 1972) y para dar a los seglares "las ayudas morales y espirituales a fin de instaurar el orden temporal en Cristo" (AA 7) .
Con motivo de la consagración, los Institutos Seculares son reconocidos entre los Institutos de vida consagrada, pero la característica de la secularidad los diferencia de cualquier otra forma de Institutos.
La fusión de la consagración y del compromiso secular en una misma vocación confiere a ambos elementos una nota original. La profesión plena de los consejos evangélicos hace que la unión más íntima con Cristo haga especialmente fecundo el apostolado en el mundo. El compromiso secular da a la profesión misma de los consejos, una modalidad especial y la estimula hacia una autenticidad evangélica cada vez mayor.
TERCERA PARTE
NORMATIVA JURÍDICA
La normativa jurídica de los Institutos Seculares estaba contenida en la constitución apostólica Provida Mater, en el Motu Proprio, Primo Feliciter, y en la instrucción Cum Sanctissimus de la Sagrada Congregación de Religiosos. La misma Sagrada Congregación fue autorizada a emanar normas nuevas para los Institutos Seculares "según la necesidad lo exija y la experiencia lo aconseje" (PM 11, § 2-2°).
E1 nuevo Código de Derecho Canónico, al tiempo que las abroga, recoge y actualiza las normas precedentes, presenta un cuadro legislativo sistemático, completo, fruto de la experiencia de estos años y de la doctrina del Concilio Vaticano II.
Seguidamente exponemos los elementos esenciales de esta normativa del código.
1. Institutos de vida consagrada (Liber II, Pars III, Sectio I)
La colocación de los Institutos Seculares en el código ya es de por sí significativa e importante, porque demuestra que éste hace suyas dos afirmaciones del Concilio (PC 11), ya contenidas en documentos anteriores:
a) Los Institutos Seculares son verdadera y plenamente Institutos de vida consagrada: el código habla de éstos en la sección De institutis vitae consacratae.
b) Pero no son religiosos, y el código incluye los dos tipos de Institutos bajo dos títulos diferentes: II. De institutis religiosis, III. De Institutis saecularibus.
De ello resulta que no se debe identificar "vida consagrada" con "vida religiosa", aunque lamentablemente esto ha sido hasta hoy bastante frecuente. El título 1. Normae communes, en los cc. 573-578, presenta una descripción de la vida consagrada que, por una parte, no es suficiente para definir la vida religiosa, pues ésta incluye otros elementos (cfr. c. 607); y, por otra, es más amplia, puesto que el valor de la consagración, que marca la entrega total a Dios con su sequela Christi y su dimensión eclesial, alcanza también a los Institutos Seculares.
Del mismo modo, la definición de los tres consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia (cfr. cc. 599-601) corresponde plenamente a los Institutos Seculares, si bien sus aplicaciones concretas deben estar de acuerdo con su naturaleza propia (cfr. c.598).
Los otros puntos tratados en el título 1, se refieren sobre todo, a aspectos de procedimiento. Nótese, entre otras cosas, que el reconocimiento diocesano, incluso de un Instituto Secular, exige la intervención de la Sede Apostólica (c. 579; cfr. cc. 583-584). Y esto, porque el Instituto Secular no constituye un estado transitorio para otras formas canónicas, como podían serlo las Pías Uniones o Asociaciones del código anterior, sino que es un Instituto de vida consagrada en sentido propio, que sólo puede erigirse como tal si posee todas las características necesarias y da suficiente garantía de solidez espiritual, apostólica e incluso numérica.
Volviendo a la afirmación de principio, también los Institutos Seculares llevan consigo una verdadera y auténtica vida de consagración. Por otra parte, el hecho de que se les dedique un título distinto, con normas propias, manifiesta la neta diferenciación de cualquier otro género de institutos.
2. Vocación original: índole secular (cc. 710-711)
La vocación en un Instituto Secular requiere que se aspire a la santificación o perfección de la caridad viviendo las exigencias evangélicas "in saeculo" (c. 710), "in ordinariis mundi condicionibus" (c. 714); y que el compromiso de cooperar en la salvación del mundo se realice "praesertim ab intus" (c. 710), "ad instar fermenti" y, para los laicos, no sólo "in saeculo" sino que también "ex saeculo" (c.713 § § 1-2).
Estas repetidas precisiones sobre el modo específico de vivir el radicalismo evangélico demuestran que la vida consagrada de estos Institutos se caracteriza precisamente por la índole secular, de modo que la coesencialidad y la inseparabilidad de la secularidad y la consagración hacen de esta vocación una forma original y típica de sequela Christi.
La vuestra es una forma de consagración nueva y original, sugerida por el Espíritu Santo (Pablo VI, 20 de septiembre de 1972).Ninguno de los dos aspectos de vuestra fisonomía espiritual puede ser supervalorado a costa del otro. Ambos son coesenciales.. estáis realmente consagrados y realmente en el mundo" (idem, ibid.).
Vuestro estado secular está consagrado (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
En virtud de esta originalidad, el c. 711 hace una afirmación de gran alcance jurídico: observando las exigencias de la vida consagrada, los laicos de los Institutos Seculares son laicos para todos los efectos (por eso se les aplican los cc. 224-231 sobre los derechos y obligaciones de los fieles laicos); y, a su vez, los sacerdotes de los Institutos Seculares se rigen por las normas del derecho común para los clérigos seculares.
También por esto, es decir, para no distinguirse formalmente de los demás fieles, algunos Institutos exigen mantener a sus miembros una cierta reserva sobre su pertenencia al Instituto.
Seguís siendo laicos, comprometidos en los valores seculares propios y peculiares del laicado (Pablo VI, 20 de septiembre de 1972).
No cambia vuestra condición: sois y os mantenéis laicos (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
El sacerdote que se asocia a un Instituto secular, precisamente en cuanto secular, permanece vinculado en íntima unión de obediencia y de colaboración con el Obispo (Pablo VI, 2 de febrero de 1972).
El código confirma, en varios cánones, que esta índole secular se entiende como situación ("in saeculo"), pero también en su aspecto teológico y dinámico, en el sentido indicado por la Evangelii Nuntiandi, es decir, en "el poner en práctica todas las posibilidades cristianas y evangélicas escondidas, pero a su vez ya presentes y activas en las cosas del mundo" (n. 70). Pablo VI dijo explícitamente (25 de agosto de 1976) que los "Institutos Seculares deben escuchar como dirigido sobre todo a ellos" este párrafo de la Evangelii Nuntiandi.
3. Los consejos evangélicos (c. 712)
La Iglesia exige, para reconocer a un Instituto de vida consagrada, el compromiso libre y explícito en la línea de los tres consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia, "donum divinum quod Ecclesia a Domino accepit" (c. 575 § 1); y reivindica su competencia en cuanto a la interpretación y normativa de los mismos (cfr. c.576).
El código (cc. 599-600-601) expone el contenido de los tres consejos evangélicos, pero remite al derecho propio de cada Instituto para las aplicaciones referentes a la pobreza y obediencia; respecto de la castidad reafirma la obligación de la continencia perfecta en el celibato. Por consiguiente, las personas casadas no pueden ser miembros en sentido estricto de un Instituto Secular, el c. 721 § 1-3° lo confirma diciendo que es inválida la admisión de un "coniux durante matrimonio".
Corresponde a las constituciones de cada Instituto determinar las obligaciones derivadas de la profesión de los consejos evangélicos, de modo que den garantía de que el estilo de vida de las personas ("in vitae ratione") sea capaz de dar testimonio según la índole secular.
Los consejos evangélicos -aun siendo comunes a otras formas de vida consagrada- adquieren un significado nuevo, de especial actualidad en el tiempo presente (Pablo VI, 2 de febrero de 1972).
Las constituciones deben determinar también el vínculo sagrado con el que se asumen los consejos evangélicos. El código no concreta los vínculos que se consideran sagrados pero a la luz de la Lex peculiaris, aneja a la constitución apostólica Provida Mater (art 111,2), éstos son: voto, juramento o consagración para la castidad en el celibato; voto o promesa para la obediencia y la pobreza.
4. El apostolado (c. 713)
Por el bautismo todos los fieles están llamados a participar en la misión eclesial de dar testimonio y proclamar que Dios "ha amado al mundo en su Hijo", que el Creador es Padre, que todos los hombres son hermanos (cfr. EN 26), así como de actuar de modos distintos en la edificación del Reino de Cristo y de Dios.
Los Institutos Seculares tienen un objetivo particular dentro de esta misión. El código dedica los tres párrafos del c. 713 a determinar la actividad apostólica que les está encomenda
El primer párrafo, válido para todos los miembros de los Institutos Seculares, destaca la relación entre consagración y misión: la consagración es un don de Dios cuya finalidad es participar en la misión salvífica de la Iglesia (cfr. c. 574 § 2). El que ha sido llamado, también ha sido enviado.
La consagración especial... debe impregnar toda vuestra vida y actividades diarias (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
Se afirma después que la actividad apostólica es un "ser dinámico" encaminado hacia la realización generosa del plan de salvación del Padre; es una presencia evangélica en el propio ambiente, significa vivir las exigencias radicales del Evangelio de modo que la vida misma llegue a ser fermento. Un fermento que los miembros de los Institutos Seculares están llamados a introducir en la trama de las vicisitudes humanas, en su trabajo, vida familiar y profesional, en solidaridad con los hermanos y colaborando con quien actúa en otras formas de evangelización. Aquí el código repite para todos los Institutos Seculares lo que el Concilio dice a los laicos: "suum proprium munus exercendo, spiritu evangelico ducti, fermenti instar" (LG 31).
Esta resolución os es propia: cambiar el mundo desde dentro (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
El segundo párrafo está dedicado a los miembros laicos. En la primera parte señala lo específico de los Institutos Seculares laicales: presencia y acción transformadora desde dentro del mundo para que se cumpla el plan divino de salvación. También aquí repite el código lo que el Concilio define misión propia de todos los laicos: "Laicorum est, ex vocatione propria, res temporales gerendo et secundum Deum ordinando, regnum Dei quaerere" (LG 31; cfr. también AA 18-19).
En efecto, con esta finalidad nacieron los Institutos Seculares, como recuerda igualmente el Concilio refiriéndose, a su vez, a la Provida Mater y al Primo Feliciter "Ipsa instituta propriam ac peculiarem indolem, saecularem scilicet, servent, ut apostolatum in saeculo ac veluti ex saeculo, ad quem exercendum orta sunt, efficaciter et ubique adimplere valeant" (PC 11).
En la segunda parte dice el párrafo que también los miembros de los Institutos Seculares, como todos los laicos, pueden prestar servicios dentro de la comunidad eclesial como, por ejemplo, catequesis, animación de la comunidad, etc. Algunos Institutos han asumido estas actividades apostólicas como objetivo propio, sobre todo en aquellas naciones donde se acusa más la necesidad de servicios de esta clase por parte de los laicos. El código sanciona legislativamente esta opción y hace esta importante precisión: "iuxta propriam vitae rationem saecularem".
El poner en evidencia la aportación específica de vuestro estilo de vida no debe inducir a infra valorar las otras formas de consagración a la causa del Reino, a las que también podéis estar llamados. Quiero referirme aquí a lo que se dice en el n. 73 de la exhortación Evangelii Nuntiandi cuando recuerda que los seglares también pueden sentirse llamados o ser llamados a colaborar con sus Pastores en el servicio de la comunidad eclesial, para el crecimiento y la vida de ésta, ejercien¬do ministerios muy diversos según la gracia y los carismas que el Señor quiera concederles (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
El tercer párrafo se refiere a los miembros clérigos, para los que también vale lo dicho en el § 1.
Declara que estos miembros han de tener una relación especial con el presbiterio: si los Institutos Seculares están llamados a una presencia evangélica en el propio ambiente, entonces, también se puede hablar de misión testimonial ante los demás sacerdotes.
...aportar al presbiterio diocesano no sólo una experiencia de vida según los consejos evangélicos y con ayuda comunitaria, sino también una sensibilidad justa de la relación de la Iglesia con el mundo (Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
Además, el párrafo dice que la relación de la Iglesia con el mundo, del que los Institutos Seculares deben ser testimonios especializados, también debe ser objeto de atención y de actuación por parte de los sacerdotes miembros de estos Institutos, bien sea educando a los laicos a vivir adecuadamente dicha relación o también con su actuación específica en cuanto sacerdotes.
El sacerdote, en cuanto tal, tiene también él, lo mismo que el laico cristiano, una relación esencial con el mundo (Pablo VI, 2 de febrero de 1972)
El sacerdote, para estar cada vez más atento a la situación de los laicos...(Juan Pablo II, 28 de agosto de 1980).
Además de este párrafo, a los Institutos Seculares clericales se les dedica también el c. 715 referente a la incardinación, que es posible bien en la diócesis o bien al Instituto. Para la incardinación en el instituto se remite al c. 266, § 3, donde se dice que es posible "vi concessionis Sedis Apostolicae".
Los únicos casos en que los Institutos Seculares clericales tienen normas distintas de las de los laicos, en el título III son los dos cánones citados (713 y 715), la precisión del c. 711 ya mencionado, y la del c. 727 § 2 referente ala salida del Instituto. En los demás aspectos, el código no introduce distinciones.
5. La vida fraterna (c. 716)
La vocación que halla respuesta en un Instituto, es decir, que no es de personas aisladas, lleva consigo la vida fraterna "qua sodales omnes in peculiarem veluti familiam in Christo coadunantur" (c. 602).
Es esencial la comunión fraterna entre los miembros del mismo Instituto, y se lleva a cabo en la unidad del mismo espíritu, en la participación en un mismo carisma de vida secular consagrada, en la identidad de la misión específica, en la fraternidad de la recíproca relación y en la colaboración activa en la vida del Instituto (c. 716; cfr. c. 717 § 3).
La vida fraterna debe ser cuidada mediante encuentros e intercambios de distintas clases: de oración (y, de manera particular, los ejercicios espirituales anuales y retiros periódicos), confrontación de experiencias, diálogo, formación, información, etc.
Esta comunión profunda y los distintos medios para cultivarla, son de una importancia fundamental precisamente porque pueden ser muy variadas las formas concretas de vida: "vel soli, vel in sua quisque familia, vel in vitae fraternae coetu" (c. 714), bien entendido que la vida fraterna del grupo no debe asemejarse a la vida comunitaria de los religiosos.
6. La formación
La naturaleza de esta vocación de consagración secular, que exige un esfuerzo constante de síntesis de fe, consagración y vida secular, y la situación misma de las personas, que habitualmente están dedicadas a tareas y actividades seculares y con frecuencia viven aisladas, imponen que la formación de los miembros de los Institutos sea sólida y adecuada.
Esta necesidad se recuerda oportunamente en varios cánones, particularmente en el 719, donde se indican las principales obligaciones espirituales de cada uno: la oración constante, la lectura y meditación de la Palabra de Dios, los tiempos de retiro, la participación en la Eucaristía y en el sacramento de la Penitencia.
El c. 722 indica algunas directrices para la formación inicial, que tiende sobre todo a una vida según los consejos evangélicos y al apostolado; el c. 724 trata de la formación permanente "in rebus divinis et humanis, pari gressu". Se deduce que la formación debe acomodarse a las exigencias fundamentales de la vida de la gracia para personas consagradas a Dios en el mundo; debe ser muy concreta, enseñando a vivir los consejos evangélicos con gestos y actitudes de donación a Dios en el servicio a los hermanos, ayudando a descubrir la presencia de Dios en la historia y educando a vivir en la aceptación de la cruz con las virtudes de abnegación y mortificación.
Hemos de decir que todos los Institutos son muy conscientes de la importancia que tiene esta formación. Incluso tratan de ayudarse recíprocamente a nivel de Conferencias nacionales y de la Conferencia mundial.
7. Pluralidad de institutos
Los cc. 577 y 578 se aplican también a los Institutos Seculares. En éstos hay tal variedad de dones que da lugar a un pluralismo positivo en dos modos de vivir la común consagración secular de acuerdo con las intenciones y proyecto de los fundadores cuando fueron aprobados por la autoridad eclesiástica.
Con razón insiste el c. 722 en la necesidad de que los candidatos conozcan bien "la vocación propia del Instituto" y de que se ejerciten en ella según el espíritu e índole propios.
Por otra parte, dicha pluralidad es un hecho adquirido.
Siendo variadísimas las necesidades del mundo y las posibilidades de acción en el mundo y con los instrumentos del mundo, es natural que surjan diversas formas de actuación de este ideal, individuales y asociadas, ocultas y públicas, de acuerdo con las indicaciones del Concilio (cfr. AA 15-22). Todas estas formas son igualmente posibles para los Institutos Seculares y para sus miembros... (Pablo VI, 2 de febrero de 1972).
8. Otras normas del Código
Los demás cánones del título dedicado a los Institutos Seculares se refieren a aspectos que podríamos calificar como más técnicos. Con todo, muchas determinaciones se dejan a la competencia del derecho propio: se obtiene así una estructura sencilla y una organización flexible.
Los aspectos que tratan estos cánones son los siguientes: 717: régimen interno; 718: administración; 720-721: admisión en el Instituto; 723: incorporación al Instituto; 725: posibilidad de tener miembros asociados; 726-729: eventual separación del Instituto; 730: tránsito a otro Instituto.
Es digno de atención que en los cánones se habla de incorporación perpetua y de incorporación definitiva (cfr. en particular, el c.723). En efecto, algunas constituciones aprobadas establecen que el vínculo sagrado (votos o promesas) ha de ser siempre temporal, aunque con la intención de renovarlo al finalizar el término. En cambio, otras constituciones, la mayor parte, prevén que el vínculo sagrado, tras un determinado período de tiempo, sea o pueda ser asumido para siempre.
Cuando el vínculo sagrado se asume perpetuamente, la incorporación al Instituto se llama perpetua, con todos los efectos jurídicos que lleva consigo.
En cambio, si el vínculo sagrado es siempre temporal, las constituciones deben establecer que, tras un período de tiempo (no inferior a 5 años), la incorporación al Instituto se considere definitiva. El efecto jurídico más importante es que a partir de ese momento la persona adquiere en el Instituto plenitud de derechos y obligaciones; otros efectos deben establecerse en las constituciones.
Conclusión
La historia de los Institutos Seculares es todavía breve; por esto y por su misma naturaleza siguen abiertos a la actualización y adaptación.
Con todo, tienen ya una fisionomía bien definida a la que deben ser fieles en la novedad del Espíritu; con este fin, el Código de Derecho Canónico resulta un punto de referencia necesario y seguro.
Sin embargo, todavía no han sido bien conocidos ni comprendidos: quizá a causa de su misma identidad (la unión indisoluble de la consagración y de la secularidad) o también porque actúan sin distinguirse del propio ambiente, o porque no se les presta la debida atención, o incluso porque todavía hay en ellos algunos aspectos problemáticos sin resolver.
Los datos que presenta este documento sobre su historia, teología y normativa jurídica, podrán ser útiles para superar esta falta de conocimiento y para fomentar "entre los fieles una comprensión no aproximativa o acomodaticia, sino exacta y que respete las características propias de los Institutos Seculares" (Juan Pablo II, 6 de mayo de 1983).
Entonces será más fácil, incluso en el terreno pastoral, ayudar y proteger esta vocación especial para que sea fiel a su identidad, a sus exigencias y a su misión.
Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares
Comunicación sobre el Código
El 27 de noviembre de 1983, ha entrado en vigor el nuevo Código de Derecho Canónico, derogando así las precedentes leyes eclesiales universales, así como las relativas a los Institutos Seculares.
Éstos se rigen por los cánones 573-602 y 606 (normas comunes a todos los Institutos de Vida consagrada) y por los cánones 710-730.
La presente comunicación no quiere ser ni un comentario, ni una explicación de esos cánones, sino únicamente responder a la pregunta: ¿Cómo examinar de nuevo las Constituciones propias de cada Instituto a la luz del Código?
I. PRINCIPIOS ESCLARECEDORES
1. En la materia que afecta directamente a los Institutos Seculares, el Código no introduce modificaciones sustanciales. Su naturaleza, tal como está definida en la Provida Mater, Primo feliciter, los documentos conciliares y los discursos de los Papas, es confirmada teológica y jurídicamente: consagración con compromisos a los consejos evangélicos - situación y apostolado seculares - flexibilidad de organización.
2. Las traducciones del Codigo a los distintos idiomas, incluso si están autorizadas por las Conferencias Episcopales, no son el texto oficial, sino que éste es el constituido por la edición en latín.
3. Los comentarios, generalmente muy útiles para comprender bien el texto, no constituyen sin embargo su interpretación auténtica: ésta solamente puede ser dada por la Sede Apostólica.
Sigue siendo muy importante referirse a las fuentes (es decir a los do¬cumentos precedentes y al Magisterio Eclesial, que el Código toma en cuenta), así como a la praxis de la Sagrada Congregación.
4. Cuando los cánones hablan de "constituciones" se trata del texto fundamental de cada Instituto, aunque se designe con un nombre diferente como: estatuto, regla de vida u otro. Es el texto aprobado por la autoridad competente de la Iglesia.
Por el contrario, cuando hablan de "derecho proprio", comprende también además de las constituciones, otros textos normativos de los Institutos, como: el directorio, las normas de aplicación, las normas complementarias, el reglamento. A este respecto ver el canon 587.
II. PRECISIONES JURIDICAS
El Código da normas obligatorias para todos los Institutos: estas normas son efectivas incluso si las constituciones no las recogen. Por ejemplo: las condiciones de admisión, c. 721.1.
Las constituciones pueden ser más exigentes que las reglas del Código, mientras que no pueden exigir menos, ni proponer prescripciones contrarias a las del Código.
Con frecuencia el Código declara que corresponde a cada Instituto fijar normas concretas sobre los puntos particulares. Poniéndolas de relieve se puede hacer la distinción siguiente:
1. Los puntos que deben prescribir las constituciones:
- Una clara presentación del Instituto: naturaleza, fin, espiritualidad, rasgos característicos (c. 578, al cual remite el c. 587-1); por tanto todo lo que es esencial a la definición de un Instituto Secular, y especialmente de un Instituto determinado.
- Los compromisos sagrados por los cuales son asumidos los consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia, y las obligaciones que comportan en un estilo de vida secular (c. 712; éste remite a los cánones 598-601, y retoma en sustancia la exigencia final del canon 587.1 y sobre todo la del c. 598.1). Para los compromisos, se puede elegir entre los que estaban previstos en la Ley peculiar unida a la Provida Mater: voto, juramento o promesa para la castidad; voto o promesa para la pobreza y la obediencia.
- Las reglas fundamentales relativas al gobierno (c. 581.1), en particular: la autoridad de los responsables y de las Asambleas (c. 596.1); la forma y el modo de gobierno, el modo de nombrar los responsables, la duración de los cargos (c. 717.1).
- Si las constituciones prevén la subdivisión del Instituto en otras partes, como: zonas, regiones, naciones..., entonces, quien tiene competencia para erigirlas, determinarlas, suprimirlas (c. 581 y c.585).
- Las reglas fundamentales relativas a las diferentes obligaciones asumidas por los miembros (c. 587.1; ver por ejemplo c.719 sobre la oración).
- Las reglas fundamentales referentes a la incorporación y la formación (c. 587.1) y en particular:
- qué Superior con su Consejo (y las constituciones deben precisar si el voto del Consejo debe ser deliberativo o Consultivo) tiene el derecho de admitir:
- en el Instituto, a la formación, a la incorporación tanto temporal como perpetua o definitiva (c. 720);
- cuál es la duración del tiempo de formación, y no debe ser inferior a dos años (c. 722.3);
- cuál es la duración de la incorporación temporal, y no debe ser inferior a cinco años (c. 723.2);
- cuáles son los efectos de la incorporación definitiva (c. 723.4); a este respecto ver más abajo el título IV);
-cómo asegurar la formación permanente (c.724.1);
- qué eventuales impedimentos para la admisión quiere añadir el Instituto a los previstos por el Código (c. 721.2).
- El estilo de vida en las situaciones ordinarias (c. 714), y el compromiso de vida fraterna (c.602; ver c.716).
- Si el Instituto tiene miembros asociados, cuál es su vínculo con el Instituto (c.725).
- Para conceder la dispensa de los compromisos perpetuos contraídos en un Instituto de Derecho Diocesano, cuál es el Obispo competente: el de la sede del Instituto, o el del lugar donde reside el interesado (c.721.1). En un Instituto de Derecho Pontificio, sólo es competente la Sede Apostólica.
- Para la expulsión qué causas cree el Instituto que debe añadir a las previstas por el Código (c.729).
(Cánones citados más arriba, en su orden numérico: 578, 581, 585, 587.1, 596.1, 602, 712, 714, 717.1, 720, 721.2, 722.3, 723.2 y 4, 724.1, 725, 727.1, 729).
2. Los puntos que debe expresar el derecho propio: (sean las constituciones, sea el directorio u otro texto).
- Para la admisión: Las cualidades eventuales requeridas por el Instituto, además de las previstas por el Código (c.597.1).
- Para el consejo evangélico de pobreza: las normas concretas en cuanto a la limitación en el uso y en la disposición de los bienes (c. 600); el modo de administrar los bienes del Instituto y las eventuales obligaciones de orden económico entre el Instituto y los miembros (c.718).
- En lo que concierne a los bienes del Instituto, el canon remite al libro V del Código, porque los bienes que pertenecen a una persona pública en la Iglesia, como son los Institutos Seculares, son "bienes eclesiásticos" sujetos a normas particulares (c.1257.1).
- Cómo debe entenderse la participación en la vida del Instituto (c. 716.1) y las precisiones concernientes a los retiros, ejercicios espirituales, etc. (c.719).
(Cánones citados arriba en su orden numérico: 597.1,600,716.1;718,719; ver también 598.2).
III. SUGERENCIASPARA LA PUESTA EN PRÁCTICA
A la vista de todo lo que se acaba de decir, los Institutos Seculares no tienen que preocuparse de rehacer sus constituciones, si han sido aprobadas recientemente.
Pero he aquí lo que se les pide que hagan:
1. E1 gobierno central, directamente o por medio de una comisión de trabajo bajo su responsabilidad, debe controlar si las constituciones (y el directorio) expresan todo lo que requiere el Código. Se impone en particular una verificación de las precisiones que no se exigían hasta el presente, es decir: que la duración de la primera formación no sea inferior a dos años, y que la duración de la incorporación temporal no sea inferior a cinco años.
2. Después de haber localizado los puntos a precisar en las constituciones (y en el directorio), el gobierno central procede a las modificaciones. No es necesario someterlas previamente a la Asamblea general; se hará en la primera ocasión. Naturalmente se debe informar de ello a todos los miembros, y comunicarlo a la Sagrada Congregación así como al Obispo si el Instituto es de Derecho Diocesano.
3. Este trabajo debe hacerse tan pronto como sea posible. Pero todo elemento nuevo introducido en las constituciones es válido sólo para el futuro, no para el pasado (las leyes no son "retroactivas").
IV. LA INCORPORACIÓN DEFINITIVA
Después del período de formación, un miembro se incorpora al Instituto de manera temporal.
Después, cuando asume para siempre sus compromisos sagrados con miras a una consagración a Dios perpetua, la incorporación al Instituto es también perpetua.
Sin embargo, ciertos Institutos prevén en sus constituciones que la consagración a Dios perpetua en la intención, sea o pueda ser siempre renovada por un compromiso temporal (habitualmente anual).
En el caso en que los compromisos sean siempre renovados temporalmente, el Código precisa que, a partir de un cierto momento fijado por las constituciones - y que no puede situarse en menos de cinco años después de la primera incorporación - la incorporación al Instituto se convierte en definitiva (c. 723.3), asimilada a la perpetua (c. 723.4) para los efectos jurídicos siguientes:
1. Según el derecho común
- En el momento en que la incorporación llega a ser definitiva, un acto formal de admisión debe ser realizado por el superior competente (un "superior mayor" determinado), con el voto de su Consejo;
- después que la incorporación se convirtió en definitiva los superiores no pueden, a menos que haya motivos muy graves, decidir la no admisión de un miembro a renovar sus votos; en este caso, en efecto, la no admisión equivale a un despido;
- no obstante, la persona permanece siempre libre para dejar el Instituto sin pedir dispensa particular cuando no renueva sus compromisos al terminar el período para el cual los había contraído.
2. Según las propias constituciones
- Por la incorporación definitiva, el miembro adquiere la plenitud de derechos en el Instituto, como el de ser elegido para los diferentes cargos. Pero las constituciones pueden añadir condiciones particulares para asumir ciertos cargos (una edad mínima, por ejemplo); o bien pueden prever el admitir también, para otros cargos determinados, a miembros que no tienen la incorporación definitiva.
Roma, 18 de enero de 1984
De la Sección de Institutos Seculares
Introducción al III Congreso Mundial De Los Institutos Seculares
Cardenal J. Jérôme Hamer - 1984
Me siento muy feliz de estar aquí y de tener la ocasión de tomar contacto con vosotros como Pro-Prefecto de la Congregación para los Religiosos y los Institutos Seculares, cargo que ocupo desde hace cuatro meses y medio.
Antes de afrontar el tema de los Institutos Seculares y sobre todo de la formación, tengo que decirles que, a mi juicio, no existe en Roma una función más interesante que esa de la que me debo ocupar ahora: ser el portavoz del Santo Padre para la vida Consagrada en la Iglesia. Siendo el portavoz del Santo Padre, estoy al mismo tiempo a vuestro servicio, puesto que si el Santo Padre es "el siervo de los siervos de Dios", esto vale mucho más para sus colaboradores.
Me propongo ahora hacer una introducción al tema de la formación demostrando que ella debe estar necesariamente condicionada por la naturaleza y por las exigencias propias de los Institutos Seculares. E1 Derecho Canónico, que ha sido recientemente promulgado y puesto en vigencia, ha valorado todavía más la situación, el nivel - si nos podemos expresar así - de los Institutos Seculares, en la Iglesia. Ellos constituyen una forma de vida Consagrada, la cual, como tal, se encuentra en el mismo rango de la vida religiosa.
La definición de la vida Consagrada se realiza tanto en la vida religiosa como en la de los Institutos Seculares. En ambos casos se trata de una forma estable de vida caracterizada por la profesión de los consejos. Una forma de vida que trata de seguir a Cristo más de cerca y que ha sido concebida para alcanzar la perfección. Por lo tanto, la misma estructura del libro de Derecho Canónico que trata sobre la vida Consagrada, reconoce el mismo valor a la vida religiosa y a los Institutos Seculares. En efecto, le reserva dos "títulos", por lo tanto, dos partes de igual dignidad dentro de la sección reservada a los Institutos de vida Consagrada.
Los Institutos Seculares tienen cuatro características y cada una de ellas se refleja en la formación:
1. La consagración a través de la profesión de los consejos evangélicos.
2. La secularidad o condición secular.
3. E1 apostolado.
4. La vida fraterna.
1. La consagración en los Institutos Seculares es total. Ella comprende pues:
- la castidad por el reino de Dios: la continencia en el celibato y la renuncia al ejercicio legítimo de la sexualidad genital;
- la pobreza: la limitación y la dependencia en el uso y en la disponibilidad de los bienes y ello en el marco de una vida realmente pobre;
- la obediencia: la obligación a someter la voluntad a los superiores legítimos en cuanto representantes de Dios.
Esta consagración es rectificada con vínculos que son: ya sea de votos, de juramentos, de consagraciones, como de promesas. Entre los tres consejos evangélicos, la castidad merece una atención particular desde el momento que debe ser asumida tanto con un voto, un juramento como con una consagración, mientras que para los otros dos consejos puede bastar la promesa.
2. E1 punto importante y determinante, el que ha sido puesto constantemente en evidencia, aunque no siempre es bien entendido, es la secularidad. Los miembros de un Instituto Secular viven en el mundo. Ellos operan por la santificación del mundo y, especialmente, a partir desde dentro del mundo. Es más bien difícil traducir en francés* la expresión latina "ab intus", "que proviene del interior". A este punto de la secularidad me complace transcribir algunas palabras del documento de Pío XII -"Primo Feliciter"-: "Se ha de tener siempre presente lo que en todos debe aparecer como propio y peculiar carácter de los Institutos, esto es, el Secular, en el cual consiste toda la razón de su existencia". "La perfección (de la vida Consagrada) ha de ejercitarse y profesarse en el siglo". La consagración en los Institutos Seculares no modifica la condición canónica de los miembros, salvo las disposiciones del derecho a propósito de los Institutos de vida Consagrada. El miembro perma¬nece laico o clérigo y a él se aplican todos los derechos y todas las obligaciones de la condición en la que se encuentra. Esto pone una vez más en evidencia un aspecto de la secularidad.
Otro aspecto es su forma de vida. Los miembros de los Institutos Seculares viven en las condiciones ordinarias del mundo. A este propósito se dan tres posibilidades: o viven solos, o en su familia, o en grupos de vida fraterna, según las Constituciones, pero en el respeto total de su secularidad. Como los demás laicos, pueden tomar espontáneamente la iniciativa de vivir juntos, aunque no sea más que por motivos prácticos. Este punto es muy importante para hacer evidente la diferencia entre los Institutos Seculares y los Institutos religiosos, puesto que la vida en común es por sí misma esencial e inseparable del estado religioso; esencial e indispensable es vivir bajo el mismo techo, tener los mismos superiores y desarrollar actividades comunes que son propias de esta "vida juntos". Se debe destacar esta diferencia porque ella marcará considerablemente todo el Proceso formativo.
Subrayo pues que los miembros de los Institutos Seculares viven en las condiciones, ordinarias del mundo.
3. Otra característica es el apostolado. El apostolado deriva de la misma consagración. Para retomar los términos de "Primo feliciter": "Toda la vida de los miembros de los Institutos Seculares, debe convertirse en apostolado". Y ese apostolado no sólo debe ser ejercido en el mundo - y aquí se retoma nuevamente los términos de "Primo Feliciter" que dice más explícitamente el Derecho Canónico, cuanto sigue -: "no sólo en el siglo, sino como desde el Siglo; y, por lo mismo, en profesiones, ejercicios, formas y lugares correspondientes a estas circunstancias y condiciones".
El Derecho Canónico retoma a este propósito la imagen sugestiva utilizada por el Concilio (LG 31; cfr. PC 11), para mostrar cómo actúa este apostolado en el mundo, en la condición secular, "ad instar fermenti", como fermento. Queda bien entendido que el apostolado será diferente según se trata de miembros laicos o de miembros clérigos.
Para los laicos acontecerá a través del testimonio de su vida cristiana y de la fidelidad a su propia consagración. Esto será una contribución para que las realidades temporales sean comprendidas y vividas según Dios y para que el mundo sea vivificado por el Evangelio. Sin embargo, esto no requiere que los laicos miembros de los Institutos Seculares sean más laicos que los otros laicos. Del mismo modo de todos los laicos, ellos colaborarán con su comunidad eclesial en el estilo que les es propio; participarán en la preparación del culto; serán catequistas, eventualmente serán ministros extraordinarios de la eucaristía, desde el momento que estas son funciones accesibles de parte de los laicos, aunque aveces se trata de funciones de suplencia del clero, como sucede en el caso de los ministros extraordinarios de la eucaristía.
Entonces, el apostolado de los miembros laicos es sobre todo en consideración de las realidades temporales en las cuales ellos deben hacer entrar una anticipación del reino de Dios.
E1 apostolado de los miembros clérigos, de los presbíteros, consistirá en la caridad apostólica de la ayuda a sus hermanos: a este propósito pienso en primer lugar a sus hermanos de los Institutos Seculares. Luego será el testimonio de vida consagrada según las constituciones de su Instituto; será la santificación del mundo a través de su específico ministerio sagrado. En efecto, convirtiéndose en miembro de un Instituto Secular, el sacerdote permanece ministro sagrado; es este ministerio el que él pone al servicio de la santificación del mundo.
4. Última característica: la vida fraterna. Hemos visto que la vida en común bajo el mismo techo no pertenece por sí a la naturaleza de un Instituto Secular, mientras que es propia de una vida fraterna. Existe entre los miembros de un mismo Instituto Secular una comunión especial. Su consagración en un Instituto particular crea lazos recíprocos y específicos que se manifiestan de distintas maneras. Una solidaridad propia del Instituto Secular que se manifiesta en las relaciones con los superiores: son los mismos superiores para todos: que se manifiesta en la vida: son las mismas reglas que crean una similitud; que se manifiesta en los encuentros: que serán reconocidos necesarios por las constituciones precisamente para salvaguardar esta vida fraterna y ciertos momentos fuertes que hay que pasar juntos. Existe también la ayuda recíproca bajo diferentes formas, puesto que no existe una comunión fraterna sin ella.
Estas cuatro características condicionan la formación. Entonces, corresponde a vuestro Congreso, aquí reunidos, formular informaciones, sugerencias y estimular así una benéfica emulación.
E1 Derecho Canónico ha previsto para vosotros etapas en la formación. Yo diría, etapas durante todo el desarrollo de una vida consagrada en un Instituto Secular. Vosotros las conocéis: se trata de la prueba inical, de la primera incorporación y también de la incorporación perpetua, o eventualmente definitiva.
Esta formación consistirá - así parece - en tres cosas:
a) Debe mirar a la vida Consagrada. La vida Consagrada en su substancia no cambia. Ella es el resultado de una larga tradición espiritual en la Iglesia de la que ha recibido su encuadramiento, su legitimación y las condiciones para su reconocimiento canónico. La formación a la vida consagrada es pues de gran importancia.
b) Viene luego la formación a las actividades profesionales, sobre la cual el Santo Padre ha llamado vuestra atención con ocasión de vuestro último encuentro con él, si vosotros vivís en las realidades temporales en vistas del Reino de Dios, estas realidades manifiestan específicas exigencias y requieren una preparación técnica.
c) Y finalmente, la preparación al apostolado.
Son los tres campos - me parece - específicos de la acción formativa.
¿Quién debe hacer esta formación? A este propósito diréis lo que dice vuestra experiencia. Es claro que para la formación profesional, el miembro de un Instituto Secular no irá a pedirla a sus superiores. Más vale, él la pedirá a organismos y a personas competentes, a las universidades, a los laboratorios, a las escuelas profesionales. Pero es importante que los superiores sepan - y un canon del Derecho Canónico trata sobre ello - que ellos tienen una responsabilidad particular para la formación espiritual. Cuando se trata de la formación a la vida Consagrada en un particular Instituto, es aquí donde el superior y sus colaboradores son insustituibles.
Concluyo repitiendo una expresión ya conocida: la vida Consagrada en un Instituto Secular "es una opción extremadamente difícil, pero es también una opción importante y de gran generosidad".
Discurso al III Congreso Mundial de Institutos SecularesS. S. Juan Pablo II, 28 de agosto de 1984
Me siento verdaderamente feliz al recibiros una vez más, con ocasión del Congreso mundial de los Institutos Seculares, convocado para tratar el tema: "Objetivos y contenidos de la formación de los miembros de los Institutos Seculares".
Es el segundo encuentro que tengo con vosotros, y en los 4 años que han transcurrido desde el anterior, no han faltado ocasiones para dirigir la palabra a uno u a otro Instituto.
He tenido una oportunidad especial, en la que he hablado de vosotros y para vosotros. El año pasado, al finalizar la reunión plenaria en la que la Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares trató sobre la identidad y la misión de vuestros Institutos, recomendé; entre otras cosas, a los Pastores de la Iglesia «facilitar entre los fieles una comprensión no aproximativa o acomodaticia, sino exacta y que respete las características propias de los Institutos Seculares» (AAS, 75, n. 9 pág. 687, L'Osservatore Romano, Edición en Lengua Española, 12 junio 1983, pág. 11). También toqué un punto que entra en el tema de la formación, que afrontáis estos días: por una parte, exhortando a los Institutos Seculares a hacer más intensa su comunión eclesial; y por otra recordando a los Obispos que ellos tienen la responsabilidad de «ofrecer a los Institutos Seculares toda riqueza doctrinal que necesitan» (ib., pág. 668; L'Osservatore Romano, Edición en Lengua Española, l.c.).
Hoy me resulta muy grato directamente a vosotros, responsables de los Institutos y encargados de la formación, para confirmar la importancia y la grandeza de la misión formativa. Se trata de un compromiso primario, entendido tanto en orden a la propia formación, como en orden a la responsabilidad, de contribuir a la formación de todos los que pertenecen al Instituto, con especial cuidado en los primeros años, pero con prudente atención también después, siempre.
Ante todo y sobre todo, os exhorto a dirigir una mirada al Maestro Divino, a fin de obtener luz para esta tarea.
Puede leerse también el Evangelio como relación de la obra de Jesús con sus discípulos. Jesús proclama desde el comienzo el "alegre anuncio" del amor paternal de Dios, pero luego enseña gradualmente la profunda riqueza de este anuncio, se revela gradualmente a sí mismo y al Padre, con paciencia infinita, comenzando de nuevo, si es necesario: «¿Tanto tiempo hace que estoy con vosotros y no me habéis conocido?» (Jn 14, 9). Podemos leer el Evangelio también para descubrir la pedagogía de Jesús, al dar a los discípulos la formación de base, la formación inicial. La "formación permanente" -como se dice- vendrá después, y la realizará el Espíritu Santo, que llevará a los Apóstoles a la comprensión de todo lo que Jesús les había enseñado, les ayudará a llegar a la verdad completa, a profundizar en la vida, en un camino hacia la libertad de los hijos de Dios (cf. Jn 14, 26; Rom 8, 14 ss.).
De esta mirada a Jesús y a su escuela viene la confirmación de una experiencia que tenemos todos: ninguno de nosotros ha alcanzado la perfección a la que está llamado; cada uno de nosotros está siempre en formación, está siempre en camino.
Escribe San Pablo que Cristo debe ser formado en nosotros (cf. Gal 4, 19), así como también podemos «conocer la caridad de Cristo, que supera toda ciencia» (Ef 3, 19). Pero esta comprensión sólo será plena cuando estemos en la gloria del Padre (cf. 1 Cor 13, 12).
Es un acto de humildad, de valentía y de confianza tener conciencia de estar siempre en camino, lo cual se ve y se aprende en muchas páginas de la Escritura. Por ejemplo: el camino de Abraham desde su tierra a la meta que desconoce y a la cual lo llama Dios (cf. Gen 12, 1 ss.); el peregrinar del pueblo de Israel desde Egipto a la tierra prometida, de la esclavitud a la libertad (cf. Ex); la subida misma de Jesús hacia el lugar y el momento en que, levantado de la tierra atraerá a todo a sí (cf. Jn 12, 32).
Acto de humildad, decía, que hace reconocer la propia imperfección; de valentía, para afrontar la fatiga, las decepciones, las desilusiones, la monotonía de la repetición y la novedad de volver a comenzar; sobre todo, de confianza, porque Dios camina con nosotros, más aún: el camino es Cristo (cf. Jn 14, 6), y el artífice primero y principal de toda formación cristiana es, no puede ser otro más que Él. Dios es el verdadero Formador, aun sirviéndose de circunstancias humanas: «Señor, tú eres nuestro Padre; nosotros somos la arcilla, y Tú nuestro alfarero, todos somos obra de tus manos» (Is 64, 7).
Esta convicción fundamental debe guiar el compromiso tanto para la propia formación como para la aportación que podemos estar llamados a dar en la formación de otras personas. Situarse con actitud justa en la tarea formadora, significa saber que es Dios quien forma, no nosotros. Nosotros podemos y debemos convertirnos en ocasión e instrumento suyo, respetando siempre la acción misteriosa de la gracia.
Por consiguiente, la tarea formadora sobre quienes nos han sido confiados está orientada siempre, a ejemplo de Jesús, hacia la búsqueda de la voluntad del Padre: «No busco mi voluntad, sino la voluntad del que me envió» (Jn 5, 30). Efectivamente, la formación, en última instancia, consiste en crecer en la capacidad de ponerse a disposición del proyecto de Dios sobre cada uno y sobre la historia, en ofrecer conscientemente la colaboración a su plan de redención de las personas y de la creación, en llegar a descubrir y a vivir el valor de la salvación encerrado en cada instante: «Padre nuestro, hágase tu voluntad» (Mt 6, 9-10).
Esta referencia a la divina voluntad me lleva a recordar una orientación que ya os di en nuestro encuentro de 1980: en cada momento de vuestra vida y en todas vuestras actividades cotidianas debe realizarse «una disponibilidad total a la voluntad del Padre, que os ha colocado en el mundo y para el mundo» (AAS 72, n. 7, pág 1021; L'Osservatore Romano, Edición en Lengua Española, 21 septiembre 1980, pág. 2). Y esto -os decía además- significa para vosotros una especial atención a tres aspectos que convergen en la realidad de vuestra vocación específica en cuanto miembros de Institutos Seculares:
El primer aspecto se refiere a seguir a Cristo más de cerca por el camino de los consejos evangélicos, con una donación total de sí a la persona del Salvador para compartir su vida y su misión. Esta donación, que la Iglesia reconoce ser una especial consagración, se convierte también en contestación a las seguridades humanas cuando son fruto del orgullo; y significa más explícitamente el "mundo nuevo" querido por Dios e inaugurado por Jesús (cf. Lumen gentium, 42; Perfectae caritatis, 11).
El segundo aspecto es el de la competencia en vuestro campo específico, aun cuando sea modesto y común, con la «plena conciencia del propio papel en la edificación de la sociedad» (Apostolicam actuositatem, 13), necesaria para, «servir con creciente generosidad y suma eficacia» a los hermanos (Gaudium et spes, 93). De este modo será más creíble el testimonio: «en esto conoceréis todos que sois mis discípulos: si tenéis amor unos para con otros» (Jn 13, 35).
El tercer aspecto se refiere a una presencia transformadora en el mundo, es decir, dar «una aportación personal para que se cumplan los designios de Dios en la historia» (Gaudium et spes, 34), animando y perfeccionando el orden de las realidades temporales con el espíritu evangélico, actuando desde el interior mismo de estas realidades (cf. Lumen gentium, 31; Apostolicam actuositatem, 7, 16, 19).
Os deseo, como fruto de este Congreso, que continuéis en la profundización, sobre todo llevando a la práctica los medios útiles para poner el acento formativo en los tres aspectos aludidos y en todo otro aspecto esencial, como, por ejemplo, la educación en la fe, en la comunión eclesial, en la acción evangelizadora: y unificando todo en una síntesis vital, precisamente para crecer en la fidelidad a vuestra vocación y a vuestra misión, que la Iglesia estima y os confía, pues reconoce que responden a las expectativas suyas y de la humanidad.
Antes de concluir, quisiera subrayar todavía un punto fundamental: esto es, que la realidad última, la plenitud, está en la caridad. «El que vive en el amor, permanece en Dios, y Dios en Él» (1 Jn 4, 16). También la finalidad última de toda vocación cristiana es la caridad; en los Institutos de vida consagrada, la profesión de los consejos evangélicos viene a ser su camino maestro, que lleva a Dios amado sobre todas las cosas y a los hermanos, llamados todos a la filiación divina.
Ahora bien, dentro de la misión formadora, la caridad encuentra expresión y apoyo y madurez en la comunión fraterna, para convertirse en testimonio y acción.
A vuestros Institutos, a causa de las exigencias de inserción en el mundo, postuladas por vuestra vocación, la Iglesia no les exige la vida común que, en cambio, es propia de Institutos Religiosos. Sin embargo, pide, una «comunión fraterna, enraizada y fundamentada en la caridad», que haga de todos los miembros como «una familia peculiar» (canon 602); pide que los miembros de un mismo Instituto Secular «vivan en comunión entre sí tutelando con solicitud la unidad de espíritu y la fraternidad genuína» (canon 716, 2).
Si las personas respiran esta atmósfera espiritual, que presupone la más amplia comunión eclesial, la tarea formativa en su integridad no fallará en su finalidad.
Para concluir, nuestra mirada retorna a Jesús.
Toda formación cristiana se abre a la plenitud de la vida de los hijos de Dios, de manera que el sujeto de nuestra actividad, es en el fondo, Jesús mismo: «ya no vivo yo, es Cristo quien vive en mí» (Gal 2, 20). Pero esto sólo es verdad si cada uno de nosotros puede decir: «estoy crucificado con Cristo», ese Cristo «que se entregó por mí» (ib.).
Es la ley sublime del seguimiento de Cristo: abrazar la cruz. El camino formativo no puede prescindir de ella.
Que la Virgen Madre os sirva de ejemplo también a este propósito. Ella que -como recuerda el Concilio Vaticano II- «mientras vivió en este mundo una vida igual a los demás, llena de preocupaciones familiares y de trabajo» (Apostolicam actuositatem, 4), «avanzó en la peregrinación de la fe, y mantuvo fielmente su unión con el Hijo hasta la cruz» (Lumen gentium, 58).
Y que se prenda en la protección divina la bendición apostólica, que de todo corazón os imparto a vosotros y a todos los miembros de vuestros Institutos.
;S. S. JUAN PABLO II, 28 DE AGOSTO DE 1984
Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares (CRIS)
Carta a los moderadores generales
CRITERIOS
para redactar el informe sobre la situación y la vida de los Institutos seculares que se enviará periódicamente a la Sede Apostólica.
La Sede Apostólica tiene gran estima de la vida secular consagrada de los Institutos, de su fecunda promoción espiritual y apostólica, y atiende con verdadera solicitud sus múltiples necesidades.
Por este motivo es muy importante que la comunión de los Institutos con la misma Sede Apostólica, como lo pide el can. 592 § 1, sea favorecida constantemente mediante oportunas informaciones sobre la situación y la vida de los Institutos. De este modo podrá compartir en el Señor las circunstancias, tanto felices como adversas (cfr. Rom. 12, 15) y, según los casos y posibilidades, podrá ofrecer su ayuda pastoral.
Con este fin, la Congregación para los Religiosos e Institutos seculares desea proponer algunos criterios para la redacción de los informes que los Moderadores Supremos de los Institutos seculares han de transmitir a la Sede Apostólica.
1 - El informe que el Moderador Supremo debe enviar a esta Congregación podrá ser el presentado a la Asamblea general del Instituto, incluso en forma abreviada, adjuntando las Actas de la misma Asamblea. Se ruega a los Moderadores Supremos que envíen el Informe por primera vez a partir de la celebración de la próxima Asamblea general ordinaria.
2 - El informe deberá recoger en todo caso los puntos siguientes:
a) una estadística sintética de los miembros;
b) la actividad vocacional y las esperanzas sobre el futuro crecimiento del Instituto;
c) cómo se realiza el compromiso apostólico de los individuos; la formación inicial y permanente; la comunión fraterna según el espíritu del Instituto, y la relación entre los Responsables y los miembros;
d) el sentido eclesial en las relaciones con la Sede Apostólica y con los Obispos diocesanos. La participación en las Conferencias, tanto mundial como nacional;
e) si el Instituto, como tal, desarrolla una actividad, información sobre la acción apostólica, social, asistencial;
f) el estado económico del Instituto, de modo genérico, indicando si existen dificultades en esta materia;
g) las posibles dificultades más importantes que se refieren, sobre todo, a la vida y al apostolado del Instituto;
h) otros aspectos que describan mejor la situación real del Instituto.
La Congregación para los Religiosos e Institutos seculares, al tiempo que solicita dichas informaciones, invoca para los Institutos seculares y para cada uno de sus miembros, "paz y caridad con fe de parte de Dios Padre y del Señor Jesucristo" (Ef 6, 23).
Roma, 2 de enero, Año Mariano de 1988.
f. Hieronymus M. Card. Hamer, O.P.
Praef.
+ Vincentius Fagiolo
Archiep. em. Theat. Vasten.
Secr.
Congregación para los Institutos de Vida Consagrada y las Asociaciones de Vida Apostólica
Orientaciones prácticas
Primeros pasos para la fundación de un Instituto secular
1. De acuerdo con la praxis recomendada por este Dicasterio, antes de llegar a la erección canónica de un Instituto secular, se recomienda que los Ordinarios diocesanos interesados procedan a la constitución de una Asociación pública, según el canon 312, parágrafo 1, 3°.
2. Es muy importante definir bien el carisma del fundador o de la fundadora, la espiritualidad y el apostolado propio de la Asociación.
3. Comprobada la naturaleza del carisma, la autenticidad de vida, la utilidad, la vitalidad, la eficacia y la estabilidad del grupo, el Obispo puede erigir la Asociación pública aunque sean pocas personas. En el Decreto de erección de la Asociación es importante insertar la siguiente frase: "en vista de ser erigida en Instituto secular de derecho diocesano". Con esta frase, los miembros pueden llevar una vida de modo análogo a aquélla de los miembros de los Institutos seculares.
4. La estructura jurídica de la Asociación debe ser, desde el comienzo, la que se piensa tener cuando sea erigida en Instituto secular, siguiendo las normas del Código dedicadas a los mismos (cánones 710-730), teniendo en cuenta, naturalmente, el número actual de miembros y la difusión de la Asociación.
5. Por tanto, los miembros pueden:
1) emitir los votos (o promesas u otros vínculos) que se hacen en un Instituto secular, pero no son considerados vínculos sagrados, y caducan con la salida de la Asociación autorizada por el Obispo diocesano;
2) tener una formación propia;
3) ser regidos por un gobierno propio, teniendo en cuenta el número de miembros definitivamente incorporados;
4) ser aceptados como tales en otras diócesis.
6. El procedimiento de disolución de la Asociación sigue los cánones 729, 694-704, con las necesarias adaptaciones. Los cánones 726, 727 y 730 no son aplicables a la Asociación.
7. El modo de vivir en la Asociación facilitará el paso a la vida propia de un Instituto secular erigido canónicamente.
8. El Obispo que erige la Asociación tiene el derecho de aprobar, aunque sea ad experimentum, sus Estatutos. Para la redacción del texto, sería oportuno valerse de un canonista experto en esta materia.
9. Cuando la Asociación alcance cerca de 40 miembros incorporados, el Obispo diocesano de la sede principal podrá consultar a la Sede Apostólica, de acuerdo con el canon 579, para proceder a la erección del Instituto secular de derecho diocesano.
Conclusiones del Sínodo sobre los Laicos y sus consecuencias para los Institutos Seculares - 1988
Información y reflexiones
Cardenal J. Jerome Hamer
Trato de muy buena gana este tema que me permitirá insistir sobre la importancia de los Institutos Seculares para el porvenir de la Iglesia. Lo haré teniendo en cuenta la situación en la que nos encontramos, puesto que el proceso del Sínodo no se ha terminado aún hasta que el Santo Padre no nos haya dado su documento sobre "Vocación y misión de los laicos en la Iglesia y en el mundo", que significará en realidad la conclusión del Sínodo. Pero además, quiero extenderme un poco más y analizar con atención la situación del laico consagrado.
El Sínodo
Juan Pablo II hablando recientemente (17 de junio de 1988) a los miembros del consejo del secretariado general del Sínodo de los obispos, recordó: "Los padres de la séptima asamblea general han expresado el deseo que, sobre la base del trabajo sinodal, es decir los Lineamenta, Instrumentum Laboris, las relaciones que siguen las discusiones mantenidas en la asamblea plenaria, los informes de los "círculos menores" y las Proposiciones que el Sínodo me ha entregado, pueda yo ofrecer a la Iglesia un documento pontificio sobre el tema del sínodo.
Este documento no está todavía terminado pero pienso que no tardará en salir. De mi parte, querría limitarme en mi presente exposición, a utilizar dos importantes piezas del trabajo sinodal, el Instrumentum laboris y las Proposiciones.
El Instrumentum laboris, así como el nombre lo indica, es un instrumento de trabajo, que ha recogido las sugerencias y reflexiones de los obispos sobre el tema propuesto y las ha presentado bajo una forma lógica. Es en cierto modo el fruto de las reflexiones y experiencias de los obispos dispersos en el mundo, antes de venir a Roma para intervenir en la asamblea del Sínodo Para extender a todo el pueblo cristiano el interés suscitado por ese tema, el Santo Padre ha permitido que el Instrumentum laboris sea puesto a disposición de todos. Por lo tanto, es un documento que muchos de vosotros conocéis, y que sin duda habéis leído antes de la apertura del Sínodo en octubre de 1987. He aquí lo que el Instrumentum laboris dice acerca del tema que abordamos:
"Se debe también destacar, la original contribución de los Institutos Seculares en la misión de la Iglesia. En efecto, la llamada que se dirige a sus miembros - laicos - para que se consagren a Dios de un modo particular según los consejos evangélicos, les hace testigos en el mundo del radicalismo evangélico. Sus diversas formas de vida y de presencia cristiana en la sociedad contemporánea son un signo de la respuesta generosa de los fieles laicos a la vocación común de perfección en la caridad. Viviendo en el mundo su to¬tal consagración a Dios, los laicos que son miembros de los Institutos Seculares tienden a realizar ejemplarmente la dimensión escatológica de la vocación cristiana. Su testimonio de la novedad de Cristo en medio del mundo es, para todos los laicos, una llamada a reconocer y a asumir la tensión del "estar en el mundo" sin "ser del mundo". Gracias a la disponibilidad personal, propia de su estado de vida, y a la formación de la que gozan muchos de los Institutos Seculares contribuyen válidamente al crecimiento humano y cristiano de otros muchos fieles laicos asumiendo, juntamente con ellos, importantes responsabilidades en el seno de las comunidades cristianas. El tema merece una particular y especial profundización".
"No es posible ignorar, por otra parte, que cada vez son más numerosos los laicos que se comprometen según el radicalismo de los consejos evangélicos, pero que no se sienten llamados a constituir o a entrar en un Instituto Secular. La vida actual de la Iglesia es muy rica en nuevas formas de vida consagrada laical; don que el Espíritu Santo ofrece a la Iglesia y al mundo de nuestro tiempo".
Creo que este texto ha tomado bien los diferentes aspectos del Instituto Secular en su profunda unidad; presencia vivificante en el mundo, referencia escatológica, acción en la Iglesia. Señala también la existencia, siempre más manifiesta en el mundo laico, de otras formas de compromiso en la práctica de los consejos evangélicos. Volveremos a hablar sobre ello. Notemos desde ahora que los Institutos Seculares no reivindican ningún monopolio, pero desean simplemente que se les reconozca su especificidad. Por lo demás, ellos se regocijan cuando descubren nuevas formas de una búsqueda en común. Quiero agregar que en su conjunto el Instrumentum laboris ha sido muy bien recibido por los padres sinodales y el texto que acabamos de citar no ha sido contestado por nadie, que yo sepa.
A1 finalizar el Sínodo se encontrará la misma orientación en las Proposiciones - cincuenta y cuatro en total- las cuales reúnen los puntos más importantes que han llamado la atención de los padres sinodales durante los debates que duraron cerca de un mes. He aquí a continuación el texto de la sexta proposición que trata sobre los Institutos Seculares y de otras formas de don de sí mismo:
"Los Institutos Seculares tienen su lugar en la estructura canónica de la Iglesia, establecido por la Constitución Provida Mater desde 1947. Se da así a los sacerdotes y a los laicos una nueva posibilidad de profesar los consejos evangélicos de pobreza, castidad y obediencia, por medio de votos o promesas, pero conservando plenamente su estado clerical o laico. De esta forma el laico puede participar totalmente en el estado de vida consagrada, en medio del mundo (cfr. c. 573). El Espíritu Santo sigue suscitando otras formas de don de sí mismo, a las cuales se consagran personas que permanecen totalmente en la vida laica". (N.T. traducción española libre).
Este párrafo expresa lo esencial. Es un buen punto de partida para todo desarrollo ulterior. Efectivamente, las Proposiciones no quieren decirlo todo, sino simplemente despejar algunas grandes orientaciones del Sínodo.
Tal vez algunos dirán: ¿cómo es posible que de cincuenta y cuatro proposiciones haya una sola sobre los Institutos Seculares? Ver las cosas de este modo sería deformar la realidad. Todo el Sínodo interesa y concierne a los Institutos Seculares. Los miembros de estos Institutos son laicos auténticos. Todo lo que ha dicho el Sínodo y todo lo que dirá el documento post-sinodal tiene para ellos importancia. Es así como se debe interpretar el Sínodo en relación con los Institutos Seculares. A mi parecer, es ésta una consideración primordial para valorizar de un modo justo esos trabajos. Para justificar esta afirmación, permítaseme simplemente citar algunos puntos: la identidad del laico cristiano, el llamado a la santidad, la multiplicidad de los carismas, los ministerios y servicios, la mujer en la Iglesia y en el mundo, la presencia del laico en la parroquia, el compromiso sociopolítico, un proceso de formación integral... En esta perspectiva me sitúo para continuar esta exposición.
El Instituto Secular
Es importante destacar que el miembro laico del Instituto Secular es laico en todo el sentido del término. Pero para ello, es necesario, situar ante todo, este problema en un cuadro más vasto.
Cuando las asociaciones cuyos miembros hacen profesión de practicar en el mundo los consejos evangélicos, obtendrán un reconocimiento oficial y un estatuto canónico en la constitución apostólica Provida Mater Ecclesia, bajo el nombre de Institutos Seculares, se tratará a la vez de asociaciones de clé¬rigos y de asociaciones de laicos.
Si los Institutos Seculares de laicos son mucho más numerosos que los Institutos Seculares de clérigos, no hay que olvidar que el estatuto se aplica tanto a unos como a otros.
Los Institutos Seculares de sacerdotes y los Institutos Seculares de laicos tienen en común, además de la obligación a dedicarse totalmente al apostolado, la de tender a la perfección cristiana por esos medios privilegiados que son los consejos de castidad, de pobreza y de obediencia, y eso en el mundo, es decir, permaneciendo en el mundo, y actuando en el mundo.
Si los miembros de los Institutos Seculares se acercan a los religiosos por la profesión de los consejos evangélicos, ellos se distinguen claramente por el hecho de que la separación del mundo es propia del estado religioso, así como es propia de éste la vida en común o la residencia bajo el mismo techo.
Es esta vida en el mundo ("in saeculo viventes", dice el c. 710) la que constituye la "secularidad", la nota común a todos los Institutos Seculares, pero que será recibida de modo diferente por los diversos Institutos, especialmente por los de clérigos y los de laicos. En el mundo el sacerdote y el laico son el uno y el otro, pero su relación con el mundo es diferente, precisamente en razón de eso que los distingue: el ejercicio del orden sagrado. No obstante, el uno y el otro, en la lógica de su vida en el mundo, contribuyen por su parte a la santificación del mundo, sobre todo desde el interior de él (praesertim ab intus).
Es necesario considerar bien la innovación que representa Provida Mater Ecclesia. Hasta allí, los grupos de ese género eran regidos por un decreto, Ecclesiae catholica, publicado el 11 de agosto de 1889, que alababa su fin: "- de practicar fielmente - en el signo los consejos evangélicos y desempeñar con una más grande libertad ministerios que el mal de los tiempos defiende o vuelve difíciles a las familias religiosas", pero al mismo tiempo decidía que esos grupos serían únicamente asociaciones piadosas (piae sodalitates). En 1947, la Constitución apostólica confiere a esos grupos un estatuto canónico. - No debemos olvidar que el Código de 1917 las ignoraba totalmente todavía -. Después de Provida Mater Ecclesia, los Institutos serán considerados como "estado de perfección", es decir, como forma institucional y estable de la búsqueda de la perfección y la caridad. Esta terminología se usará todavía durante la primera parte del Vaticano II.
El nuevo Código promulgado en 1983 emplea otro vocabulario, pero expresa la misma realidad: los Institutos Seculares son auténticos Institutos de vida consagrada, a los cuales nada les falta para pertenecer a la "vida consagrada" así como la ha definido la Iglesia en su derecho:
"La vida consagrada, por la profesión de los consejos evangélicos, es una forma estable de vivir en la cual los fieles, siguiendo más de cerca a Cristo bajo la acción del Espíritu Santo, se dedican totalmente a Dios como a su amor supremo, para que, entregados por un nuevo y peculiar título a su gloria, a la edificación de la Iglesia y a la salvación del mundo, consigan la perfección de la caridad en el servicio del Reino de Dios y, convertidos en signo preclaro en la Iglesia, preanuncien la gloria celestial" (c. 573, párrafo 1).
Este estado de vida consagrada no es ni clerical ni laico. Pero los Institutos que lo componen se distinguen en clericales y laicos, conforme ellos asuman o no el ejercicio del sacramento del Orden, en razón del fin para el cual han sido fundados. Por este motivo existen dos grandes clases de Institutos Seculares: los Institutos clericales y los Institutos laicos. En razón del sujeto que entendemos tratar, hablaremos de los Institutos Seculares laicos, o más bien de sus miembros.
Los laicos consagrados
Los laicos consagrados son, pues, laicos auténticos. Ellos comparten con los otros laicos el hecho de no pertenecer ni al estado sacerdotal ni al estado religioso, pero, con la diferencia del hecho de pertenecer a ese laicado al que le ha sido particularmente confiada la administración de las realidades temporales con la misión de ordenarlas según Dios.
Todo miembro de un Instituto Secular laico pertenece al estado laico sin restricción. E1 hecho de renunciar al derecho de casarse no lo substrae a esa condición, puesto que ningún laico está obligado a contraer matrimonio. En el mundo laico se encuentran personas casadas, pero se encuentran también personas solteras. Si bien la mayor parte de los laicos se casa, eso no lleva a deducir que es necesario casarse para ser un verdadero laico. Sería absurdo sostenerlo.
Pero estos laicos miembros de Institutos Seculares son igualmente personas consagradas por la profesión de los consejos evangélicos. Adoptan sin reserva la vida consagrada como su forma de vida estable. Para ellos la vida consagrada constituye así un estado de vida.
¿No es entonces una contradicción afirmar que el laico consagrado pertenece igualmente, y sin restricción, a dos estados de vida diferentes; el estado laico y el estado de vida consagrada? De ningún modo, y quiero afirmarlo con energía para descartar toda tentación de querer resolver esta aparente oposición con un compromiso.
Habría oposición entre esos dos estados si ellos se definieran en relación con la misma obligación. Pero no es este el caso. Por ejemplo, el estado de vida del hombre casado y el del hombre soltero se oponen y se excluyen, puesto que los mismos se definen en relación con el sacramento del matrimonio. E1 hombre casado asume las obligaciones, el soltero está eximido de ellas.
Ahora bien, el estado laico y el estado de vida consagrada se definen en función de obligaciones diferentes. E1 primero, en función de las obligaciones de la vida sacerdotal (ejercicio del orden sagrado) y de las de la vida religiosa (separación del mundo y vida en común), de las cuales los laicos están eximidos. E1 segundo, en función de los deberes libremente contraídos por la profesión de los consejos evangélicos. Por lo tanto los puntos de referencia son diferentes. Los dos estados, lejos de oponerse, son compatibles totalmente.
Se pueden citar ejemplos de pertenencia a dos estados en la unidad de una misma persona y de una misma vocación. E1 religioso-sacerdote pertenece, a la vez, al estado religioso y al estado clerical, sin ninguna tensión, pero, en perfecta armonía, como lo ha demostrado la vida de tantos santos.
Esta misma armonía se encuentra en el estatuto propio de los Institutos Seculares. Sin abandonar su estado laico, las personas consagradas que son sus miembros, sabrán vivir su vida secular según las modalidades conformes a su total donación al Señor. Ello se notará especialmente en su vida de oración y en su ascesis personal. Por otra parte, ellos vivirán los tres consejos evangélicos según la situación que viven las personas que permanecen en las condiciones ordinarias del mundo.
¿No dice acaso el derecho canónico que "teniendo en cuenta su carácter y fines propios, cada Instituto, ha de determinar en sus constituciones, el modo de observar los consejos evangélicos de castidad, pobreza y obediencia, de acuerdo con su modo de vida"? (c. 598, párrafo 1). Y aún: "las constituciones han de establecer los vínculos sagrados con los que abrazan los consejos evangélicos en el Instituto, y determinarán las obligaciones que nacen de esos vínculos, conservando sin embargo, en el modo de vivir, la secularidad propia del Instituto" (c. 712).
El apostolado
Consagrados y laicos, los miembros de los Institutos Seculares son total e inseparablemente, uno y otro. Pero ellos están consagrados para una misión. En efecto, hacen profesión de practicar los consejos evangélicos para "dedicarse totalmente al apostolado" (PME art. 1); "manifiestan y ejercen su propia consagración en la actividad apostólica" (c. 713, párrafo 1).
Dado que ellos son laicos, su apostolado será el de los laicos y tendrá la misma intención. Ellos deben, por obligación general "trabajar a fin de que el mensaje divino de salvación sea conocido y recibido por todos los hombres". Tienen también, cada uno según su condición, "el deber peculiar, de impregnar y perfeccionar el orden temporal con el espíritu evangélico, y dar así testimonio de Cristo" (c. 225, párrafo 1.2.). Esta enseñanza de la Iglesia es retomada en la parte del Código de Derecho Canónico que trata sobre los Institutos Seculares (c. 713 párrafo 2): "Los miembros laicos participan en la función evangelizadora de la Iglesia en el mundo y tomando ocasión del mundo", se tendrá que observar que ese canon retoma, a propósito del apostolado de los Institutos Seculares laicos, una fórmula ("tiene el siglo y desde el siglo", in saeculo et ex saeculo) tomado de la carta Motu proprio Primo Feliciter, publicada por Pío XII un año después de la Provida Mater Ecclesia.
He aquí la frase completa: "Este apostolado de los Institutos Seculares debe ejercerse fielmente, no sólo en el siglo, sino como desde el siglo; y, por lo mismo, en profesiones, ejercicios, formas y lugares correspondientes a estas circunstancias y condiciones" (PF II, 6).
Si todo Instituto Secular participa en la misión apostólica de la Iglesia, no es necesario, por lo tanto, que tenga un apostolado propio, determinado por sus constituciones, y todavía menos que tenga obras apostólicas propias. Es necesario hacer notar esto, pues muchos Institutos Seculares forman, con justa razón, a sus miembros para el apostolado sin que ellos sean dedicados a un sector particular de apostolado.
La práctica de los consejos evangélicos
Los miembros de los Institutos Seculares son consagrados a Dios, eso quiere decir, como lo hemos visto, que ellos se han entregado totalmente a El, amado por encima de todo, por su honor y su servicio, por la profesión de los consejos evangélicos (cfr. LG 44) en el seno de un determinado Instituto, erigido por la Iglesia. Ninguno de estos elementos puede faltar y, en particular, los consejos evangélicos deben ser vividos conforme a la doctrina tradicional de la Iglesia. Hemos podido ver que el modo de observar esos consejos será diferente según los Institutos y tendrá que tener en cuenta en particular la secularidad propia de cada uno de ellos. Pero no es menos importante el hecho de que todos los miembros de los Institutos de vida consagrada deben observar fiel e íntegramente esos consejos (fideliter integreque servare: c. 598, párrafo 2).
Así, por ejemplo, el consejo evangélico de pobreza no postula solamente una vida pobre de hecho y de espíritu, sino también "...la dependencia y limitación en el uso y disposición de los bienes, conforme a la norma del derecho propio de cada Instituto" (c. 600).
El consejo evangélico de obediencia va más allá de la práctica de esa virtud, tal cual es entendida por todo cristiano: obliga "a la sumisión de la voluntad a los superiores legítimos que ocupan el lugar de Dios, cuando ellos ordenan siguiendo sus propias constituciones" (c. 601). La imitación de Cristo obediente hasta la muerte se realiza pues a través de una mediación determinada: bajo la dependencia y dirección moralmente continua de los superiores o responsables. Para los miembros de los Institutos Seculares, la práctica de la obediencia postula también una búsqueda de esta mediación. Su obediencia será pues particularmente activa. ¿Por qué? En razón de su dispersión en el mundo y de su inmersión en las profesiones seculares, sus responsables tienen una gran dificultad de discernir cual es el momento oportuno y cuáles las mejores circunstancias para hacer una intervención. La iniciativa de cada uno de los miembros será pues necesaria para hacer conocer las situaciones concretas.
Por lo tanto, el ejercicio de la autoridad, necesaria para la práctica de los consejos evangélicos, será diferente en la vida religiosa y en los Institutos Seculares. En el primer caso, se puede siempre apoyar en las estructuras de la vida en común; no es lo mismo para el segundo caso. También, en los Institutos Seculares, el servicio de la autoridad para ser real, será más difícil, más exigente y reclamará, de parte de los responsables, un compromiso muchas veces más grande y más generoso.
La oración
¿Por que la legislación sobre los Institutos Seculares (cfr. c. 719) da tanta importancia a la oración y a la vida espiritual en general? ¿No es la oración un deber de todo cristiano? ¿Por qué entonces esa insistencia y esas prescripciones especiales? La respuesta a esta cuestión se encuentra en la consagración: se trata de esta "consagración, que radica íntimamente en la consagración del bautismo y la expresa con mayor plenitud" (PC 5).
Existe una relación estrecha y recíproca entre consagración y oración. Toda la entrega total de sí mismo por la profesión de los tres consejos evangélicos se hace en vista de un amor grande de Dios. Ahora bien, la oración es a la vez la expresión y el estimulante de nuestro deseo de Dios. Por lo tanto es normal que el compromiso fundamental que hemos contraído a nivel de la castidad, la pobreza y la obediencia, corresponda a las exigencias semejantes al nivel de los ejercicios de la vida espiritual.
Si la oración no es un privilegio de las personas consagradas sino el comportamiento normal - diría yo la respiración - de todos aquellos que son hijos de Dios por la gracia, la misma ocupa, sin embargo, un lugar notablemente más importante en la vida de quienes han dado el paso decisivo de seguir a Cristo más de cerca (pressius, dice el c. 573 párrafo 1). En efecto, Jesús se ocultaba con frecuencia de la multitud para orar y se retiraba al desierto, a la montaña, solo o con algunos discípulos. La vida de Jesús está unida a su oración. De ésta fluye su vida. Anima su ministerio mesiánico, especialmente durante su agonía en la cruz.
"Yo os quisiera libres de preocupaciones - nos dice san Pablo -. El no casado se preocupa de las cosas del Señor" (1 Co 7,32). Con una voluntad de agradar al Señor - una voluntad radical que no vacila delante de la elección de los medios - encontramos la explicación profunda de la opción para la vida consagrada. Queremos entregarnos a los "asuntos del Señor". Por esta razón adoptamos el celibato por el reino de Dios, pero también adoptamos una vida de pobreza y de obediencia. Los "asuntos del Señor" (literalmente "lo que es del Señor") no se limitan por cierto a la oración sino que cubren todo el campo de servicio del Señor, no obstante, es evidente que la oración ocupa un lugar privilegiado. Quien ha optado por no casarse quiere ser totalmente del Señor. Por este ser del Señor ha tomado esta decisión. La voluntad de ser del Señor es pues primaria. No quiere ser "dividida" (v. 33). La vida consagrada se vuelve así un espacio de disponibilidad para la oración.
La Iglesia insiste en su Derecho Canónico y pide una especial atención para la oración, la lectura de la Sagrada Escritura, un retiro anual y otros ejercicios espirituales; en lo posible la participación cotidiana en la Eucaristía, la frecuente recepción del sacramento de penitencia y la dirección espiritual.
Para ilustrar lo que acabamos de decir sobre la relación entre la consagración y los ejercicios de vida espiritual, yo querría llamar la atención sobre la prescripción que concierne al sacramento de penitencia. A todo fiel se le recomienda simplemente que confiese los pecados veniales (c. 988, párrafo 2). A los miembros de los Institutos Seculares, la confesión frecuente es prescripta (can. 719, párrafo 3).
Está también claro que las prácticas de la vida espiritual tendrán en cuenta las condiciones de una existencia en el mundo. Sin embargo, eso no será jamás motivo para reducir su importancia, sino solamente para adaptarlas a las personas, a los lugares y a las circunstancias. Los horarios y lugares de oración del laico no serán necesariamente los de los religiosos que viven en comunidad con un oratorio propio. Los textos de oración podrán ser diferentes. El miembro de un Instituto Secular expresará espontáneamente en su oración las intenciones del mundo en el cual vive. Pero la oración no cambiará de naturaleza. La consagración particular a Dios cuidará todas esas exigencias.
Perspectivas de futuro
El Sínodo sobre los laicos nos ha conducido a recordar con claridad y con vigor que los miembros de los Institutos Seculares son verdaderos laicos. Pero también que esos laicos son, al mismo tiempo e indisolublemente, personas consagradas.
Estos Institutos no son absolutamente una nueva variedad, más discreta y como subterránea, de la vida religiosa, son una realidad distinta, una verdadera elevación de la condición de los laicos por la profesión de los consejos evangélicos.
Hemos hablado poco de los Institutos Seculares sacerdotales. Pero muchas de las cosas que hemos dicho se aplican igualmente a ellos. En efecto, la pertenencia a un Instituto Secular no cambia la condición canónica en el pueblo de Dios. Esto no tiene valor sólo para los laicos, sino también para los sacerdotes seculares (y para los diáconos).
Actualmente se propagan en la Iglesia grupos espirituales y apostólicos designados en Italia con el nombre de "movimientos eclesiales", y en Francia como "nuevas comunidades". Algunos de ellos han adoptado ya las estructuras de la vida religiosa o de las de los Institutos Seculares, otras se orientan en el mismo sentido. Pero es probable que todas no seguirán esa dirección. Muchos de esos grupos tienen una fuerte afirmación pública y comunitaria. Esto los distingue de los Institutos Seculares. ¿No es quizás el momento de recordar que el Espíritu sopla donde quiere y que la unidad del Cuerpo místico está hecha de una diversidad de carismas y funciones? Además, sabemos que la Iglesia está dispuesta a acoger nuevas formas de vida consagrada (can. 605), pero también, y más generalmente, nuevas formas de compromiso cristiano.
De todos modos esta floración no disminuye en nada el papel propio de los Institutos Seculares en la Iglesia de hoy y de mañana:
- "Ellos repiten que el llamado a la santidad está inscrito en la lógica del bautismo".
- "Multiplican la presencia de cristianos auténticos capaces de ser apóstoles en todas partes".
- "Responden a la situación contemporánea dando a auténticos cristianos la posibilidad de estar presentes en las estructuras profanas del mundo moderno".
He escogido estas tres frases del Padre J. M. Perrin, o.p. (DS t. V, Col 1783). Son de una tal naturaleza que os dan plena confianza en una forma de vida consagrada, que habéis libremente elegido el día de vuestra incorporación en vuestro Instituto, y que es manifiestamente una obra del Espíritu.
Para resumir y concluir: sois laicos consagrados; sois lo uno y lo otro total e inseparablemente. Lo repito aquí una vez más todavía pues no existe una profunda comprensión de los Institutos Seculares fuera de ésta. En la constitución apostólica Provida Mater Ecclesia, la Iglesia ha querido dar pleno acceso a la vida consagrada por los tres consejos evangélicos, a laicos que permanecen y operan en medio del mundo. Todo Instituto Secular es pues una escuela de santidad, que ha recibido la garantía de la Iglesia. Eso es lo esencial que es necesario decir y volver a decir, y que será necesario meditar siempre más.
Roma 1988
Discurso al IV Congreso Mundial de Institutos SecularesS. S. Juan Pablo II, 26 de agosto de 1988
Queridísimos hermanos y hermanas de los Institutos Seculares:
Con gran alegría os recibo con motivo de vuestro IV Congreso mundial y os doy las gracias por esta numerosa y significativa presencia. Sois representantes cualificados de una realidad eclesial que ha sido, sobre todo en este siglo, signo de una "moción" especial del Espíritu Santo en el seno de la Iglesia de Dios. Efectivamente, los Institutos Seculares han evidenciado claramente el valor de la consagración, incluso para quienes trabajan "en el siglo", es decir, para quienes están insertos en las actividades terrenas, como sacerdotes seculares y, sobre todo, como seglares. Es más, para el laicado, la historia de los Institutos Seculares marca una etapa preciosa en el desarrollo de la doctrina sobre la naturaleza peculiar del apostolado laical y en el reconocimiento de la vocación universal de los fieles a la santidad y al servicio a Cristo.
Vuestra misión se sitúa hoy en una perspectiva consolidada por una tradición teológica: ésta consiste en la consacratio mundi, es decir, en reconducir a Cristo, como a una sola Cabeza, todas las cosas (Cfr. Ef 1,10), actuando, desde dentro, en las realidades terrenas.
Me congratulo por el tema elegido para la presente asamblea: "La misión de los Institutos Seculares en el mundo del 2.000". Se trata, en realidad, de un tema complejo, que sintoniza con las esperanzas y espectativas de la Iglesia en su próximo futuro.
Este programa es tanto más estimulante para vosotros, por el hecho de que abre a vuestra vocación específica y a vuestra experiencia espiritual los horizontes del tercer milenio de Cristo, con el fin de ayudaros a realizar cada vez con mayor conciencia vuestra llamada a la santidad viviendo en el siglo, y a colaborar mediante la consagración, vivida interiormente y auténticamente, en la obra de salvación y de evangelización de todo el pueblo de Dios.
Saludo al cardenal Jean Jerome Hamer, Prefecto de la Congregación para los Religiosos e Institutos Seculares, que os ha hablado sobre las conclusiones del reciente Sínodo de los Obispos y sobre las consecuencias que tales conclusiones comportan para vuestra comunidad. Al saludar a todos los colaboradores, a los organizadores y a cuantos estáis aquí presentes, así como a los hermanos y hermanas de los institutos representados por vosotros, expreso a todos un deseo.
Se exige de vosotros, por ello, una profunda unión con la Iglesia, fidelidad a su ministerio. Se os pide una adhesión amorosa y total a su pensamiento y a su mensaje, sabiendo muy bien que esto hay que realizarlo en virtud del vínculo especial que os une a ella.
Todo ello no significa disminuir la justa autonomía de los laicos en orden a la consagración del mundo; se trata más bien de situarla en la luz que le corresponde, para que no se debilite ni obre aisladamente. La dinámica de vuestra misión, tal y como vosotros lo entendéis, lejos de alejaros de la vida de la Iglesia, se realiza en unión de caridad con ella.
Obra el Espíritu Santo, que «sopla donde quiere» (Jn 3, 8). Sólo Él puede suscitar energías, iniciativas, signos poderosos, mediante los cuales lleva a su realización la obra de Cristo.
La tarea de extender a todas las obras del hombre el don de la Redención es una misión que os ha dado el Espíritu Santo; es una misión sublime, exige valentía, pero es siempre motivo de felicidad para vosotros, si vivís en la comunión de caridad con Cristo y con los hermanos.
La Iglesia del 2.000 espera, pues, de vosotros una válida colaboración a lo largo del arduo recorrido de la santificación del mundo. Os deseo que este encuentro fortifique verdaderamente vuestros propósitos e ilumine cada vez más vuestros corazones.
Con estos deseos os imparto gustosamente mi bendición apostólica, extensiva a las personas y a las iniciativas confiadas a vuestro servicio eclesial.
S. S. JUAN PABLO II, 26 DE AGOSTO DE 1988
Christifideles Laici.
Exortación apostólicaJuan Pablo II
Las diversas vocaciones laicales
56. La rica variedad de la Iglesia encuentra su ulterior manifestación dentro de cada uno de los estados de vida. Así, dentro del estado de vida laical se dan diversas vocaciones, o sea, diversos caminos espirituales y apostólicos que afectan a cada uno de los fieles laicos. En el álveo de una vocación laical "común" florecen vocaciones laicales "particulares". En este campo podemos recordar también la experiencia espiritual que ha madurado recientemente en la Iglesia con el florecer de diversas formas de Institutos Seculares. A los fieles laicos, y también a los mismos sacerdotes está abierta la posibilidad de profesar los consejos evangélicos de pobreza, castidad y obediencia a través de los votos o las promesas, conservando plenamente la propia condición laical o clerical. Como han puesto de manifiesto los Padres sinodales, "el Espíritu Santo promueve también otras formas de entrega de sí mismo a las que se dedican personas que permanecen plenamente en la vida laical".
Podemos concluir releyendo una hermosa página de san Francisco de Sales, que tanto ha promovido la espiritualidad de los laicos. Hablando de la "devoción", es decir, de la perfección cristiana o "vida según el Espíritu", presenta de manera simple y espléndida la vocación de todos los cristianos a la san¬tidad y, al mismo tiempo, el modo específico con que cada cristiano la realiza: "En la creación Dios mandó a las plantas producir sus frutos, cada una 'según su especie' (Gn 1, 11). El mismo mandamiento dirige a los cristianos, que son plantas vivas de su Iglesia, para que produzcan frutos de devoción, cada uno según su estado y condición. La devoción debe ser practicada en modo diverso de la practicada por el hidalgo, por el artesano, por el sirviente, por el príncipe, por la viuda, por la mujer soltera y por la casada. Pero esto no basta; es necesario además conciliar la práctica de la devoción con las fuerzas, con las obligaciones y deberes de cada persona (...) . Es un error - mejor dicho, una herejía - pretender excluir el ejercicio de la devoción del ambiente militar, del taller de los artesanos, de la corte de los príncipes, de los hogares de los casados. Es verdad, Filotea, que la devoción puramente contemplativa, monástica y religiosa sólo puede ser vivida en estos estados, pero además de estos tres tipos de devoción, hay muchos otros capaces de hacer perfectos a quienes viven en condiciones seculares. Por eso, en cualquier lugar que nos encontremos, podemos y debemos aspirar a la vida perfecta".
Colocándose en esa misma línea, el concilio Vaticano II escribe: "Este comportamiento espiritual de los laicos debe asumir una peculiar característica del estado de matrimonio y familia, de celibato o de viudez, de la condición de enfermedad, de la actividad profesional y social. No dejen, por tanto, de cultivar constantemente las cualidades y las dotes otorgadas correspondientes a tales condiciones, y de servirse de los propios dones recibidos del Espíritu Santo".
Lo que vale para las vocaciones espirituales vale también, y en cierto sentido con mayor motivo, para las infinitas diversas modalidades según las cuales todos y cada uno de los miembros de la Iglesia son obreros que trabajan en la viña del Señor, edificando el cuerpo místico de Cristo. En verdad, cada uno es llamado por su nombre, en la unicidad e irrepetibilidad de su historia personal, a aportar su propia contribución al advenimiento del reino de Dios. Ningún talento, ni siquiera el más pequeño puede ser escondido o quedar inutilizado (cfr. Mt 25, 24-27).
E1 apóstol Pedro nos advierte: "Que cada cual ponga al servicio de los demás la gracia que ha recibido, como buenos administradores de las diversas gracias de Dios" (1 P 4, 10).
Carta V Congreso Mundial de Institutos SecularesCardenal Ángelo Sodano, Roma 1992
(contiene mensaje de S.S. Juan Pablo II)
Señor Cardenal:
El Santo Padre, informado de la celebración del V Congreso Mundial de los Institutos Seculares, me ha encargado trasmita su saludo cordial a los organizadores y a todos los participantes en ese Encuentro.
Ante todo, Su Santidad manifiesta su agrado por la elección del tema: “Los Institutos Seculares y la evangelización hoy”, que se enmarca oportunamente en el amplio empeño de la Iglesia a favor de la promoción de la nueva evangelización. Se trata de un proceso de gracia, que alcanza su culmen en la conversión del corazón, siempre necesaria, entendida como retorno a Dios, Padre providencial y misericordioso, y como disponibilidad hacia los hermanos, que esperan comprensión, amor y anuncio solidario de la Palabra revelada.
La misión evangelizadora de la Iglesia debe tener en cuenta hoy, las profundas transformaciones culturales y sociales de nuestro tiempo que, con frecuencia, más que favorecer la acción misionera, pueden dificultarla. Los miembros de los Institutos Seculares son conscientes de esos desafíos, que están llamados a afrontar, porque han recibido el don de una «forma de consagración nueva y original, sugerida por el Espíritu Santo para ser vivida en medio de las realidades temporales y para inocular la fuerza de los consejos evangélicos –los valores divinos y eternos– en medio de los valores humanos y temporales».
El Espíritu Santo les ha concedido la gracia de configurarse más radicalmente a Jesús, en el camino que recorrió para reconciliar a los hombres, derribar el muro de enemistad (cfr. Ef. 2, 14) y recrear la nueva humanidad. Para realizar plenamente todo esto se requiere un nuevo ardor; es necesario que los Institutos Seculares se comprometan denodadamente a testimoniar la novedad del Evangelio. Sin una correspondencia más ardiente a la llamada a la santidad para comunicar el Evangelio de la paz al mundo que se dispone a entrar en el nuevo milenio, todo esfuerzo se reduciría a un intento sin eficacia apostólica. También los métodos para comunicar la novedad del Evangelio al mundo deben ser nuevos. A este propósito, los miembros de los Institutos Seculares deben abrirse a las nuevas formas de comunicación que les ofrece el progreso de la técnica. Pero no hay que olvidar que también la comunicación tiene que adecuarse a la novedad que está llamada a difundir. Tiene que distinguirse por su sencillez evangélica y por su propuesta gratuita (cfr. Mt 10, 8), a fin de favorecer una respuesta libre, responsable y gozosa.
La experiencia de la búsqueda y del encuentro personal con el Dios vivo es lo más valioso que se puede ofrecer a los hombres. No cabe duda de que la llamada a la santidad es la raíz de la llamada a la nueva evangelización. Ésta exige una profunda comunión eclesial, que empieza en el seno de los mismos Institutos y se amplía en una comunión afectiva y efectiva con todo el pueblo de Dios. El Santo Padre Juan Pablo II expresó claramente la estrecha relación que existe entre la construcción de la comunidad cristiana y el servicio al mundo, en la exhortación apostólica “Christifideles Laici”, precisamente en el párrafo en el que afirma: «Ciertamente urge en todas partes rehacer el entramado cristiano de la sociedad humana. Pero la condición es que se rehaga la cristiana trabazón de las mismas comunidades eclesiales».
Pero la nueva evangelización exige también un servicio al mundo. Los modos de realización, según las vocaciones particulares y las necesidades concretas, son múltiples: el testimonio de vida, el diálogo y la militancia, el contacto personal, el servicio escondido, la presencia individual y comunitaria, el anuncio y la denuncia profética, la defensa de la verdad y el testimonio del amor. Es importante que en un mundo marcado por la cultura de la muerte, pero que anhela también los valores del Espíritu, los Institutos Seculares sean capaces de ser signos del Dios vivo y artífices de la cultura de la solidaridad cristiana.
Por tanto, el Santo Padre exhorta a todos a continuar por ese camino, a aumentar las múltiples iniciativas de animación cristiana y a no temer presentarse en los diversos areópagos modernos para proclamar allí, con las palabras y los hechos, la buena nueva del Evangelio. El compromiso a favor de la paz y el desarrollo de los pueblos, la defensa de los derechos humanos, la promoción de la mujer y la educación de los jóvenes son algunos de estos areópagos del mundo moderno, en los que los Institutos Seculares deben sentirse comprometidos.
Con estos deseos de felicidad, invocando la protección de María Santísima, Reina de los Apóstoles y Estrella de la evangelización, sobre todos los participantes en el Congreso y todos los miembros de los Institutos Seculares, el Sumo Pontífice imparte de corazón la implorada bendición apostólica, propiciadora de los más abundantes favores celestiales.
Aprovecho gustoso la oportunidad para reafirmarle mis sentimientos de profunda estima.
De vuestra eminencia reverendísima devotísimo en el Señor.
Cardenal Ángelo Sodano
Secretario de Estado
Roma 1992
Exhortación Apostólica Postsinodal
Vita Consecrata
Institutos seculares
10. El Espíritu Santo, admirable artífice de la variedad de los carismas, ha
suscitado en nuestro tiempo nuevas formas de vida consagrada, como
queriendo corresponder, según un providencial designio, a las nuevas necesidades
que la Iglesia encuentra hoy al realizar su misión en el mundo.
Pienso en primer lugar en los Institutos seculares, cuyos miembros
quieren
vivir la consagración a Dios en el mundo mediante la profesión de los
consejos evangélicos en el contexto de las estructuras temporales, para ser así
levadura de sabiduría y testigos de gracia dentro de la vida cultural, económica
y política. Mediante la síntesis, propia de ellos, de secularidad y
consagración, tratan de introducir en la sociedad las energías nuevas del
Reino de Cristo, buscando transfigurar el mundo desde dentro con la fuerza
de las Bienaventuranzas. De este modo, mientras la total pertenencia a Dios les
hace plenamente consagrados a su servicio, su actividad en las normales
condiciones laicales contribuye, bajo la acción del Espíritu, a la animación
evangélica de las realidades seculares. Los Institutos seculares contribuyen de
este modo a asegurar a la Iglesia, según la índole específica de cada uno, una
presencia incisiva en la sociedad[1].
Una valiosa aportación dan
también los Institutos seculares clericales, en los que sacerdotes
pertenecientes al presbiterio diocesano, aun cuando se reconoce a algunos de
ellos la incardinación en el propio Instituto, se consagran a Cristo mediante la
práctica de los consejos evangélicos según un carisma específico. Encuentran en
las riquezas espirituales del Instituto al que pertenecen una ayuda para vivir
intensamente la espiritualidad propia del sacerdocio y, de este modo, ser
fermento de comunión y de generosidad apostólica entre los hermanos.
El valor especial de la vida consagrada
32. En este armonioso conjunto de dones, se confía a cada uno de los estados de
vida fundamentales la misión de manifestar, en su propia categoría, una u otra
de las dimensiones del único misterio de Cristo. Si la vida laical tiene la
misión particular de anunciar el Evangelio en medio de las realidades
temporales, en el ámbito de la comunión eclesial desarrollan un ministerio
insustituible los que han recibido el Orden sagrado, especialmente los
Obispos. Ellos tienen la tarea de apacentar el Pueblo de Dios con la enseñanza
de la Palabra, la administración de los Sacramentos y el ejercicio de la
potestad sagrada al servicio de la comunión eclesial, que es comunión orgánica,
ordenada jerárquicamente[2].
Como expresión de la santidad de
la Iglesia, se debe reconocer una excelencia objetiva a la vida consagrada,
que refleja el mismo modo de vivir de Cristo. Precisamente por esto, ella es una
manifestación particularmente rica de los bienes evangélicos y una realización
más completa del fin de la Iglesia que es la santificación de la humanidad. La
vida consagrada anuncia y, en cierto sentido, anticipa el tiempo futuro, cuando,
alcanzada la plenitud del Reino de los cielos presente ya en germen y en el
misterio[3], los hijos de la
resurrección no tomarán mujer o marido, sino que serán como ángeles de Dios (cf.
Mt
22, 30).
En efecto, la excelencia de la castidad perfecta
por el Reino[4], considerada con
razón la «puerta» de toda la vida consagrada[5],es
objeto de la constante enseñanza de la Iglesia. Esta manifiesta, al mismo
tiempo, gran estima por la vocación al matrimonio, que hace de los cónyuges
«testigos y colaboradores de la fecundidad de la Madre Iglesia como símbolo y
participación de aquel amor con el que Cristo amó a su esposa y se entregó por
ella»[6].
En este horizonte común a toda la
vida consagrada, se articulan vías distintas entre sí, pero complementarias. Los
religiosos y las religiosas dedicados íntegramente a la contemplación son
en modo especial imagen de Cristo en oración en el monte[7].
Las personas consagradas de vida activa lo manifiestan «anunciando a las
gentes el Reino de Dios, curando a los enfermos y lisiados, convirtiendo a los
pecadores en fruto bueno, bendiciendo a los niños y haciendo el bien a todos»[8].
Las personas consagradas en los Institutos seculares realizan un servicio
particular para la venida del Reino de Dios, uniendo en una síntesis específica
el valor de la consagración y el de la secularidad. Viviendo su consagración en
el mundo y a partir del mundo[9],
«se esfuerzan por impregnar todas las cosas con el espíritu evangélico, para
fortaleza y crecimiento del Cuerpo de Cristo»[10].
Participan, para ello, en la obra evangelizadora de la Iglesia mediante el
testimonio personal de vida cristiana, el empeño por ordenar según Dios las
realidades temporales, la colaboración en el servicio de la comunidad eclesial,
de acuerdo con el estilo de vida secular que les es propio.
Organismos de coordinación
53. Las Conferencias de Superiores y de Superioras mayores y las Conferencias de
los Institutos seculares pueden dar una notable contribución a la comunión.
Estimulados y regulados por el Concilio Vaticano II y por documentos posteriores[11],
estos organismos tienen como principal objetivo la promoción de la vida
consagrada, engarzada en la trama de la misión eclesial.
A través de ellos los Institutos expresan la comunión entre sí y buscan los
medios para reforzarla, con respeto y aprecio por el valor específico de cada
uno de los carismas, en los que se refleja el misterio de la Iglesia y la
multiforme sabiduría de Dios[12].
Aliento, pues, a los Institutos de vida consagrada a que se presten asistencia
mutua, especialmente en aquellos países en los que, debido a particulares
dificultades, la tentación de replegarse sobre sí puede ser fuerte, con
perjuicio de la vida consagrada misma y de la Iglesia. Es preciso, por el
contrario, que se ayuden recíprocamente en su intento de comprender el designio
de Dios en los actuales avatares de la historia, para así responder mejor con
iniciativas apostólicas adecuadas[13].
En este horizonte de comunión, abierto a los desafíos de nuestro tiempo, los
Superiores y las Superioras «actuando en sintonía con el episcopado», procuren
aprovecharse «del trabajo de los mejores colaboradores de cada Instituto y
ofrecer servicios que no sólo ayuden a superar eventuales límites, sino que
también creen un estilo válido de formación a la vida religiosa»[14].
Exhorto a las Conferencias de los
Superiores y de las Superioras mayores y a las Conferencias de los Institutos
seculares a que mantengan contactos frecuentes y regulares con la Congregación
para los Institutos de vida consagrada y Sociedades de vida apostólica, como
expresión de su comunión con la Santa Sede. También debe tenerse una relación
activa y confiada con las Conferencias Episcopales de cada país. Según el
espíritu del documento
Mutuae Relationes, es conveniente que dicha relación
adquiera una forma estable, para hacer así posible una coordinación tempestiva y
duradera de las iniciativas que vayan surgiendo. Si todo esto se lleva a la
práctica con perseverancia y espíritu de adhesión fiel a las directrices del
Magisterio, los organismos de conexión y de comunión se revelarán sumamente
útiles para encontrar soluciones que eviten incomprensiones, tanto en el terreno
teórico como en el práctico[15];
de este modo serán un soporte válido no sólo para promover la comunión entre los
Institutos de vida consagrada y los Obispos, sino para contribuir también al
desempeño de la misión misma de la Iglesia particular.
Presentes en todos los rincones de la tierra
78. «El amor de Cristo nos apremia» (2 Co 5, 14): los miembros de cada
Instituto deberían repetir estas palabras con el Apóstol, por ser tarea de la
vida consagrada el trabajar en todo el mundo para consolidar y difundir el Reino
de Cristo, llevando el anuncio del Evangelio a todas partes, hasta las regiones
más lejanas[16]. De hecho, la
historia misionera testimonia la gran aportación que han dado a la
evangelización de los pueblos: desde las antiguas Familias monásticas hasta las
más recientes Fundaciones dedicadas de manera exclusiva a la misión ad gentes,
desde los Institutos de vida activa a los de vida contemplativa,
innumerables personas han gastado sus energías en esta «actividad primaria de la
Iglesia, esencial y nunca concluida»[17],
puesto que se dirige a la multitud creciente de aquellos que no conocen a
Cristo.
Este deber continúa urgiendo hoy a los Institutos de vida consagrada y a las
Sociedades de vida apostólica: el anuncio del Evangelio de Cristo espera de
ellos la máxima aportación posible. También los Institutos que surgen y que
operan en las Iglesias jóvenes están invitados a abrirse a la misión entre los
no cristianos, dentro y fuera de su patria. A pesar de las comprensibles
dificultades que algunos de ellos puedan atravesar, conviene recordar a todos
que, así como «la fe se fortalece dándola»[18],
también la misión refuerza la vida consagrada, le infunde un renovado entusiasmo
y nuevas motivaciones, y estimula su fidelidad. Por su parte, la actividad
misionera ofrece amplios espacios para acoger las variadas formas de vida
consagrada.
La misión ad gentes ofrece especiales y extraordinarias oportunidades a
las mujeres consagradas, a los religiosos hermanos y a los miembros de
Institutos seculares, para una acción apostólica particularmente incisiva. Estos
últimos, además, con su presencia en los diversos ámbitos típicos de la vida
laical, pueden desarrollar una preciosa labor de evangelización de los
ambientes, de las estructuras y de las mismas leyes que regulan la convivencia.
Ellos pueden también testimoniar los valores evangélicos estando al lado de
personas que no conocen aún a Jesús, contribuyendo de este modo específico a la
misión.
Se ha de subrayar que en los países
donde tienen amplia raigambre religiones no cristianas, la presencia de la vida
consagrada adquiere una gran importancia, tanto con actividades educativas,
caritativas y culturales, como con el signo de la vida contemplativa. Por esto
se debe alentar de manera especial la fundación en la nuevas Iglesias de
comunidades entregadas a la contemplación, dado que «la vida contemplativa
pertenece a la plenitud de la presencia de la Iglesia»[19].
Es preciso, además, promover con medios adecuados una distribución equitativa de
la vida consagrada en sus varias formas, para suscitar un nuevo impulso
evangelizador, bien con el envío de misioneros y misioneras, bien con la debida
ayuda de los Institutos de vida consagrada a las diócesis más pobres[20].
Necesidad de un renovado compromiso en el campo educativo
97. Con un delicado respeto, pero con arrojo misionero, los consagrados y
consagradas pongan de manifiesto que la fe en Jesucristo ilumina todo el campo
de la educación sin prejuicios sobre los valores humanos, sino más bien
confirmándolos y elevándolos. De este modo se convierten en testigos e
instrumentos del poder de la Encarnación y de la fuerza del Espíritu. Esta tarea
es una de las expresiones más significativas de la Iglesia que, a imagen de
María, ejerce su maternidad para con todos sus hijos[21].
Es este el motivo que ha llevado
al Sínodo a exhortar insistentemente a las personas consagradas a que asuman con
renovada entrega la misión educativa, allí donde sea posible, con escuelas de
todo tipo y nivel, con Universidades e Institutos superiores[22].
Haciendo mía la indicación sinodal, invito a todos los miembros de los
Institutos que se dedican a la educación a que sean fieles a su carisma
originario y a sus tradiciones, conscientes de que el amor preferencial por los
pobres tiene una singular aplicación en la elección de los medios adecuados para
liberar a los hombres de esa grave miseria que es la falta de formación cultural
y religiosa.
Dada la importancia que revisten
las Universidades y Facultades católicas y eclesiásticas en el campo de la
educación y de la evangelización, los Institutos que las dirigen han de ser muy
conscientes de su responsabilidad, haciendo que en ellas, a la vez que se
dialoga activamente con la cultura actual, se conserve la índole católica que
les es peculiar, en plena fidelidad al Magisterio de la Iglesia. Los miembros de
estos Institutos y Sociedades además, y según las circunstancias de cada lugar,
han de estar preparados y dispuestos para entrar en las estructuras educativas
estatales. A este tipo de presencia están especialmente llamados, por su
vocación específica, los miembros de los Institutos seculares.
Evangelizar la cultura
98. Los Institutos de vida consagrada han tenido siempre un gran influjo en la
formación y en la transmisión de la cultura. Así ocurrió en la Edad Media,
cuando los monasterios eran el lugar en que se conservaba la riqueza cultural
del pasado y en los que se construía una nueva cultura humanista y cristiana.
Esto se ha verificado también siempre que la luz del Evangelio ha llegado a
nuevos pueblos. Son muchas las personas consagradas que han promovido la
cultura, investigando y defendiendo frecuentemente las culturas autóctonas. La
Iglesia es hoy muy consciente de la necesidad de contribuir a la promoción de la
cultura y al diálogo entre cultura y fe[23].
Los consagrados han de sentirse
interpelados ante esta urgencia. Están llamados también a individuar, en el
anuncio de la Palabra de Dios, los métodos más apropiados a las exigencias de
los diversos grupos humanos y de los múltiples ámbitos profesionales, a fin de
que la luz de Cristo alcance a todos los sectores de la existencia humana, y el
fermento de la salvación transforme desde dentro la vida social, favoreciendo
una cultura impregnada de los valores evangélicos[24].
En los umbrales del tercer milenio cristiano, la vida consagrada podrá también
con este cometido renovar su respuesta a los deseos de Dios, que viene al
encuentro de todos aquellos que, consciente o inconscientemente, caminan como a
tientas en busca de la Verdad y de la Vida (cf. Hch
17, 27).
Pero más allá del servicio
prestado a los otros, la vida consagrada necesita también en su interior un
renovado amor por el empeño cultural, una dedicación al estudio como medio
para la formación integral y como camino ascético, extraordinariamente actual,
ante la diversidad de las culturas. Una disminución de la preocupación por el
estudio puede tener graves consecuencias también en el apostolado, generando un
sentido de marginación y de inferioridad, o favoreciendo la superficialidad y
ligereza en las iniciativas.
En la diversidad de los carismas
y de las posibilidades reales de cada Instituto, la dedicación al estudio no
puede reducirse a la formación inicial o a la consecución de títulos académicos
y de competencias profesionales. El estudio es más bien manifestación del
insaciable deseo de conocer siempre más profundamente a Dios, abismo de luz y
fuente de toda verdad humana. Por este motivo no es algo que aísla a la persona
consagrada en un intelectualismo abstracto, ni la aprisiona en las redes de un
narcisismo sofocante; por el contrario, fomenta el diálogo y la participación,
educa la capacidad de juicio, alienta la contemplación y la plegaria en la
búsqueda de Dios y de su actuación en la compleja realidad del mundo
contemporáneo.
La persona consagrada, dejándose
transformar por el Espíritu, se capacita para ampliar el horizonte de los
angostos deseos humanos y para captar, al mismo tiempo, los aspectos más hondos
de cada individuo y de su historia, que van más allá de las apariencias más
vistosas quizás, pero frecuentemente marginales. Los retos que emergen hoy de
las diversas culturas son innumerables. Retos provenientes de los campos en los
que tradicionalmente ha estado presente la vida consagrada o de los nuevos
ámbitos. Con todos ellos es urgente mantener fecundas relaciones, con una
actitud de vigilante sentido crítico, pero también de atención confiada hacia
quien se enfrenta a las dificultades típicas del trabajo intelectual,
especialmente cuando, ante la presencia de los problemas inéditos de nuestro
tiempo, es preciso intentar nuevos análisis y nuevas síntesis[25].
No se puede realizar una seria y válida evangelización de los nuevos ámbitos en
los que se elabora y se transmite la cultura sin una colaboración activa con los
laicos presentes en ellos.
Presencia en el mundo de las comunicaciones sociales
99. De igual manera que en el pasado las personas consagradas han sabido servir
a la evangelización con todos los medios, afrontando con genialidad los
obstáculos, también hoy están llamadas nuevamente por la exigencia de
testimoniar el Evangelio a través de los medios de comunicación social. Estos
medios han adquirido una capacidad de difusión cósmica mediante poderosas
tecnologías capaces de llegar hasta el último rincón de la tierra. Las personas
consagradas, especialmente cuando por su carisma institucional trabajan en este
campo, han de adquirir un serio conocimiento del lenguaje propio de estos
medios, para hablar de Cristo de manera eficaz al hombre actual, interpretando
sus gozos y esperanzas, sus tristezas y angustias[26],y
contribuir de este modo a la construcción de una sociedad en la que todos se
sientan hermanos y hermanas en camino hacia Dios.
No obstante, dado su extraordinario poder de persuasión, es preciso estar alerta
ante el uso inadecuado de tales medios, sin ignorar los problemas que se pueden
derivar para la vida consagrada misma, que ha de afrontarlos con el debido
discernimiento[27]. Sobre este
punto, la respuesta de la Iglesia es ante todo educativa: tiende a promover una
actitud de correcta comprensión de los mecanismos subyacentes y de atenta
valoración ética de los programas, y la adopción de sanas costumbres en su uso[28].
En esta tarea educativa, orientada a formar receptores entendidos y
comunicadores expertos, las personas consagradas están llamadas a ofrecer su
particular testimonio sobre la relatividad de todas las realidades visibles,
ayudando a los hermanos a valorarlas según el designio de Dios, pero también a
liberarse de la influencia obsesiva de la escena de este mundo que pasa (cf.
1 Co 7, 31).
Todos los esfuerzos en este nuevo e importante campo apostólico han de ser
alentados, con el fin de que el Evangelio de Cristo se transmita también a
través de estos medios modernos. Los diversos Institutos han de estar
disponibles para cooperar en la realización de proyectos comunes en los varios
sectores de la comunicación social, aportando fuerzas, medios y personas. Que
las personas consagradas, además, y especialmente los miembros de los Institutos
seculares, presten de buen grado sus servicios, según las oportunidades
pastorales, en la formación religiosa de los responsables de la comunicación
social pública o privada, para que se eviten, de una parte, los daños provocados
por un uso adulterado de los medios y, de otra, se promueva una mejor calidad de
las transmisiones, con mensajes respetuosos de la ley moral y ricos en valores
humanos y cristianos.
S. S. JUAN PABLO II,25 DE MARZO DE 1996
Notas
[1] Cf. ib.,11
[2] Cf. ib., Exhort. ap. postsinodal Christifideles Laici (30 de diciembre de 1988) , 20-21: AAS 81 (1989), 425-428.
[3] Cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. dogm.Lumen Gentium, sobre la Iglesia, 5.
[4] Cf. Concilio de Trento, ses. XXXIV, c. 10: DS 1810; Pio XII, Carta enc. Sacra Virginitas (25 de marzo de 1954), AAS 46 (1954), 176.
[5] Cf. Propositio 17.
[6] Cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. dogm. Lumen Gentium, sobre la Iglesia, 41.
[7] Cf. ib., 46.
[8] Ib.
[9] Cf. Pío XII, Motu proprioPrimo feliciter (12 de marzo de 1948), 6: AAS 40 (1948), 285.
[10] Código de derecho canónico, c. 713 § 1; cf. Código de los cánones de las Iglesias orientales, c. 563 § 2.
[119] Cf. Decr. Perfectae Caritatis, sobre la adecuada renovación de la vida religiosa, 23.
[11] Congregación para los religiosos y los institutos seculares y Congregación para los obispos, Criterios pastorales sobre las relaciones entre obispos y religiosos en la Iglesia Mutuae Relationes (14 de mayo de 1978), 21, 61: AAS 70 (1978), 486; 503-504; Código de derecho canónico, cc. 708-709.
[12] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Perfectae Caritatis, sobre la adecuada renovación de la vida religiosa, 1; Const. dogm. Lumen Gentium, sobre la Iglesia, 46.
[13] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et Spes, sobre la Iglesia en el mundo actual, 4.
[14] Mensaje a la XIV Asamblea general de Conferencia de religiosos de Brasil (1 de julio de 1986), 4: L'Osservatore Romano, edición semanal en lengua española, 16 de noviembre de 1986, 9.
[15] Cf. Congregación para los Religiosos y los Institutos Seculares y Congregación para los Obispos, Criterios pastorales sobre las relaciones en la Iglesia Mutuae Relationes (14 de mayo de 1978), 63; 65:AAS 70 (1978), 504-505.
[16] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen Gentium, sobre la Iglesia, 44.
[17] Cf. Carta enc. Redemptoris Missio 7 de diciembre de 1990), 69: AAS 83 (1991), 317-318; Catecismo de la Iglesia Católica, n. 927.
[18] Cf. Carta enc. Redemptoris Missio (7 de diciembre de 1990), 31: AAS 83 (1991), 277.
[19] Ib., 2: l.c., 251
[20] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Ad Gentes, sobre la actividad misionera de la Iglesia, 18; cf. Carta enc. Redemptoris Missio (7 de diciembre de 1990), 69: AAS 83 (1991), 317-318.
[21] Const. Ap. Sapientia Christiana (15 de abril de 1979), II; AAS 71 (1979), 471.
[22] Cf. Propositio 41.
[23] Const. Ap. Sapientia Christiana (15 de abril de 1979), II; AAS 71 (1979), 470.
[24] Cf. Propositio 36.
[241] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et Spes, sobre la Iglesia en el mundo actual, 5.
[25] Ib., 1.
[26] Cf. Congregación para los institutos de vida consagrada y las sociedades de vida apostólica, Instr. La vida fraterna en comunidad «Congregavit nos in unum Christi amor» (2 de febrero de 1994), 34: Ciudad del Vaticano 1994, 32.
[27] Cf. Mensaje para la XXVIII Jornada de las comunicaciones sociales (24 de enero de 1994): L’Osservatore Romano, edición semanal de la legua española, 28 de enero de 1994, 12.
Discurso a un Simposio Internacional
en el 50º Aniversario de la
Provida Mater Ecclesia
Juan Pablo II, 1 de febrero de 1997
Señor cardenal; venerables hermanos en el episcopado y en el sacerdocio; amadísimos hermanos y hermanas:
Os acojo con gran afecto en esta audiencia especial, con la que se quiere recordar y celebrar una fecha importante para los institutos seculares. Agradezco al señor cardenal Martínez Somalo las palabras con las que, interpretando los sentimientos de todos vosotros, ha puesto de relieve justamente el significado de este encuentro que, en esta sala, reúne simbólicamente a numerosas personas esparcidas por todo el mundo. Doy también las gracias a vuestro representante, que ha hablado después del cardenal.
La solicitud maternal y el sabio afecto de la Iglesia hacia sus hijos, que entregan su vida a Cristo en las diversas formas de consagración especial, se expresó hace cincuenta años en la constitución apostólica Provida Mater Ecclesia, que quiso dar una nueva organización canónica a la experiencia cristiana de los institutos seculares (cf. AAS 39 [1947], 114-124).
Pío XII, mi predecesor de venerada memoria, anticipando con feliz intuición algunos temas que encontrarían en el concilio Vaticano II su adecuada formulación, confirmó con su autoridad apostólica un camino y una forma de vida que ya desde hacía un siglo habían atraído a muchos cristianos, hombres y mujeres: se comprometían a seguir a Cristo virgen, pobre y obediente, permaneciendo en la condición de vida del propio estado secular. En esta primera fase de la historia de los institutos seculares, es hermoso reconocer la entrega y el sacrificio de tantos hermanos y hermanas en la fe, que afrontaron con intrepidez el desafío de los tiempos nuevos. Dieron un testimonio coherente de verdadera santidad cristiana en las condiciones más diversas de trabajo, casa e inserción en la vida social, económica y política de las comunidades humanas a las que pertenecían.
No podemos olvidar la inteligente pasión con las que algunos grandes hombres de Iglesia acompañaron este camino durante los años que precedieron inmediatamente la promulgación de la Provida Mater Ecclesia. De todos ellos, además del mencionado Pontífice, me complace recordar con afecto y gratitud al entonces sustituto de la Secretaría de Estado, el futuro Papa Pablo VI, monseñor Giovanni Battista Montini, y a quien cuando fue publicada la constitución apostólica era subsecretario de la Congregación de los religiosos, el venerado cardenal Arcadio Larraona, quienes desempeñaron un papel importante en la elaboración y definición de la doctrina y de las opciones canónicas contenidas en el documento.
A medio siglo de distancia, la Provida Mater Ecclesia conserva aún gran actualidad. Lo habéis puesto de manifiesto durante los trabajos de vuestro simposio internacional. Mas aún, se caracteriza por su inspiración profética, que merece destacarse. En efecto, la forma de vida de los institutos seculares se muestra, hoy más que nunca, como una providencial y eficaz modalidad de testimonio evangélico en las circunstancias determinadas por la actual condición cultural y social en la que la Iglesia está llamada a vivir y a ejercer su propia misión. Con la aprobación de estos institutos, la constitución, coronando una tensión espiritual que animaba la vida de la Iglesia por lo menos desde los tiempos de San Francisco de Sales, reconocía que la perfección de la vida cristiana podía y debía vivirse en toda circunstancia y situación existencial, pues la vocación a la santidad es universal (cf. Provida Mater Ecclesia, 118). En consecuencia, afirmaba que la vida religiosa –entendida en su propia forma canónica– no agotaba en sí misma toda posibilidad de seguimiento integral del Señor, y deseaba que por la presencia y el testimonio de la consagración secular tuviera lugar una renovación cristiana de la vida familiar, profesional y social, gracias a la cual surgieran formas nuevas y eficaces de apostolado, dirigidas a personas y ambientes normalmente alejados del Evangelio y casi impenetrables a su anuncio.
Hace ya algunos años, dirigiéndome a los participantes en el II Congreso internacional de los institutos seculares, afirmaba que «se encuentran en el centro, por así decir, del conflicto que desasosiega y desgarra el alma moderna» (L’Ossservatore Romano, edición en lengua española, 21 de septiembre de 1980, p. 2). Con estas palabras deseaba yo hacerme eco de algunas consideraciones de mi venerado predecesor Pablo VI, que había dicho que los institutos seculares eran la respuesta a una inquietud profunda: la de encontrar el camino de la síntesis entre la plena consagración de la vida según los consejos evangélicos y la plena responsabilidad de una presencia y de una acción que transforme el mundo desde dentro, para plasmarlo, perfeccionarlo y santificarlo (cf. L’Osservatore Romano, edición en lengua española, 13 de febrero de 1972, p. 1).
En efecto, por una parte, asistimos a la rápida difusión de formas de religiosidad que proponen experiencias fascinantes, y en algunos casos también comprometedoras y exigentes. Pero el énfasis se pone en el nivel emotivo y sensible de la experiencia, más que en el ascético y espiritual. Se puede reconocer que tales formas de religiosidad tratan de responder a un anhelo cada vez más renovado de comunión con Dios y de búsqueda de la verdad última sobre Él y sobre el destino de la humanidad. Y se presentan con el atractivo de la novedad y del fácil universalismo. Pero estas experiencias suponen una concepción ambigua de Dios, que no corresponde a la que ofrece la Revelación. Además, están desarraigadas de la realidad y de la historia concreta de la humanidad.
A esta religiosidad se contrapone una falsa concepción de la secularidad, según la cual Dios es ajeno a la construcción del futuro de la humanidad. La relación con Él se considera una elección privada y una cuestión subjetiva, que al máximo se puede tolerar, siempre que no pretenda influir de alguna manera en la cultura o en las sociedad.
¿Cómo afrontar, por tanto, este gran conflicto que afecta al espíritu y al corazón de la humanidad contemporánea? Se convierte en un desafío para el cristiano: el desafío de transformarse en agente de una nueva síntesis entre la máxima adhesión posible a Dios y a su voluntad y la máxima participación posible en las alegrías y esperanzas, angustias y dolores del mundo, para orientarlos hacia el proyecto de salvación integral que Dios Padre nos ha manifestado en Cristo y que continuamente pone a nuestra disposición por el don del Espíritu Santo.
Los miembros de los institutos seculares se comprometen precisamente a realizar esto, expresando su plena fidelidad a la profesión de los consejos evangélicos en una forma de vida secular, llena de riesgos y exigencias con frecuencia imprevisibles, pero con una gran potencialidad específica y original.
Portadores humildes y convencidos de la fuerza transformadora del reino de Dios y testigos valientes y coherentes del deber y de la misión de evangelización de las culturas y de los pueblos, los miembros de los institutos seculares son, en la historia, signo de una Iglesia amiga de los hombres, capaz de ofrecer consuelo en todo tipo de aflicción y dispuesta a sostener todo progreso verdadero de la convivencia humana, pero, al mismo tiempo, intransigente frente a toda elección de muerte, de violencia, de mentira y de injusticia. También son para los cristianos signo y exhortación a cumplir el deber de cuidar, en nombre de Dios, una creación que sigue siendo objeto del amor y la complacencia de su Creador, aunque esté marcada por la contradicción de la rebeldía y del pecado, y necesite ser liberada de la corrupción y la muerte.
¿Acaso hay que sorprenderse de que el ambiente en que deberán actuar esté frecuentemente poco dispuesto a comprender y aceptar su testimonio?
La Iglesia espera hoy hombres y mujeres que sean capaces de dar un testimonio renovado del Evangelio y de sus exigencias radicales, estando dentro de la condición existencial de la mayoría de las personas. Y también el mundo, con frecuencia sin darse cuenta, desea el encuentro con la verdad del Evangelio para un progreso verdadero e integral de la humanidad, según el plan de Dios.
En esa situación, es necesario que los miembros de los institutos seculares tengan una gran adhesión al carisma típico de su consagración: el de realizar la síntesis de fe y vida, de Evangelio e historia humana, y de entrega integral a la gloria de Dios y disponibilidad incondicional a servir a la plenitud de la vida de sus hermanos y hermanas en este mundo.
Los miembros de los institutos seculares se encuentran, por vocación y misión, en una encrucijada donde coinciden la iniciativa de Dios y la espera de la creación: la iniciativa de Dios, que llevan al mundo mediante su amor y su unión íntima con Cristo; la espera de la creación, que comparten en la condición diaria y secular de sus semejantes, viviendo las contradicciones y las esperanzas de todo ser humano, especialmente de los más débiles y de los que sufren.
En cualquier caso, a los institutos seculares se les confía la responsabilidad de recordar a todos esta misión, testimoniándola con una consagración especial, con la radicalidad de los consejos evangélicos, para que toda la comunidad cristiana realice cada vez con mayor empeño la tarea que Dios, en Cristo, le ha encomendado con el don de su Espíritu (cf. Exhortación apostólica Vita consecrata, 17-22).
El mundo contemporáneo es particularmente sensible ante el testimonio de quien sabe aceptar con valentía el riesgo y la responsabilidad del discernimiento de su tiempo y del proyecto de edificación de una humanidad nueva y más justa. Nos ha tocado vivir en un tiempo de grandes transformaciones culturales y sociales.
Por este motivo, es cada vez más evidente que la misión del cristiano en el mundo no puede reducirse a un puro y simple ejemplo de honradez, competencia y fidelidad al deber. Todo eso se supone. Se trata de revestirse de los mismos sentimientos de Cristo Jesús para ser signos de su amor en el mundo. Este es el sentido y la finalidad de la auténtica secularidad cristiana y, por tanto, el fin y el valor de la consagración cristiana que se vive en los institutos seculares.
En esta línea es muy importante que los miembros de los institutos seculares vivan intensamente la comunión fraterna tanto dentro del propio instituto como con los miembros de otros institutos. Precisamente porque están inmersos como la levadura y la sal en el mundo, deberían considerarse testigos privilegiados del valor de la fraternidad y de la amistad cristiana, hoy tan necesarias, sobre todo en las grandes áreas urbanizadas, donde se halla gran parte de la población mundial.
Albergo la esperanza de que cada instituto secular se convierta en un gimnasio de amor fraterno, en una hoguera encendida, que proporcione luz y calor a muchos hombres y mujeres para la vida del mundo.
En fin, pido a María que dé a todos los miembros de los institutos seculares la lucidez con que Ella mira la situación del mundo, la profundidad de su fe en la palabra de Dios y la prontitud de su disponibilidad a realizar sus misteriosos designios, para una colaboración cada vez más eficaz en la obra de la salvación.
Al depositar en sus manos maternas el futuro de los institutos seculares, porción elegida del pueblo de Dios, os imparto la bendición apostólica a cada uno de vosotros, y con mucho gusto la extiendo a todos los miembros de los institutos seculares esparcidos en los cinco continentes.
S. S. JUAN PABLO II, 1 DE FEBRERO DE 1997
Discurso al VII Congreso Mundial De Institutos Seculares - 2000
Al VII Congreso Mundial
de Institutos Seculares
Juan Pablo II, 28 de agosto de 2000
Amadísimos hermanos y hermanas.
Me alegra acogeros con ocasión de vuestro congreso, que de la actual celebración jubilar recibe una orientación y un estímulo particulares. Os saludo a todos con gran cordialidad y dirijo un saludo especial al cardenal Eduardo Martínez Somalo, prefecto de la Congregación para los Institutos de Vida Consagrada y las Sociedades de Vida Apostólica, que ha interpretado con vigor vuestros sentimientos.
En el año del gran jubileo la Iglesia invita a todos los seglares, pero de manera especial a los miembros de los Institutos Seculares, a comprometerse en la animación evangélica y en el testimonio cristiano dentro de las realidades seculares. Como dije durante nuestro encuentro con ocasión del 50º aniversario de la Provida Mater Ecclesia, os halláis, por vocación y misión, en la encrucijada entre la iniciativa de Dios y la espera de la creación: la iniciativa de Dios, que lleváis al mundo mediante el amor y la unión íntima con Cristo; la espera de la creación, que compartís en la condición diaria y secular de vuestros semejantes (cf. Núm. 5: L'Osservatore Romano, edición en lengua española, 7 de septiembre de 1997, p. 6). Por eso, como seglares consagrados, debéis vivir con conciencia activa las realidades de vuestro tiempo, porque el seguimiento de Cristo, que da sentido a vuestra vida, os compromete seriamente frente al mundo que estáis llamados a transformar según el proyecto de Dios.
Vuestro congreso mundial centra su atención en el tema de la formación de los miembros de los Institutos Seculares. Es preciso que siempre sean capaces de discernir la voluntad de Dios y los caminos de la nueva evangelización en cada momento de la historia, en la complejidad y en la mutabilidad de los signos de los tiempos.
En la exhortación apostólica Christifideles Laici dediqué amplio espacio al tema de la formación de los cristianos en sus responsabilidades históricas y seculares, así como en su colaboración directa en la edificación de la comunidad cristiana; e indiqué las fuentes indispensables de esa formación: «la escucha pronta y dócil de la palabra de Dios y de la Iglesia, la oración filial y constante, la referencia a una sabia y amorosa dirección espiritual, la percepción en la fe de los dones y alientos recibidos y, al mismo tiempo, de las diversas situaciones sociales e históricas en las que se está inmerso».
Así pues, la formación atañe de modo global a toda la vida del consagrado. Se vale también de los análisis y las reflexiones de los expertos en sociología y en las demás ciencias humanas, pero no puede descuidar, como su centro vital y como criterio de valoración cristiana de los fenómenos históricos, la dimensión espiritual, teológica y sapiencial de la vida de fe, que proporciona las claves últimas y decisivas para la lectura de la actual condición humana y para la elección de las prioridades y de los estilos de un testimonio auténtico.
La mirada que dirigimos a las realidades del mundo contemporáneo y que ojalá esté siempre llena de la compasión y de la misericordia que os ha enseñado nuestro Señor Jesucristo, no se limita a percibir errores y peligros. Ciertamente, no puede ignorar también los aspectos negativos y problemáticos, pero inmediatamente trata de descubrir caminos de esperanza e indicar perspectivas de intenso compromiso con vistas a la promoción integral de la persona, a su liberación y a la plenitud de su felicidad.
En el corazón de un mundo que cambia, en el que persisten y se agravan injusticias y sufrimientos inauditos, estáis llamados a realizar una lectura cristiana de los hechos y de los fenómenos históricos y culturales. En particular, debéis ser portadores de luz y esperanza en la sociedad actual. No os dejéis engañar por optimismos ingenuos; por el contrario, seguid siendo testigos fieles de un Dios que ciertamente ama a esta humanidad y le ofrece la gracia necesaria para que pueda trabajar eficazmente en la construcción de un mundo mejor, más justo y más respetuoso de la dignidad de todo ser humano. El desafío que la cultura contemporánea plantea a la fe es precisamente éste: abandonar la fácil inclinación a pintar escenarios oscuros y negativos, para trazar posibles vías, no ilusorias, de redención, liberación y esperanza.
Vuestra experiencia de consagrados en la condición secular os muestra que no hay que esperar la llegada de un mundo mejor sólo en virtud de opciones que provienen de grandes responsabilidades y de grandes instituciones. La gracia del Señor, capaz de salvar y redimir también esta época de la historia, nace y crece en el corazón de los creyentes, que acogen, secundan y favorecen la iniciativa de Dios en la historia y la hacen crecer desde abajo y desde dentro de las vidas humanas sencillas que, de esa manera, se convierten en las verdaderas artífices del cambio y de la salvación. Basta pensar en la acción realizada en este sentido por innumerables santos y santas, incluidos los que la Iglesia no ha declarado oficialmente como tales, los cuales han marcado profundamente la época en que han vivido, aportándole valores y energías de bien, cuya importancia no perciben los instrumentos de análisis social, pero que es patente a los ojos de Dios y a la ponderada reflexión de los creyentes.
La formación para el discernimiento no puede descuidar el fundamento de todo proyecto humano, que es y sigue siendo Jesucristo. La misión de los Institutos Seculares consiste en introducir en la sociedad las energías nuevas del reino de Cristo, buscando transfigurar el mundo desde dentro con la fuerza de las bienaventuranzas (Vita Consecrata 10). De esta manera, la fe de los discípulos se convierte en alma del mundo, según la feliz imagen de la Carta a Diogneto, y produce una renovación cultural y social para beneficio de la humanidad. Cuanto más alejada esté y más ajena sea la humanidad al mensaje evangélico, con tanta mayor fuerza y persuasión deberá resonar el anuncio de la verdad de Cristo y del hombre redimido por él.
Ciertamente, habrá que prestar siempre atención a las modalidades de este anuncio, para que la humanidad no lo perciba como una intromisión o una imposición por parte de los creyentes. Al contrario, nuestra tarea consiste en mostrar cada vez más claramente que la Iglesia, portadora de la misión de Cristo, se interesa por el hombre con amor. Y no lo hace por la humanidad en abstracto, sino por el hombre concreto e histórico, convencida de que «ese hombre es el primer camino que la Iglesia debe recorrer en el cumplimiento de su misión, (...) camino trazado por Cristo mismo, camino que inmutablemente conduce a través del misterio de la Encarnación y de la Redención» (Redemptor Hominis 14; Centesimus Annus 53).
Queridos responsables y miembros de los Institutos Seculares, con estas certezas se ha de alimentar vuestra formación inicial y permanente, que producirá abundantes frutos en la medida en que sigáis acudiendo al tesoro inagotable de la Revelación, leído y proclamado con sabiduría y amor por la Iglesia.
A María, Estrella de la evangelización, icono inigualable de la Iglesia, le encomiendo vuestro itinerario por los caminos del mundo. Que Ella os acompañe y que su intercesión haga fecundos los trabajos de vuestro congreso y suscite fervor y nuevo impulso apostólico en las instituciones que representáis aquí, para que el acontecimiento jubilar marque el comienzo de un nuevo Pentecostés y de una profunda renovación interior.
Con estos deseos, os imparto a todos, como prenda de mi constante afecto, la bendición apostólica.
S. S. JUAN PABLO II, 28 DE AGOSTO DE 2000
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AOS PARTICIPANTES NA CONFERÊNCIA MUNDIAL
DOS INSTITUTOS SECULARES
Sábado, 3 de Fevereiro de 2007
Queridos irmãos e irmãs
Sinto-me feliz por estar hoje convosco, membros dos Institutos Seculares, que encontro pela primeira vez depois da minha eleição para a Cátedra do Apóstolo Pedro. Saúdo-vos a todos com afecto. Saúdo o Cardeal Franc Rodé, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e agradeço-lhe as expressões de filial devoção e espiritual proximidade dirigidas a mim também em vosso nome. Saúdo o Cardeal Cottier e o Secretário da vossa Congregação. Saúdo a Presidente da Conferência Mundial dos Institutos Seculares, que se fez intérprete dos sentimentos e das expectativas de todos vós que viestes de diversos países de todos os continentes para celebrar um Simpósio internacional sobre a Constituição apostólica Provida Mater Ecclesia.
Como já foi dito, passaram 60 anos daquele 2 de Fevereiro de 1947, quando o meu Predecessor Pio XII promulgou esta Constituição apostólica, dando assim uma configuração teológico-jurídica a uma experiência preparada nos decénios precedentes, e reconhecendo nos Institutos Seculares um dos inúmeros dons com que o Espírito Santo acompanha o caminho da Igreja e a renova em todos os séculos. Aquele acto jurídico não representou o ponto de chegada, mas o ponto de partida de um caminho destinado a delinear uma nova forma de consagração: a de fiéis leigos e presbíteros diocesanos, chamados a viver com radicalidade evangélica exactamente aquela secularidade na qual eles estão imersos em virtude da condição existencial ou do ministério pastoral. Hoje, estais aqui para continuar a traçar o percurso iniciado há sessenta anos, que vos vê cada vez mais apaixonados portadores, em Cristo Jesus, do sentido do mundo e da história. A vossa paixão nasce da descoberta da beleza de Cristo, do seu modo único de amar, encontrar, curar a vida, alegrá-la, confortá-la. É esta a beleza que as vossas vidas querem cantar, para que o vosso estar no mundo seja sinal do vosso estar em Cristo.
Com efeito, é o mistério da Encarnação ("Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito": Jo 3, 16) que torna a vossa inserção nas vicissitudes humanas lugar teológico. A obra da salvação realizou-se não em contraposição, mas dentro e através da história dos homens. Em relação a isso, a Carta aos Hebreus observa: "Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho" (1, 1-2a). O próprio acto redentor realizou-se no contexto do tempo e da história, significando obediência ao desígnio de Deus inscrito na obra criada pelas suas mãos. É ainda o mesmo texto da Carta aos Hebreus, texto inspirado, a revelar: "Disse primeiro: "Não quiseste nem te agradaram sacrifícios, oferendas e holocaustos pelos pecados", e, no entanto, eram oferecidos segundo a Lei. Disse em seguida: "Eis que venho para fazer a tua vontade"" (10, 8-9a). Estas palavras do Salmo que a Carta aos Hebreus vê expressas no diálogo intratrinitário, são palavras do Filho que diz ao Pai: "Eis-me, venho fazer a tua vontade".
E assim se realiza a Encarnação: "Eis-me, venho fazer a tua vontade". O Senhor envolve-nos nas suas palavras que se tornam nossas: eis-me, venho com o Senhor, com o Filho, fazer a tua vontade.
Dessa maneira, o caminho da vossa santificação é delineado com clareza: a adesão oblativa ao desígnio salvífico manifestado na Palavra revelada, a solidariedade com a história, a busca da vontade do Senhor inscrita nas vicissitudes humanas governadas pela sua providência. E, ao mesmo tempo, reconhecem-se as características da missão secular: o testemunho das virtudes humanas, como "a justiça, a paz, a alegria" (Rm 14, 17), o "comportamento exemplar" do qual fala Pedro na sua Primeira Carta (cf. 2, 12) fazendo ressoar a palavra do Mestre: "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu" (Mt 5, 16). Faz parte também da missão secular o compromisso pela construção de uma sociedade que reconheça nos vários âmbitos a dignidade da pessoa e os valores irrenunciáveis para a sua plena realização: da política à economia, da educação ao empenho pela saúde pública, da administração dos serviços à pesquisa científica.
Cada realidade própria e específica vivida pelo cristão, o seu trabalho e os seus interesses concretos, mesmo conservando a sua relativa consistência, encontram o seu fim último no estar envolvidos pela mesma finalidade com a qual o Filho de Deus veio ao mundo. Portanto, vos sentis chamados a agir em virtude de cada dor, injustiça, assim como de cada busca de verdade, de beleza e de bondade, não porque tendes a solução para todos os problemas, mas porque cada circunstância em que o homem vive e morre constitui para vós a ocasião de testemunhar a obra salvífica de Deus. Esta é a vossa missão. A vossa consagração evidencia, por um lado, a particular graça que vos vem do Espírito para a realização da vocação, por outro, empenha-vos a uma total docilidade de mente, de coração e de vontade ao projecto de Deus Pai revelado em Cristo Jesus, para cuja sequela radical fostes chamados.
Cada encontro com Cristo requer uma mudança profunda de mentalidade, mas para alguns, como aconteceu convosco, a chamada do Senhor é particularmente exigente: deixar tudo, porque Deus é tudo e será tudo na vossa vida. Não se trata simplesmente de um modo diferente de relacionar-vos com Cristo e de exprimir a vossa adesão a Ele, mas de uma escolha de Deus que, de modo estável, exige de vós uma confiança absolutamente total n'Ele. Conformar a própria vida com a de Cristo entrando nestas palavras, conformar a própria vida com a de Cristo através da prática dos conselhos evangélicos é uma nota fundamental e vinculante que, na sua especificidade, exige empenhos e gestos concretos, de "alpinistas do espírito", como vos quis chamar o venerado Papa Paulo VI (Discurso aos participantes no 1º Congresso Internacional dos Institutos Seculares: Insegnamenti, VIII, 1970, p. 939).
O carácter secular da vossa consagração evidencia, por um lado, os meios que utilizais para a realizar, isto é, aqueles próprios de cada homem e mulher que vive em condições comuns no mundo, e por outro, a forma do seu desenvolvimento, ou seja, de uma relação profunda com os sinais dos tempos que sois chamados a discernir, pessoal e comunitariamente, à luz do Evangelho. Muitas vezes, com competência, foi delineado o vosso carisma exactamente neste discernimento, para que possais ser laboratório de diálogo com o mundo, aquele "laboratório experimental no qual a Igreja verifica as modalidades concretas das suas relações com o mundo" (Paulo VI, Discurso aos Responsáveis gerais dos Institutos Seculares: Insegnamenti, XIV, 1976, p. 676).
Precisamente disto deriva a persistente actualidade do vosso carisma, porque este discernimento deve ser feito não a partir de fora da realidade, mas do seu interior, através de um envolvimento completo. Isto acontece por meio das relações quotidianas que podeis tecer nos relacionamentos familiares e sociais, na actividade profissional, no tecido das comunidades civil e eclesial. O encontro com Cristo, o pôr-se no seu seguimento abre de par em par e impele ao encontro com todos, porque se Deus se realiza somente na comunhão, também o homem só na comunhão trinitária encontrará a sua plenitude.
Não vos é pedido que instituais particulares formas de vida, de empenho apostólico, de intervenções sociais, excepto o que pode nascer nas relações pessoais, fontes de riqueza profética. Como o fermento que faz crescer toda a farinha (cf. Mt 13, 33), assim seja a vossa vida, às vezes silenciosa e escondida, mas sempre decidida e encorajadora, capaz de gerar esperança. O lugar do vosso apostolado é, portanto, todo o humano, não só dentro da comunidade cristã onde a relação se sustenta na escuta da Palavra e na vida sacramental, na qual vos apoiais para manter a identidade baptismal repito, o lugar do vosso apostolado é todo humano, tanto dentro da comunidade cristã como na comunidade civil onde a relação se actua na busca do bem comum, no diálogo com todos, chamados a testemunhar aquela antropologia cristã que constitui proposta de sentido numa sociedade desorientada e confusa pelo clima multicultural e multirreligioso que a caracteriza.
Vindes de diversos países, diversas são as situações culturais, políticas e também religiosas nas quais viveis, trabalhais, envelheceis. Em todas elas sois pesquisadores da Verdade, da humana revelação de Deus na vida. Sabemos que a estrada é longa, cujo presente é apreensivo, mas o êxito está garantido. Anunciai a beleza de Deus e da sua criação. No exemplo de Cristo, sede obedientes ao amor, homens e mulheres de mansidão e misericórdia, capazes de percorrer as estradas do mundo, fazendo somente o bem. As vossas sejam vidas que coloquem no centro as Beatitudes, contradizendo a lógica humana, para exprimir uma incondicionada confiança em Deus que quer o homem feliz. A Igreja tem necessidade também de vós para dar cumprimento à sua missão. Sede semente de santidade lançada em abundância nos sulcos da história. Radicados na acção gratuita e eficaz com que o Espírito do Senhor está a guiar as vicissitudes humanas, possais dar frutos de fé genuína, escrevendo com a vossa vida e com o vosso testemunho parábolas de esperança, escrevendo-as com as obras sugeridas pela "fantasia da caridade" (João Paulo II, Carta Ap. Novo millennio ineunte, 50).
Com estes votos, ao garantir-vos a minha constante oração, concedo-vos uma especial Bênção Apostólica como apoio para as vossas iniciativas de apostolado e de caridade.
SECRETARIA DE ESTADO
Vaticano, 18.07.2012
+Tarcisio Card. Bertone
Secretário de Estado
Caríssima Senhora,
É-me grato fazer chegar aos membros dos Institutos Seculares a presente Mensagem do Santo Padre, por ocasião do Congresso que se celebra em Assis e que está sendo organizado pela Conferência Mundial dos Institutos Seculares com a finalidade de tratar do tema A escuta da palavra de Deus “nos sulcos da história”: a secularidade fala à congregação.
Esta importante temática enfatiza a vossa identidade como pessoas consagradas que, vivendo no mundo a liberdade interior e a plenitude do amor derivantes dos conselhos evangélicos, se reconhecem como homens e mulheres capazes de um profundo olhar e do bom testemunho inseridos na história. Nosso tempo ascende à vida e à fé, interrogando profundamente e, ao mesmo tempo, manifestando o mistério da nupcialidade de Deus. Na realidade, o Verbo que se fez carne celebra as núpcias de Deus com a humanidade de cada tempo. É o mistério de séculos em séculos escondido na mente do Criador do Universo (cfr. Ef 3,9) e manifestado na Encarnação, projetado para sua realização futura, pois entrelaçado hoje, como força redentora e unificadora.
Inseridos na humanidade a caminho, inspirados pelo Espírito Santo, podereis reconhecer os sinais discretos e, por vezes, escondidos, que revelam a presença de Deus. Somente através da força da graça, que é Dom do Espírito, podereis avistar, nos caminhos muitas vezes tortuosos dos acontecimentos humanos, a orientação para a plenitude da vida em abundância. Um dinamismo que representa, além da aparência, no verdadeiro sentido da história, os desígnios de Deus. A vossa vocação é a de estar no mundo, assumindo todos os cargos, com um olhar humano que coincida sempre com o divino, de onde brota um compromisso original, peculiar, fundamentado na consciência de que Deus escreve sua história de salvação na trama dos acontecimentos de nossa história.
Neste sentido, a vossa identidade reflete também um aspecto de vossa missão na Igreja: ajudá-la a realizar sua presença no mundo, à luz das palavras do Concílio Vaticano II: “Nenhuma ambição terrena empurra a Igreja; ela somente busca isto: continuar, sob a luz do Espírito Consolador, a mesma obra de Cristo, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, salvar, não condenar, servir, não ser servido (Gaudium et Spes, 3). A teologia da história é parte essencial da nova evangelização, porque os homens de nosso tempo têm necessidade de reencontrar um olhar global sobre o mundo e sobre o tempo, um olhar verdadeiramente livre e pacífico (cfr. Bento XVI, Homilia na Santa Missa para a nova evangelização, 16 de outubro de 2011). O mesmo Concílio nos recorda que a relação entre a Igreja e o mundo há de ser vivida como sinal de reciprocidade, evidenciando que não é só a Igreja se doando ao mundo, contribuindo para fazer mais humana a família dos homens e suas histórias; mas também o mundo se doando à Igreja, de modo tal que ela possa compreendê-lo melhor e viver melhor sua missão (cfr. Gaudium ed Spes, 40-45).
Os trabalhos propostos neste congresso se convergem para o tema específico da consagração secular, na busca de como a secularidade fala à consagração, de como, em vossas vidas, os traços característicos de Jesus, pobre, casto e obediente, adquirem uma típica e permanente “visibilidade” no meio do mundo (cfr. Esort. Ap. Vida Consagrada, 1). Sua Santidade deseja assinalar três âmbitos sobre os quais concentrar a atenção.
Em primeiro lugar, a doação total de vossas vidas como resposta a um encontro pessoal e vital com o amor de Deus. Vós descobristes que Deus é tudo em vossas vidas, decidistes dar tudo a Deus, fazendo-o de modo peculiar: permanecendo leigos entre os leigos, presbíteros entre os presbíteros. Isso exige particular vigilância, porque vossos estilos de vida manifestem a riqueza, a beleza e a radicalidade dos conselhos evangélicos.
Em segundo lugar, a vida espiritual. Ponto firme e irrenunciável, referência segura para nutrir aquele desejo de fazer-se unidade em Cristo, que é força da existência total de todo cristão, sobretudo de quem respondeu a um chamado radical de doação de si. A medida da profundidade da vossa vida espiritual não são as muitas atividades que exigem vossos esforços, mas sim a capacidade de buscar a Deus no coração, mesmo em cada acontecimento, e de reconduzir para Cristo. É o “reunir” em Cristo todas as coisas, como fala São Paulo (cfr. Ef 1,10). Somente em Cristo, Senhor da história, toda a história e todas as histórias encontram sentido e unidade.
Na oração bem como na escuta da Palavra de Deus se alimenta este anseio. Na celebração Eucarística encontrastes a razão de vos fazer pão de Amor repartido para os homens. Na contemplação, no olhar de fé iluminado pela graça, enraíza-se o compromisso de compartilhar com cada homem e com cada mulher as inquietações profundas que neles habitam, para construir esperança e confiança.
Em terceiro lugar, a formação, que não negligencia nenhuma idade estabelecida, porque se trata de viver a própria vida em plenitude, educando-se na sapiência sempre consciente da criatura humana e da grandeza do Criador. Buscai conteúdos e modalidades de uma formação que vos faça leigos e presbíteros capazes de vos interrogar pelas complexidades que o mundo de hoje atravessa e, ainda, capazes de permanecer abertos às inquietações provenientes das relações com os irmãos que encontrais em vossos caminhos, de vos comprometer em discernimento da história e da luz da Palavra de Vida. Sede disponíveis para construir, com todos os que buscam a verdade, projetos de bem comum, sem soluções preconcebidas e sem medo das perguntas que ficam sem respostas, e sempre prestes a colocar em risco a própria vida, com a certeza que o grão de trigo, quando cai na terra, dá muito fruto (cfr. Gv 12,24). Sede criativos, porque o Espírito constrói novidades; alimentai olhares capazes de futuro e raízes sólidas em Cristo Senhor, para poder comunicar também ao nosso tempo a experiência do amor que está na base da vida de todo homem. Abraçai caritativamente as feridas do mundo e da Igreja. Acima de tudo, vivei uma vida coerente e plena, acolhedora e capaz de perdoar, por estar fundada em Jesus Cristo, Palavra definitiva de Amor de Deus pelo homem.
Entretanto o Sumo Pontífice lhe faz chegar estas reflexões, assegurando para o Congresso e Assembleia uma especial recordação na oração, invocando a intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria, que viveu no mundo a perfeita consagração a Deus em Cristo. De todo coração ele vos envia, e a todos os participantes, as Bênçãos Apostólicas.
Também me uno pessoalmente a ele, com meus melhores auspícios, e aproveito desta oportunidade para exprimir minha reconhecida estima.
OS INSTITUTOS SECULARES E A COMUNHÃO ECLESIÁSTICA
João Braz Cardeal DE AVIZ
Prefeito da CIVCSVA
Caríssimos e Consagrados Leigos e Leigas e caríssimos sacerdotes dos institutos seculares.
Estou feliz de estar aqui entre vós no início destes dias tão cheios de expectativas; dias durante os quais estarão empenhados, primeiro, no Congresso, um lugar de escuta, de troca de ideias e de elaboração, e, a seguir, na Assembleia. Trata-se de um encontro particularmente importante este ano em que serão aprovados os novos Estatutos. Sobre isso, o meu desejo é que, a experiência de aprofundar o olhar nas normas reguladoras do caminho comum, cujas formas estão elaborando, seja útil para viver em plenitude a comunhão, sem anular as diferenças, mas para caminhar juntos, cada um no seu próprio passo, dentro do mesmo sulco: o sulco da secularidade consagrada. Somente assim, por se tratar (porque certamente se trata) de um percurso complexo, poderão produzir frutos para o bem.
A minha presença é expressão da comunhão que liga a Conferência mundial dos Institutos seculares ao Santo Padre, através da Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica. Trata-se daquele Sentire cum Ecclesia, numero 46 da Exortação Apostólica Vita Consecrata, cujas primeiras palavras releio agora: “Uma grande tarefa é confiada à vida consagrada, também à luz da doutrina sobre a Igreja-comunhão, com tanto vigor proposta pelo Concílio Vaticano II. Pede-se às pessoas consagradas que sejam verdadeiramente conhecedoras de comunhão e que pratiquem a sua espiritualidade, como «testemunhas e artífices daquele “projeto de comunhão” que está no topo da história do homem segundo Deus». O sentido da comunhão eclesial, desenvolvendo-se em espiritualidade de comunhão, promove uma maneira de pensar, falar e agir que faz crescer a igreja em profundidade e em extensão. De fato, a vida de comunhão «torna-se um sinal para o mundo e uma força atrativa que leva a crer em Cristo [...]. De tal forma, a comunhão abre-se à missão, torna-se ela a própria missão», ou melhor, «a comunhão gera comunhão e configura-se essencialmente como comunhão missionária».
Retomo aqui as palavras do Santo Padre Bento XVI dirigidas à Senhora Ewa Kusz, presidente do Conselho executivo, enviadas através do Secretário de Estado +Tarcisio Cardeal Bertone, que acabam de ser lidas:
“Os trabalhos propostos neste congresso se convergem para o tema específico da consagração secular, na busca de como a secularidade fala à consagração, de como, em vossas vidas, os traços característicos de Jesus, pobre, casto e obediente, adquirem uma típica e permanente “visibilidade” no meio do mundo (cfr. Esort. Ap. Vida Consagrada, 1). Sua Santidade deseja assinalar três âmbitos sobre os quais concentrar a atenção.
Em primeiro lugar, a doação total de vossas vidas como resposta a um encontro pessoal e vital com o amor de Deus. Vós descobristes que Deus é tudo em vossas vidas, decidistes dar tudo a Deus, fazendo-o de modo peculiar: permanecendo leigos entre os leigos, presbíteros entre os presbíteros. Isso exige particular vigilância, porque vossos estilos de vida manifestam a riqueza, a beleza e a radicalidade dos conselhos evangélicos.
Em segundo lugar, a vida espiritual. Ponto firme e irrenunciável, referência segura para nutrir aquele desejo de fazer-se unidade em Cristo, que é força da existência total de todo cristão, sobretudo de quem respondeu a um chamado radical de doação de si. A medida da profundidade da vossa vida espiritual não são as muitas atividades que exigem vossos esforços, mas sim a capacidade de buscar a Deus no coração, mesmo em cada acontecimento, e de reconduzir para Cristo. É o “reunir” em Cristo todas as coisas, como fala São Paulo (cfr. Ef 1,10). Somente em Cristo, Senhor da história, toda a história e todas as histórias encontram sentido e unidade.
Na oração, bem como na escuta da Palavra de Deus, se alimenta este anseio. Na celebração Eucarística encontrastes a razão de vos fazer pão de Amor repartido para os homens. Na contemplação, no olhar de fé iluminado pela graça, enraíza-se o compromisso de compartilhar com cada homem e com cada mulher as inquietações profundas que neles habitam, para construir esperança e confiança.
Em terceiro lugar, a formação, que não negligencia nenhuma idade estabelecida, porque se trata de viver a própria vida em plenitude, educando-se na sapiência sempre consciente da criatura humana e da grandeza do Criador. Buscai conteúdos e modalidades de uma formação que vos faça leigos e presbíteros capazes de vos interrogar pelas complexidades que o mundo de hoje atravessa e, ainda, capazes de permanecer abertos às inquietações provenientes das relações com os irmãos que encontrais em vossos caminhos, de vos comprometer em discernimento da história e da luz da Palavra de Vida. Sedes disponíveis para construir, com todos os que buscam a verdade, projetos de bem comum, sem soluções preconcebidas e sem medo das perguntas que ficam sem respostas, e sempre prestes a colocar em risco a própria vida, com a certeza que o grão de trigo, quando cai na terra, dá muito fruto (cfr. Gv 12,24). Sedes criativos, porque o Espírito constrói novidades; alimentai olhares capazes de futuro e raízes sólidas em Cristo Senhor, para poder comunicar também ao nosso tempo a experiência do amor que está na base da vida de todo homem. Abraçai caritativamente as feridas do mundo e da Igreja. Acima de tudo, vivam uma vida coerente e plena, acolhedora e capaz de perdoar, por estar fundada em Jesus Cristo, Palavra definitiva de Amor de Deus pelo homem.” (Secretaria de Estado, Carta de 18.09.2012, n. 201.643).
É justamente na comunhão eclesial que queria me concentrar aqui hoje, não para diminuir a importância à temática específica deste Congresso, sobre a qual terão a ocasião de refletir nestes dias, mas quase para delinear um contexto, traçar como que um horizonte de sentido, no qual possam inserir as vossas reflexões.
A vocação que carregam só tem sentido a partir do vosso enraizamento na Igreja, porque a vossa missão é a missão da Igreja. Na oração sacerdotal, contida no Evangelho de João, a intensidade da relação entre Pai e Filho forma uma unidade com a força da missão de amor. É realizando essa comunhão de amor que a Igreja se torna sinal e instrumento capaz de criar comunhão com Deus e entre os homens. (cf. Lumen Gentium 1).
Por isso, já Paulo VI vos exortava: “Não vos deixeis surpreender, nem tocar pela tentação hoje demasiado fácil, de que seja possível uma autêntica comunhão com Cristo sem uma real harmonia com a comunidade eclesial regida pelos legítimos pastores. Seria enganador e ilusório. O que valeria um indivíduo ou um grupo, mesmo se com as melhores e mais perfeitas intenções, sem esta comunhão? Cristo pediu-a como garantia para nos admitir à comunhão com Ele, da mesma forma que nos pediu que amássemos o próximo, como prova do nosso amor a Ele” (Paulo VI, Alocução ‘Mais uma vez’ aos Superiores dos Institutos Seculares, 20 de Setembro 1972).
E de forma ainda mais comovente Bento XVI repetia: “A Igreja precisa também de vós para completar a sua missão ... Sedes semente de santidade deitados (deitado) de mãos cheias nos sulcos da história”. Não há comunhão que não se abra continuamente para a missão, nem missão que não se origine da comunhão. Os dois aspectos tocam o coração vivo e palpitante de toda a Igreja, permitindo-lhe uma nova leitura da realidade, uma procura de sentido e, até, também de soluções que querem ser uma resposta, certamente parcial, mas de um coração cada vez mais autenticamente evangélico.
Uma outra consideração inspira-me na escolha deste assunto. É a seguinte: uma das primeiras preocupações que me foram apresentadas como Prefeito, nos encontros com os Institutos seculares, foi “dentro da Igreja somos pouco conhecidos ou mal conhecidos”.
O laço profundo que há entre conhecimento e comunhão parece-me fundamental, num duplo sentido. Só através do conhecimento, que significa escuta, atenção, sintonia de coração, pode nascer a comunhão que, por sua vez, gera autêntico conhecimento, mesmo porque vai à raiz do essencial e dilata a capacidade de encontro.
Por esta razão, omitindo agora o pensar sobre a comunhão em cada Instituto (assunto que mereceria uma reflexão separada), concentro-me em alguns pontos referentes à comunhão eclesial. Faço-o partindo daquele Documento que a Sagrada Congregação dos Religiosos e os Institutos Seculares enviou às Conferências Episcopais após a reunião Plenária do mês de Maio de 1983.
Voltando às origens desta vocação pude constatar como, desde o início, confluíram realidades profundamente diferentes entre si na nova forma reconhecida juridicamente pela Constituição Apostólica Provida Mater, sobretudo em razão da diferente finalidade apostólica. Foram mesmo os Congressos organizados pela futura Conferência Mundial dos Institutos seculares que permitiram um conhecimento recíproco – leio no supramencionado documento – que levou os Institutos a aceitar a diversidade (o chamado pluralismo), mas com a necessidade de esclarecer os limites desta mesma diversidade (Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares, Os Institutos seculares: a sua identidade e a sua missão, 3-6 de maio 1983 n.4)
Este me parece um ponto fundamental. Penso que esta obra de acolhimento recíproco esteja ainda em processo e não se pode perder de vista a importância de manter viva a tensão e de aprofundar essa etapa. Igualmente, prossegue também o caminho de compreensão, como acabamos de ouvir no documento, dos limites dessa diversidade. Limites ou fronteiras, que têm raízes tanto na essência do Espírito, que sempre renova a terra com novas ofertas, como no tempo que a Igreja está vivendo. O atual é um contexto em que, - também na perspectiva do Ano da Fé estabelecido por Bento XVI, para celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II, - todo o povo de Deus, consagrados, presbíteros, mas também pastoralistas, canonistas, todos são chamados a colaborar para construir juntos novos caminhos de evangelização e de acompanhamento do homem do nosso tempo.
Compreendam bem que um tal discernimento exige uma atitude fundamental: a de não ter a pretensão de conhecer a verdadeira (e, portanto única) identidade de um Instituto secular. Pelo contrário, é necessário uma disponibilidade de fundo que permita descobrir como o outro declina, na sua própria espiritualidade e com a sua missão e modalidade de vida, a síntese entre consagração e secularidade; de que maneira seria possível manifestar, embora de maneira diferente, a originalidade e a unicidade da vocação nos diferentes âmbitos sociais, culturais e eclesiásticos.
Só através dessa dinâmica de diálogo e de acolhimento, que exige um arguto discernimento, tornar-se-ão todos mais edificados, porque poderão experimentar a grandeza de Deus que, para manifestar o seu grande amor pelo mundo, não se deixa fechar nos nossos estreitos entendimentos, mas sabe suscitar respostas que podem nos parecer extravagantes, mas que, certamente, são significativas e dão sentido à vida de cada um. Portanto, a partir do que vos une, poderão se confrontar não só nas diversidades, mas também nos desafios sempre novos que o mundo apresenta especialmente àqueles como vós, chamados a passar a vida numa “terra de fronteira”. Diante de novas problemáticas, pessoas como vós são solicitadas a procurar novos percursos que exprimam a atualidade da vossa missão, sempre prontos a pô-los novamente em discussão, confrontando-os quando os tempos e os lugares exijam novas elaborações.
Penso em uma das perguntas que me foram dirigidas durante o meu encontro com a Conferência Polaca dos Institutos Seculares que se realizou no mês de Novembro de 2011. Pediram-me uma reflexão acerca da necessidade de que os membros de um instituto secular mantenham a discrição sobre a sua vocação. Mais do que uma resposta, surgiu um convite a cada um dos Institutos para se confrontar, em seus próprios limites (dentro dos próprios institutos e também entre eles), sobre as motivações de tal discrição, questionando: “Porque se sente essa necessidade? O que quer dizer para a Igreja e para o Mundo?”. As respostas podem ser diferentes para cada instituto, para cada nação e para cada época histórica, mas, para verificar a atualidade e a eficácia de um instrumento, é necessário partir sempre do fundamento, do valor que se deseja realizar e exprimir.
Acredito que este seja um método possível para ativar aquele conhecimento que pode levar à comunhão e que deriva da comunhão.
Portanto, escutar-se reciprocamente, sem pré-compreensões, quer no interior de cada instituto, quer nos lugares apropriados de confrontação, para atingir um destino que, como sabem muito bem, é só uma etapa no caminho do Espírito!
Saibam que nesta obra não estão sozinhos: a Igreja, através das palavras dos Pontífices e do serviço da Congregação que represento, vos acompanha.
E aqui proponho um outro aspecto que é o de uma comunhão com a Igreja local. Aqui também recordo as palavras do Beato João Paulo II na conclusão da Plenária supramencionada: “Se houver um desenvolvimento e um reforço dos Institutos Seculares, também as Igrejas locais tirarão vantagem disso”.
Segue um duplo convite dirigido aos Institutos e aos Pastores: mesmo no respeito das suas características, os Institutos Seculares devem compreender e assumir as urgências pastorais das Igrejas particulares, e concitar os seus membros a viver com atenta participação as esperanças e as fadigas, os projetos e as inquietudes, as riquezas espirituais e os limites, numa palavra: a comunhão da sua Igreja concreta.
E mais, deve ser uma solicitude dos Pastores reconhecer e exigir a sua contribuição segundo a sua própria natureza. Em particular, cabe aos Pastores uma outra responsabilidade: a de oferecer aos Institutos Seculares toda a riqueza doutrinal de que precisam. Eles querem fazer parte do mundo e nobilitar as realidades temporais, arrumando-as e elevando-as para que tudo tenda a Cristo, como a um chefe (cfr. Ef l, l0). Portanto, que se dê a estes Institutos toda a riqueza da doutrina católica sobre a criação, a encarnação e a redenção, para que possam tornar próprios os desígnios sábios e misteriosos de Deus sobre o homem, a história e o mundo.
Hoje a pergunta de averiguação é imprescindível: em que ponto está esse percurso?
Naturalmente, neste lugar dirijo-me a vós, solicitando uma reflexão sobre o caminho que realizaram. Mas é uma pergunta dirigida também aos Pastores, convidados a favorecer, entre os fieis, uma compreensão não aproximativa ou acomodatícia, mas exata e respeitosa das características qualificadoras desta difícil, mas bela vocação. (trata-se sempre de palavras do Beato João Paulo II durante a Plenária)
A comunhão da qual falamos, é preciso nunca esquecer, é uma dádiva do Espírito Santo, cria unidade no amor e na recíproca aceitação das diversidades. Antes de traduções concretas a em nível comunicativo e estrutural, ela exige um caminho espiritual sem o qual – reiterava claramente o Beato João Paulo II – não podemos nos iludir, pouco valeriam os instrumentos exteriores da comunhão. Tornar-se-iam aparatos sem alma, máscaras de comunhão mais do que seus caminhos de expressão e crescimento. (Novo milênio ineunte, n. 43).
Cada um entre os presentes deve se sentir interpelado, como indivíduo, como Instituto e como Conferência, para identificar instrumentos e modalidades para que o ideal de uma plena comunhão eclesial, exposta em muitos documentos da Igreja, se torne comunhão real dentro da história.
Aqui também é prioritária uma atitude de fundo: nunca cedam à tentação da renúncia. Às vezes pode acontecer que as tentativas não deem frutos e o caminho não avance: também neste caso, não abandonem o destino! Não parem perante os insucessos, mas destes tirem nova força para ativar a criatividade; saibam passar do ressentimento à disponibilidade, da desconfiança ao acolhimento. Tragam as feridas à comunhão eclesial na oração, leiam com verdade as vossas responsabilidades, não deixem nada intentado e, no discernimento, retomem o árduo caminho para a comunhão.
No mês de Março deste ano, tivemos um encontro na Congregação entre os Superiores e o Conselho da CMIS, durante o qual o Conselho apresentou alguns assuntos para serem abordados juntos, relativos às três temáticas, assim subdivididas: O conhecimento recíproco; os critérios de discernimento da identidade dos Institutos seculares; o papel da CMIS.
Como Ministério, acolhemos com muito prazer a proposta, indicando uma possível modalidade de atuação: que esta Assembleia identifique o primeiro aspecto no qual concentrar uma reflexão comum; que indique os interlocutores com o Ministério e, sobretudo, que estabeleça a modalidade com a qual todos os Institutos possam participar da reflexão. Um exemplo de comunhão eclesial que estamos construindo!
Enfim, dirijo a todos um último convite: sejam promovedores de comunhão com as outras expressões de vida consagrada e as outras realidades eclesiais que partilham convosco alguns aspectos da vossa identidade ou missão. Penso nas outras formas de vida consagrada que partilham convosco a consagração para a profissão dos conselhos evangélicos no sentido canônico. Penso naquelas associações e nos movimentos que, como vós, têm uma presença evangélica no mundo, mesmo conservando uma missão e um estilo de vida profundamente diferentes. Esta proposta poderia parecer ousada, mas é sugerida pela vossa mesma vocação que vos leva a experimentar já dentro dos Institutos a riqueza da diversidade, e que torna o vosso viver um laboratório de dialogo.
Tenham disposição para conhecer estas realidades e, sobretudo, para vos deixar conhecer por elas: não se devem proteger de nada, têm só que mostrar a beleza da vossa vocação que, junto com as de muitos outros irmãos e irmãs, é expressão da riqueza e da vivacidade do Amor trinitário. Aquele Amor surpreendente e criativo, que supera a nossa capacidade de imaginação, e que torna a Igreja um magnífico jardim onde a multidão de flores e plantas permite a todos os homens encontrar e experimentar, na variedade dos odores e das cores, a profundidade e a alegria de uma vida cheia e boa.
N.B.: Agradeço a colaboração da Doutora Daniela Leggio, oficial da CICSVA para a pesquisa elaborada acerca dos documentos sobre os Institutos seculares.
Discruso do Papa Francisco durante
o encontro promovido pela
Conferência Italiana dos Institutos Seculares
Sala do Consistório
Sábado, 10 de Maio de 2014
Palavras improvisadas:
Escrevi um discurso para vós, mas hoje aconteceu algo. A culpa é minha porque concedi duas audiências não digo ao mesmo tempo, mas quase. Por isso entrego-vos o discurso, porque lê-lo é tedioso, e prefiro dizer-vos duas ou três coisas que talvez vos ajudarão.
Desde o tempo em que Pio XII pensou isto, e depois a Provida Mater Ecclesia, foi um gesto revolucionário na Igreja. Os institutos seculares são precisamente um gesto de coragem que a Igreja fez naquele momento; dar estrutura, atribuir institucionalidade aos institutos seculares. E a partir daquele momento até hoje é tão grande o bem que fizestes à Igreja, com coragem porque há necessidade de coragem para viver no mundo. Muitos de vós, no vosso apartamento vão, vêm; alguns em pequenas comunidades. Todos os dias, fazer a vida de uma pessoa que vive no mundo, e ao mesmo tempo guardar a contemplação, esta dimensão contemplativa em relação ao Senhor e também ao mundo, contemplar a realidade, como contemplar as belezas do mundo, e também os grandes pecados da sociedade, os desvios, todas estas coisas, e sempre em tensão espiritual... Por isso a vossa vocação é fascinante, porque é uma vocação que está precisamente ali, onde está em questão a salvação não só das pessoas, mas das instituições. E de tantas instituições leigas necessárias no mundo. Por isto eu penso assim, que com a Provida Mater Ecclesia a Igreja fez um gesto deveras revolucionário!
Espero que conserveis sempre esta atitude de ir além, não só além, mas mais além e no meio, lá onde tudo está em questão: a política, a economia, a educação, a família... ali! Talvez seja possível que tenhais a tentação de pensar: «Mas o que posso eu fazer?». Quando surge esta tentação recordai-vos de que o Senhor nos falou do grão de mostarda! E a vossa vida é como a semente... ali; é como o fermento... ali. É fazer o possível para que o Reino venha, cresça e seja grande e também que guarde muita gente, como a árvore da mostarda. Pensai nisto. Vida pequena, gesto pequeno; vida normal, mas fermento, semente, que faz crescer. E isto dá-vos o conforto. Os resultados neste balanço sobre o Reino de Deus não se vêem. Só o Senhor nos faz sentir algo... Veremos os resultado no céu.
E para isto é importante que tenhais muita esperança! É uma graça que deveis pedir ao Senhor, sempre: a esperança que nunca desilude. Nunca desilude! Uma esperança que vai em frente. Eu aconselho-vos a ler com muita frequência o capítulo 11 da Carta aos Hebreus, aquele capítulo da esperança. E aprender que muitos dos nossos pais percorreram este caminho sem resultados, mas viram-nos de longe. A esperança... É isto que vos desejo. Muito obrigado pelo que fazeis na Igreja; muito obrigado pela oração e pelas acções. Obrigado pela esperança. E não esqueçais: sede revolucionários!
Texto do discurso preparado e entregue pelo Pontífice:
Amados irmãos e irmãs!
Recebo-vos por ocasião da vossa Assembleia e saúdo-vos dizendo-vos: conheço e aprecio a vossa vocação! Ela é uma das formas mais recentes de vida consagrada reconhecidas e aprovadas pela Igreja, e talvez por isto ainda não é totalmente compreendida. Não desanimeis: vós pertenceis àquela Igreja pobre e em saída que desejo!
Por vocação sois leigos e sacerdotes como os outros no meio dos outros, levais uma vida normal, privada de sinais exteriores, sem o apoio de uma vida comunitária, sem a visibilidade de um apostolado organizado ou de obras específicas. Sois ricos só da experiência totalizadora do amor de Deus e por isto sois capazes de conhecer e partilhar a fadiga da vida nas suas multíplices expressões, fermentando-as com a luz e com a força do Evangelho.
Sede sinal daquela Igreja dialogante da qual fala Paulo VI na Encíclica Ecclesiam suam: «Não se salva o mundo estando fora — afirma —; é preciso, como o Verbo de Deus que se fez homem, identificar-se, em certa medida, com as formas de vida daqueles aos quais se pretende levar a mensagem de Cristo, é preciso partilhar, sem estabelecer distâncias de privilégios, ou diafragma de diálogo incompreensível, o hábito comum, sob condição de que seja humano e honesto, sobretudo dos mais pequenos, se quisermos ser ouvidos e compreendidos. É necessário, ainda antes de falar, ouvir a voz, aliás o coração do homem; compreendê-lo, e na medida do possível respeitá-lo e, quando o merece, satisfazê-lo. É preciso tornar-se irmãos dos homens no mesmo acto com o qual queremos ser seus pastores, pais e mestres. O clima do diálogo é a amizade. Aliás, o serviço» (n. 90).
O tema da vossa Assembleia, «No coração das vicissitudes humanas: os desafios de uma sociedade complexa», indica o campo da vossa missão e da vossa profecia. Estais no mundo mas não sois do mundo, levando dentro de vós o essencial da mensagem cristã: o amor do Pai que salva. Estais no coração do mundo com o coração de Deus.
A vossa vocação faz com que estejais interessados em cada homem e nas suas instâncias mais profundas, que muitas vezes não são expressas ou são mascaradas. Em virtude do amor de Deus que encontrastes e conhecestes, sois capazes de proximidade e ternura. Assim podeis estar tão próximos que tocais do alto as suas feridas e expectativas, as suas perguntas e as suas necessidades, com aquela ternura que é expressão de uma cura que elimina qualquer distância. Como o Samaritano que passou adiante e viu e sentiu compaixão. Está aqui o movimento no qual a vossa vocação vos compromete: passar ao lado de cada homem e tornar-vos o próximo de cada pessoa que encontrais; porque o vosso permanecer no mundo não é simplesmente uma condição sociológica, mas é uma realidade teologal que vos chama a um estar consciente, atento, que sabe entrever, ver e tocar a carne do irmão.
Se isto não acontece, se vos tornastes distraídos, ou ainda pior, se não conheceis este mundo contemporâneo mas conheceis e frequentais só o mundo mais conveniente para vós ou que mais vos seduz, então é urgente uma conversão! A vossa é uma vocação por sua natureza em saída, não só porque vos leva para o alto, mas também e sobretudo porque vos pede que habiteis lá onde habitam todos os homens.
A Itália é a Nação com o maior número de Institutos seculares e de membros. Sede um fermento que pode produzir um pão bom para muitos, aquele pão do qual há tanta fome: a escuta das necessidades, dos desejos, das desilusões, da esperança. Como quem vos precedeu na vossa vocação, podeis voltar a dar esperança aos jovens, ajudar os idosos, abrir caminhos para o futuro, difundir o amor em todos os lugares e em cada situação. Se isto não acontecer, se a vossa vida diária estiver privada de testemunho e de profecia, então, volto a repetir-vos, é urgente uma conversão!
Nunca percais o impulso de caminhar pelas vias do mundo, a consciência de que caminhar, ir até com passo incerto e coxeando, é sempre melhor do que estar parados, fechados nas próprias perguntas ou certezas. A paixão missionária, a alegria do encontro com Cristo que vos estimula a partilhar com os outros a beleza da fé, afasta o risco de permanecer bloqueados no individualismo. O pensamento que o homem propõe como artífice de si mesmo, guiado apenas pelas próprias escolhas e desejos, muitas vezes revestidos com o hábito aparentemente belo da liberdade e do respeito, corre o risco de minar os fundamentos da vida consagrada, sobretudo da secular. É urgente reavaliar o sentido de pertença à vossa comunidade vocacional que, precisamente porque não se funda numa vida comum, encontra os seus pontos de força no carisma. Por isso, se cada um de vós é para os outros uma possibilidade preciosa de encontro com Deus, trata-se de redescobrir a responsabilidade de ser profecia como comunidade, de procurar juntos, com humildade e com paciência, uma palavra de sentido que pode ser um dom para o país e para a Igreja, e dela dar testemunho com simplicidade. Vós sois como antenas prontas a colher os germes de novidade suscitados pelo Espírito Santo, e podeis ajudar a comunidade eclesial a assumir este olhar de bem e encontrar caminhos novos e corajosos para alcançar todos.
Pobres entre os pobres, mas com o coração ardente. Nunca parados, sempre a caminho. Juntos e enviados, também quando estais sós, porque a consagração faz de vós uma centelha viva de Igreja. Sempre a caminho com aquela virtude que é uma virtude peregrina: a alegria!
Obrigado, caríssimos, pelo que sois. O Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos proteja. E rezai por mim!
CONGREGAÇÃO PARA OS INSTITUTOS
DE VIDA CONSAGRADA E AS
SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
“ALEGRAI-VOS”
DO MAGISTÉRIO DO PAPA FRANCISCO
ÍNDICE
Caríssimos Irmãos e Irmãs
Alegrai-vos, exultai, rejubilai
À escuta
Esta é a beleza
Ao chamar-vos
Encontrados, alcançados, transformados
Na alegria do sim fiel
Consolai, consolai o meu povo
À escuta
Levar o abraço de Deus
A ternura faz-nos bem
A proximidade como companhia
A inquietação do amor
Para reflexão
As perguntas do papa Francisco
Ave, Mãe da alegria
Caríssimos Irmãos e Irmãs,
1. «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo, nasce e renasce sem cessar a alegria » [1].
O início da Evangelii gaudium soa, na linha do magistério do papa Francisco, com surpreendente vitalidade, apelando ao mistério admirável da Boa-Nova que, ao ser acolhida no coração de uma pessoa, transforma a sua vida. É-nos contada a parábola da alegria: o encontro com Jesus acende em nós a beleza originária, a beleza do rosto no qual resplandece a glória do Pai (cf. 2Cor 4, 6), no frutto da alegria.
Esta Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica convida-vos a refletir sobre o tempo de graça que nos é dado viver, sobre o especial convite que o Papa dirige à vida consagrada.
Acolher tal magistério significa renovar a vida segundo o Evangelho, não no sentido de radicalidade entendida como modelo de perfeição e, muitas vezes, de separação, mas no sentido de adesão toto corde [2] ao encontro de salvação que transforma a vida: « Trata-se de deixar tudo para seguir o Senhor. Não, não quero dizer radical. A radicalidade evangélica não é só para os religiosos: a todos se exige. Mas os religiosos seguem o Senhor de modo especial, de modo profético. Espero de vós esse testemunho. Os religiosos devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo » [3].
Dentro das limitações humanas, nas preocupações do dia a dia, os consagrados e as consagradas vivem a fidelidade, dão razão da alegria que vivem, convertem-se em testemunho luminoso, anúncio eficaz, companhia e proximidade para com as mulheres e homens do nosso tempo que procuram a Igreja como casa paterna [4]. Francisco de Assis, tomando o Evangelho como forma de vida, « fez crescer a fé, renovou a Igreja; e, ao mesmo tempo, renovou a sociedade, tornando-a mais fraterna, mas sempre com o Evangelho, com o testemunho. Pregai sempre o Evangelho e, se for necessário, pregai-o também com as palavras! » [5].
Muitas são as sugestões que nascem da escuta das palavras do Santo Padre, mas interpela-nos particularmente a simplicidade absoluta com a qual o papa Francisco propõe o seu magistério, conformando-se com a genuinidade desarmante do Evangelho. Palavra sine glossa [6], espalhada com o gesto amplo do bom semeador que, cheio de confiança, não faz discriminação de terreno.
Um convite autorizado que nos é dirigido com plena confiança; um convite a renunciarmos às argumentações institucionais e às justificações pessoais; uma palavra provocadora que questiona o nosso viver, por vezes entorpecido e sonolento, e com frequência indiferente ao desafio: « Se tivésseis fé como um grão de mostarda » (Lc 17, 5). Um convite que nos incentiva a elevar o espírito para darmos razão ao Verbo que habita no meio de nós, ao Espírito que cria e renova constantemente a sua Igreja.
Esta Carta surge a partir deste convite e pretende dar início a uma reflexão partilhada, ao mesmo tempo que se apresenta como simples meio para um confronto leal entre o Evangelho e Vida. Este Dicastério desencadeia assim um percurso comum, lugar de reflexão fraterna, pessoal, institucional, rumo a 2015, ano que a Igreja dedica à vida consagrada. Alimentamos o desejo de que ousadas decisões evangélicas venham a ser postuladas e se produzam frutos de renovação e de fecunda alegria: «O primado de Deus é, para a existência humana, plenitude de significado e de alegria, porque o ser humano é feito para Deus e não descansa enquanto não encontrar nele a paz » [7].
ALEGRAI-VOS, EXULTAI-VOS, REJUBILAI
Alegrai-vos com Jerusalém, rejubilai com ela, vós todos que a amais; regozijai-vos com ela, vós todos que estáveis de luto por ela.
Porque assim diz o Senhor: « Vou fazer com que a paz corra para Jerusalém como um rio, e a riqueza das nações, como uma torrente transbordante. Os seus filhinhos serão levados ao colo e acariciaclos sobre os seus regaços.
Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei: em Jerusalém sereis consolados.
Ao verdes isto, os vossos corações pulsarão de alegria, e os vossos ossos retomarão vigor, como erva fresca. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos ».
Isaías 66, 10.12-14
À escuta
2. Com a palavra alegria (em hebraico: s´imh. â/s´amah. , gyl) a Sagrada Escritura pretende exprimir uma série de experiências coletivas e pessoais, particularmente ligadas ao culto religioso e às festas, e destinadas a reconhecer o sentido da presença de Deus na história de Israel.
Na Bíblia, há treze verbos e substantivos diferentes para descrever a alegria de Deus, das pessoas e da própria criação, no diálogo da salvação.
No Antigo Testamento, é nos Salmos e no profeta Isaías que estes termos aparecem mais vezes. Com uma variação linguística criativa e original, surge com frequência o convite à alegria e proclama-se a alegria da proximidade de Deus, alegria por tudo o que Ele criou e fez. Nos Salmos encontramos, centenas de vezes, as expressões mais eficazes para indicar, juntamente com a alegria, quer o fruto da presença benevolente de Deus e os ecos jubilosos que esta provoca, quer a afirmação da grande promessa que ilumina o horizonte futuro do povo. No que diz respeito ao profeta Isaías, a segunda e a terceira partes do seu livro estão, precisamente, ritmadas por esse frequente apelo à alegria, orientado para o futuro: será superabundante (cf. Is 9, 2); o céu, o deserto e a terra exultarão de alegria (Is 35, 1; 44, 23; 49, 13); os prisioneiros libertados chegarão a Jerusalém, gritando de alegria (Is 35,9s.; 51, 11).
No Novo Testamento, o termo mais frequente está ligado à raiz char (chàirein, charà), mas também se encontram outros termos como agalliáomai, euphrosy´ne, que geralmente comportam um júbilo total, abarcando simultaneamente o passado e o futuro. A alegria é o dom messiânico por excelência, como o próprio Jesus promete: «A minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa » (Jo 15, 11; 16, 24; 17, 13). Lucas, a partir dos acontecimentos que antecedem o nascimento do Salvador, assinala o jubiloso difundir-se da alegria (cf. Lc 1, 14.44.47; 2, 10; cf. Mt 2, 10). Esta acompanha a difusão da Boa-Nova como um efeito que se expande (cf. Lc 10, 17; 24, 41.52) e que é sinal típico da presença e implantação do Reino (cf. Lc 15, 7.10.32; At 8, 39; 11, 23; 15, 3; 16, 34; cf. Rm 15, 10-13; etc.).
Para Paulo, a alegria é um fruto do Espírito (cf. Gl 5, 22) e uma nota típica e estável do Reino (cf. Rm 14, 17), que se consolida também através da tribulação e das provas (cf. 1Ts 1, 6). Na oração, na caridade, na constante ação de graças deve encontrar-se a fonte da alegria (cf. 1Ts 5, 16; Fl 3, 1; Cl 1,11s.): nas tribulações, o Apóstolo dos Gentios sente-se cheio de alegria e participante da glória que todos esperamos (cf. 2Cor 6, 10; 7, 4; Cl 1, 24). O triunfo final de Deus e as núpcias do Cordeiro completarão toda a alegria e júbilo (cf. Ap 19, 7), fazendo estalar um Aleluia cósmico (Ap 19, 6).
Vejamos o sentido do texto: « Alegrai-vos com Jerusalém; rejubilai com ela, vós todos que a amais. Regozijai-vos com ela » (Is 66, 10). Trata-se do final da terceira parte do profeta Isaías; os capítulos 65 e 66 de Isaías estão intimamente unidos, completando-se mutuamente, como era evidente já na conclusão da segunda parte de Isaías (capítulos 54 e 55).
Em ambos os capítulos é evocado o passado, por vezes até com imagens cruas: são um convite a esquecê-lo, porque Deus quer fazer brilhar uma nova luz, uma confiança que curará infidelidades e crueldades sofridas. A maldição, fruto da não observância da Aliança, desaparecerá, porque Deus quer fazer de « Jerusalém um motivo de júbilo, e do seu povo uma fonte de alegria » (cf. Is 65, 18). Saberão por experiência que a resposta de Deus virá ainda antes de a súplica ser formulada (cf. Is 65, 24). Este é o contexto que continuará também nos primeiros versículos de Isaías 66, aflorando aqui e além, e evidenciando obtusidade de coração e de ouvidos perante a bondade do Senhor e a sua Palavra de esperança.
É muito sugestiva a imagem de Jerusalém mãe, inspirada nas promessas de Isaías 49, 18-29 e 54, 1-3: a terra de Judá enche-se com os que regressam da dispersão, depois da humilhação. Dir-se-ia que os rumores da « libertação » « engravidaram » Sião de nova vida e esperança. Deus, o Senhor da vida, levará até ao fim a gestação, fazendo nascer sem sofrimento os novos filhos. Assim, Sião-mãe fica rodeada de novos filhos, amamentando-os a todos com abundância e ternura. Uma imagem dulcíssima, fascinante para Santa Teresa de Lisieux, que nela encontrou uma decisiva chave de interpretação da sua espiritualidade [8].
Um conjunto de vocábulos intensos: alegrai-vos, exultai, transbordai; e tambémconsolações, delícia, abundância, prosperidade, carícias, etc. A relação de fidelidade e de amor tinha falhado, caíra-se na tristeza e na esterilidade; agora, o poder e a santidade de Deus tornavam a dar sentido e plenitude de vida e de felicidade. Estas exprimem-se em termos que têm a sua raiz nos afetos de todo o ser humano, e que provocam sensações únicas de ternura e segurança.
Delicado e verdadeiro perfil de um Deus que vibra com entranhas maternas e com intensas emoções contagiantes; uma alegria vinda do coração (cf. Is 66, 14) que, a partir de Deus – rosto materno e braço que ergue –, e se difunde num povo desfigurado por mil humilhações, e, por isso, com ossos frágeis; uma transformação gratuita que festivamente se estende a « novos céus e nova terra » (cf. Is 66, 22), para que todos os povos conheçam a glória do Senhor, fiel e redentor.
Esta é a beleza
3. « Esta é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria… » [9]. A alegria de levar a todos a consolação de Deus. São palavras do papa Francisco no encontro com os seminaristas, os noviços e noviças. « Não há santidade na tristeza » [10], continua o Santo Padre, « não andeis tristes como os que não têm esperança », escrevia São Paulo (1Ts 4, 13).
A alegria não é um adorno inútil, mas exigência e fundamento da vida humana. Nas preocupações de cada dia, todo o homem e mulher procura alcançar a alegria e permanecer nela com todo o seu ser.
No mundo há, muitas vezes, um déficit de alegria. Não somos chamados a realizar gestos épicos nem a proclamar palavras altissonantes, mas a testemunhar a alegria que brota da certeza de sentir-se amado, da confiança de ser salvo.
A nossa memória curta e a nossa experiência fraca impedem-nos muitas vezes de procurar as « terras da alegria », onde saborear o reflexo de Deus. Temos mil e um motivos para viver na alegria. A sua raiz alimenta-se da escuta crente e perseverante da Palavra de Deus. Na escola do Mestre, escuta-se o « esteja em vós a minha alegria e a vossa alegria seja completa » (Jo15, 11), e treinamo-nos com exercícios de alegria perfeita.
«A tristeza e o medo devem dar lugar à alegria: “Alegrai-vos… exultai… transbordai de alegria” – diz o profeta (66, 10). É um grande convite à alegria. […] Cada cristão, mas sobretudo nós, somos chamados a levar esta mensagem de esperança, que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Mas só o poderemos fazer, se experimentarmos, nós primeiro, a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele. […] Existem pessoas consagradas que têm medo da consolação de Deus e se amofinam, porque têm medo dessa ternura de Deus. Mas não tenhais medo. Não tenhais medo. O nosso Deus é o Senhor da consolação, o Senhor da ternura. O Senhor é pai e Ele disse que procederá conosco como faz uma mãe com o seu filho – com ternura. Não tenhais medo da consolação do Senhor » [11].
Ao chamar-vos
4. «Ao chamar-vos, Deus diz-vos: “És importante para mim, Eu amo-te; conto contigo”. Jesus diz isto a cada um de nós! Daqui nasce a alegria! A alegria do momento no qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isto é o segredo da nossa alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que, para Ele, nós não somos números, mas pessoas; e sentir que é Ele que nos chama » [12].
O papa Francisco leva-nos a olhar para o fundamento espiritual da nossa humanidade, para vermos o que nos é dado gratuitamente por livre soberania divina e livre resposta humana:
« Então Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: “Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me” » (Mc 10, 21).
O Papa faz memória: «Na Última Ceia, Jesus dirige-se aos Apóstolos com estas palavras:
“Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi” (Jo 15, 16); estas palavras recordam a todos, não só a nós sacerdotes, que a vocação é sempre uma iniciativa de Deus. Foi Cristo que vos chamou a segui-lo na vida consagrada, e isto significa realizar constantemente um “êxodo” de vós mesmos para centrardes a vossa existência em Cristo e no seu Evangelho, na vontade de Deus, despojando-vos dos vossos projetos, a fim de poderdes afirmar com São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20) » [13].
O Papa convida-nos a uma peregrinação ao passado, um caminho sapiencial para nos encontrarmos nas estradas da Palestina ou junto da barca do humilde pescador da Galileia; convida-nos a contemplar os inícios de um caminho, ou melhor, de um acontecimento que, tendo sido inaugurado por Cristo, nos leva a deixar as redes na margem, o banco dos impostos na beira da estrada, as veleidades do zelote entre as intenções do passado. Todos meios desapropriados para estar com Ele.
Convida-nos a parar algum tempo, como peregrinação interior, diante do horizonte da primeira hora, onde os espaços têm o calor da relação amiga, a inteligência é levada a abrir-se ao mistério, a decisão estabelece que é bom pôr-se no seguimento daquele Mestre que só tem « palavras de vida eterna » (cf. Jo 6, 68). Convida-nos a fazer de toda a « existência uma peregrinação de transformação no amor » [14].
O papa Francisco chama-nos a deter o nosso espírito no fotograma da partida: «A alegria do momento no qual Jesus olhou para mim» [15]; a evocar significados e exigências subentendidos na nossa vocação: «É a resposta a um chamamento, a um chamamento de amor » [16]. Estar com Cristo requer que partilhemos com Ele a vida, opções, obediência de fé, bem-aventurança dos pobres, radicalidade do amor.
Trata-se de renascer vocacionalmente. « Convido todo o cristão […] a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar » [17].
Paulo leva-nos a essa visão fundamental: « Ninguém pode pôr outro alicerce diferente do que já foi posto » (1Cor 3, 11). O termo vocação indica este dado gratuito, como um depósito de vida que não cessa de renovar a humanidade e a Igreja no mais profundo do seu ser.
Na experiência da vocação, o próprio Deus é o sujeito misterioso do chamamento. Ouvimos uma voz que nos chama à vida e ao discipulado pelo Reino. O papa Francisco, ao recordá-lo – « tu és importante para mim» –, usa o discurso direto, na primeira pessoa, de modo a que a consciência desperta. Chama-me a ser consciente da minha ideia, do meu juízo, para pedir comportamentos coerentes com a consciência de mim próprio, com o chamamento que sinto, o meu chamamento pessoal: « Gostaria de dizer a quantos se sentem indiferentes a Deus, à fé; a quantos estão distantes de Deus, ou a quem o abandonou; também a nós, com as nossas “distâncias” e os nossos “abandonos” de Deus, talvez pequenos, mas demasiado frequentes na vida quotidiana: Olha no fundo do teu coração, olha no íntimo de ti mesmo e interroga-te: tens um coração que aspira a algo de grande, ou um coração entorpecido pelas coisas? O teu coração conservou a inquietação da procura, ou permitiste que ele fosse sufocado pelos bens que, no fim, o atrofiam? » [18].
A relação com Jesus Cristo precisa de ser alimentada com a inquietação da procura; torna-nos conscientes da gratuidade do dom da vocação e ajuda-nos a justificar as razões que levaram à opção inicial, e que permanecem na perseverança: « Deixar-se conquistar por Cristo significa estar sempre orientado para aquilo que está à minha frente, rumo à meta que é Cristo (cf. Fl 3, 14) » [19]. Permanecer constantemente à escuta de Deus requer que estas perguntas se tornem as coordenadas que marcam o nosso tempo quotidiano.
Este mistério indizível que trazemos dentro de nós e que participa do inefável mistério de Deus só pode ser interpretado à luz da fé: «A fé é a resposta a uma Palavra que interpela pessoalmente, a um Tu que nos chama pelo nome » [20] e, « enquanto resposta a uma Palavra que precede, será sempre um ato de memória; contudo, esta memória não o fixa no passado, porque, sendo memória de uma promessa, torna-se capaz de se abrir ao futuro, de iluminar os passos ao longo do caminho » [21]. «A fé contém precisamente a memória da história de Deus conosco; a memória do encontro com Deus, que toma a iniciativa, que cria e salva, que nos transforma; a fé é memória da sua Palavra que inflama o coração, das suas ações salvíficas, pelas quais nos dá vida, purifica, cuida de nós e alimenta. […] Quem traz em si a memória de Deus, deixa-se guiar pela memória de Deus em toda a sua vida, e sabe despertá-la no coração dos outros » [22]. Memória de ser chamado aqui e agora.
Encontrados, alcançados, transformados
5. O Papa pede-nos para relermos a nossa história pessoal e a verificarmos no olhar de amor de Deus, porque, se a vocação é sempre iniciativa sua, cabe-nos a livre adesão à economia divino-humana, como relação de vida no ágape, caminho de discipulado, « luz no caminho da Igreja » [23]. Na vida no Espírito não há tempos acabados; ela abre-se constantemente ao mistério quando faz discernimento para conhecer o Senhor e captar a realidade a partir dele. Ao chamar-nos, Deus faz-nos entrar no seu repouso e pede-nos que repousemos nele, como contínuo processo de conhecimento de amor. Ecoa em nós a Palavra « andas inquieta e preocupada com muitas coisas » (Lc 10, 41). Na via amoris [24] progride-se renascendo: a velha criatura renasce para uma nova forma. « Por isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criatura » (2Cor 5, 17).
O papa Francisco dá um nome a este renascer: « Esta estrada tem um nome, um semblante: o rosto de Jesus Cristo. É Ele que nos ensina a tornarmo-nos santos. É Ele que, no Evangelho, nos indica o caminho: a via das bem-aventuranças (cf. Mt 5, 1-12). Esta é a vida dos Santos: pessoas que, por amor a Deus, na sua vida não lhe puseram condições » [25].
A vida consagrada é chamada a encarnar a Boa-Nova, no seguimento de Cristo, o Crucificado ressuscitado; a fazer próprio o « modo de existir e de agir de Jesus como Verbo encarnado em relação ao Pai e aos irmãos » [26]. Concretamente, é assumir o seu estilo de vida, adotar as suas atitudes interiores, deixar-se invadir pelo seu espírito, assimilar a sua lógica surpreendente e a sua escala de valores, partilhar os seus risos e as suas esperanças: « Guiados pela certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la » [27].
O permanecer em Cristo permite-nos colher a presença do Mistério que habita em nós e nos dilatar o coração segundo a medida do seu coração de Filho. Quem permanece no seu amor, como o ramo ligado à videira (cf. Jo 15, 1-8), entra na familiaridade com Cristo e produz fruto: « Permanecer em Jesus! Permanecer ligado a Ele, dentro dele, com Ele, falando com Ele » [28].
« Cristo é o selo na fronte, é o selo no coração: na fronte, porque o professamos sempre; no coração, porque o amamos sempre; é o selo no braço, porque atuamos sempre » [29]. A vida consagrada, com efeito, é um constante chamamento a seguir Cristo e a imitá-lo. « Toda a vida de Jesus, a sua forma de tratar os pobres, os seus gestos, a sua coerência, a sua generosidade simples e quotidiana e, finalmente, a sua total entrega, tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal » [30].
O encontro com o Senhor põe-nos em movimento, impele-nos a sair da autorreferencialidade[31]. A relação com o Senhor não é estática nem intimista: «Quem coloca Cristo no centro da sua vida, descentraliza-se! Quanto mais te unes a Jesus e mais Ele se torna o centro da tua vida, tanto mais Ele te faz sair de ti mesmo, te descentraliza e abre aos outros » [32]. « Não estamos no centro; estamos, por assim dizer, “deslocados”, estamos ao serviço de Cristo e da Igreja » [33].
A vida cristã é determinada por verbos de movimento, mesmo quando vivida na dimensão monástica e contemplativo-claustral; é uma contínua procura.
« Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se estiver convencido, por experiência própria, de que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não o conhecer; não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando; não é a mesma coisa poder escutá-lo ou ignorar a sua Palavra; não é a mesma coisa poder contemplá-lo, adorá-lo, descansar nele, ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho, em vez de o fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena, e, com Ele, é mais fácil encontrar sentido para cada coisa » [34].
O papa Francisco exorta-nos à inquietação da procura, como aconteceu com Agostinho de Hipona: uma « inquietação do coração que o leva ao encontro pessoal com Cristo; que o leva a compreender que aquele Deus que ele procurava longe de si é o Deus próximo de cada ser humano, o Deus próximo do nosso coração, mais íntimo a nós do que nós mesmos ». É uma procura que continua: « Agostinho não se detém, não se acomoda, não se fecha em si mesmo, como aquele que já chegou à meta, mas continua o caminho. A inquietação da busca da verdade, da busca de Deus, torna-se inquietação de o conhecer cada vez mais e de sair de si mesmo para o dar a conhecer aos outros. É precisamente a inquietação do amor » [35].
Na alegria do sim fiel
6. Quem encontrou o Senhor e o segue com fidelidade é um mensageiro da alegria do Espírito.
« Só graças a esse encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autorreferencialidade » [36]. Quem é chamado é convocado para si mesmo, isto é, para o seu poder ser. Talvez possamos dizer que a crise da vida consagrada passa também pela incapacidade de reconhecer esse profundo chamamento, mesmo naqueles que já vivem essa vocação.
Vivemos uma crise de fidelidade, entendida como adesão consciente a um chamamento que é um percurso, um caminho, desde o seu início misterioso até ao seu misterioso fim.
Talvez se esteja também numa crise de humanização. Estamos a viver os limites de uma coerência total, feridos pela incapacidade de realizar, no tempo, a nossa vida como vocação unitária e caminho fiel.
Um caminho quotidiano, pessoal e fraterno, marcado pelo descontentamento, pela amargura que nos fecha na tristeza, como que numa permanente saudade, por estradas inexploradas e sonhos por realizar, torna-se um caminho solitário. A nossa vida, chamada à relação na construção do amor, pode transformar-se numa charneca desabitada. Somos convidados, em qualquer idade, a revisitar o centro profundo da vida pessoal, onde encontram significado e verdade as motivações do nosso viver com o Mestre, discípulos e discípulas do Mestre.
A fidelidade é consciência do amor que nos orienta para o Tu de Deus e para qualquer outra pessoa, de maneira constante e dinâmica, enquanto sentimos em nós a vida do Ressuscitado:
«Os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento » [37].
O discipulado fiel é graça e exercício de amor, exercício de caridade oblativa: « Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor » [38].
Perseverar até ao Gólgota, sentir as dilacerações das dúvidas e do renegar, alegrar-se com a maravilha e com a estupefação da Páscoa até à manifestação do Pentecostes e à evangelização aos povos, são etapas da fidelidade alegre porque quenótica, vivida durante a vida inteira, mesmo na prova do martírio e, ao mesmo tempo, participante da vida ressuscitada de Cristo: «É da Cruz, supremo ato de misericórdia e de amor, que se renasce como nova criatura (Gl 6, 15) » [39].
No lugar teologal em que Deus, revelando-se, nos revela a nós mesmos, o Senhor pede-nos, portanto, para voltarmos a procurar, fides quaerens: « Procura a justiça, a fé, o amor e a paz com todos os que, de coração puro, invocam o Senhor » (2Tm 2, 22).
A peregrinação interior começa na oração: «A primeira coisa necessária para um discípulo é estar com o Mestre, ouvi-lo, aprender dele. E isto é sempre válido, é um caminho que dura a vida inteira. […] Se, no nosso coração, não há o calor de Deus, do seu amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, inflamar o coração dos outros? » [40]. Este itinerário dura a vida inteira, enquanto o Espírito Santo, na humildade da oração, nos convence do senhorio de Cristo em nós: « Todos os dias, o Senhor chamanos a segui-lo, corajosa e fielmente; fez-nos o grande dom de nos escolher como seus discípulos; convida-nos a anunciá-lo jubilosamente como o Ressuscitado, mas pede-nos para o fazermos, no dia a dia, com a palavra e o testemunho da nossa vida, no quotidiano. O Senhor é o único, o único Deus da nossa vida e convida-nos a despojar-nos dos numerosos ídolos e adorá-lo só a Ele »[41].
O Papa apresenta a oração como a fonte da fecundidade missionária: « Cultivemos a dimensão contemplativa, mesmo no turbilhão dos compromissos mais urgentes e pesados. E quanto mais a missão vos chamar para irdes às periferias existenciais, tanto mais o vosso coração se mantenha unido ao de Cristo, cheio de misericórdia e de amor » [42].
O estar com Jesus leva a ter um olhar contemplativo da história, para vermos e escutarmos em toda a parte a presença do Espírito e, de forma privilegiada, discernirmos a sua presença, a fim de vivermos o tempo como tempo de Deus.
Quando falta um olhar de fé, « a vida perde gradualmente sentido, o rosto dos irmãos torna-se opaco, impossibilitando descobrir nele o rosto de Cristo; os acontecimentos da história tornam-se ambíguos, senão mesmo vazios de esperança» [43].
A contemplação abre-nos à atitude profética. O profeta é um homem « que tem os olhos penetrantes e que escuta e diz as palavras de Deus; […] um homem de três tempos: promessa do passado, contemplação do presente, coragem para indicar o caminho do futuro » [44].
Por fim, a fidelidade no discipulado passa e é comprovada pela experiência da fraternidade, lugar teológico, no qual somos chamados a apoiar-nos no sim jubiloso do Evangelho: «É a Palavra de Deus que suscita a fé, que a alimenta e regenera. É a Palavra de Deus que sensibiliza os corações, que os converte a Deus e à sua lógica, que é tão diferente da nossa; é a Palavra de Deus que renova continuamente as nossas comunidades » [45].
O Papa convida-nos, portanto, a renovar e qualificar com alegria e paixão a nossa vocação, porque o ato totalizante do amor é um processo constante: « Amadurece, amadurece, amadurece » [46], num progresso permanente em que o sim da nossa vontade à Sua une vontade, intelecto e sentimento. «O amor nunca está “concluído” e completado; transforma-se ao longo da vida, amadurece e, por isso mesmo, permanece fiel a si próprio » [47].
CONSOLAI, CONSOLAI O MEU POVO
Consolai, consolai o meu povo,
diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém.
Isaías 40, 1-2
À escuta
7. Com uma peculiaridade estilística, que voltará a encontrar-se mais adiante (cf. Is 51, 17; 52, 1: « Desperta, desperta! »), os oráculos da segunda parte de Isaías (40-55) lançam o apelo a ir em ajuda de Israel exilado, que tende a fechar-se no vazio de uma memória falhada. O contexto histórico pertence claramente à fase do prolongado exílio do povo em Babilónia (587-538 a.C.), com toda a consequente humilhação e o sentido de impotência daí resultante. Todavia, a desagregação do Império Assírio sob a pressão da nova potência emergente, a persa, guiada pelo astro nascente que era Ciro, leva o profeta a intuir que poderia vir daí uma libertação inesperada; o que, de facto, sucederá. O profeta, sob a inspiração de Deus, dá voz pública a essa possibilidade, interpretando os movimentos políticos e militares como ação guiada misteriosamente por Deus através de Ciro, e proclama que a libertação está próxima e o regresso à terra dos pais está iminente.
As palavras que Isaías emprega – consolai… falai ao coração – encontram-se com uma certa frequência no Antigo Testamento; têm especial relevância as passagens onde se encontram diálogos de ternura e afeto. Como quando Rute reconhece que Booz « a consolou e lhe falou ao coração » cf. Rt 2, 12); ou então, na famosa página ele Oséias, que diz à sua esposa (Gomer) querer atraí-la ao deserto para lhe « falar ao coração » (cf. Os 2, 16-17), em ordem a uma nova estação de fidelidade. Mas também há outros paralelismos semelhantes, como o diálogo de Siquém, filho de Hamor, enamorado de Dina (cf. Gn 34, 1-5) ou o do levita de Efraim, que fala à concubina que o abandonou (cf. Jz 19, 3).
Trata-se, portanto, de uma linguagem que deve ser interpretada no contexto do amor, e não do encorajamento; portanto, ação e palavra ao mesmo tempo delicadas e encorajadoras, mas que aludem aos laços afetivos e intensos de Deus, « esposo » de Israel. E a consolação deve ser epifania de uma pertença recíproca, jogo de intensa empatia, de comoção e ligação vital.
Não são, portanto, palavras superficiais e adoçadas, mas Misericórdia e visceralidade, preocupação, abraço que fortalece e paciente proximidade para reencontrar as estradas da confiança.
Levar o abraço de Deus
« Hoje, as pessoas precisam certamente de palavras, mas sobretudo têm necessidade de quem testemunhe a misericórdia, a ternura do Senhor que aquece o coração, desperta a esperança, atrai para o bem. A alegria de levar a consolação de Deus! » [48].
O papa Francisco confia aos consagrados e consagradas essa missão: encontrar o Senhor que nos consola como uma mãe, e consola o povo de Deus. Da alegria do encontro com o Senhor e do seu chamamento brota o serviço na Igreja, a missão: levar aos homens e mulheres do nosso tempo a consolação de Deus; testemunhar a sua misericórdia [49].
Na visão de Jesus, a consolação é dom do Espírito, o Paráclito, o Consolador que nos consola nas provas e acende uma esperança que não desilude. Assim, a consolação cristã torna-se conforto, encorajamento, esperança: é presença operante do Espírito (cf. Jo 14, 16-17), fruto do Espírito, e o «fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança » (Gl 5, 22).
Num mundo que vive de desconfiança, de desânimo e depressão, numa cultura em que os homens e mulheres se deixam levar por fragilidades e fraquezas, por individualismos e interesses pessoais, é-nos pedido que introduzamos a confiança na possibilidade de uma felicidade verdadeira, de uma esperança possível, que não se apoie unicamente nos talentos, nas qualidades, no saber, mas em Deus. Todos podem encontrá-lo; basta procurá-lo de coração sincero.
Os homens e mulheres do nosso tempo esperam palavras de consolação, proximidade, perdão, alegria verdadeira. Somos chamados a levar a todos o abraço de Deus, que se inclina sobre nós com ternura de mãe: consagrados, sinal de humanidade plena, facilitadores e não controladores da graça [50], marcados pelo sinal da consolação.
A ternura faz-nos bem
9. Testemunhas de comunhão para além das nossas maneiras de ver e dos nossos limites, somos, portanto, chamados a levar o sorriso de Deus; e a fraternidade é o primeiro e mais credível Evangelho que podemos contar. Pede-se-nos para humanizar as nossas comunidades: « Cuidai da amizade entre vós, da vida de família, do amor entre vós. E que o mosteiro não seja um purgatório, mas uma família. Os problemas existem e existirão, mas como se faz numa família, com amor, procurai uma solução com caridade; não destruais esta em nome daquela; que não haja competição. Cuidai da vida de comunidade, pois quando a vida de comunidade é vida de família, o Espírito Santo encontra-se no seio da comunidade. Sempre com um coração grande. Deixai passar, não vos vanglorieis, suportai tudo, sorri com o coração. E o sinal disto é a alegria » [51].
A alegria consolida-se na experiência da fraternidade, qual lugar teológico, onde cada um é responsável da fidelidade ao Evangelho e do crescimento de cada um. Quando uma fraternidade se alimenta do mesmo Corpo e Sangue de Jesus, reúne-se à volta do Filho de Deus para partilhar o caminho de fé guiado pela Palavra, torna-se uma só coisa com Ele; é uma fraternidade em comunhão, que sente o amor gratuito e vive em festa, livre, alegre, cheia de coragem.
«Uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga. […] Uma fraternidade rica de alegria é um verdadeiro dom do Alto para os irmãos que sabem pedi-lo e que sabem aceitar-se uns aos outros, empenhando-se na vida fraterna com confiança na ação do Espírito » [52].
No tempo em que a fragmentação leva a um individualismo estéril e de massa, e a fraqueza das relações desagrega e asfixia a atenção pelo humano, somos convidados a humanizar as relações de fraternidade para favorecer a comunhão dos espíritos e dos corações ao estilo do Evangelho, porque « existe uma comunhão de vida entre todos aqueles que pertencem a Cristo. Uma comunhão que nasce da fé » e que faz da « Igreja, na sua verdade mais profunda, comunhão com Deus, familiaridade com Deus, comunhão de amor com Cristo e com o Pai no Espírito Santo, que se prolonga numa comunhão Fraterna » [53].
Para o papa Francisco, o selo da fraternidade é a ternura, uma « ternura eucarística », porque « a ternura faz-nos bem ». A fraternidade tem « uma enorme força de convocação. […] A fraternidade religiosa, mesmo com todas as diferenças possíveis, é uma experiência de amor que ultrapassa os conflitos » [54].
A proximidade como companhia
10. Somos chamados a realizar um êxodo de nós mesmos, num caminho de adoração e de serviço [55]. « Sair pela porta para procurar e encontrar! Ter a coragem de ir contra a corrente dessa cultura eficientista, dessa cultura da rejeição. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade, são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores da comunhão e da cultura do encontro! Quero-vos quase obsessivos neste aspecto. E fazê-lo sem ser presunçosos » [56].
«O fantasma que se deve combater é a imagem da vida religiosa entendida como refúgio e conforto face a um mundo exterior difícil e complexo » [57]. O Papa exorta-nos a « sair do ninho » [58], para habitarmos na vida dos homens e mulheres do nosso tempo, e a nos entregarmos a Deus e ao próximo.
«A alegria nasce da gratuidade de um encontro! […] E a alegria do encontro com Ele e do seu chamamento faz com que não nos fechemos, mas que nos abramos; leva ao serviço na Igreja. São Tomás dizia: “Bonum est diffusivum sui” (o bem difunde-se). E a alegria também se difunde. Não tenhais medo de mostrar a alegria de haverdes respondido ao chamamento do Senhor, à sua escolha de amor, e de testemunhar o seu Evangelho no serviço à Igreja. E a alegria, a verdadeira alegria, é contagiosa; contagia… faz-nos ir em frente » [59].
Perante o testemunho contagioso de alegria, de serenidade, de fecundidade, o testemunho da ternura e do amor, da caridade humilde, sem prepotência, muitos sentem a necessidade de vir ver [60].
Várias vezes o papa Francisco indicou o caminho da atração, do contágio, como caminho para fazer crescer a Igreja, caminho da nova evangelização. «A Igreja deve atrair. Despertai o mundo! Sede testemunhas de um modo diferente de fazer, de agir, de viver! É possível viver diversamente neste mundo. […] Eu espero de vós um tal testemunho » [61].
Confiando-nos a missão de despertar o mundo, o Papa impele-nos a encontrar as histórias dos homens e mulheres de hoje à luz de duas categorias pastorais, que têm as suas raízes na novidade do Evangelho: a proximidade e o encontro, duas modalidades, através das quais o próprio Deus se revelou na história a ponto de encarnar.
Na estrada de Emaús, como Jesus com os discípulos, acolhamos na companhia quotidiana as alegrias e dores das pessoas, dando « calor ao coração » [62], esperando com ternura os cansados, os fracos, para que o caminho feito em comum tenha em Cristo luz e significado.
O nosso caminho « amadurece até à paternidade pastoral, até à maternidade pastoral e, quando um sacerdote não é pai da sua comunidade, quando uma religiosa não é mãe de todos aqueles com os quais trabalha, torna-se triste. Eis o problema. Por isso vos digo: a raiz da tristeza na vida pastoral consiste precisamente na falta de paternidade e maternidade, que vem do viver mal esta consagração; esta, pelo contrário, deve-nos conduzir à fecundidade »[63].
A inquietação do amor
Ícones vivos da maternidade e da proximidade da Igreja, vamos ao encontro dos que esperam a Palavra da consolação, inclinando-nos com amor materno e espírito paterno sobre os pobres e os fracos.
O Papa convida-nos a não privatizar o amor, mas, com a inquietação de quem procura, « procurar sempre, sem tréguas, o bem do outro, da pessoa amada » [64].
A crise de sentido do homem moderno e a crise económica e moral da sociedade ocidental e das suas instituições não são um acontecimento passageiro dos tempos em que vivemos, mas desenham um momento histórico de excepcional importância. Somos chamados então, como Igreja, a sair para ir às periferias geográficas, urbanas e existenciais – as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, da miséria –, aos lugares recônditos da alma, onde cada pessoa experimenta a alegria e o sofrimento do viver [65].
« Vivemos numa cultura do desencontro, uma cultura da fragmentação, uma cultura na qual o que não me serve é jogado fora […]. Hoje, encontrar um sem-abrigo morto de frio não é notícia ». «A pobreza é uma categoria teologal porque o Filho de Deus humilhou-se, para caminhar pelas estradas. […] Uma Igreja pobre para os pobres começa por dirigir-se à carne de Cristo. Se nos fixarmos na carne de Cristo, começamos a compreender qualquer coisa, a compreender o que é esta pobreza, a pobreza do Senhor » [66]. Viver a bem-aventurança dos pobres significa ser sinal de que a angústia da solidão e do limite é vencida pela alegria de quem é verdadeiramente livre em Cristo e aprendeu a amar.
Durante a sua visita pastoral a Assis, o papa Francisco perguntava de que devia despojar-se a Igreja. E respondia: «De qualquer ação que não é para Deus, que não é de Deus; do medo de abrir as portas para ir ao encontro de todos, sobretudo dos mais pobres, dos necessitados, dos distantes, sem esperar; certamente, não para se perder no naufrágio do mundo, mas para levar com coragem a luz de Cristo, a luz do Evangelho, também à escuridão, aonde não se vê, aonde pode acontecer que se tropece; despojar-se da tranquilidade aparente que as estruturas oferecem, estruturas certamente necessárias e importantes, mas que nunca devem obscurecer a única verdadeira força que a Igreja tem em si: Deus. Ele é a nossa força! » [67].
Eis um convite a « não ter medo da novidade que o Espírito Santo faz em nós, não ter medo da renovação das estruturas. A Igreja é livre. Condu-la o Espírito Santo. É o que Jesus nos ensina no Evangelho: a liberdade necessária para encontrar sempre a novidade do Evangelho na nossa vida e também nas estruturas. A liberdade de escolher odres novos para esta novidade » [68]. Somos convidados a ser homens e mulheres audazes, de fronteira: «A nossa fé não é uma fé-laboratório, mas uma fé-caminho, uma fé histórica. Deus revelou-se como história, não como um compêndio de verdades abstratas. […] Não é preciso levar a fronteira para casa, mas viver na fronteira e ser audazes » [69].
Juntamente com o desafio da bem-aventurança dos pobres, o Papa convida a visitar as fronteiras do pensamento e da cultura, a favorecer o diálogo, inclusive a nível intelectual, para darmos razão da esperança, na base de critérios éticos e espirituais, interrogando-nos sobre o que é bom. A fé nunca limita o espaço da razão, mas abre-o a uma visão integral do homem e da realidade, e defende do perigo de reduzir o homem a « material humano » [70].
A cultura, chamada a servir constantemente a humanidade em todas as condições, se for autêntica, rasga caminhos inexplorados, passagens que fazem respirar esperança, consolidam o sentido da vida, conservam o bem comum. Um autêntico processo cultural « faz crescer a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento; este é o modo cristão de promover o bem comum, a alegria de viver. E aqui convergem fé e razão, a dimensão religiosa com os diferentes aspectos da cultura humana: arte, ciência, trabalho, literatura »[71]. Uma autêntica busca cultural encontra a história e abre caminhos para procurar o rosto de Deus.
Os lugares onde se elabora e comunica o saber são também os lugares onde se cria uma cultura da proximidade, do encontro e do diálogo, abaixando as defesas, abrindo as portas, construindo pontes [72].
PARA REFLEXÃO
12. O mundo, como rede global em que todos estamos integrados, onde nenhuma tradição local pode ambicionar ter o monopólio da verdade, onde as tecnologias têm efeitos que atingem a todos, lança um desafio constante ao Evangelho e a quem vive a vida à maneira do Evangelho.
O papa Francisco está a realizar, neste momento histórico, através de opções e modalidades de vida, uma hermenêutica viva do diálogo Deus-mundo. Introduz-nos num estilo de sabedoria, que, radicada no Evangelho e na escatologia do humano, lê o pluralismo, procura o equilíbrio, convida a habilitar a capacidade de ser responsáveis da mudança, para que a verdade do Evangelho seja comunicada cada vez melhor, enquanto nos movemos « por entre as limitações da linguagem e das circunstâncias » [73] e, conscientes destes limites, cada um de nós se torna « fraco com os fracos… tudo para todos » (1Cor 9, 22).
Somos convidados a cultivar uma dinâmica generativa, não simplesmente administrativa, para acolher os acontecimentos espirituais, presentes nas nossas comunidades e no mundo; movimentos e graça, que o Espírito realiza em cada pessoa, vista como pessoa. Somos convidados a empenhar-nos na desestruturação de modelos sem vida para narrar o humano marcado por Cristo e nunca revelado de forma absoluta nas linguagens e nos modos.
O papa Francisco convida-nos a uma sabedoria que seja sinal de uma consistência dúctil, capacidade dos consagrados de se moverem segundo o Evangelho, de atuarem e fazerem escolhas segundo o Evangelho, sem se perderem nas diversas esferas de vida, linguagens, relações e mantendo o sentido da responsabilidade, dos laços que nos ligam, da restrição dos nossos limites, da infinidade das formas como a vida se exprime. Um coração missionário é um coração que conheceu a alegria da salvação de Cristo e partilha-a como consolação no sinal do limite humano: « Sabe que ele mesmo deve crescer na compreensão do Evangelho e no discernimento das sendas do Espírito, e assim não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de se sujar com a lama da estrada » [74].
Acolhamos as solicitações que o Papa nos propõe para olhar para nós próprios e para o mundo com os olhos de Cristo, e assim ficar inquietos.
As perguntas do papa Francisco
• Queria dizer-vos uma palavra, e a palavra é alegria. Onde estão os consagrados, os seminaristas, as religiosas e os religiosos, os jovens, há sempre alegria, há sempre júbilo! É a alegria do vigor, é a alegria de seguir Jesus; a alegria que nos dá o Espírito Santo, não a alegria do mundo. Há alegria! Mas, onde nasce a alegria? [75].
• Olha no fundo do teu coração, olha no íntimo de ti mesmo, e interroga-te: tens um coração que aspira a algo de grande ou um coração entorpecido pelas coisas? O teu coração conservou a inquietação da procura ou permitiste que ele fosse sufocado pelos bens, que terminam por atrofiá-lo? Deus espera por ti, procura-te: o que lhe respondes? Apercebeste desta situação da tua alma? Ou dormes? Acreditas que Deus te espera ou, para ti, esta verdade não passa de « palavras »? [76].
• Somos vítimas desta cultura do provisório. Gostaria que pensásseis nisto: como posso ser livre, como posso libertar-me desta cultura do provisório? [77].
• Esta é uma responsabilidade, em primeiro lugar dos adultos, dos formadores: dar um exemplo de coerência aos mais jovens. Queremos jovens coerentes? Sejamos nós coerentes! Caso contrário, o Senhor nos dirá o que dizia dos fariseus ao povo de Deus: « Fazei o que dizem, mas não o que fazem! » Coerência e autenticidade! [78].
• Podemos perguntar-nos: eu vivo inquieto por Deus, por anunciá-lo, por dá-lo a conhecer? Ou então deixo-me fascinar por aquela mundanidade espiritual que leva a fazer tudo por amor-próprio? Nós, consagrados, pensamos nos interesses pessoais, no funcionalismo das obras, no carreirismo. Mas podemos pensar em tantas coisas… Por assim dizer, « acomodei-me » na minha vida cristã, na minha vida sacerdotal, na minha vida religiosa, e até na minha vida de comunidade, ou conservo a força da inquietação por Deus, pela sua Palavra, que me leva a « sair » e ir rumo aos outros? [79].
• Como vivemos a inquietação do amor? Cremos no amor a Deus e ao próximo, ou somos nominalistas a este propósito? Não de modo abstrato, não somente pelas palavras, mas o irmão concreto que encontramos, o irmão que está ao nosso lado! Deixamo-nos inquietar pelas suas necessidades, ou permanecemos fechados em nós mesmos, nas nossas comunidades, que com frequência são para nós « comunidades-comodidades »? [80].
• Este é um bom caminho para a santidade! Não falar mal dos outros. « Mas, padre, há problemas… »: di-lo ao superior, di-lo à superiora, ao bispo, que pode remediar. Não o digas a quem nada pode fazer. Isto é importante: fraternidade! Mas diz-me, tu falarás mal da tua mãe, do teu pai, dos teus irmãos? Nunca. E porque o fazes na vida consagrada, no seminário, na vida presbiteral? Só isto: pensai, pensai… Fraternidade! Este amor fraterno! [81].
• Aos pés da cruz, Maria é a mulher da dor e, ao mesmo tempo, da vigilante espera de um mistério, maior que a dor, que está para se cumprir. Tudo parece realmente acabado; toda a esperança poderíamos dizer que se apagou. Também ela, naquele momento, poderia ter exclamado, recordando as promessas da anunciação: não se cumpriram, fui enganada. Mas não o disse. Contudo ela, bem-aventurada porque acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o amanhã de Deus. Às vezes, penso: nós sabemos esperar o amanhã de Deus? Ou queremos o hoje? O amanhã de Deus é para ela o amanhecer da Páscoa, daquele primeiro dia da semana. Far-nos-á bem pensar, em contemplação, no abraço do Filho com a Mãe. A única lâmpada acesa no sepulcro de Jesus é a esperança da Mãe, que naquele momento é a esperança de toda a Humanidade. Pergunto a mim e a vós: nos mosteiros, esta lâmpada ainda está acesa? Nos mosteiros, espera-se o amanhã de Deus? [82].
• A inquietação do amor impele-nos sempre a ir ao encontro do outro, sem esperar que seja o outro a manifestar a sua necessidade. A inquietação do amor oferece-nos a dádiva da fecundidade pastoral, e nós devemos perguntar-nos, cada um de nós: como está a minha fecundidade espiritual, a minha fecundidade pastoral? [83].
• Uma fé autêntica exige sempre um desejo profundo de mudar o mundo. Eis a pergunta que nos devemos fazer: temos também nós grandes visões e estímulos? Somos também nós audazes? O nosso sonho voa alto? O zelo devora-nos (cf. Sl 69, 10), ou somos medíocres e satisfazemo-nos com as nossas programações apostólicas de laboratório? [84].
Ave Maria, Mãe da Alegria
« Alegra-te, cheia de graça» (Lc 1, 28). «A saudação do Anjo a Maria constitui um convite à alegria, a um júbilo profundo; anuncia o fim da tristeza […]. Trata-se de uma saudação que marca o início do Evangelho, da Boa-Nova » [85].
Junto a Maria, a alegria expande-se: o Filho que traz no seio é o Deus da alegria, do júbilo que contagia, que envolve. Maria abre de par em par as portas do coração e corre para Isabel.
« Feliz de realizar o seu desejo, delicada no seu dever, solícita na sua alegria, apressou-se a dirigir-se para a montanha. Onde, se não para os cimos, devia solicitamente tender aquela que já estava cheia de Deus? » [86].
Dirige-se « apressadamente » (Lc 1, 39) para levar ao mundo o feliz anúncio, a todos a alegria irreprimível que acolhe no seio: Jesus, o Senhor. Apressadamente: não é apenas a velocidade com que Maria se move. Exprime-nos a sua diligência, a atenção solícita com que enfrenta a viagem, o seu entusiasmo.
« Eis a serva do Senhor » (Lc 1, 38). A serva do Senhor corre apressadamente, para se tornar criada dos seres humanos.
Em Maria, é a Igreja toda que caminha junta: na caridade de quem se move ao encontro daquele que é mais frágil; na esperança de quem sabe que será acompanhado neste seu andar, e na fé de quem tem um dom especial a partilhar.
Em Maria, cada um de nós, levado pelo vento do Espírito, vive a própria vocação a ir!
Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir
com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da Terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.
Mãe do Evangelho vivo,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.
Ámen. Aleluia! [87]
Roma, 2 de fevereiro de 2014
Festa da Apresentação do Senhor
João Braz Card. de Aviz
Prefeito
José Rodríguez Carballo, O.F.M.
Arcebispo Secretário
[1] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium (24 de novembro de 2013), Cidade do Vaticano, Libreria Editrice Vaticana [LEV], 2013, n. 1.
[2] Com todo o coração (NdE).
[3] Antonio Spadaro, «Sede profetas verdadeiros e não brinqueis a sê-lo: Diálogo do Papa com os Superiores-Gerais dos Institutos de vida religiosa, 29 de novembro de 2013 », inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 2, domingo, 9 de janeiro de 2014, p. 8.
[4] Cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 47.
[5] Id., « Anunciai o Evangelho, se necessário também com palavras » – usando a expressão de São Francisco, o Papa confiou a sua mensagem aos jovens reunidos em Santa Maria dos Anjos (Assis, 4 de outubro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 9.
[6] Sem glosa, sem comentário (NdE).
[7] João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Vida consagrada (25 de março de 1996), n. 27; AAS 88 (1996), pp. 377-486.
[8] Entre outras citações, cf. Santa Teresa do Menino Jesus, Obras completas, Cidade do Vaticano, LEV/Ed. OCD, 1997: Manuscrito A, 76v; B, 1r; C, 3r; Carta 196.
[9] Francisco, « Autênticos e coerentes » – com os seminaristas e as noviças, o papa Francisco fala sobre a beleza da consagração (Roma, 6 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 28, domingo, 14 de julho de 2013, p. 5.
[10] Ibidem, p. 4.
[11] Id., «A evangelização faz-se de joelhos » – na missa conclusiva das jornadas dedicadas aos seminaristas e às noviças no Ano da Fé (Roma, 7 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 28, domingo, 14 de julho de 2013, p. 7.
[12] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 5.
[13] Id., «Um caminho de adoração e serviço » – às Superioras- Gerais, o Pontífice recordou que a consagrada deve ser mãe e não « solteirona » (Roma, 8 de maio de 2013) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 19, domingo, 12 de maio de 2013, p. 2.
[14] Id., « Para subir ao monte da perfeição » – mensagem do Pontífice aos Carmelitas, por ocasião do Capítulo Geral (Roma, 22 de agosto de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 37, domingo, 15 de setembro de 2013, p. 5.
[15] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 4.
[16] Ibidem.
[17] Id., Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 3.
[18] Id., «Com a inquietação no coração » – aos capitulares agostinianos, o Sumo Pontífice pediu que se ponham sempre em busca de Deus e do próximo (Roma, 28 de agosto de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 35, domingo, 31 de agosto de 2013, p. 6.
[19] Id., « Caminhos criativos radicados na Igreja » – o papa Francisco com os seus irmãos jesuítas, no dia da memória de Santo Inácio de Loiola (Roma, 31 de julho de 2013) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 31, domingo, 4 de agosto de 2013, p. 28.
[20] Id., Carta Encíclica Lumen fidei (29 de junho de 2013), n. 8; AAS 105 (2013), pp. 555-596.
[21] Ibidem, n. 9.
[22] Id., « Memória de Deus » – na missa, na Praça de São Pedro, no dia que lhes é dedicado, o Papa falou da missão do catequista (Roma, 29 de setembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 40, domingo, 6 de outubro de 2013, p. 5.
[23] Id., «Um caminho de adoração e serviço », loc. cit., p. 2.
[24] O caminho do amor (NdE).
[25] Francisco, « Não super-homens, mas amigos de Deus » – no Angelus, no dia de Todos os Santos (Roma, 1 de novembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 45, domingo, 7 de novembro de 2013, p. 8.
[26] João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Vida consagrada (25 de março de 1996), n. 22; AAS 88 (1996), pp. 377-486.
[27] Francisco, « Nas encruzilhadas das estradas » – aos bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas, durante as JMJ, o Papa confiou a missão de formar os jovens na fé(Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 31, domingo, 4 de agosto de 2013, p. 12.
[28] Id., «A vocação do ser catequista » – aos catequistas, o Pontífice encorajou a não ter medo de sair de si mesmo para ir ao encontro do próximo (Roma, 27 de setembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 40, domingo, 6 de outubro de 2013, p. 4.
[29] Ambrósio, De Isaac et anima, 75; PL 14, cols. 556-557.
[30] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 265.
[31] Ibidem.
[32] Id., «A vocação do ser catequista », loc. cit., p. 4.
[33] Id., « Caminhos criativos radicados na Igreja », loc. cit., p. 28.
[34] Id., Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 266.
[35] Id., «Com a inquietação no coração », loc. cit., p. 6.
[36] Id., Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 8.
[37] Ibidem, n. 1.
[38] Id., «A nossa vida é um caminho » – homilias aos cardeais eleitores (Roma, 14 de março de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 11, domingo, 17 de março de 2013, p. 9.
[39] Id., «A evangelização faz-se de joelhos », loc. cit., p. 7.
[40] Id., «A vocação de ser catequista », loc. cit., p. 4.
[41] Id., « Coerência entre palavra e vida » – em São Paulo Extramuros, o Papa exortou a abandonar os ídolos e a adorar o Senhor (Roma, 14 de abril de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 16, domingo, 21 de abril de 2013, p. 9.
[42] Id., «A evangelização faz-se de joelhos », loc. cit., p. 7.
[43]Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Instrução Repartir de Cristo. Um renovado empenho da vida consagrada no Terceiro Milénio (19 de maio de 2002), n. 25; EnchVat 21, pp. 372-510.
[44] Francisco, «O homem de olho penetrante » – meditação matinal na capela da Casa de Santa Marta (16 de dezembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. típica, segunda e terça-feira, 16-17 de dezembro de 2013, CLIII (289), p. 7. A edição portuguesa não reproduz o texto.
[45] Id., «A atração que faz crescer a Igreja » – encontro com os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os leigos, na catedral de São Rufino (Assis, 4 de outubro de 2013) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 6.
[46] Id., « Autênticos e coeremes », loc. cit., p. 5.
[47] Bento XVI, Carta Encíclica Deus caritas est (25 de dezembro de 2005), n. 17; AAS 98 (2006), pp. 217-252.
[48] Francisco, «A evangelização faz-se de joelhos », loc. cit., p. 7.
[49] ]Cf. Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 4.
[50] Cf. Id., Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 47.
[51] Id., « Para uma clausura de grande humanidade » – recomendações às Clarissas, na Basílica de Santa Clara (Assis, 4 de outubro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 7.
[52] Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Instrução sobre a vida fraterna em comunidade. « Congregavit nos in unum Christi amor »(2 de fevereiro de 1994), n. 28; Ench/Vat 14, pp. 345-537.
[53] Francisco, «Uma grande família entre o céu e a terra » – na audiência geral, o Papa Francisco falou sobre a comunhão dos Santos (Roma, 30 de outubro de 2013) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 44, domingo, 31 de outubro de 2013, p. 16.
[54] Antonio Spadaro, Sede profetas verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., pp. 10 e 11.
[55] Cf. Francisco, «Um caminho de adoração e serviço », loc. cit., p. 2.
[56] Id., « Nas encruzilhadas das estradas », loc. cit., pp. 11 e 12.
[57] Antonio Spadaro, Sede profetas verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., p. 10.
[58] Cf. Ibidem, p. 9.
[59] Francisco, « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 4.
[60] Cf. Id., «A humildade é a força do Evangelho » – meditação matinal na capela da Casa de Santa Marta (1 de outubro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. típica, quarta-feira, 2 de outubro de 2013, CLIII (225), p. 8. A edição portuguesa não reproduz o texto.
[61] Antonio Spadaro, Sede profelas verdadeiros e não brinqueis a sê-lo, op. cit., p. 8.
[62] Cf. Francisco, « Para uma lgreja que reconduz o homem a casa » – Encontro com os Bispos do Brasil no Palácio Arquiepiscopal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 31, 4 de agosto de 2013, p. 16.
[63] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 5.
[64] Id., «Com a inquietação no coração », loc. cit., p. 6.
[65] Cf. Id., «Uma Igreja que vai ao encontro de todos » – vigília de oração presidida pelo papa Francisco por ocasião do dia dos movimentos, das novas comunidades, das associações e das agregações laicais no Ano da Fé (Roma, 18 de maio de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 21, domingo, 26 de maio de 2013, p. 10.
[66] Ibidem, p. 11.
[67] Id., «Uma Igreja despojada da mundanidade » – encontro com os pobres, os desempregados e os imigrantes assistidos pela Cáritas (Assis, 4 de outubro de 2013) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 41, domingo, 13 de outubro de 2013, p. 4.
[68] Id., « Renovação sem temores » – meditação matinal na capela da Casa de Santa Marta (6 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. típica, domingo, 7 de julho de 2013, CLIII (154), p. 7. A edição portuguesa não reproduz o texto.
[69] Antonio Spadaro, « Entrevista ao papa Francisco », in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 39, domingo, 29 de setembro de 2013, p. 21.
[70] Cf. Francisco, «O apocalipse que não virá » – discurso ao mundo académico e cultural (Cagliari, 22 de setembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 39, domingo, 29 de setembro de 2013, p. 8.
[71] Id., « Favorecer diálogo e encontro » – discurso do Papa à classe dirigente do Brasil(Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 31, domingo, 4 de agosto de 2013, p. 13.
[72] Cf. Id., « Homens de fronteira » – discurso do Papa aos membros equipe da revista La Civiltà Cattolica (Roma, 14 de junho de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 25, domingo, 23 de junho de 2013, p. 13.
[73] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 45.
[74] Ibidem.
[75] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 4.
[76] Id., «Com a inquietação no coração », loc. cit., p. 6.
[77] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 4.
[78] Ibidem, p. 5.
[79] Id., «Com a inquietaçao no coraçao », loc. cit., p. 6.
[80] Ibidem, p. 7.
[81] Id., « Autênticos e coerentes », loc. cit., p. 5.
[82] Id., « Aqueles que sabem esperar » – às monjas camaldulenses, o Papa indicou Maria como modelo de esperança (Roma, 21 de novembro de 2013) –, in L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 48, domingo, 28 de novembro de 2013, p. 5.
[83] Id., «Com a inquietação no coração », loc. cit., p. 7.
[84] Id., «O Evangelho anuncia-se com a doçura » – na Igreja de Jesus o Papa celebra a missa de agradecimento pela canonização de Pedro Fabro (Roma, 3 de janeiro de 2014) –, inL’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 2, domingo, 9 de janeiro de 2014, p. 7.
[85] Bento XVI, «A força silenciosa que venceu o ruído das potências do mundo ». Reflexão proposta pelo Pontífice durante a audiência geral de quarta-feira na sala Paulo VI [Audiência Geral, Roma, 19 de dezembro de 2012], in: L’Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 51, sábado, 22 de dezembro de 2012, p. 3.
[86] Ambrósio, Expositio Evangelii secundum Lucam, II, 19; CCL 14, p. 39.
[87]Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 288.